O cantor Renatinho Bokaloka, vocalista do grupo de pagode Bokaloka, morreu nesta quinta-feira, 5, aos 48 anos, de enfarte. O problema de saúde é a maior causa de mortes no País, segundo dados do Ministério da Saúde, com cerca de 300 a 400 mil casos anuais. O ataque cardíaco acontece quando um coágulo sanguíneo ou placa de gordura bloqueia o fluxo de sangue para o coração. Sem sangue, as células do coração começam a morrer, podendo levar a pessoa a óbito.
O cardiologista Paulo Caramori, diretor do comitê científico da Sociedade Brasileira de Cardiologia, explica que o enfarte é mais comum a partir dos 50 anos, mas pode acontecer em qualquer idade, principalmente se a pessoa tiver colesterol alto, pressão alta, diabetes e/ou for fumante. “Além disso, um fator de risco que cada vez mais vem chamando atenção no mundo é a qualidade do sono”, diz.
Segundo o médico, o enfarte é como um incêndio: pode começar com alguns sinais pequenos, mas se alastra de forma traiçoeira e, quando toma toda a casa, dificilmente é possível recuperar alguma coisa. Por isso, o melhor caminho para evitá-lo é fazendo exames de rotina para prevenção e procurando um médico o mais rápido possível assim que tiver qualquer sintoma, por mais simples que ele possa parecer.
Essa não foi a primeira vez que Renatinho sofreu um ataque cardíaco. Em maio de 2022, ele passou por um quadro semelhante durante turnê em Paris, na França. Na época, ele passou por procedimento cirúrgico.
Sinais de perigo
O enfarte geralmente causa dor na região do peito, se alastrando da boca do estômago até o queixo, ou em direção aos braços. “Pode variar de pessoa para pessoa, mas, geralmente, essa dor acontece associada a mal-estar geral e suor”, diz o médico. Ao ter esses sintomas, a pessoa deve procurar imediatamente um serviço de urgência médica.
“Em alguns casos, os sintomas passam, a pessoa relaxa e acaba não procurando um médico, mas, assim como no incêndio, as chamas podem diminuir e depois voltar, por isso é importante procurar um médico de qualquer forma”, diz. Alguns minutos de dor já são sinal de perigo.
Pessoas que já tiveram um enfarte antes e/ou que têm fatores de risco devem ter ainda mais atenção. “Diferente do ditado, que diz que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, no caso do enfarte, as chances de repetição são grandes”, explica o médico.
Tratamento
Quando a pessoa chega ao atendimento médico e é comprovado que se trata de um caso de enfarte, existem dois procedimentos possíveis:
- O uso de medicamentos trombolíticos, geralmente injetáveis, para dissolver o coágulo ou a placa de gordura que causou o entupimento;
- Realização de uma angioplastia, quando um “balãozinho” é colocado no ponto de obstrução da artéria, permitindo que o sangue volte a circular.
Além desses dois procedimentos, em casos mais graves, onde há diversos pontos de obstrução sanguínea no coração, é realizada uma cirurgia de ponte de safena. Nela, o médico faz um enxerto de veias ou artérias (geralmente utilizam uma parte da veia safena, da perna, por isso o nome) para desviar sangue do coração, “substituindo” as artérias entupidas.
Quando o enfarte pode levar à morte?
Se não tratado, o enfarte pode levar à morte rapidamente, principalmente quando o paciente já tem outras doenças pré-existentes. Além disso, quando o entupimento da artéria se dá em um ponto central do coração ou em um ponto de início da circulação sanguínea no órgão, as chances de morte são maiores.
“Imagine uma árvore. Se um entupimento acontece em um galho, o risco para a planta é menor. Já se acontece no tronco, o impacto é maior”, explica Caramori, fazendo uma analogia com o coração.
Prevenção
Para prevenir enfartes, o recomendado é que a pessoa tenha um estilo de vida saudável: se mantenha longe do cigarro, pratique exercícios físicos, tenha uma alimentação balanceada e um sono de qualidade.
Fazer acompanhamento médico, mapeando os riscos cardíacos, também ajuda a prevenir esse tipo de emergência médica. “Sabendo quais são os fatores de risco do paciente, nós podemos trabalhar para tratá-los antes que o problema se agrave e ele possa vir a ter um enfarte”, diz o cardiologista.
O ideal é que as pessoas sejam acompanhadas por um médico clínico geral desde a infância – pode ser um pediatra ou médico da família. A partir dos 20 anos, é interessante procurar um cardiologista.
Após os exames, o médico indicará a frequência em que o acompanhamento deve ser feito, de acordo com o nível de risco do paciente.