Show com protocolo anti-covid na Espanha termina sem nenhum caso de infecção por coronavírus


Outro estudo similar com objetivo de testar alternativas seguras para retomar o setor de eventos já havia sido conduzido na Alemanha em agosto e o resultado foi o mesmo

Por Mariana Hallal

Um show para cinco mil pessoas realizado no mês passado em Barcelona, na Espanha, trouxe resultados animadores. Segundo pesquisadores envolvidos no ensaio, não houve sinais de transmissão do coronavírus durante o evento, que seguiu uma série de protocolos de prevenção à covid-19. Em agosto do ano passado, a Alemanha já tinha feito um show para 1,2 mil pessoas e a conclusão foi a mesma. 

“Não há nenhum sinal sugerindo transmissão do coronavírus dentro do evento", anunciou Josep Maria Llibre, médico do hospital catalão Germans Trias i Pujol. De acordo com o médico, foram registrados apenas seis casos positivos 15 dias depois do show, realizado em 27 de março. Os organizadores afirmam que quatro casos não tiveram origem no evento. 

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Público aguarda pelo início do show da banda espanhola Love of Lesbian no Palau Sant Jordi em Barcelona Foto: LLUIS GENE / AFP

O infectologista Boris Revollo disse à AFP que há uma "porcentagem altíssima" de chance de as outras duas pessoas não terem se infectado no dia do show. "Pode-se dizer que não houve uma 'super transmissão' durante o evento", explicou Revollo. 

As iniciativas fazem parte de testes que estão sendo conduzidos por ao menos quatro países europeus em uma tentativa de achar alternativas seguras para a retomada do setor de eventos mesmo em meio à pandemia de covid-19. Espanha, Inglaterra, Alemanha e Holanda organizaram uma série de shows, congressos e partidas de futebol com centenas ou até milhares de pessoas para entender se e como ocorre a transmissão do coronavírus entre os participantes.

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Cada local tem protocolos específicos que devem ser seguidos pelo público dos eventos. Em Barcelona, os participantes tiveram de usar máscara PFF2, mas não precisaram manter um distanciamento de outras pessoas. Eles também foram submetidos a testes de covid antes e depois do evento. 

A mesma equipe já havia organizado outro teste semelhante em dezembro, mas para um público bem menor, de 500 pessoas. Todas foram testadas para a covid antes e depois do evento e ninguém foi infectado.

Em agosto do ano passado, pesquisadores da Alemanha fizeram um evento-teste com 1,2 mil pessoas e concluíram que shows em lugares fechados têm um impacto baixo no número de infecções, desde que haja boa ventilação e protocolos de higiene. O país havia planejado uma série de outros ensaios entre março e abril deste ano, mas precisou cancelar parte deles devido à piora da pandemia no país.

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A Inglaterra planeja fazer nove eventos-teste até o dia 15 de maio. O primeiro, uma partida de futebol entre Leicester City e Southampton, foi realizado no dia 18 de abril. Quatro mil pessoas compareceram ao estádio de Wembley, em Londres, para assistir ao jogo. 

Outras partidas de futebol, incluindo a final do campeonato inglês, farão parte dos ensaios. A lista ainda inclui um campeonato de sinuca, um evento de negócios, uma balada, uma premiação musical, um festival de música e uma sessão de cinema ao ar livre. Cinco eventos são externos e quatro são em ambientes fechados.

Os participantes devem assinar um termo de consentimento para comparecer aos eventos e fornecer dados de contato. Não é necessário apresentar nenhum comprovante de vacinação, mas as pessoas precisam fazer um teste de covid antes do evento e outro até cinco dias depois. O governo não informa se o uso de máscara é obrigatório, mas instrui as pessoas a levar o equipamento de proteção individual.

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Na Holanda, o projeto Fieldlabs foi criado para testar se é possível retomar as aglomerações com segurança. Desde fevereiro já foram realizados eventos com 500 pessoas (um congresso de negócios e uma apresentação de teatro), com 1,3 mil pessoas (shows) e com 1,5 mil pessoas (jogos de futebol e festivais).

Nos primeiros eventos, um congresso e uma peça de teatro, 98,4% do público respeitou o uso de máscaras. Eles foram submetidos a testes de covid antes e depois do evento e mantiveram contato com os organizadores para receber instruções e informações sobre a pesquisa.

O objetivo dos países é encontrar formas seguras de retomar as atividades do setor de eventos já no verão europeu, que começa em junho. Na Inglaterra, por exemplo, o governo afirmou que os resultados, ainda não divulgados, serão usados para embasar as decisões sobre relaxamento das medidas de restrição. O plano é retomar eventos com grande público em 21 de junho e esses testes serão fundamentais para delinear como isso será feito.

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Para a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), os eventos-teste são uma boa iniciativa para se ter um parâmetro de como voltar a reunir um grande número de pessoas se forem feitos em países onde a pandemia está controlada. Ela afirma que um ensaio como esse não poderia ser feito no Brasil atualmente em razão do descontrole da pandemia.

“Num país como o Brasil, com transmissão acelerada, juntar dez pessoas já é um problema enorme”, diz. Mesmo com a testagem dos participantes antes e depois do evento, o risco seria grande porque os testes não são 100% confiáveis.

Realizar eventos-teste com grande público no Brasil só deve ser possível depois que o grupo prioritário for imunizado — o que equivale a cerca de 40% da população. Segundo Ethel, quando o País alcançar essa taxa ainda não haverá imunidade coletiva, mas a transmissão já deve estar muito mais controlada. “Com a taxa de transmissão que nós temos hoje no Brasil não tem como a gente pensar em retomar aglomerações.”/COM INFORMAÇÕES DA AFP

Um show para cinco mil pessoas realizado no mês passado em Barcelona, na Espanha, trouxe resultados animadores. Segundo pesquisadores envolvidos no ensaio, não houve sinais de transmissão do coronavírus durante o evento, que seguiu uma série de protocolos de prevenção à covid-19. Em agosto do ano passado, a Alemanha já tinha feito um show para 1,2 mil pessoas e a conclusão foi a mesma. 

“Não há nenhum sinal sugerindo transmissão do coronavírus dentro do evento", anunciou Josep Maria Llibre, médico do hospital catalão Germans Trias i Pujol. De acordo com o médico, foram registrados apenas seis casos positivos 15 dias depois do show, realizado em 27 de março. Os organizadores afirmam que quatro casos não tiveram origem no evento. 

Público aguarda pelo início do show da banda espanhola Love of Lesbian no Palau Sant Jordi em Barcelona Foto: LLUIS GENE / AFP

O infectologista Boris Revollo disse à AFP que há uma "porcentagem altíssima" de chance de as outras duas pessoas não terem se infectado no dia do show. "Pode-se dizer que não houve uma 'super transmissão' durante o evento", explicou Revollo. 

As iniciativas fazem parte de testes que estão sendo conduzidos por ao menos quatro países europeus em uma tentativa de achar alternativas seguras para a retomada do setor de eventos mesmo em meio à pandemia de covid-19. Espanha, Inglaterra, Alemanha e Holanda organizaram uma série de shows, congressos e partidas de futebol com centenas ou até milhares de pessoas para entender se e como ocorre a transmissão do coronavírus entre os participantes.

Cada local tem protocolos específicos que devem ser seguidos pelo público dos eventos. Em Barcelona, os participantes tiveram de usar máscara PFF2, mas não precisaram manter um distanciamento de outras pessoas. Eles também foram submetidos a testes de covid antes e depois do evento. 

A mesma equipe já havia organizado outro teste semelhante em dezembro, mas para um público bem menor, de 500 pessoas. Todas foram testadas para a covid antes e depois do evento e ninguém foi infectado.

Em agosto do ano passado, pesquisadores da Alemanha fizeram um evento-teste com 1,2 mil pessoas e concluíram que shows em lugares fechados têm um impacto baixo no número de infecções, desde que haja boa ventilação e protocolos de higiene. O país havia planejado uma série de outros ensaios entre março e abril deste ano, mas precisou cancelar parte deles devido à piora da pandemia no país.

A Inglaterra planeja fazer nove eventos-teste até o dia 15 de maio. O primeiro, uma partida de futebol entre Leicester City e Southampton, foi realizado no dia 18 de abril. Quatro mil pessoas compareceram ao estádio de Wembley, em Londres, para assistir ao jogo. 

Outras partidas de futebol, incluindo a final do campeonato inglês, farão parte dos ensaios. A lista ainda inclui um campeonato de sinuca, um evento de negócios, uma balada, uma premiação musical, um festival de música e uma sessão de cinema ao ar livre. Cinco eventos são externos e quatro são em ambientes fechados.

Os participantes devem assinar um termo de consentimento para comparecer aos eventos e fornecer dados de contato. Não é necessário apresentar nenhum comprovante de vacinação, mas as pessoas precisam fazer um teste de covid antes do evento e outro até cinco dias depois. O governo não informa se o uso de máscara é obrigatório, mas instrui as pessoas a levar o equipamento de proteção individual.

Na Holanda, o projeto Fieldlabs foi criado para testar se é possível retomar as aglomerações com segurança. Desde fevereiro já foram realizados eventos com 500 pessoas (um congresso de negócios e uma apresentação de teatro), com 1,3 mil pessoas (shows) e com 1,5 mil pessoas (jogos de futebol e festivais).

Nos primeiros eventos, um congresso e uma peça de teatro, 98,4% do público respeitou o uso de máscaras. Eles foram submetidos a testes de covid antes e depois do evento e mantiveram contato com os organizadores para receber instruções e informações sobre a pesquisa.

O objetivo dos países é encontrar formas seguras de retomar as atividades do setor de eventos já no verão europeu, que começa em junho. Na Inglaterra, por exemplo, o governo afirmou que os resultados, ainda não divulgados, serão usados para embasar as decisões sobre relaxamento das medidas de restrição. O plano é retomar eventos com grande público em 21 de junho e esses testes serão fundamentais para delinear como isso será feito.

Para a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), os eventos-teste são uma boa iniciativa para se ter um parâmetro de como voltar a reunir um grande número de pessoas se forem feitos em países onde a pandemia está controlada. Ela afirma que um ensaio como esse não poderia ser feito no Brasil atualmente em razão do descontrole da pandemia.

“Num país como o Brasil, com transmissão acelerada, juntar dez pessoas já é um problema enorme”, diz. Mesmo com a testagem dos participantes antes e depois do evento, o risco seria grande porque os testes não são 100% confiáveis.

Realizar eventos-teste com grande público no Brasil só deve ser possível depois que o grupo prioritário for imunizado — o que equivale a cerca de 40% da população. Segundo Ethel, quando o País alcançar essa taxa ainda não haverá imunidade coletiva, mas a transmissão já deve estar muito mais controlada. “Com a taxa de transmissão que nós temos hoje no Brasil não tem como a gente pensar em retomar aglomerações.”/COM INFORMAÇÕES DA AFP

Um show para cinco mil pessoas realizado no mês passado em Barcelona, na Espanha, trouxe resultados animadores. Segundo pesquisadores envolvidos no ensaio, não houve sinais de transmissão do coronavírus durante o evento, que seguiu uma série de protocolos de prevenção à covid-19. Em agosto do ano passado, a Alemanha já tinha feito um show para 1,2 mil pessoas e a conclusão foi a mesma. 

“Não há nenhum sinal sugerindo transmissão do coronavírus dentro do evento", anunciou Josep Maria Llibre, médico do hospital catalão Germans Trias i Pujol. De acordo com o médico, foram registrados apenas seis casos positivos 15 dias depois do show, realizado em 27 de março. Os organizadores afirmam que quatro casos não tiveram origem no evento. 

Público aguarda pelo início do show da banda espanhola Love of Lesbian no Palau Sant Jordi em Barcelona Foto: LLUIS GENE / AFP

O infectologista Boris Revollo disse à AFP que há uma "porcentagem altíssima" de chance de as outras duas pessoas não terem se infectado no dia do show. "Pode-se dizer que não houve uma 'super transmissão' durante o evento", explicou Revollo. 

As iniciativas fazem parte de testes que estão sendo conduzidos por ao menos quatro países europeus em uma tentativa de achar alternativas seguras para a retomada do setor de eventos mesmo em meio à pandemia de covid-19. Espanha, Inglaterra, Alemanha e Holanda organizaram uma série de shows, congressos e partidas de futebol com centenas ou até milhares de pessoas para entender se e como ocorre a transmissão do coronavírus entre os participantes.

Cada local tem protocolos específicos que devem ser seguidos pelo público dos eventos. Em Barcelona, os participantes tiveram de usar máscara PFF2, mas não precisaram manter um distanciamento de outras pessoas. Eles também foram submetidos a testes de covid antes e depois do evento. 

A mesma equipe já havia organizado outro teste semelhante em dezembro, mas para um público bem menor, de 500 pessoas. Todas foram testadas para a covid antes e depois do evento e ninguém foi infectado.

Em agosto do ano passado, pesquisadores da Alemanha fizeram um evento-teste com 1,2 mil pessoas e concluíram que shows em lugares fechados têm um impacto baixo no número de infecções, desde que haja boa ventilação e protocolos de higiene. O país havia planejado uma série de outros ensaios entre março e abril deste ano, mas precisou cancelar parte deles devido à piora da pandemia no país.

A Inglaterra planeja fazer nove eventos-teste até o dia 15 de maio. O primeiro, uma partida de futebol entre Leicester City e Southampton, foi realizado no dia 18 de abril. Quatro mil pessoas compareceram ao estádio de Wembley, em Londres, para assistir ao jogo. 

Outras partidas de futebol, incluindo a final do campeonato inglês, farão parte dos ensaios. A lista ainda inclui um campeonato de sinuca, um evento de negócios, uma balada, uma premiação musical, um festival de música e uma sessão de cinema ao ar livre. Cinco eventos são externos e quatro são em ambientes fechados.

Os participantes devem assinar um termo de consentimento para comparecer aos eventos e fornecer dados de contato. Não é necessário apresentar nenhum comprovante de vacinação, mas as pessoas precisam fazer um teste de covid antes do evento e outro até cinco dias depois. O governo não informa se o uso de máscara é obrigatório, mas instrui as pessoas a levar o equipamento de proteção individual.

Na Holanda, o projeto Fieldlabs foi criado para testar se é possível retomar as aglomerações com segurança. Desde fevereiro já foram realizados eventos com 500 pessoas (um congresso de negócios e uma apresentação de teatro), com 1,3 mil pessoas (shows) e com 1,5 mil pessoas (jogos de futebol e festivais).

Nos primeiros eventos, um congresso e uma peça de teatro, 98,4% do público respeitou o uso de máscaras. Eles foram submetidos a testes de covid antes e depois do evento e mantiveram contato com os organizadores para receber instruções e informações sobre a pesquisa.

O objetivo dos países é encontrar formas seguras de retomar as atividades do setor de eventos já no verão europeu, que começa em junho. Na Inglaterra, por exemplo, o governo afirmou que os resultados, ainda não divulgados, serão usados para embasar as decisões sobre relaxamento das medidas de restrição. O plano é retomar eventos com grande público em 21 de junho e esses testes serão fundamentais para delinear como isso será feito.

Para a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), os eventos-teste são uma boa iniciativa para se ter um parâmetro de como voltar a reunir um grande número de pessoas se forem feitos em países onde a pandemia está controlada. Ela afirma que um ensaio como esse não poderia ser feito no Brasil atualmente em razão do descontrole da pandemia.

“Num país como o Brasil, com transmissão acelerada, juntar dez pessoas já é um problema enorme”, diz. Mesmo com a testagem dos participantes antes e depois do evento, o risco seria grande porque os testes não são 100% confiáveis.

Realizar eventos-teste com grande público no Brasil só deve ser possível depois que o grupo prioritário for imunizado — o que equivale a cerca de 40% da população. Segundo Ethel, quando o País alcançar essa taxa ainda não haverá imunidade coletiva, mas a transmissão já deve estar muito mais controlada. “Com a taxa de transmissão que nós temos hoje no Brasil não tem como a gente pensar em retomar aglomerações.”/COM INFORMAÇÕES DA AFP

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