Quando descobriu um câncer de ovário em 2015, Alessandra Moreira Barros, 43 anos, diz ter ficado surpresa. Embora soubesse de sua predisposição genética para a doença, ela fazia exames periódicos e acompanhava de perto os resultados, que não apontavam nenhuma mudança. Médica, ela estava no plantão quando uma colega a examinou e detectou um atrito pleural – alteração no exame pulmonar –, um achado que pode ser encontrado em alguns casos de tumores de ovário.
Após investigação mais direcionada, Alessandra descobriu que estava com câncer de ovário em estágio avançado. “Fiz quimioterapia e, para evitar que a doença retornasse, busquei um tratamento até então experimental no Brasil. Tomei esse medicamento entre 2017 e 2019. Em 2020, porém, o acesso ao medicamento foi afetado. Sem a continuidade do tratamento, a doença retornou.”
Foi somente em 2021, após a aprovação regulatória da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)¹ para o uso dessa terapia oral voltada ao tratamento de manutenção contra o câncer de ovário, que Alessandra voltou à medicação para estabilizar a saúde e retomar a rotina.
O câncer de ovário no Brasil
Apesar de não estar entre os mais incidentes no País, esse tipo de tumor é o mais letal entre os tumores ginecológicos: com os tratamentos até recentemente disponíveis, até 85%² das pacientes com doença avançada recidivam, cenário em que a doença não é mais considerada passível de cura para a maioria absoluta das pacientes. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), para 2021 são esperados de 6.650 novos casos e aproximadamente 4.000 mortes pela doença.³
Por ser considerado “silencioso”, a principal causa da alta taxa de mortalidade recai sobre o diagnóstico tardio: até 75% das pacientes descobrem a doença em estágio avançado4, quando o câncer já acometeu outras partes do corpo. (veja mais no quadro em destaque).
Os sintomas do câncer de ovário são comumente confundidos com os de outras condições. “Diferentemente do câncer de mama, no qual as pacientes se beneficiam de estratégias de rastreamento, como a mamografia, o de ovário não possui um teste específico”, como explica Angelica Nogueira Rodrigues, fundadora do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA).
Alguns sintomas mais comuns podem ser um alerta ao diagnóstico, como dores pélvicas persistentes não restritas ao período pré-menstrual, inchaço abdominal, flatulência, dor lombar persistente, sangramento vaginal anormal, dores de estômago ou alterações intestinais, dentre outros4.
Ainda de acordo com a médica, durante os meses de pico da pandemia muitas pessoas não tiveram acesso aos exames periódicos e uma série de doenças foi negligenciada, caso das oncológicas5. “Neste ano, já constatamos pacientes com casos mais avançados da doença. Recomendo que as mulheres voltem às consultas regulares para exames de rotina ao ginecologista, mesmo assintomáticas. “É preciso manter a rotina de cuidados com prevenção e, especialmente pacientes com sintomas, não podem postergar busca de auxílio médico”, destaca.
Tratamento inovador
Os tratamentos disponíveis hoje para o câncer de ovário incluem, além da quimioterapia, os chamados inibidores de PARP, o mesmo tipo utilizado por Alessandra. Seu principal benefício é agir diretamente nas células cancerosas, que acabam perdendo a capacidade de corrigir danos em seu material genético e morrem com o tempo, reduzindo o risco de progressão do tumor e a necessidade de um novo tratamento com quimioterapia6.
Segundo Vanessa Fabricio, oncologista clínica e diretora Médica de Oncologia da GSK, esse tipo de terapia é eficaz na manutenção de casos de câncer de ovário por postergar a recidiva, mantendo a qualidade de vida das pacientes6. “O fato de haver um medicamento de uso oral com dose única diária é outra vantagem, pois evita a necessidade de deslocamento até o hospital, aumentando a adesão ao tratamento e sendo fundamental em tempos de isolamento social”, completa.
Material destinado ao público em geral. Por favor, consulte o seu médico.
NP-BR-ON-JRNA-210002 / Julho de 2021
FONTES:
1. Diário Oficial da União. Disponível em DOU, Brasília DF. 08 de março de 2021. Seção 1 Pg. 129.
2. Olivia W Foley, J. Alejandro Rauh-Hain and Marcela G del Carmem at Recurrent epithelial ovarian cancer: an update on treatment. (Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23781692/#:~:text=An%20estimated%2085%25%20of%20patients,12%20months%20to%2024%20months)
3. INCA (Instituto Nacional do Câncer). Estatísticas de câncer. (Disponível em: https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer)
4. IVOC (Instituto Vencer o Câncer). 75% dos diagnósticos de câncer de ovário chegam tardiamente. (Disponível em: https://vencerocancer.org.br/noticias-ovario/75-dos-diagnosticos-de-cancer-de-ovario-chegam-tardiamente/?catsel=tipos-de-cancer#:~:text=Silencioso%2C%20com%20poucos%20sintomas%20e,se%20espalhou%20para%20outros%20%C3%B3rg%C3%A3os)
5. Instituto Oncoguia. Terapia Alvo para Câncer de Ovário. (Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/terapia-alvo-para-cancer-de-ovario/6055/230/)
6. Cancer Research UK. Inibidores de PARP. (Disponível em: https://www.cancerresearchuk.org/about-cancer/cancer-in-general/treatment/targeted-cancer-drugs/types/PARP-inhibitors )
7. INCA (Instituto Nacional do Câncer). Câncer de Ovário. (Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-ovario)
8. IVOC (Instituto Vencer o Câncer). Câncer de ovário | Tratamento. (Disponível em: https://vencerocancer.org.br/tipos-de-cancer/cancer-de-ovario-tipos-de-cancer/cancer-de-ovario-tratamento-2/)
9. Survival Rates for Ovarian Cancer. (Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/ovarian-cancer/detection-diagnosis-staging/survival-rates.html)