Sociedades médicas pedem à Anvisa medidas contra ‘chip da beleza’ e apontam riscos à saúde


Implantes hormonais sem regulamentação da Anvisa têm se popularizado e podem causar problemas; proibição é dilema porque chips se enquadram na legislação de medicamento manipulado

Por Giovanna Castro
Atualização:

Um grupo de sociedades médicas do Brasil enviou uma carta à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pedindo providências quanto ao uso indiscriminado de implantes hormonais, popularmente chamados de “chip da beleza”, no País. Esses produtos, que não possuem bula e não têm regulamentação da Anvisa (exceto Implanon, aprovado como anticoncepcional) conferem risco à saúde e têm sido prescritos por médicos de forma indiscriminada e com um “viés altamente comercial”, de acordo com as sociedades que assinam a carta, endereçada ao diretor-presidente da agência, Antonio Barra Torres.

“A monetização desse comércio através de venda direta ou parcerias comissionadas, bem como a promoção de cursos não científicos ferem todos os princípios éticos, legais e humanos”, diz a carta, assinada pela sociedades brasileiras de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), de Urologia (SBU), de Geriatria e Gerontologia (SBGG), de Diabetes (SBD) e de Medicina do Exercício e do Esporte, pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e pela Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).

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“Não existe dose, tampouco acompanhamento médico que garanta segurança para o uso de hormônios para fins estéticos ou de performance. Os efeitos colaterais podem ser imprevisíveis e graves, com os riscos ultrapassando qualquer possível benefício. Casos de infarto agudo do miocárdio, de tromboembolismo e de acidente vascular cerebral vêm se tornando frequentes”, afirmam as sociedades.

No começo do ano, a cantora e compositora Flay mostrou em suas redes sociais os efeitos do chip da beleza em sua pele. Ela disse que não foi informada sobre os efeitos colaterais do implante pelo seu médico. Foto: Reprodução/ Instagram: @flay

A dificuldade em banir ou, ao menos, controlar a prescrição de implantes hormonais se dá porque, apesar de não terem regulamentação da Anvisa para serem comercializados, eles podem ser produzidos legalmente em farmácias de manipulação.

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A Lei 13.021, de 8 de agosto de 2014, conhecida como Lei das Farmácias Magistrais, reconheceu as farmácias como estabelecimentos de saúde e conferiu autonomia técnica aos profissionais farmacêuticos. Por isso, produtos feitos em farmácias de manipulação, como é o caso do chip, não precisam de bula.

Em 2021, a Anvisa proibiu qualquer propaganda da gestrinona, principal composto dos chips da beleza, e de produtos relacionados, alegando que a substância é um “risco à saúde pública”. “Por se tratar de substância hormonal com possibilidade de causar eventos adversos graves, foi banida de diversos mercados e foi, inclusive, considerada substância de uso proibido para atletas, segundo a Agência Mundial Antidoping”, disse a agência.

Mas as sociedades médicas estão convencidas de que as medidas tomadas até então contra os implantes não vêm sendo eficazes. “A Anvisa precisa regulamentar a manipulação de medicamentos somente pela via de administração na qual o medicamento foi registrado. Uma via diferente necessita de dados científicos publicados de eficácia, segurança e desfechos a longo prazo”, defendem, na carta.

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Os especialistas dizem, ainda, que é necessário que a agência aprimore “o controle do uso de esteroides anabolizantes, seja através de notificação de receita A ou através de sistema eletrônico de prescrição, obedecendo as normas vigentes de identificação do prescritor e diagnóstico identificado por CID condizente com a indicação”.

Riscos graves à população

Segundo o endocrinologista Paulo Augusto Miranda, presidente da SBEM, a carta alerta justamente para o fato de ser observado um aumento gradativo do uso de implantes hormonais customizáveis, apesar de todas as ações já tomadas pelas sociedades científicas. Cabe lembrar ainda que o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu médicos de prescreverem esteroides e anabolizantes para fins estéticos ou ganho/desempenho esportivo.

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O médico ressalta que não existem estudos farmacológicos capazes garantir a eficácia e segurança desses produtos e, assim, respaldar o seu uso. “Isso transforma a situação em um potencial risco à saúde pública”, avisa.

Para Miranda, o chamado para a Anvisa tomar medidas e ações mais eficazes na fiscalização e regulamentação desse processo é importante. “Entendemos que a população tem alto grau de confiança no trabalho da Anvisa e precisa ser alertada e protegida para que possa realmente tomar decisões de saúde mais qualificadas.”

A carta foi enviada no mesmo dia em que ocoreu uma reunião entre as sociedades científicas e a própria Anvisa, na qual se discutiram ações já tomadas sobre o tema. “Tivemos uma reunião com a área técnica da Anvisa, e os próprios integrantes da agência nos mostraram, em apresentação, todas as ações já tomadas até o momento de fiscalização e medidas a serem tomadas por via da regulamentação, demonstrando que a agência compreende a gravidade da situação e a necessidade de atitudes efetivas para a mudança do cenário”, acrescenta Miranda.

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“Sobre a carta, ainda não tivemos resposta objetiva sobre o seu conteúdo”, disse o presidente da SBEM. “Acredito que a Anvisa vai tomar as medidas de fiscalização mais eficientes”, acrescentou.

Recentemente, a Sbem divulgou uma nota especificamente sobre o uso de ocitocina nesses chips. O alerta foi motivado pelo caso de uma jovem de 20 anos que apresentou um quadro de edema cerebral após utilizar implantes contendo a substância. “É um efeito adverso gravíssimo”, aponta o médico.

Procurada pela reportagem, a Anvisa não se manifestou. O espaço permanece aberto para manifestação.

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O chip da moda

Os chips da beleza costumam ser compostos pelo hormônio anabolizante gestrinona, combinado com diferentes tipos de hormônios – varia muito de médico para médico e de paciente para paciente. Geralmente, são receitados para tratamento da menopausa, como método antienvelhecimento, para redução da gordura corporal e aumento da libido e da massa muscular.

Apesar das promessas, os riscos à saúde são vários e comprovados por diversos estudos. Além da falta de evidências científicas em relação à segurança e efetividade da aplicação de gestrinona, em especial via implante endodérmico, especialistas escutados pelo Estadão em maio deste ano apontaram outro grande problema dos implantes: eles podem ser receitados em composições variadas, dificultando a definição da dosagem correta e dos possíveis efeitos colaterais.

Os possíveis efeitos colaterais negativos do chip, especialmente em casos de uso prolongado, são:

  • Aumento da oleosidade da pele e do cabelo, com predisposição ao surgimento de acne;
  • Queda de cabelo;
  • Aumento na quantidade de pelos corporais;
  • Engrossamento da voz;
  • Aumento de clitóris;
  • Ganho de peso (dependendo da composição do chip);
  • Inchaço;
  • Sobrecarga do fígado;
  • Problemas no coração;
  • Desníveis no colesterol;
  • Alterações no ciclo menstrual, podendo levar à infertilidade;
  • Alterações na mama, como displasia.

Um grupo de sociedades médicas do Brasil enviou uma carta à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pedindo providências quanto ao uso indiscriminado de implantes hormonais, popularmente chamados de “chip da beleza”, no País. Esses produtos, que não possuem bula e não têm regulamentação da Anvisa (exceto Implanon, aprovado como anticoncepcional) conferem risco à saúde e têm sido prescritos por médicos de forma indiscriminada e com um “viés altamente comercial”, de acordo com as sociedades que assinam a carta, endereçada ao diretor-presidente da agência, Antonio Barra Torres.

“A monetização desse comércio através de venda direta ou parcerias comissionadas, bem como a promoção de cursos não científicos ferem todos os princípios éticos, legais e humanos”, diz a carta, assinada pela sociedades brasileiras de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), de Urologia (SBU), de Geriatria e Gerontologia (SBGG), de Diabetes (SBD) e de Medicina do Exercício e do Esporte, pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e pela Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).

“Não existe dose, tampouco acompanhamento médico que garanta segurança para o uso de hormônios para fins estéticos ou de performance. Os efeitos colaterais podem ser imprevisíveis e graves, com os riscos ultrapassando qualquer possível benefício. Casos de infarto agudo do miocárdio, de tromboembolismo e de acidente vascular cerebral vêm se tornando frequentes”, afirmam as sociedades.

No começo do ano, a cantora e compositora Flay mostrou em suas redes sociais os efeitos do chip da beleza em sua pele. Ela disse que não foi informada sobre os efeitos colaterais do implante pelo seu médico. Foto: Reprodução/ Instagram: @flay

A dificuldade em banir ou, ao menos, controlar a prescrição de implantes hormonais se dá porque, apesar de não terem regulamentação da Anvisa para serem comercializados, eles podem ser produzidos legalmente em farmácias de manipulação.

A Lei 13.021, de 8 de agosto de 2014, conhecida como Lei das Farmácias Magistrais, reconheceu as farmácias como estabelecimentos de saúde e conferiu autonomia técnica aos profissionais farmacêuticos. Por isso, produtos feitos em farmácias de manipulação, como é o caso do chip, não precisam de bula.

Em 2021, a Anvisa proibiu qualquer propaganda da gestrinona, principal composto dos chips da beleza, e de produtos relacionados, alegando que a substância é um “risco à saúde pública”. “Por se tratar de substância hormonal com possibilidade de causar eventos adversos graves, foi banida de diversos mercados e foi, inclusive, considerada substância de uso proibido para atletas, segundo a Agência Mundial Antidoping”, disse a agência.

Mas as sociedades médicas estão convencidas de que as medidas tomadas até então contra os implantes não vêm sendo eficazes. “A Anvisa precisa regulamentar a manipulação de medicamentos somente pela via de administração na qual o medicamento foi registrado. Uma via diferente necessita de dados científicos publicados de eficácia, segurança e desfechos a longo prazo”, defendem, na carta.

Os especialistas dizem, ainda, que é necessário que a agência aprimore “o controle do uso de esteroides anabolizantes, seja através de notificação de receita A ou através de sistema eletrônico de prescrição, obedecendo as normas vigentes de identificação do prescritor e diagnóstico identificado por CID condizente com a indicação”.

Riscos graves à população

Segundo o endocrinologista Paulo Augusto Miranda, presidente da SBEM, a carta alerta justamente para o fato de ser observado um aumento gradativo do uso de implantes hormonais customizáveis, apesar de todas as ações já tomadas pelas sociedades científicas. Cabe lembrar ainda que o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu médicos de prescreverem esteroides e anabolizantes para fins estéticos ou ganho/desempenho esportivo.

O médico ressalta que não existem estudos farmacológicos capazes garantir a eficácia e segurança desses produtos e, assim, respaldar o seu uso. “Isso transforma a situação em um potencial risco à saúde pública”, avisa.

Para Miranda, o chamado para a Anvisa tomar medidas e ações mais eficazes na fiscalização e regulamentação desse processo é importante. “Entendemos que a população tem alto grau de confiança no trabalho da Anvisa e precisa ser alertada e protegida para que possa realmente tomar decisões de saúde mais qualificadas.”

A carta foi enviada no mesmo dia em que ocoreu uma reunião entre as sociedades científicas e a própria Anvisa, na qual se discutiram ações já tomadas sobre o tema. “Tivemos uma reunião com a área técnica da Anvisa, e os próprios integrantes da agência nos mostraram, em apresentação, todas as ações já tomadas até o momento de fiscalização e medidas a serem tomadas por via da regulamentação, demonstrando que a agência compreende a gravidade da situação e a necessidade de atitudes efetivas para a mudança do cenário”, acrescenta Miranda.

“Sobre a carta, ainda não tivemos resposta objetiva sobre o seu conteúdo”, disse o presidente da SBEM. “Acredito que a Anvisa vai tomar as medidas de fiscalização mais eficientes”, acrescentou.

Recentemente, a Sbem divulgou uma nota especificamente sobre o uso de ocitocina nesses chips. O alerta foi motivado pelo caso de uma jovem de 20 anos que apresentou um quadro de edema cerebral após utilizar implantes contendo a substância. “É um efeito adverso gravíssimo”, aponta o médico.

Procurada pela reportagem, a Anvisa não se manifestou. O espaço permanece aberto para manifestação.

O chip da moda

Os chips da beleza costumam ser compostos pelo hormônio anabolizante gestrinona, combinado com diferentes tipos de hormônios – varia muito de médico para médico e de paciente para paciente. Geralmente, são receitados para tratamento da menopausa, como método antienvelhecimento, para redução da gordura corporal e aumento da libido e da massa muscular.

Apesar das promessas, os riscos à saúde são vários e comprovados por diversos estudos. Além da falta de evidências científicas em relação à segurança e efetividade da aplicação de gestrinona, em especial via implante endodérmico, especialistas escutados pelo Estadão em maio deste ano apontaram outro grande problema dos implantes: eles podem ser receitados em composições variadas, dificultando a definição da dosagem correta e dos possíveis efeitos colaterais.

Os possíveis efeitos colaterais negativos do chip, especialmente em casos de uso prolongado, são:

  • Aumento da oleosidade da pele e do cabelo, com predisposição ao surgimento de acne;
  • Queda de cabelo;
  • Aumento na quantidade de pelos corporais;
  • Engrossamento da voz;
  • Aumento de clitóris;
  • Ganho de peso (dependendo da composição do chip);
  • Inchaço;
  • Sobrecarga do fígado;
  • Problemas no coração;
  • Desníveis no colesterol;
  • Alterações no ciclo menstrual, podendo levar à infertilidade;
  • Alterações na mama, como displasia.

Um grupo de sociedades médicas do Brasil enviou uma carta à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pedindo providências quanto ao uso indiscriminado de implantes hormonais, popularmente chamados de “chip da beleza”, no País. Esses produtos, que não possuem bula e não têm regulamentação da Anvisa (exceto Implanon, aprovado como anticoncepcional) conferem risco à saúde e têm sido prescritos por médicos de forma indiscriminada e com um “viés altamente comercial”, de acordo com as sociedades que assinam a carta, endereçada ao diretor-presidente da agência, Antonio Barra Torres.

“A monetização desse comércio através de venda direta ou parcerias comissionadas, bem como a promoção de cursos não científicos ferem todos os princípios éticos, legais e humanos”, diz a carta, assinada pela sociedades brasileiras de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), de Urologia (SBU), de Geriatria e Gerontologia (SBGG), de Diabetes (SBD) e de Medicina do Exercício e do Esporte, pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e pela Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).

“Não existe dose, tampouco acompanhamento médico que garanta segurança para o uso de hormônios para fins estéticos ou de performance. Os efeitos colaterais podem ser imprevisíveis e graves, com os riscos ultrapassando qualquer possível benefício. Casos de infarto agudo do miocárdio, de tromboembolismo e de acidente vascular cerebral vêm se tornando frequentes”, afirmam as sociedades.

No começo do ano, a cantora e compositora Flay mostrou em suas redes sociais os efeitos do chip da beleza em sua pele. Ela disse que não foi informada sobre os efeitos colaterais do implante pelo seu médico. Foto: Reprodução/ Instagram: @flay

A dificuldade em banir ou, ao menos, controlar a prescrição de implantes hormonais se dá porque, apesar de não terem regulamentação da Anvisa para serem comercializados, eles podem ser produzidos legalmente em farmácias de manipulação.

A Lei 13.021, de 8 de agosto de 2014, conhecida como Lei das Farmácias Magistrais, reconheceu as farmácias como estabelecimentos de saúde e conferiu autonomia técnica aos profissionais farmacêuticos. Por isso, produtos feitos em farmácias de manipulação, como é o caso do chip, não precisam de bula.

Em 2021, a Anvisa proibiu qualquer propaganda da gestrinona, principal composto dos chips da beleza, e de produtos relacionados, alegando que a substância é um “risco à saúde pública”. “Por se tratar de substância hormonal com possibilidade de causar eventos adversos graves, foi banida de diversos mercados e foi, inclusive, considerada substância de uso proibido para atletas, segundo a Agência Mundial Antidoping”, disse a agência.

Mas as sociedades médicas estão convencidas de que as medidas tomadas até então contra os implantes não vêm sendo eficazes. “A Anvisa precisa regulamentar a manipulação de medicamentos somente pela via de administração na qual o medicamento foi registrado. Uma via diferente necessita de dados científicos publicados de eficácia, segurança e desfechos a longo prazo”, defendem, na carta.

Os especialistas dizem, ainda, que é necessário que a agência aprimore “o controle do uso de esteroides anabolizantes, seja através de notificação de receita A ou através de sistema eletrônico de prescrição, obedecendo as normas vigentes de identificação do prescritor e diagnóstico identificado por CID condizente com a indicação”.

Riscos graves à população

Segundo o endocrinologista Paulo Augusto Miranda, presidente da SBEM, a carta alerta justamente para o fato de ser observado um aumento gradativo do uso de implantes hormonais customizáveis, apesar de todas as ações já tomadas pelas sociedades científicas. Cabe lembrar ainda que o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu médicos de prescreverem esteroides e anabolizantes para fins estéticos ou ganho/desempenho esportivo.

O médico ressalta que não existem estudos farmacológicos capazes garantir a eficácia e segurança desses produtos e, assim, respaldar o seu uso. “Isso transforma a situação em um potencial risco à saúde pública”, avisa.

Para Miranda, o chamado para a Anvisa tomar medidas e ações mais eficazes na fiscalização e regulamentação desse processo é importante. “Entendemos que a população tem alto grau de confiança no trabalho da Anvisa e precisa ser alertada e protegida para que possa realmente tomar decisões de saúde mais qualificadas.”

A carta foi enviada no mesmo dia em que ocoreu uma reunião entre as sociedades científicas e a própria Anvisa, na qual se discutiram ações já tomadas sobre o tema. “Tivemos uma reunião com a área técnica da Anvisa, e os próprios integrantes da agência nos mostraram, em apresentação, todas as ações já tomadas até o momento de fiscalização e medidas a serem tomadas por via da regulamentação, demonstrando que a agência compreende a gravidade da situação e a necessidade de atitudes efetivas para a mudança do cenário”, acrescenta Miranda.

“Sobre a carta, ainda não tivemos resposta objetiva sobre o seu conteúdo”, disse o presidente da SBEM. “Acredito que a Anvisa vai tomar as medidas de fiscalização mais eficientes”, acrescentou.

Recentemente, a Sbem divulgou uma nota especificamente sobre o uso de ocitocina nesses chips. O alerta foi motivado pelo caso de uma jovem de 20 anos que apresentou um quadro de edema cerebral após utilizar implantes contendo a substância. “É um efeito adverso gravíssimo”, aponta o médico.

Procurada pela reportagem, a Anvisa não se manifestou. O espaço permanece aberto para manifestação.

O chip da moda

Os chips da beleza costumam ser compostos pelo hormônio anabolizante gestrinona, combinado com diferentes tipos de hormônios – varia muito de médico para médico e de paciente para paciente. Geralmente, são receitados para tratamento da menopausa, como método antienvelhecimento, para redução da gordura corporal e aumento da libido e da massa muscular.

Apesar das promessas, os riscos à saúde são vários e comprovados por diversos estudos. Além da falta de evidências científicas em relação à segurança e efetividade da aplicação de gestrinona, em especial via implante endodérmico, especialistas escutados pelo Estadão em maio deste ano apontaram outro grande problema dos implantes: eles podem ser receitados em composições variadas, dificultando a definição da dosagem correta e dos possíveis efeitos colaterais.

Os possíveis efeitos colaterais negativos do chip, especialmente em casos de uso prolongado, são:

  • Aumento da oleosidade da pele e do cabelo, com predisposição ao surgimento de acne;
  • Queda de cabelo;
  • Aumento na quantidade de pelos corporais;
  • Engrossamento da voz;
  • Aumento de clitóris;
  • Ganho de peso (dependendo da composição do chip);
  • Inchaço;
  • Sobrecarga do fígado;
  • Problemas no coração;
  • Desníveis no colesterol;
  • Alterações no ciclo menstrual, podendo levar à infertilidade;
  • Alterações na mama, como displasia.

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