Reabertura brasileira no auge das infecções é ‘política kamikaze’ inédita, diz coordenador de estudo


Pesquisa da Ufpel apontou aceleração do novo coronavírus em cidades brasileiras. 'O Brasil corre o risco de ver a montanha aumentar de tamanho', diz Pedro Hallal

Por Marco Antônio Carvalho

O coordenador do estudo que investiga a prevalência do novo coronavírus em cidades brasileiras, Pedro Curi Hallal, avalia que a reabertura promovida por Estados brasileiros em meio ao crescimento no número de casos e mortes é inédita no mundo e representa uma “política kamikaze”. A retomada de medidas de distanciamento pode salvar milhares de vidas, aponta Hallal, que é reitor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel).

Em São Paulo, shoppings reabriram nesta quinta-feira Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
continua após a publicidade

O grupo coordenado por ele divulgou nesta quinta-feira, 11, a segunda fase de uma pesquisa feita em mais de cem cidades brasileiras. Nelas, os pesquisadores entrevistaram e testaram um total de 31 mil pessoas para descobrir quantas delas possuíam anticorpos para o vírus, o que indica que a pessoa já teve a doença. Em duas semanas, o porcentual passou de 1,7% para 2,6%, uma aceleração considerada significativa. 

O resultado foi comparado a um estudo similar conduzido na Espanha. “Quando olhamos o estudo espanhol, o aumentou foi muito pequeno, um aumento de 4% e aqui foi de 53% (de 1,7% para 2,6%). Isso para nós é o principal resultado”, disse Hallal ao Estadão nesta sexta-feira, 12. 

A segunda fase do estudo reafirmou a prevalência de casos na Região Norte. Das 15 cidades com maiores números, 12 estão naquela região. Há também, diz Hallal, crescimentos preocupantes em cidades do Nordeste e no Rio. “E a confirmação que o Centro-Oeste e o Sul estão em outro estágio da pandemia, com muito menos gente infectada”, acrescenta. Em São Paulo, a análise é de uma estabilização, já que os números variaram dentro da margem de erro. 

continua após a publicidade

O Brasil, aponta o coordenador, opta por dobrar a aposta ao adotar medidas de reabertura. De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), já são 12 os Estados com estratégias de relaxamento da quarentena. “Isso que o Brasil está fazendo é inédito, quando está lá em cima na montanha resolver reabrir para ver o que vai acontecer. O Brasil corre o risco de ver a montanha aumentar de tamanho”, diz Hallal. 

Ele diz que o relaxamento representa colocar na rua pessoas suscetíveis à infecção no momento em que há mais gente infectada, o que ele classifica como “política kamikaze”. “Vamos nos trancar em casa por duas semanas, garantir que a curva entre na descendente e aí falar de novo em relaxamento de medidas. Qualquer coisa diferente é irresponsabilidade”, aponta. Esse comportamento, assegura, salvaria “milhares e milhares” de vidas de brasileiros. 

A pesquisa conduzida pela Ufpel terá uma terceira fase no fim deste mês, de acordo com o que prevê o contrato com o Ministério da Saúde. O coordenador disse que semana que vem irá a Brasília conversar com a pasta e analisar o interesse em seguir monitorando os casos. Hallal acrescenta que já há parceiros privados com interesse em apoiar o trabalho.

continua após a publicidade

Confira os dados das cidades pesquisadas​ na segunda fase do estudo da Ufpel

O coordenador do estudo que investiga a prevalência do novo coronavírus em cidades brasileiras, Pedro Curi Hallal, avalia que a reabertura promovida por Estados brasileiros em meio ao crescimento no número de casos e mortes é inédita no mundo e representa uma “política kamikaze”. A retomada de medidas de distanciamento pode salvar milhares de vidas, aponta Hallal, que é reitor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel).

Em São Paulo, shoppings reabriram nesta quinta-feira Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

O grupo coordenado por ele divulgou nesta quinta-feira, 11, a segunda fase de uma pesquisa feita em mais de cem cidades brasileiras. Nelas, os pesquisadores entrevistaram e testaram um total de 31 mil pessoas para descobrir quantas delas possuíam anticorpos para o vírus, o que indica que a pessoa já teve a doença. Em duas semanas, o porcentual passou de 1,7% para 2,6%, uma aceleração considerada significativa. 

O resultado foi comparado a um estudo similar conduzido na Espanha. “Quando olhamos o estudo espanhol, o aumentou foi muito pequeno, um aumento de 4% e aqui foi de 53% (de 1,7% para 2,6%). Isso para nós é o principal resultado”, disse Hallal ao Estadão nesta sexta-feira, 12. 

A segunda fase do estudo reafirmou a prevalência de casos na Região Norte. Das 15 cidades com maiores números, 12 estão naquela região. Há também, diz Hallal, crescimentos preocupantes em cidades do Nordeste e no Rio. “E a confirmação que o Centro-Oeste e o Sul estão em outro estágio da pandemia, com muito menos gente infectada”, acrescenta. Em São Paulo, a análise é de uma estabilização, já que os números variaram dentro da margem de erro. 

O Brasil, aponta o coordenador, opta por dobrar a aposta ao adotar medidas de reabertura. De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), já são 12 os Estados com estratégias de relaxamento da quarentena. “Isso que o Brasil está fazendo é inédito, quando está lá em cima na montanha resolver reabrir para ver o que vai acontecer. O Brasil corre o risco de ver a montanha aumentar de tamanho”, diz Hallal. 

Ele diz que o relaxamento representa colocar na rua pessoas suscetíveis à infecção no momento em que há mais gente infectada, o que ele classifica como “política kamikaze”. “Vamos nos trancar em casa por duas semanas, garantir que a curva entre na descendente e aí falar de novo em relaxamento de medidas. Qualquer coisa diferente é irresponsabilidade”, aponta. Esse comportamento, assegura, salvaria “milhares e milhares” de vidas de brasileiros. 

A pesquisa conduzida pela Ufpel terá uma terceira fase no fim deste mês, de acordo com o que prevê o contrato com o Ministério da Saúde. O coordenador disse que semana que vem irá a Brasília conversar com a pasta e analisar o interesse em seguir monitorando os casos. Hallal acrescenta que já há parceiros privados com interesse em apoiar o trabalho.

Confira os dados das cidades pesquisadas​ na segunda fase do estudo da Ufpel

O coordenador do estudo que investiga a prevalência do novo coronavírus em cidades brasileiras, Pedro Curi Hallal, avalia que a reabertura promovida por Estados brasileiros em meio ao crescimento no número de casos e mortes é inédita no mundo e representa uma “política kamikaze”. A retomada de medidas de distanciamento pode salvar milhares de vidas, aponta Hallal, que é reitor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel).

Em São Paulo, shoppings reabriram nesta quinta-feira Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

O grupo coordenado por ele divulgou nesta quinta-feira, 11, a segunda fase de uma pesquisa feita em mais de cem cidades brasileiras. Nelas, os pesquisadores entrevistaram e testaram um total de 31 mil pessoas para descobrir quantas delas possuíam anticorpos para o vírus, o que indica que a pessoa já teve a doença. Em duas semanas, o porcentual passou de 1,7% para 2,6%, uma aceleração considerada significativa. 

O resultado foi comparado a um estudo similar conduzido na Espanha. “Quando olhamos o estudo espanhol, o aumentou foi muito pequeno, um aumento de 4% e aqui foi de 53% (de 1,7% para 2,6%). Isso para nós é o principal resultado”, disse Hallal ao Estadão nesta sexta-feira, 12. 

A segunda fase do estudo reafirmou a prevalência de casos na Região Norte. Das 15 cidades com maiores números, 12 estão naquela região. Há também, diz Hallal, crescimentos preocupantes em cidades do Nordeste e no Rio. “E a confirmação que o Centro-Oeste e o Sul estão em outro estágio da pandemia, com muito menos gente infectada”, acrescenta. Em São Paulo, a análise é de uma estabilização, já que os números variaram dentro da margem de erro. 

O Brasil, aponta o coordenador, opta por dobrar a aposta ao adotar medidas de reabertura. De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), já são 12 os Estados com estratégias de relaxamento da quarentena. “Isso que o Brasil está fazendo é inédito, quando está lá em cima na montanha resolver reabrir para ver o que vai acontecer. O Brasil corre o risco de ver a montanha aumentar de tamanho”, diz Hallal. 

Ele diz que o relaxamento representa colocar na rua pessoas suscetíveis à infecção no momento em que há mais gente infectada, o que ele classifica como “política kamikaze”. “Vamos nos trancar em casa por duas semanas, garantir que a curva entre na descendente e aí falar de novo em relaxamento de medidas. Qualquer coisa diferente é irresponsabilidade”, aponta. Esse comportamento, assegura, salvaria “milhares e milhares” de vidas de brasileiros. 

A pesquisa conduzida pela Ufpel terá uma terceira fase no fim deste mês, de acordo com o que prevê o contrato com o Ministério da Saúde. O coordenador disse que semana que vem irá a Brasília conversar com a pasta e analisar o interesse em seguir monitorando os casos. Hallal acrescenta que já há parceiros privados com interesse em apoiar o trabalho.

Confira os dados das cidades pesquisadas​ na segunda fase do estudo da Ufpel

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.