Nesta segunda-feira, 22, na Bélgica, um homem foi absolvido por dirigir embriagado devido a uma síndrome rara que faz com que o corpo produza álcool. A informação foi confirmada à agência internacional de notícias Reuters pela advogada do homem.
De acordo com a defensora, ‘outra coincidência infeliz’ é que o homem trabalha em uma cervejaria, mas três médicos confirmaram de forma independente que ele sofre da síndrome de fermentação intestinal, também conhecida como síndrome da autocervejaria (ABS, na sigla em inglês).
Além disso, durante o veredicto, o juiz teria destacado que o homem não apresentava sinais de intoxicação por álcool.
O que é a síndrome da autocervejaria?
Trata-se de uma condição extremamente rara que faz o indivíduo produzir etanol a partir da fermentação endógena, ou seja, realizada dentro do próprio corpo, de acordo com o gastroenterologista Daniel Machado Baptista, do Hospital Nove de Julho, em São Paulo.
Esse processo, segundo ele, acontece a partir da ingestão de carboidratos, que são fermentados por fungos ou bactérias localizadas no trato gastrointestinal da pessoa (que inclui boca, faringe, esôfago, estômago, intestino, reto e ânus).
Quais as causas?
Segundo o especialista, não se sabe ainda ao certo o que causa essa síndrome. Há, contudo, alguns fatores considerados de risco. Alguns deles são: diabetes, obesidade, doença de Crohn, uso prolongado de antibióticos, além de outras doenças relacionadas ao intestino.
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Quais os sintomas?
Essa síndrome faz com que os pacientes apresentem sinais de embriagez como vômitos, fadiga, tontura e desorientação, mesmo sem ter ingerido álcool, segundo o especialista. “Além disso, o paciente pode ter desdobramentos como depressão e ansiedade”, pontua.
Como é feito o diagnóstico?
Segundo o especialista, a partir da suspeita da doença, é possível realizar um teste para confirmar o diagnóstico. “Neste, o paciente segue uma dieta rica em carboidratos por um dia, é exposto a 200 gramas de glicose e, em seguida, o seu nível de álcool no sangue é testado”, descreve.
De maneira geral, contudo, o especialista destaca que existem poucos casos confirmados da síndrome no mundo, o que pode estar ligado a um cenário de subdiagnósticos.
Como é o tratamento?
Via de regra, essa síndrome é tratada com antifúngicos ou antibióticos, probióticos (micro-organismos vivos associados a benefícios ao organismo) e com uma dieta com baixa quantidade de carboidratos, segundo Baptista. “Com isso, os seus sintomas costumam ser controlados”, destaca.