Remédios que podem ser perigosos na terceira idade são muito usados por idosos, mostra estudo


Em pesquisa, mais de 70% dos pacientes internados utilizavam ao menos um medicamento considerado potencialmente inapropriado; veja os riscos

Por Beatriz Bulhões
Atualização:

Uma pesquisa aponta que 71,8% dos pacientes de mais de 60 anos internados em uma unidade hospitalar brasileira utilizavam ao menos um medicamento potencialmente inapropriado (MPI). A sigla diz respeito a substâncias habituais que podem afetar de forma negativa o quadro geral de idosos. O estudo foi feito pelo Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e publicado no Journal of the American Medical Directors Association (JAMDA).

O omeprazol, por exemplo, indicado para problemas gastrointestinais e comprado facilmente em farmácia, foi um dos que mais apareceram no estudo. “Se o paciente sofre de refluxo ou úlcera, tem que usar. Mas vemos muita gente tomando preventivamente ou porque o médico prescreveu no automático, sem indicação”, conta Pedro Curiati, geriatra do Núcleo de Medicina Avançada do hospital e autor da pesquisa.

De acordo com o médico, esse remédio pode aumentar a probabilidade de problemas cognitivos no futuro. Além disso, há evidências de que ele atrapalha a absorção de vitamina B12. “Em pacientes internados, a diminuição da acidez do estômago (como a provocada pelo remédio) pode aumentar bactérias e gerar uma pneumonia por broncoaspiração quando a pessoa tem refluxo”, acrescenta. Ou seja, é um remédio comum, mas que oferece riscos importantes na terceira idade e, por isso, a prescrição deve ser criteriosa.

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Remédios comuns, vendidos sem prescrição, muitas vezes oferecem riscos a pacientes mais velhos. Foto: Przemek Klos/Adobe Stock

Curiati ressalta que a prescrição depende de cada paciente. “Precisamos analisar os efeitos do medicamento e seus danos colaterais. Temos que checar cada condição para saber se há outro tipo de tratamento ou se o benefício vale mais a pena do que o risco”, descreve.

Os dados foram obtidos com ajuda de uma inteligência artificial que avaliou quase 15 mil internações no Sírio-Libanês. Cada vez que um profissional indicava um MPI para idosos, ele recebia um alerta para rever o prontuário devido à associação com os riscos clínicos dos pacientes internados.

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Quais são os riscos?

O médico explica que, em geral, quando as prescrições tinham o alerta, o paciente era mais propenso a ter internações mais prolongadas, além de mais eventos adversos e complicações, como quedas, confusão mental e até morte.

Foram analisados 10.038 pacientes com mais de 60 anos entre agosto de 2022 e julho de 2023, com 14.560 admissões hospitalares (alguns ficaram internados mais de uma vez no período). Dessas, 10.461 admissões tiveram um alerta de MPI, ou seja, 71,8% das internações.

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Segundo Lincoln Marques, farmacêutico clínico e doutorando da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da Universidade São Paulo (USP), não envolvido no estudo publicado, geralmente cabe à equipe de farmácia fiscalizar esses medicamentos.

“A lista de MPIs é imensa, mas existem níveis: alguns você não pode indicar de jeito nenhum aos pacientes, outros você pode administrar com cautela e há os que apenas necessitam de um monitoramento mais próximo”, ensina.

Ele informa que os riscos de eventos adversos aumentam com a idade, a forma de manipulação e o estado geral do paciente – quanto mais debilitado, maior será o risco. Medicamentos venosos, por exemplo, tendem a ser mais danosos do que comprimidos.

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Na visão de Curiati, médicos não especializados em geriatria acabam minimizando os eventuais perigos e apresentando mais resistência a trocar medicamentos. Em sua pesquisa, ele percebeu que a maioria dos pacientes foi admitida no pronto atendimento, onde trabalham médicos plantonistas — 57% dos pacientes cujo prontuário disparou o alerta tiveram indicação de remédios inapropriados nessa área do hospital.

A principal justificativa desses médicos era que o idoso já fazia uso de algum medicamento desse tipo de forma contínua. “Apesar disso, a presença dos alertas no sistema identificou uma parcela de pessoas internadas bem mais frágil, com mais comorbidades e maior tempo de internamento”, diz o geriatra. Os médicos que prescreveram essas medicações só precisaram se justificar quando o alerta era muito grave – isso não foi necessário em casos com menor risco iminente.

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Curiati agora espera que, com base nesses resultados, outras áreas médicas (para além da geriatria) passem a prestar mais atenção na indicação de medicamentos para pacientes na terceira idade.

Uma pesquisa aponta que 71,8% dos pacientes de mais de 60 anos internados em uma unidade hospitalar brasileira utilizavam ao menos um medicamento potencialmente inapropriado (MPI). A sigla diz respeito a substâncias habituais que podem afetar de forma negativa o quadro geral de idosos. O estudo foi feito pelo Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e publicado no Journal of the American Medical Directors Association (JAMDA).

O omeprazol, por exemplo, indicado para problemas gastrointestinais e comprado facilmente em farmácia, foi um dos que mais apareceram no estudo. “Se o paciente sofre de refluxo ou úlcera, tem que usar. Mas vemos muita gente tomando preventivamente ou porque o médico prescreveu no automático, sem indicação”, conta Pedro Curiati, geriatra do Núcleo de Medicina Avançada do hospital e autor da pesquisa.

De acordo com o médico, esse remédio pode aumentar a probabilidade de problemas cognitivos no futuro. Além disso, há evidências de que ele atrapalha a absorção de vitamina B12. “Em pacientes internados, a diminuição da acidez do estômago (como a provocada pelo remédio) pode aumentar bactérias e gerar uma pneumonia por broncoaspiração quando a pessoa tem refluxo”, acrescenta. Ou seja, é um remédio comum, mas que oferece riscos importantes na terceira idade e, por isso, a prescrição deve ser criteriosa.

Remédios comuns, vendidos sem prescrição, muitas vezes oferecem riscos a pacientes mais velhos. Foto: Przemek Klos/Adobe Stock

Curiati ressalta que a prescrição depende de cada paciente. “Precisamos analisar os efeitos do medicamento e seus danos colaterais. Temos que checar cada condição para saber se há outro tipo de tratamento ou se o benefício vale mais a pena do que o risco”, descreve.

Os dados foram obtidos com ajuda de uma inteligência artificial que avaliou quase 15 mil internações no Sírio-Libanês. Cada vez que um profissional indicava um MPI para idosos, ele recebia um alerta para rever o prontuário devido à associação com os riscos clínicos dos pacientes internados.

Quais são os riscos?

O médico explica que, em geral, quando as prescrições tinham o alerta, o paciente era mais propenso a ter internações mais prolongadas, além de mais eventos adversos e complicações, como quedas, confusão mental e até morte.

Foram analisados 10.038 pacientes com mais de 60 anos entre agosto de 2022 e julho de 2023, com 14.560 admissões hospitalares (alguns ficaram internados mais de uma vez no período). Dessas, 10.461 admissões tiveram um alerta de MPI, ou seja, 71,8% das internações.

Segundo Lincoln Marques, farmacêutico clínico e doutorando da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da Universidade São Paulo (USP), não envolvido no estudo publicado, geralmente cabe à equipe de farmácia fiscalizar esses medicamentos.

“A lista de MPIs é imensa, mas existem níveis: alguns você não pode indicar de jeito nenhum aos pacientes, outros você pode administrar com cautela e há os que apenas necessitam de um monitoramento mais próximo”, ensina.

Ele informa que os riscos de eventos adversos aumentam com a idade, a forma de manipulação e o estado geral do paciente – quanto mais debilitado, maior será o risco. Medicamentos venosos, por exemplo, tendem a ser mais danosos do que comprimidos.

Na visão de Curiati, médicos não especializados em geriatria acabam minimizando os eventuais perigos e apresentando mais resistência a trocar medicamentos. Em sua pesquisa, ele percebeu que a maioria dos pacientes foi admitida no pronto atendimento, onde trabalham médicos plantonistas — 57% dos pacientes cujo prontuário disparou o alerta tiveram indicação de remédios inapropriados nessa área do hospital.

A principal justificativa desses médicos era que o idoso já fazia uso de algum medicamento desse tipo de forma contínua. “Apesar disso, a presença dos alertas no sistema identificou uma parcela de pessoas internadas bem mais frágil, com mais comorbidades e maior tempo de internamento”, diz o geriatra. Os médicos que prescreveram essas medicações só precisaram se justificar quando o alerta era muito grave – isso não foi necessário em casos com menor risco iminente.

Curiati agora espera que, com base nesses resultados, outras áreas médicas (para além da geriatria) passem a prestar mais atenção na indicação de medicamentos para pacientes na terceira idade.

Uma pesquisa aponta que 71,8% dos pacientes de mais de 60 anos internados em uma unidade hospitalar brasileira utilizavam ao menos um medicamento potencialmente inapropriado (MPI). A sigla diz respeito a substâncias habituais que podem afetar de forma negativa o quadro geral de idosos. O estudo foi feito pelo Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e publicado no Journal of the American Medical Directors Association (JAMDA).

O omeprazol, por exemplo, indicado para problemas gastrointestinais e comprado facilmente em farmácia, foi um dos que mais apareceram no estudo. “Se o paciente sofre de refluxo ou úlcera, tem que usar. Mas vemos muita gente tomando preventivamente ou porque o médico prescreveu no automático, sem indicação”, conta Pedro Curiati, geriatra do Núcleo de Medicina Avançada do hospital e autor da pesquisa.

De acordo com o médico, esse remédio pode aumentar a probabilidade de problemas cognitivos no futuro. Além disso, há evidências de que ele atrapalha a absorção de vitamina B12. “Em pacientes internados, a diminuição da acidez do estômago (como a provocada pelo remédio) pode aumentar bactérias e gerar uma pneumonia por broncoaspiração quando a pessoa tem refluxo”, acrescenta. Ou seja, é um remédio comum, mas que oferece riscos importantes na terceira idade e, por isso, a prescrição deve ser criteriosa.

Remédios comuns, vendidos sem prescrição, muitas vezes oferecem riscos a pacientes mais velhos. Foto: Przemek Klos/Adobe Stock

Curiati ressalta que a prescrição depende de cada paciente. “Precisamos analisar os efeitos do medicamento e seus danos colaterais. Temos que checar cada condição para saber se há outro tipo de tratamento ou se o benefício vale mais a pena do que o risco”, descreve.

Os dados foram obtidos com ajuda de uma inteligência artificial que avaliou quase 15 mil internações no Sírio-Libanês. Cada vez que um profissional indicava um MPI para idosos, ele recebia um alerta para rever o prontuário devido à associação com os riscos clínicos dos pacientes internados.

Quais são os riscos?

O médico explica que, em geral, quando as prescrições tinham o alerta, o paciente era mais propenso a ter internações mais prolongadas, além de mais eventos adversos e complicações, como quedas, confusão mental e até morte.

Foram analisados 10.038 pacientes com mais de 60 anos entre agosto de 2022 e julho de 2023, com 14.560 admissões hospitalares (alguns ficaram internados mais de uma vez no período). Dessas, 10.461 admissões tiveram um alerta de MPI, ou seja, 71,8% das internações.

Segundo Lincoln Marques, farmacêutico clínico e doutorando da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da Universidade São Paulo (USP), não envolvido no estudo publicado, geralmente cabe à equipe de farmácia fiscalizar esses medicamentos.

“A lista de MPIs é imensa, mas existem níveis: alguns você não pode indicar de jeito nenhum aos pacientes, outros você pode administrar com cautela e há os que apenas necessitam de um monitoramento mais próximo”, ensina.

Ele informa que os riscos de eventos adversos aumentam com a idade, a forma de manipulação e o estado geral do paciente – quanto mais debilitado, maior será o risco. Medicamentos venosos, por exemplo, tendem a ser mais danosos do que comprimidos.

Na visão de Curiati, médicos não especializados em geriatria acabam minimizando os eventuais perigos e apresentando mais resistência a trocar medicamentos. Em sua pesquisa, ele percebeu que a maioria dos pacientes foi admitida no pronto atendimento, onde trabalham médicos plantonistas — 57% dos pacientes cujo prontuário disparou o alerta tiveram indicação de remédios inapropriados nessa área do hospital.

A principal justificativa desses médicos era que o idoso já fazia uso de algum medicamento desse tipo de forma contínua. “Apesar disso, a presença dos alertas no sistema identificou uma parcela de pessoas internadas bem mais frágil, com mais comorbidades e maior tempo de internamento”, diz o geriatra. Os médicos que prescreveram essas medicações só precisaram se justificar quando o alerta era muito grave – isso não foi necessário em casos com menor risco iminente.

Curiati agora espera que, com base nesses resultados, outras áreas médicas (para além da geriatria) passem a prestar mais atenção na indicação de medicamentos para pacientes na terceira idade.

Uma pesquisa aponta que 71,8% dos pacientes de mais de 60 anos internados em uma unidade hospitalar brasileira utilizavam ao menos um medicamento potencialmente inapropriado (MPI). A sigla diz respeito a substâncias habituais que podem afetar de forma negativa o quadro geral de idosos. O estudo foi feito pelo Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e publicado no Journal of the American Medical Directors Association (JAMDA).

O omeprazol, por exemplo, indicado para problemas gastrointestinais e comprado facilmente em farmácia, foi um dos que mais apareceram no estudo. “Se o paciente sofre de refluxo ou úlcera, tem que usar. Mas vemos muita gente tomando preventivamente ou porque o médico prescreveu no automático, sem indicação”, conta Pedro Curiati, geriatra do Núcleo de Medicina Avançada do hospital e autor da pesquisa.

De acordo com o médico, esse remédio pode aumentar a probabilidade de problemas cognitivos no futuro. Além disso, há evidências de que ele atrapalha a absorção de vitamina B12. “Em pacientes internados, a diminuição da acidez do estômago (como a provocada pelo remédio) pode aumentar bactérias e gerar uma pneumonia por broncoaspiração quando a pessoa tem refluxo”, acrescenta. Ou seja, é um remédio comum, mas que oferece riscos importantes na terceira idade e, por isso, a prescrição deve ser criteriosa.

Remédios comuns, vendidos sem prescrição, muitas vezes oferecem riscos a pacientes mais velhos. Foto: Przemek Klos/Adobe Stock

Curiati ressalta que a prescrição depende de cada paciente. “Precisamos analisar os efeitos do medicamento e seus danos colaterais. Temos que checar cada condição para saber se há outro tipo de tratamento ou se o benefício vale mais a pena do que o risco”, descreve.

Os dados foram obtidos com ajuda de uma inteligência artificial que avaliou quase 15 mil internações no Sírio-Libanês. Cada vez que um profissional indicava um MPI para idosos, ele recebia um alerta para rever o prontuário devido à associação com os riscos clínicos dos pacientes internados.

Quais são os riscos?

O médico explica que, em geral, quando as prescrições tinham o alerta, o paciente era mais propenso a ter internações mais prolongadas, além de mais eventos adversos e complicações, como quedas, confusão mental e até morte.

Foram analisados 10.038 pacientes com mais de 60 anos entre agosto de 2022 e julho de 2023, com 14.560 admissões hospitalares (alguns ficaram internados mais de uma vez no período). Dessas, 10.461 admissões tiveram um alerta de MPI, ou seja, 71,8% das internações.

Segundo Lincoln Marques, farmacêutico clínico e doutorando da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da Universidade São Paulo (USP), não envolvido no estudo publicado, geralmente cabe à equipe de farmácia fiscalizar esses medicamentos.

“A lista de MPIs é imensa, mas existem níveis: alguns você não pode indicar de jeito nenhum aos pacientes, outros você pode administrar com cautela e há os que apenas necessitam de um monitoramento mais próximo”, ensina.

Ele informa que os riscos de eventos adversos aumentam com a idade, a forma de manipulação e o estado geral do paciente – quanto mais debilitado, maior será o risco. Medicamentos venosos, por exemplo, tendem a ser mais danosos do que comprimidos.

Na visão de Curiati, médicos não especializados em geriatria acabam minimizando os eventuais perigos e apresentando mais resistência a trocar medicamentos. Em sua pesquisa, ele percebeu que a maioria dos pacientes foi admitida no pronto atendimento, onde trabalham médicos plantonistas — 57% dos pacientes cujo prontuário disparou o alerta tiveram indicação de remédios inapropriados nessa área do hospital.

A principal justificativa desses médicos era que o idoso já fazia uso de algum medicamento desse tipo de forma contínua. “Apesar disso, a presença dos alertas no sistema identificou uma parcela de pessoas internadas bem mais frágil, com mais comorbidades e maior tempo de internamento”, diz o geriatra. Os médicos que prescreveram essas medicações só precisaram se justificar quando o alerta era muito grave – isso não foi necessário em casos com menor risco iminente.

Curiati agora espera que, com base nesses resultados, outras áreas médicas (para além da geriatria) passem a prestar mais atenção na indicação de medicamentos para pacientes na terceira idade.

Uma pesquisa aponta que 71,8% dos pacientes de mais de 60 anos internados em uma unidade hospitalar brasileira utilizavam ao menos um medicamento potencialmente inapropriado (MPI). A sigla diz respeito a substâncias habituais que podem afetar de forma negativa o quadro geral de idosos. O estudo foi feito pelo Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e publicado no Journal of the American Medical Directors Association (JAMDA).

O omeprazol, por exemplo, indicado para problemas gastrointestinais e comprado facilmente em farmácia, foi um dos que mais apareceram no estudo. “Se o paciente sofre de refluxo ou úlcera, tem que usar. Mas vemos muita gente tomando preventivamente ou porque o médico prescreveu no automático, sem indicação”, conta Pedro Curiati, geriatra do Núcleo de Medicina Avançada do hospital e autor da pesquisa.

De acordo com o médico, esse remédio pode aumentar a probabilidade de problemas cognitivos no futuro. Além disso, há evidências de que ele atrapalha a absorção de vitamina B12. “Em pacientes internados, a diminuição da acidez do estômago (como a provocada pelo remédio) pode aumentar bactérias e gerar uma pneumonia por broncoaspiração quando a pessoa tem refluxo”, acrescenta. Ou seja, é um remédio comum, mas que oferece riscos importantes na terceira idade e, por isso, a prescrição deve ser criteriosa.

Remédios comuns, vendidos sem prescrição, muitas vezes oferecem riscos a pacientes mais velhos. Foto: Przemek Klos/Adobe Stock

Curiati ressalta que a prescrição depende de cada paciente. “Precisamos analisar os efeitos do medicamento e seus danos colaterais. Temos que checar cada condição para saber se há outro tipo de tratamento ou se o benefício vale mais a pena do que o risco”, descreve.

Os dados foram obtidos com ajuda de uma inteligência artificial que avaliou quase 15 mil internações no Sírio-Libanês. Cada vez que um profissional indicava um MPI para idosos, ele recebia um alerta para rever o prontuário devido à associação com os riscos clínicos dos pacientes internados.

Quais são os riscos?

O médico explica que, em geral, quando as prescrições tinham o alerta, o paciente era mais propenso a ter internações mais prolongadas, além de mais eventos adversos e complicações, como quedas, confusão mental e até morte.

Foram analisados 10.038 pacientes com mais de 60 anos entre agosto de 2022 e julho de 2023, com 14.560 admissões hospitalares (alguns ficaram internados mais de uma vez no período). Dessas, 10.461 admissões tiveram um alerta de MPI, ou seja, 71,8% das internações.

Segundo Lincoln Marques, farmacêutico clínico e doutorando da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da Universidade São Paulo (USP), não envolvido no estudo publicado, geralmente cabe à equipe de farmácia fiscalizar esses medicamentos.

“A lista de MPIs é imensa, mas existem níveis: alguns você não pode indicar de jeito nenhum aos pacientes, outros você pode administrar com cautela e há os que apenas necessitam de um monitoramento mais próximo”, ensina.

Ele informa que os riscos de eventos adversos aumentam com a idade, a forma de manipulação e o estado geral do paciente – quanto mais debilitado, maior será o risco. Medicamentos venosos, por exemplo, tendem a ser mais danosos do que comprimidos.

Na visão de Curiati, médicos não especializados em geriatria acabam minimizando os eventuais perigos e apresentando mais resistência a trocar medicamentos. Em sua pesquisa, ele percebeu que a maioria dos pacientes foi admitida no pronto atendimento, onde trabalham médicos plantonistas — 57% dos pacientes cujo prontuário disparou o alerta tiveram indicação de remédios inapropriados nessa área do hospital.

A principal justificativa desses médicos era que o idoso já fazia uso de algum medicamento desse tipo de forma contínua. “Apesar disso, a presença dos alertas no sistema identificou uma parcela de pessoas internadas bem mais frágil, com mais comorbidades e maior tempo de internamento”, diz o geriatra. Os médicos que prescreveram essas medicações só precisaram se justificar quando o alerta era muito grave – isso não foi necessário em casos com menor risco iminente.

Curiati agora espera que, com base nesses resultados, outras áreas médicas (para além da geriatria) passem a prestar mais atenção na indicação de medicamentos para pacientes na terceira idade.

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