Você já deve ter parado em frente à prateleira do supermercado ou da farmácia e se perguntado: qual creme dental levar? Ou, qual é o mais adequado para mim? Afinal, existem inúmeras marcas e produtos com diferentes funções no mercado.
Para o cirurgião-dentista Paschoal Pippa Filho, um creme dental de linha básica, de marcas consolidadas, é uma opção segura, porém, é aconselhável que um dentista faça uma avaliação e indique o produto mais apropriado para cada pessoa. “A condição atual da boca do paciente e o histórico de problemas podem influenciar na escolha e no tempo de uso dos cremes dentais, que têm diferentes objetivos. Existem muitos tipos e lançamentos que são feitos por questões de mercado, com promessas apelativas e preços mais altos, sem necessariamente serem melhores”, diz.
Vale lembrar que o produto tem função de extrema importância na escovação, que deve ser feita de duas a três vezes por dia, em todas as faces dos dentes, por cerca de dois a três minutos, além do uso do fio dental. “O creme dental torna mais fácil a remoção de manchas e resíduos que ficaram aderidos à superfície dos dentes, do que se usássemos apenas escova e água”, explica.
A pedido do Estadão, Pippa Filho deu dicas para auxiliar na escolha do creme dental.
Com ou sem flúor
O creme dental deve ter uma concentração de 1.000 a 1.100 ppm (partes por milhão) de flúor. Isso ajudará na prevenção de cáries e da erosão ácida. “Sem flúor devemos evitar”, diz o dentista. “Não há comprovação científica de qualidade de que o flúor da pasta, se usado corretamente, será prejudicial à saúde. É importante que aqueles que queiram usar pasta sem flúor tenham o acompanhamento e a orientação de um dentista.”
Para dentes sensíveis
Dor ou sensibilidade podem ser sinais de problemas como cáries, erosão ácida, desgaste dos dentes ou questões na mastigação. Pippa Filho diz que existem ótimos cremes dentais que “vedam” microscopicamente regiões importantes, interrompendo o impulso de dor. Porém, eles só devem ser utilizados após a orientação de um dentista para que não se corra o risco de mascarar os problemas.
Os que clareiam os dentes
A notícia não é boa. “Ainda não há pastas que conseguem mudar a cor real dos nossos dentes. No máximo, elas podem ajudar a remover um pouco das manchas (café, vinho, cigarro) que se impregnaram na superfície do esmalte por hábitos e má higiene”, diz.
O dentista alerta que o uso contínuo desses produtos, já que muitos possuem substâncias abrasivas, pode ser nocivo aos dentes. Para um sorriso mais branco, faça a limpeza periódica com o dentista. Ele também pode avaliar a necessidade de um clareamento, realizado com supervisão.
Paschoal Pippa Filho, dentista
Os naturais
Muitos dos produtos usados em pastas artesanais, como óleos essenciais e o de coco, estão presentes na fórmula das pastas disponíveis no mercado e atuam contra a inflamação e na redução de bactérias, segundo Pippa Filho. No entanto, os cremes dentais caseiros em geral não possuem flúor, o que pode contribuir para o aparecimento de problemas nos dentes.
Também é preciso ter cuidado com o que se usa no preparo artesanal. “Vemos muitas receitas na internet sugerindo misturar bicarbonato com gotas de limão. Isso é um absurdo e não tem o efeito que se espera”, diz Pippa Filho.
Com gostinho de fruta
As pastas com sabores e personagens são uma tentação até para os adultos. Nos pequenos, elas têm função de estimular a escovação. Entretanto, segundo o cirurgião-dentista, as crianças não precisam usar esse tipo de creme dental. Elas podem utilizar a mesma pasta do adulto.
A porção certa
“Não se deve encher a escova toda, como muitas propagandas mostram”, avisa o dentista. Segundo ele, o ideal é: para bebês com até três anos, o volume de um grão de arroz cru; a partir dos três anos, o volume de um grão de arroz cozido, até você perceber que a criança aprendeu a cuspir; aos quatro anos, o volume de pasta passa a ser o de uma ervilha. Adultos também devem usar uma quantidade semelhante ou um pouco mais.
Para escovar a língua
Há no mercado cremes dentais específicos para a higiene da língua. “A grande maioria dos casos de mau hálito vem da boca. Da escovação ruim, dos trabalhos malfeitos (restaurações) e da falta de limpeza da língua, que retém muitos microrganismos, células mortas e substâncias que causam mau cheiro”, explica. Segundo ele, a limpeza da língua deve ser feita todos os dias, principalmente pela manhã e à noite, mas não é necessário o uso de um creme dental específico para isso. Pippa Filho ensina que a limpeza pode ser feita com a escova e um pouco de creme dental, com um raspador próprio ou mesmo com uma colher, raspando a língua delicadamente, do fundo para a ponta.