Selena Gomez fala de bipolaridade e psicose em novo documentário; entenda os quadros psiquiátricos


Em “Minha Mente e Eu”, a artista mostra como lidou com os desafios em relação à sua saúde física e mental nos últimos anos

Por Giovanna Castro

No documentário Minha Mente e Eu, que entrou para o catálogo do canal de streaming Apple TV+, a atriz e cantora americana Selena Gomez fala sobre como os episódios que enfrentou nos últimos seis anos – desde o tratamento da doença de lúpus, que exigiu que fizesse um transplante de rim em 2017, até o término definitivo com o cantor Justin Bieber – influenciaram a sua saúde mental. Selena conta que foi diagnosticada com bipolaridade e enfrentou quadros de psicose, depressão e ansiedade.

Por ter que lidar com a fama desde os seus 7 anos, a artista, hoje com 30, sempre se sentiu pressionada pelas críticas que recebia e pela grande exposição midiática, em especial ao longo do seu relacionamento amoroso com Bieber, com quem teve muitas idas e vindas entre 2009 e 2019, até ele se casar com a modelo Hailey Bieber.

O documentário mostra que ela foi internada pela primeira vez em um hospital psiquiátrico para tratar “ansiedade, ataques de pânico e depressão” durante a sua turnê Revival, em 2016, período de transição da carreira da cantora de um astro teen para uma artista adulta. Em 2019, quando foi internada pela segunda vez, recebeu o diagnóstico de bipolaridade.

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O documentário "Selena Gomez: Minha Mente e Eu" mostra cenas de bastidores da turnê "Revival", em 2016. Foto: Apple TV+/EFE

Bipolaridade

Segundo Henrique Bottura, diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista e psiquiatra do Hospital das Clínicas, a bipolaridade é uma doença que causa oscilações de humor. “Geralmente, pacientes com bipolaridade alternam entre duas fases: uma maníaca, exagerada, e outra depressiva”, explica.

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Na fase maníaca, a pessoa bipolar fica “inquieta, com seus processos psíquicos acelerados e se sente grandiosa, muitas vezes como uma exacerbação do ego e diminuição da necessidade do sono”, diz o médico. “São várias várias manifestações que mostram que os processos físicos estão intensos de acelerados.”

Já na fase depressiva, a pessoa perde a capacidade de sentir prazer e se sente culpada e com a autoestima baixa. Ela pode evitar contato com outras pessoas, não conseguir realizar atividades cotidianas e até mesmo pensar em suicídio. A pessoa pode também ter alterações no seu padrão de sono e apetite.

A bipolaridade não tem cura, mas pode ser tratada e, com isso, é possível passar longos períodos sem crises.

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Diagnóstico e tratamento

Para conter a bipolaridade, é preciso tratá-la com medicamentos que controlam as crises e evitem as oscilações de humor. Porém, pelas próprias características da bipolaridade, o médico ressalta que é importante ter um diagnóstico correto da doença – o que nem sempre é simples.

“Se o paciente procura o psiquiatra em uma fase depressiva, ele pode ser diagnosticado de forma errada com depressão”, diz. O perigo disso é que medicamentos antidepressivos podem precipitar novas crises maníacas. “Por isso, a gente tem que tomar muito cuidado na hora de ajustar a medicação do paciente e evitar receitar dosagens altas de antidepressivos sem um diagnóstico preciso”, reforça.

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Outro fator que dificulta o diagnóstico de pessoas com bipolaridade é que, durante a fase maníaca, elas tendem a achar que não precisam de ajuda, que são autossuficientes. “É uma doença difícil de se aceitar”, diz o psiquiatra.

No seu documentário, Selena conta que o diagnóstico foi um período conturbado. “Eu descobri que tenho um diagnóstico de transtorno bipolar. Vou ser honesta: eu não queria ir ao hospital, mas eu não queria estar presa em mim mesma, em minha mente. Eu pensei que minha vida tinha acabado. Eu estava ‘é assim que eu vou ser para sempre’”, conta.

Psicose

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Em um trecho do filme, Selena conta que teve quadros de psicose, um transtorno mental caracterizado por uma desconexão da realidade e comum em quem tem bipolaridade. Quando isso acontece, a pessoa tem delírios e alucinações, o que leva a um comportamento agitado e incoerente.

“Meus pensamentos tomam conta da minha mente muitas vezes. Dói quando penso no meu passado. Eu quero saber como respirar novamente. Eu amo a mim mesma? Como eu aprendo a respirar minha própria respiração?”, relata a artista.

“É uma espécie de uma cisão com a realidade. A pessoa passa a acreditar e vivenciar coisas que não são condizentes com a realidade. Ela pode ter alteração no senso de percepção, por exemplo, escutar vozes e acreditar em coisas que são absurdas, compartilhando pensamentos que as pessoas geralmente não compartilham”, define Henrique Bottura.

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O tratamento de surtos psicóticos são feitos por meio de medicamentos antipsicóticos, que ajudam a reverter esses delírios e reordenar os pensamentos.

Família e amigos

A relação com outras pessoas tende a ser diretamente afetada quando a pessoa tem bipolaridade. Isso porque, nas fases maníacas, a pessoa pode se tornar egocêntrica e menosprezar outras pessoas, enquanto nas fases depressivas ela se isola do convívio social.

Em seu relato, Selena detalha como esses momentos de oscilação de humor afetavam a forma como ela tratava quem estava no seu entorno e traziam sofrimento.

“Tenho os melhores amigos e familiares, especialmente minha mãe e meu padrasto, Brian, porque eu não deveria ter falado com eles do jeito que eu falei. Eu não deveria tê-los tratado do jeito que tratei às vezes. Eles sabem que não fui eu? Eu apenas digo que ‘sinto muito’ porque me lembro de certas coisas que faço e é realmente tão malvado”, diz.

Por isso, Henrique Bottura ressalta que o tratamento da bipolaridade precisa envolver a família, pois a pessoa precisa de pessoas que entendam a sua condição e a ajudem de maneira correta durante suas crises.

A mãe da Selena conta no documentário que, no primeiro colapso mental da filha, teve “medo de que ela fosse morrer”. “É um milagre ela receber alta, mas sempre há o medo de que volte a acontecer e isso machuca muito”, diz.

Aceitação

Segundo e psiquiatra, um dos pontos mais importantes para lidar com a bipolaridade é aceitar a doença e fazer acompanhamento psicoterapêutico.

“A pessoa precisa aprender a lidar com as crises e entender que é preciso ter uma mudança de hábitos”, diz. “Quem tem transtorno bipolar não pode ter uma vida desregrada. Tem que ter o controle mesmo estando bem. Precisa passar no médico e fazer o controle das medicações”, acrescenta.

Ao final do documentário, Selena diz que, apesar dos altos e baixos, os diagnósticos psiquiátricos e a sua jornada até aqui a ajudaram a lidar com suas oscilações de humor. Por isso, ela diz que hoje ela está bem e focada em construir um debate sobre saúde mental com seus fãs.

“Descobri que o relacionamento com o transtorno bipolar e comigo mesma sempre existirá. Farei amizade com ele. Continuarei lutando, mas estou feliz. Estou em paz. Estou brava. Estou triste. Estou segura. Estou cheia de dúvidas. Sou um trabalho em andamento. Sou o bastante. Sou Selena”, diz.

No documentário Minha Mente e Eu, que entrou para o catálogo do canal de streaming Apple TV+, a atriz e cantora americana Selena Gomez fala sobre como os episódios que enfrentou nos últimos seis anos – desde o tratamento da doença de lúpus, que exigiu que fizesse um transplante de rim em 2017, até o término definitivo com o cantor Justin Bieber – influenciaram a sua saúde mental. Selena conta que foi diagnosticada com bipolaridade e enfrentou quadros de psicose, depressão e ansiedade.

Por ter que lidar com a fama desde os seus 7 anos, a artista, hoje com 30, sempre se sentiu pressionada pelas críticas que recebia e pela grande exposição midiática, em especial ao longo do seu relacionamento amoroso com Bieber, com quem teve muitas idas e vindas entre 2009 e 2019, até ele se casar com a modelo Hailey Bieber.

O documentário mostra que ela foi internada pela primeira vez em um hospital psiquiátrico para tratar “ansiedade, ataques de pânico e depressão” durante a sua turnê Revival, em 2016, período de transição da carreira da cantora de um astro teen para uma artista adulta. Em 2019, quando foi internada pela segunda vez, recebeu o diagnóstico de bipolaridade.

O documentário "Selena Gomez: Minha Mente e Eu" mostra cenas de bastidores da turnê "Revival", em 2016. Foto: Apple TV+/EFE

Bipolaridade

Segundo Henrique Bottura, diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista e psiquiatra do Hospital das Clínicas, a bipolaridade é uma doença que causa oscilações de humor. “Geralmente, pacientes com bipolaridade alternam entre duas fases: uma maníaca, exagerada, e outra depressiva”, explica.

Na fase maníaca, a pessoa bipolar fica “inquieta, com seus processos psíquicos acelerados e se sente grandiosa, muitas vezes como uma exacerbação do ego e diminuição da necessidade do sono”, diz o médico. “São várias várias manifestações que mostram que os processos físicos estão intensos de acelerados.”

Já na fase depressiva, a pessoa perde a capacidade de sentir prazer e se sente culpada e com a autoestima baixa. Ela pode evitar contato com outras pessoas, não conseguir realizar atividades cotidianas e até mesmo pensar em suicídio. A pessoa pode também ter alterações no seu padrão de sono e apetite.

A bipolaridade não tem cura, mas pode ser tratada e, com isso, é possível passar longos períodos sem crises.

Diagnóstico e tratamento

Para conter a bipolaridade, é preciso tratá-la com medicamentos que controlam as crises e evitem as oscilações de humor. Porém, pelas próprias características da bipolaridade, o médico ressalta que é importante ter um diagnóstico correto da doença – o que nem sempre é simples.

“Se o paciente procura o psiquiatra em uma fase depressiva, ele pode ser diagnosticado de forma errada com depressão”, diz. O perigo disso é que medicamentos antidepressivos podem precipitar novas crises maníacas. “Por isso, a gente tem que tomar muito cuidado na hora de ajustar a medicação do paciente e evitar receitar dosagens altas de antidepressivos sem um diagnóstico preciso”, reforça.

Outro fator que dificulta o diagnóstico de pessoas com bipolaridade é que, durante a fase maníaca, elas tendem a achar que não precisam de ajuda, que são autossuficientes. “É uma doença difícil de se aceitar”, diz o psiquiatra.

No seu documentário, Selena conta que o diagnóstico foi um período conturbado. “Eu descobri que tenho um diagnóstico de transtorno bipolar. Vou ser honesta: eu não queria ir ao hospital, mas eu não queria estar presa em mim mesma, em minha mente. Eu pensei que minha vida tinha acabado. Eu estava ‘é assim que eu vou ser para sempre’”, conta.

Psicose

Em um trecho do filme, Selena conta que teve quadros de psicose, um transtorno mental caracterizado por uma desconexão da realidade e comum em quem tem bipolaridade. Quando isso acontece, a pessoa tem delírios e alucinações, o que leva a um comportamento agitado e incoerente.

“Meus pensamentos tomam conta da minha mente muitas vezes. Dói quando penso no meu passado. Eu quero saber como respirar novamente. Eu amo a mim mesma? Como eu aprendo a respirar minha própria respiração?”, relata a artista.

“É uma espécie de uma cisão com a realidade. A pessoa passa a acreditar e vivenciar coisas que não são condizentes com a realidade. Ela pode ter alteração no senso de percepção, por exemplo, escutar vozes e acreditar em coisas que são absurdas, compartilhando pensamentos que as pessoas geralmente não compartilham”, define Henrique Bottura.

O tratamento de surtos psicóticos são feitos por meio de medicamentos antipsicóticos, que ajudam a reverter esses delírios e reordenar os pensamentos.

Família e amigos

A relação com outras pessoas tende a ser diretamente afetada quando a pessoa tem bipolaridade. Isso porque, nas fases maníacas, a pessoa pode se tornar egocêntrica e menosprezar outras pessoas, enquanto nas fases depressivas ela se isola do convívio social.

Em seu relato, Selena detalha como esses momentos de oscilação de humor afetavam a forma como ela tratava quem estava no seu entorno e traziam sofrimento.

“Tenho os melhores amigos e familiares, especialmente minha mãe e meu padrasto, Brian, porque eu não deveria ter falado com eles do jeito que eu falei. Eu não deveria tê-los tratado do jeito que tratei às vezes. Eles sabem que não fui eu? Eu apenas digo que ‘sinto muito’ porque me lembro de certas coisas que faço e é realmente tão malvado”, diz.

Por isso, Henrique Bottura ressalta que o tratamento da bipolaridade precisa envolver a família, pois a pessoa precisa de pessoas que entendam a sua condição e a ajudem de maneira correta durante suas crises.

A mãe da Selena conta no documentário que, no primeiro colapso mental da filha, teve “medo de que ela fosse morrer”. “É um milagre ela receber alta, mas sempre há o medo de que volte a acontecer e isso machuca muito”, diz.

Aceitação

Segundo e psiquiatra, um dos pontos mais importantes para lidar com a bipolaridade é aceitar a doença e fazer acompanhamento psicoterapêutico.

“A pessoa precisa aprender a lidar com as crises e entender que é preciso ter uma mudança de hábitos”, diz. “Quem tem transtorno bipolar não pode ter uma vida desregrada. Tem que ter o controle mesmo estando bem. Precisa passar no médico e fazer o controle das medicações”, acrescenta.

Ao final do documentário, Selena diz que, apesar dos altos e baixos, os diagnósticos psiquiátricos e a sua jornada até aqui a ajudaram a lidar com suas oscilações de humor. Por isso, ela diz que hoje ela está bem e focada em construir um debate sobre saúde mental com seus fãs.

“Descobri que o relacionamento com o transtorno bipolar e comigo mesma sempre existirá. Farei amizade com ele. Continuarei lutando, mas estou feliz. Estou em paz. Estou brava. Estou triste. Estou segura. Estou cheia de dúvidas. Sou um trabalho em andamento. Sou o bastante. Sou Selena”, diz.

No documentário Minha Mente e Eu, que entrou para o catálogo do canal de streaming Apple TV+, a atriz e cantora americana Selena Gomez fala sobre como os episódios que enfrentou nos últimos seis anos – desde o tratamento da doença de lúpus, que exigiu que fizesse um transplante de rim em 2017, até o término definitivo com o cantor Justin Bieber – influenciaram a sua saúde mental. Selena conta que foi diagnosticada com bipolaridade e enfrentou quadros de psicose, depressão e ansiedade.

Por ter que lidar com a fama desde os seus 7 anos, a artista, hoje com 30, sempre se sentiu pressionada pelas críticas que recebia e pela grande exposição midiática, em especial ao longo do seu relacionamento amoroso com Bieber, com quem teve muitas idas e vindas entre 2009 e 2019, até ele se casar com a modelo Hailey Bieber.

O documentário mostra que ela foi internada pela primeira vez em um hospital psiquiátrico para tratar “ansiedade, ataques de pânico e depressão” durante a sua turnê Revival, em 2016, período de transição da carreira da cantora de um astro teen para uma artista adulta. Em 2019, quando foi internada pela segunda vez, recebeu o diagnóstico de bipolaridade.

O documentário "Selena Gomez: Minha Mente e Eu" mostra cenas de bastidores da turnê "Revival", em 2016. Foto: Apple TV+/EFE

Bipolaridade

Segundo Henrique Bottura, diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista e psiquiatra do Hospital das Clínicas, a bipolaridade é uma doença que causa oscilações de humor. “Geralmente, pacientes com bipolaridade alternam entre duas fases: uma maníaca, exagerada, e outra depressiva”, explica.

Na fase maníaca, a pessoa bipolar fica “inquieta, com seus processos psíquicos acelerados e se sente grandiosa, muitas vezes como uma exacerbação do ego e diminuição da necessidade do sono”, diz o médico. “São várias várias manifestações que mostram que os processos físicos estão intensos de acelerados.”

Já na fase depressiva, a pessoa perde a capacidade de sentir prazer e se sente culpada e com a autoestima baixa. Ela pode evitar contato com outras pessoas, não conseguir realizar atividades cotidianas e até mesmo pensar em suicídio. A pessoa pode também ter alterações no seu padrão de sono e apetite.

A bipolaridade não tem cura, mas pode ser tratada e, com isso, é possível passar longos períodos sem crises.

Diagnóstico e tratamento

Para conter a bipolaridade, é preciso tratá-la com medicamentos que controlam as crises e evitem as oscilações de humor. Porém, pelas próprias características da bipolaridade, o médico ressalta que é importante ter um diagnóstico correto da doença – o que nem sempre é simples.

“Se o paciente procura o psiquiatra em uma fase depressiva, ele pode ser diagnosticado de forma errada com depressão”, diz. O perigo disso é que medicamentos antidepressivos podem precipitar novas crises maníacas. “Por isso, a gente tem que tomar muito cuidado na hora de ajustar a medicação do paciente e evitar receitar dosagens altas de antidepressivos sem um diagnóstico preciso”, reforça.

Outro fator que dificulta o diagnóstico de pessoas com bipolaridade é que, durante a fase maníaca, elas tendem a achar que não precisam de ajuda, que são autossuficientes. “É uma doença difícil de se aceitar”, diz o psiquiatra.

No seu documentário, Selena conta que o diagnóstico foi um período conturbado. “Eu descobri que tenho um diagnóstico de transtorno bipolar. Vou ser honesta: eu não queria ir ao hospital, mas eu não queria estar presa em mim mesma, em minha mente. Eu pensei que minha vida tinha acabado. Eu estava ‘é assim que eu vou ser para sempre’”, conta.

Psicose

Em um trecho do filme, Selena conta que teve quadros de psicose, um transtorno mental caracterizado por uma desconexão da realidade e comum em quem tem bipolaridade. Quando isso acontece, a pessoa tem delírios e alucinações, o que leva a um comportamento agitado e incoerente.

“Meus pensamentos tomam conta da minha mente muitas vezes. Dói quando penso no meu passado. Eu quero saber como respirar novamente. Eu amo a mim mesma? Como eu aprendo a respirar minha própria respiração?”, relata a artista.

“É uma espécie de uma cisão com a realidade. A pessoa passa a acreditar e vivenciar coisas que não são condizentes com a realidade. Ela pode ter alteração no senso de percepção, por exemplo, escutar vozes e acreditar em coisas que são absurdas, compartilhando pensamentos que as pessoas geralmente não compartilham”, define Henrique Bottura.

O tratamento de surtos psicóticos são feitos por meio de medicamentos antipsicóticos, que ajudam a reverter esses delírios e reordenar os pensamentos.

Família e amigos

A relação com outras pessoas tende a ser diretamente afetada quando a pessoa tem bipolaridade. Isso porque, nas fases maníacas, a pessoa pode se tornar egocêntrica e menosprezar outras pessoas, enquanto nas fases depressivas ela se isola do convívio social.

Em seu relato, Selena detalha como esses momentos de oscilação de humor afetavam a forma como ela tratava quem estava no seu entorno e traziam sofrimento.

“Tenho os melhores amigos e familiares, especialmente minha mãe e meu padrasto, Brian, porque eu não deveria ter falado com eles do jeito que eu falei. Eu não deveria tê-los tratado do jeito que tratei às vezes. Eles sabem que não fui eu? Eu apenas digo que ‘sinto muito’ porque me lembro de certas coisas que faço e é realmente tão malvado”, diz.

Por isso, Henrique Bottura ressalta que o tratamento da bipolaridade precisa envolver a família, pois a pessoa precisa de pessoas que entendam a sua condição e a ajudem de maneira correta durante suas crises.

A mãe da Selena conta no documentário que, no primeiro colapso mental da filha, teve “medo de que ela fosse morrer”. “É um milagre ela receber alta, mas sempre há o medo de que volte a acontecer e isso machuca muito”, diz.

Aceitação

Segundo e psiquiatra, um dos pontos mais importantes para lidar com a bipolaridade é aceitar a doença e fazer acompanhamento psicoterapêutico.

“A pessoa precisa aprender a lidar com as crises e entender que é preciso ter uma mudança de hábitos”, diz. “Quem tem transtorno bipolar não pode ter uma vida desregrada. Tem que ter o controle mesmo estando bem. Precisa passar no médico e fazer o controle das medicações”, acrescenta.

Ao final do documentário, Selena diz que, apesar dos altos e baixos, os diagnósticos psiquiátricos e a sua jornada até aqui a ajudaram a lidar com suas oscilações de humor. Por isso, ela diz que hoje ela está bem e focada em construir um debate sobre saúde mental com seus fãs.

“Descobri que o relacionamento com o transtorno bipolar e comigo mesma sempre existirá. Farei amizade com ele. Continuarei lutando, mas estou feliz. Estou em paz. Estou brava. Estou triste. Estou segura. Estou cheia de dúvidas. Sou um trabalho em andamento. Sou o bastante. Sou Selena”, diz.

No documentário Minha Mente e Eu, que entrou para o catálogo do canal de streaming Apple TV+, a atriz e cantora americana Selena Gomez fala sobre como os episódios que enfrentou nos últimos seis anos – desde o tratamento da doença de lúpus, que exigiu que fizesse um transplante de rim em 2017, até o término definitivo com o cantor Justin Bieber – influenciaram a sua saúde mental. Selena conta que foi diagnosticada com bipolaridade e enfrentou quadros de psicose, depressão e ansiedade.

Por ter que lidar com a fama desde os seus 7 anos, a artista, hoje com 30, sempre se sentiu pressionada pelas críticas que recebia e pela grande exposição midiática, em especial ao longo do seu relacionamento amoroso com Bieber, com quem teve muitas idas e vindas entre 2009 e 2019, até ele se casar com a modelo Hailey Bieber.

O documentário mostra que ela foi internada pela primeira vez em um hospital psiquiátrico para tratar “ansiedade, ataques de pânico e depressão” durante a sua turnê Revival, em 2016, período de transição da carreira da cantora de um astro teen para uma artista adulta. Em 2019, quando foi internada pela segunda vez, recebeu o diagnóstico de bipolaridade.

O documentário "Selena Gomez: Minha Mente e Eu" mostra cenas de bastidores da turnê "Revival", em 2016. Foto: Apple TV+/EFE

Bipolaridade

Segundo Henrique Bottura, diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista e psiquiatra do Hospital das Clínicas, a bipolaridade é uma doença que causa oscilações de humor. “Geralmente, pacientes com bipolaridade alternam entre duas fases: uma maníaca, exagerada, e outra depressiva”, explica.

Na fase maníaca, a pessoa bipolar fica “inquieta, com seus processos psíquicos acelerados e se sente grandiosa, muitas vezes como uma exacerbação do ego e diminuição da necessidade do sono”, diz o médico. “São várias várias manifestações que mostram que os processos físicos estão intensos de acelerados.”

Já na fase depressiva, a pessoa perde a capacidade de sentir prazer e se sente culpada e com a autoestima baixa. Ela pode evitar contato com outras pessoas, não conseguir realizar atividades cotidianas e até mesmo pensar em suicídio. A pessoa pode também ter alterações no seu padrão de sono e apetite.

A bipolaridade não tem cura, mas pode ser tratada e, com isso, é possível passar longos períodos sem crises.

Diagnóstico e tratamento

Para conter a bipolaridade, é preciso tratá-la com medicamentos que controlam as crises e evitem as oscilações de humor. Porém, pelas próprias características da bipolaridade, o médico ressalta que é importante ter um diagnóstico correto da doença – o que nem sempre é simples.

“Se o paciente procura o psiquiatra em uma fase depressiva, ele pode ser diagnosticado de forma errada com depressão”, diz. O perigo disso é que medicamentos antidepressivos podem precipitar novas crises maníacas. “Por isso, a gente tem que tomar muito cuidado na hora de ajustar a medicação do paciente e evitar receitar dosagens altas de antidepressivos sem um diagnóstico preciso”, reforça.

Outro fator que dificulta o diagnóstico de pessoas com bipolaridade é que, durante a fase maníaca, elas tendem a achar que não precisam de ajuda, que são autossuficientes. “É uma doença difícil de se aceitar”, diz o psiquiatra.

No seu documentário, Selena conta que o diagnóstico foi um período conturbado. “Eu descobri que tenho um diagnóstico de transtorno bipolar. Vou ser honesta: eu não queria ir ao hospital, mas eu não queria estar presa em mim mesma, em minha mente. Eu pensei que minha vida tinha acabado. Eu estava ‘é assim que eu vou ser para sempre’”, conta.

Psicose

Em um trecho do filme, Selena conta que teve quadros de psicose, um transtorno mental caracterizado por uma desconexão da realidade e comum em quem tem bipolaridade. Quando isso acontece, a pessoa tem delírios e alucinações, o que leva a um comportamento agitado e incoerente.

“Meus pensamentos tomam conta da minha mente muitas vezes. Dói quando penso no meu passado. Eu quero saber como respirar novamente. Eu amo a mim mesma? Como eu aprendo a respirar minha própria respiração?”, relata a artista.

“É uma espécie de uma cisão com a realidade. A pessoa passa a acreditar e vivenciar coisas que não são condizentes com a realidade. Ela pode ter alteração no senso de percepção, por exemplo, escutar vozes e acreditar em coisas que são absurdas, compartilhando pensamentos que as pessoas geralmente não compartilham”, define Henrique Bottura.

O tratamento de surtos psicóticos são feitos por meio de medicamentos antipsicóticos, que ajudam a reverter esses delírios e reordenar os pensamentos.

Família e amigos

A relação com outras pessoas tende a ser diretamente afetada quando a pessoa tem bipolaridade. Isso porque, nas fases maníacas, a pessoa pode se tornar egocêntrica e menosprezar outras pessoas, enquanto nas fases depressivas ela se isola do convívio social.

Em seu relato, Selena detalha como esses momentos de oscilação de humor afetavam a forma como ela tratava quem estava no seu entorno e traziam sofrimento.

“Tenho os melhores amigos e familiares, especialmente minha mãe e meu padrasto, Brian, porque eu não deveria ter falado com eles do jeito que eu falei. Eu não deveria tê-los tratado do jeito que tratei às vezes. Eles sabem que não fui eu? Eu apenas digo que ‘sinto muito’ porque me lembro de certas coisas que faço e é realmente tão malvado”, diz.

Por isso, Henrique Bottura ressalta que o tratamento da bipolaridade precisa envolver a família, pois a pessoa precisa de pessoas que entendam a sua condição e a ajudem de maneira correta durante suas crises.

A mãe da Selena conta no documentário que, no primeiro colapso mental da filha, teve “medo de que ela fosse morrer”. “É um milagre ela receber alta, mas sempre há o medo de que volte a acontecer e isso machuca muito”, diz.

Aceitação

Segundo e psiquiatra, um dos pontos mais importantes para lidar com a bipolaridade é aceitar a doença e fazer acompanhamento psicoterapêutico.

“A pessoa precisa aprender a lidar com as crises e entender que é preciso ter uma mudança de hábitos”, diz. “Quem tem transtorno bipolar não pode ter uma vida desregrada. Tem que ter o controle mesmo estando bem. Precisa passar no médico e fazer o controle das medicações”, acrescenta.

Ao final do documentário, Selena diz que, apesar dos altos e baixos, os diagnósticos psiquiátricos e a sua jornada até aqui a ajudaram a lidar com suas oscilações de humor. Por isso, ela diz que hoje ela está bem e focada em construir um debate sobre saúde mental com seus fãs.

“Descobri que o relacionamento com o transtorno bipolar e comigo mesma sempre existirá. Farei amizade com ele. Continuarei lutando, mas estou feliz. Estou em paz. Estou brava. Estou triste. Estou segura. Estou cheia de dúvidas. Sou um trabalho em andamento. Sou o bastante. Sou Selena”, diz.

No documentário Minha Mente e Eu, que entrou para o catálogo do canal de streaming Apple TV+, a atriz e cantora americana Selena Gomez fala sobre como os episódios que enfrentou nos últimos seis anos – desde o tratamento da doença de lúpus, que exigiu que fizesse um transplante de rim em 2017, até o término definitivo com o cantor Justin Bieber – influenciaram a sua saúde mental. Selena conta que foi diagnosticada com bipolaridade e enfrentou quadros de psicose, depressão e ansiedade.

Por ter que lidar com a fama desde os seus 7 anos, a artista, hoje com 30, sempre se sentiu pressionada pelas críticas que recebia e pela grande exposição midiática, em especial ao longo do seu relacionamento amoroso com Bieber, com quem teve muitas idas e vindas entre 2009 e 2019, até ele se casar com a modelo Hailey Bieber.

O documentário mostra que ela foi internada pela primeira vez em um hospital psiquiátrico para tratar “ansiedade, ataques de pânico e depressão” durante a sua turnê Revival, em 2016, período de transição da carreira da cantora de um astro teen para uma artista adulta. Em 2019, quando foi internada pela segunda vez, recebeu o diagnóstico de bipolaridade.

O documentário "Selena Gomez: Minha Mente e Eu" mostra cenas de bastidores da turnê "Revival", em 2016. Foto: Apple TV+/EFE

Bipolaridade

Segundo Henrique Bottura, diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista e psiquiatra do Hospital das Clínicas, a bipolaridade é uma doença que causa oscilações de humor. “Geralmente, pacientes com bipolaridade alternam entre duas fases: uma maníaca, exagerada, e outra depressiva”, explica.

Na fase maníaca, a pessoa bipolar fica “inquieta, com seus processos psíquicos acelerados e se sente grandiosa, muitas vezes como uma exacerbação do ego e diminuição da necessidade do sono”, diz o médico. “São várias várias manifestações que mostram que os processos físicos estão intensos de acelerados.”

Já na fase depressiva, a pessoa perde a capacidade de sentir prazer e se sente culpada e com a autoestima baixa. Ela pode evitar contato com outras pessoas, não conseguir realizar atividades cotidianas e até mesmo pensar em suicídio. A pessoa pode também ter alterações no seu padrão de sono e apetite.

A bipolaridade não tem cura, mas pode ser tratada e, com isso, é possível passar longos períodos sem crises.

Diagnóstico e tratamento

Para conter a bipolaridade, é preciso tratá-la com medicamentos que controlam as crises e evitem as oscilações de humor. Porém, pelas próprias características da bipolaridade, o médico ressalta que é importante ter um diagnóstico correto da doença – o que nem sempre é simples.

“Se o paciente procura o psiquiatra em uma fase depressiva, ele pode ser diagnosticado de forma errada com depressão”, diz. O perigo disso é que medicamentos antidepressivos podem precipitar novas crises maníacas. “Por isso, a gente tem que tomar muito cuidado na hora de ajustar a medicação do paciente e evitar receitar dosagens altas de antidepressivos sem um diagnóstico preciso”, reforça.

Outro fator que dificulta o diagnóstico de pessoas com bipolaridade é que, durante a fase maníaca, elas tendem a achar que não precisam de ajuda, que são autossuficientes. “É uma doença difícil de se aceitar”, diz o psiquiatra.

No seu documentário, Selena conta que o diagnóstico foi um período conturbado. “Eu descobri que tenho um diagnóstico de transtorno bipolar. Vou ser honesta: eu não queria ir ao hospital, mas eu não queria estar presa em mim mesma, em minha mente. Eu pensei que minha vida tinha acabado. Eu estava ‘é assim que eu vou ser para sempre’”, conta.

Psicose

Em um trecho do filme, Selena conta que teve quadros de psicose, um transtorno mental caracterizado por uma desconexão da realidade e comum em quem tem bipolaridade. Quando isso acontece, a pessoa tem delírios e alucinações, o que leva a um comportamento agitado e incoerente.

“Meus pensamentos tomam conta da minha mente muitas vezes. Dói quando penso no meu passado. Eu quero saber como respirar novamente. Eu amo a mim mesma? Como eu aprendo a respirar minha própria respiração?”, relata a artista.

“É uma espécie de uma cisão com a realidade. A pessoa passa a acreditar e vivenciar coisas que não são condizentes com a realidade. Ela pode ter alteração no senso de percepção, por exemplo, escutar vozes e acreditar em coisas que são absurdas, compartilhando pensamentos que as pessoas geralmente não compartilham”, define Henrique Bottura.

O tratamento de surtos psicóticos são feitos por meio de medicamentos antipsicóticos, que ajudam a reverter esses delírios e reordenar os pensamentos.

Família e amigos

A relação com outras pessoas tende a ser diretamente afetada quando a pessoa tem bipolaridade. Isso porque, nas fases maníacas, a pessoa pode se tornar egocêntrica e menosprezar outras pessoas, enquanto nas fases depressivas ela se isola do convívio social.

Em seu relato, Selena detalha como esses momentos de oscilação de humor afetavam a forma como ela tratava quem estava no seu entorno e traziam sofrimento.

“Tenho os melhores amigos e familiares, especialmente minha mãe e meu padrasto, Brian, porque eu não deveria ter falado com eles do jeito que eu falei. Eu não deveria tê-los tratado do jeito que tratei às vezes. Eles sabem que não fui eu? Eu apenas digo que ‘sinto muito’ porque me lembro de certas coisas que faço e é realmente tão malvado”, diz.

Por isso, Henrique Bottura ressalta que o tratamento da bipolaridade precisa envolver a família, pois a pessoa precisa de pessoas que entendam a sua condição e a ajudem de maneira correta durante suas crises.

A mãe da Selena conta no documentário que, no primeiro colapso mental da filha, teve “medo de que ela fosse morrer”. “É um milagre ela receber alta, mas sempre há o medo de que volte a acontecer e isso machuca muito”, diz.

Aceitação

Segundo e psiquiatra, um dos pontos mais importantes para lidar com a bipolaridade é aceitar a doença e fazer acompanhamento psicoterapêutico.

“A pessoa precisa aprender a lidar com as crises e entender que é preciso ter uma mudança de hábitos”, diz. “Quem tem transtorno bipolar não pode ter uma vida desregrada. Tem que ter o controle mesmo estando bem. Precisa passar no médico e fazer o controle das medicações”, acrescenta.

Ao final do documentário, Selena diz que, apesar dos altos e baixos, os diagnósticos psiquiátricos e a sua jornada até aqui a ajudaram a lidar com suas oscilações de humor. Por isso, ela diz que hoje ela está bem e focada em construir um debate sobre saúde mental com seus fãs.

“Descobri que o relacionamento com o transtorno bipolar e comigo mesma sempre existirá. Farei amizade com ele. Continuarei lutando, mas estou feliz. Estou em paz. Estou brava. Estou triste. Estou segura. Estou cheia de dúvidas. Sou um trabalho em andamento. Sou o bastante. Sou Selena”, diz.

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