Summit Saúde: Envelhecimento saudável ainda é um privilégio no Brasil, dizem especialistas


Participantes cobram políticas públicas que incentivem os hábitos saudáveis na população brasileira

Por Aline Reskalla

O porcentual de pessoas idosas no País deve dobrar de 10% em 2011 para 20% em 2030, segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E a grande maioria dos brasileiros sabe que não deve fumar, beber em excesso e que precisa se alimentar bem e fazer atividade física. Porém, se o Brasil não tiver políticas públicas que incentivem os hábitos saudáveis, a grande desigualdade que existe hoje não será resolvida e o envelhecimento saudável continuará sendo privilégio de um pequeno grupo da população.

O alerta foi feito pelo doutor em saúde pública e consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Alexandre da Silva, no último dia de debates do Summit Saúde e Bem-Estar 2022, que mobilizou os principais especialistas em saúde do País durante esta semana, num evento gratuito promovido pelo Estadão.

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“O censo vai mostrar que a população envelheceu, mas de qual população estamos falando? Muitos grupos sociais de pessoas com 60 anos vão chegar aos 80 anos, porque conseguiram construir esse pilar de uma vida saudável. Agora tem um grupo, formado por negros, LGBTQIA+, população de rua, indígena e povos tradicionais, que não consegue envelhecer da mesma forma. Para vários grupos, envelhecer ainda é um privilégio”, disse o consultor.

“Pensar em políticas públicas é pensar saúde, assistência social, trabalho e lazer. Seja estar em um evento, frequentar seu bairro. Muitos grupos sociais não têm essa possibilidade”, acrescenta.

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O presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, Alexandre Kalache, concorda. “Gosto de citar a Carta de Ottawa, de 1976, para lembrar que ‘a saúde é criada no contexto do dia a dia: como você mora, onde você trabalha, como você se diverte’”, afirma.

Elci de Almeida Fernandes, presidente do Departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, reforça que é preciso analisar a sociedade como um todo. “Como têm vivido as nossas crianças, os jovens, as famílias? Essa é uma grande preocupação.” De acordo com ela, não muito bem, principalmente em função do aumento do consumo de alimentos industrializados, que são de fácil preparo, diante do ritmo frenético da vida moderna.

“Pensar em políticas públicas é pensar saúde, assistência social, trabalho e lazer", afirma Alexandre da Silva, consultor do BID. Foto: Reprodução
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Para o médico Ricardo Nitrini, professor titular de neurologia da Faculdade de Medicina da USP, o maior receio que as pessoas têm ao envelhecer é a perda da autonomia, e a desigualdade social também afeta essa questão. “O declínio cognitivo e a demência são os problemas mais temidos. Inúmeros fatores podem interferir nesse processo, até a baixa escolaridade. O cérebro de quem estuda consegue formar uma boa reserva cognitiva, é como se ele se preparasse, fosse mais treinado”, explica.

Ele faz uma provocação: “Muitas pessoas me perguntam quando devem começar a se preocupar com o envelhecimento. A resposta é: a vida toda. No entanto, ele diz que nunca é tarde demais para começar a se cuidar. “O papel dos médicos é muito importante, de incentivar as pessoas para que se cuidem.”

Importância do sono

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A importância do sono para a saúde e a prevenção de doenças também foi debatida nesta sexta-feira, no Summit 2002. A médica Mônica Anderson, diretora de pesquisa do Instituto do Sono e professora da Unifesp, fez uma provocação: “Quem aqui dormiu mais de oito horas na noite passada?”. Na plateia de 30 pessoas, só três pessoas se manifestaram. “Não que oito seja um número mágico, mas sono é bem-estar. Quando não temos a qualidade e a quantidade de sono adequadas ao nosso corpo, o bem-estar vai embora”, resumiu.

"Quando não temos a qualidade e a quantidade de sono adequadas ao nosso corpo, o bem-estar vai embora", afirma Monica Andersen. Foto: Reprodução

Segundo ela, existem mais de 80 distúrbios do sono, em uma população diversa e com ritmos e necessidades diferentes. Portanto, os tratamentos precisam ser individualizados.

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Existem os pequenos dormidores, que dormem cerca de cinco horas por noite e estão muito bem assim. Há outros grupos que precisam daquele padrão de sete a oito horas por noite, e aqueles que precisam dormir mais, nove ou dez horas. “A sociedade precisa ser acomodada a ponto de todos sentirem a sua plenitude. Para alguns são 5 horas, para outros 7 e para outros 10″, diz. O mais importante, afirma ela, é a busca do equilíbrio.

O painel A Importância do Sono para a Saúde e a Prevenção de Doenças no Summit Saúde e Bem-Estar 2022. Foto: Reprodução

O psiquiatra Daniel Guilherme Suzuki Borges, especialista em medicina do sono do Hospital das Clínicas, fala-se muito de atividade física, dieta, e o sono acaba sendo negligenciado. Em uma sociedade bastante adoecida, com rotinas extenuantes, deslocamentos muito grandes nas metrópoles, acabamos reduzindo o nosso tempo de dormir, afirmou.

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Segundo ele, dormir bem e na quantidade certa é fundamental para a qualidade de vida e deveria entrar no rol de hábitos saudáveis, assim como a dieta e o exercício físico.

O porcentual de pessoas idosas no País deve dobrar de 10% em 2011 para 20% em 2030, segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E a grande maioria dos brasileiros sabe que não deve fumar, beber em excesso e que precisa se alimentar bem e fazer atividade física. Porém, se o Brasil não tiver políticas públicas que incentivem os hábitos saudáveis, a grande desigualdade que existe hoje não será resolvida e o envelhecimento saudável continuará sendo privilégio de um pequeno grupo da população.

O alerta foi feito pelo doutor em saúde pública e consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Alexandre da Silva, no último dia de debates do Summit Saúde e Bem-Estar 2022, que mobilizou os principais especialistas em saúde do País durante esta semana, num evento gratuito promovido pelo Estadão.

“O censo vai mostrar que a população envelheceu, mas de qual população estamos falando? Muitos grupos sociais de pessoas com 60 anos vão chegar aos 80 anos, porque conseguiram construir esse pilar de uma vida saudável. Agora tem um grupo, formado por negros, LGBTQIA+, população de rua, indígena e povos tradicionais, que não consegue envelhecer da mesma forma. Para vários grupos, envelhecer ainda é um privilégio”, disse o consultor.

“Pensar em políticas públicas é pensar saúde, assistência social, trabalho e lazer. Seja estar em um evento, frequentar seu bairro. Muitos grupos sociais não têm essa possibilidade”, acrescenta.

O presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, Alexandre Kalache, concorda. “Gosto de citar a Carta de Ottawa, de 1976, para lembrar que ‘a saúde é criada no contexto do dia a dia: como você mora, onde você trabalha, como você se diverte’”, afirma.

Elci de Almeida Fernandes, presidente do Departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, reforça que é preciso analisar a sociedade como um todo. “Como têm vivido as nossas crianças, os jovens, as famílias? Essa é uma grande preocupação.” De acordo com ela, não muito bem, principalmente em função do aumento do consumo de alimentos industrializados, que são de fácil preparo, diante do ritmo frenético da vida moderna.

“Pensar em políticas públicas é pensar saúde, assistência social, trabalho e lazer", afirma Alexandre da Silva, consultor do BID. Foto: Reprodução

Para o médico Ricardo Nitrini, professor titular de neurologia da Faculdade de Medicina da USP, o maior receio que as pessoas têm ao envelhecer é a perda da autonomia, e a desigualdade social também afeta essa questão. “O declínio cognitivo e a demência são os problemas mais temidos. Inúmeros fatores podem interferir nesse processo, até a baixa escolaridade. O cérebro de quem estuda consegue formar uma boa reserva cognitiva, é como se ele se preparasse, fosse mais treinado”, explica.

Ele faz uma provocação: “Muitas pessoas me perguntam quando devem começar a se preocupar com o envelhecimento. A resposta é: a vida toda. No entanto, ele diz que nunca é tarde demais para começar a se cuidar. “O papel dos médicos é muito importante, de incentivar as pessoas para que se cuidem.”

Importância do sono

A importância do sono para a saúde e a prevenção de doenças também foi debatida nesta sexta-feira, no Summit 2002. A médica Mônica Anderson, diretora de pesquisa do Instituto do Sono e professora da Unifesp, fez uma provocação: “Quem aqui dormiu mais de oito horas na noite passada?”. Na plateia de 30 pessoas, só três pessoas se manifestaram. “Não que oito seja um número mágico, mas sono é bem-estar. Quando não temos a qualidade e a quantidade de sono adequadas ao nosso corpo, o bem-estar vai embora”, resumiu.

"Quando não temos a qualidade e a quantidade de sono adequadas ao nosso corpo, o bem-estar vai embora", afirma Monica Andersen. Foto: Reprodução

Segundo ela, existem mais de 80 distúrbios do sono, em uma população diversa e com ritmos e necessidades diferentes. Portanto, os tratamentos precisam ser individualizados.

Existem os pequenos dormidores, que dormem cerca de cinco horas por noite e estão muito bem assim. Há outros grupos que precisam daquele padrão de sete a oito horas por noite, e aqueles que precisam dormir mais, nove ou dez horas. “A sociedade precisa ser acomodada a ponto de todos sentirem a sua plenitude. Para alguns são 5 horas, para outros 7 e para outros 10″, diz. O mais importante, afirma ela, é a busca do equilíbrio.

O painel A Importância do Sono para a Saúde e a Prevenção de Doenças no Summit Saúde e Bem-Estar 2022. Foto: Reprodução

O psiquiatra Daniel Guilherme Suzuki Borges, especialista em medicina do sono do Hospital das Clínicas, fala-se muito de atividade física, dieta, e o sono acaba sendo negligenciado. Em uma sociedade bastante adoecida, com rotinas extenuantes, deslocamentos muito grandes nas metrópoles, acabamos reduzindo o nosso tempo de dormir, afirmou.

Segundo ele, dormir bem e na quantidade certa é fundamental para a qualidade de vida e deveria entrar no rol de hábitos saudáveis, assim como a dieta e o exercício físico.

O porcentual de pessoas idosas no País deve dobrar de 10% em 2011 para 20% em 2030, segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E a grande maioria dos brasileiros sabe que não deve fumar, beber em excesso e que precisa se alimentar bem e fazer atividade física. Porém, se o Brasil não tiver políticas públicas que incentivem os hábitos saudáveis, a grande desigualdade que existe hoje não será resolvida e o envelhecimento saudável continuará sendo privilégio de um pequeno grupo da população.

O alerta foi feito pelo doutor em saúde pública e consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Alexandre da Silva, no último dia de debates do Summit Saúde e Bem-Estar 2022, que mobilizou os principais especialistas em saúde do País durante esta semana, num evento gratuito promovido pelo Estadão.

“O censo vai mostrar que a população envelheceu, mas de qual população estamos falando? Muitos grupos sociais de pessoas com 60 anos vão chegar aos 80 anos, porque conseguiram construir esse pilar de uma vida saudável. Agora tem um grupo, formado por negros, LGBTQIA+, população de rua, indígena e povos tradicionais, que não consegue envelhecer da mesma forma. Para vários grupos, envelhecer ainda é um privilégio”, disse o consultor.

“Pensar em políticas públicas é pensar saúde, assistência social, trabalho e lazer. Seja estar em um evento, frequentar seu bairro. Muitos grupos sociais não têm essa possibilidade”, acrescenta.

O presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, Alexandre Kalache, concorda. “Gosto de citar a Carta de Ottawa, de 1976, para lembrar que ‘a saúde é criada no contexto do dia a dia: como você mora, onde você trabalha, como você se diverte’”, afirma.

Elci de Almeida Fernandes, presidente do Departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, reforça que é preciso analisar a sociedade como um todo. “Como têm vivido as nossas crianças, os jovens, as famílias? Essa é uma grande preocupação.” De acordo com ela, não muito bem, principalmente em função do aumento do consumo de alimentos industrializados, que são de fácil preparo, diante do ritmo frenético da vida moderna.

“Pensar em políticas públicas é pensar saúde, assistência social, trabalho e lazer", afirma Alexandre da Silva, consultor do BID. Foto: Reprodução

Para o médico Ricardo Nitrini, professor titular de neurologia da Faculdade de Medicina da USP, o maior receio que as pessoas têm ao envelhecer é a perda da autonomia, e a desigualdade social também afeta essa questão. “O declínio cognitivo e a demência são os problemas mais temidos. Inúmeros fatores podem interferir nesse processo, até a baixa escolaridade. O cérebro de quem estuda consegue formar uma boa reserva cognitiva, é como se ele se preparasse, fosse mais treinado”, explica.

Ele faz uma provocação: “Muitas pessoas me perguntam quando devem começar a se preocupar com o envelhecimento. A resposta é: a vida toda. No entanto, ele diz que nunca é tarde demais para começar a se cuidar. “O papel dos médicos é muito importante, de incentivar as pessoas para que se cuidem.”

Importância do sono

A importância do sono para a saúde e a prevenção de doenças também foi debatida nesta sexta-feira, no Summit 2002. A médica Mônica Anderson, diretora de pesquisa do Instituto do Sono e professora da Unifesp, fez uma provocação: “Quem aqui dormiu mais de oito horas na noite passada?”. Na plateia de 30 pessoas, só três pessoas se manifestaram. “Não que oito seja um número mágico, mas sono é bem-estar. Quando não temos a qualidade e a quantidade de sono adequadas ao nosso corpo, o bem-estar vai embora”, resumiu.

"Quando não temos a qualidade e a quantidade de sono adequadas ao nosso corpo, o bem-estar vai embora", afirma Monica Andersen. Foto: Reprodução

Segundo ela, existem mais de 80 distúrbios do sono, em uma população diversa e com ritmos e necessidades diferentes. Portanto, os tratamentos precisam ser individualizados.

Existem os pequenos dormidores, que dormem cerca de cinco horas por noite e estão muito bem assim. Há outros grupos que precisam daquele padrão de sete a oito horas por noite, e aqueles que precisam dormir mais, nove ou dez horas. “A sociedade precisa ser acomodada a ponto de todos sentirem a sua plenitude. Para alguns são 5 horas, para outros 7 e para outros 10″, diz. O mais importante, afirma ela, é a busca do equilíbrio.

O painel A Importância do Sono para a Saúde e a Prevenção de Doenças no Summit Saúde e Bem-Estar 2022. Foto: Reprodução

O psiquiatra Daniel Guilherme Suzuki Borges, especialista em medicina do sono do Hospital das Clínicas, fala-se muito de atividade física, dieta, e o sono acaba sendo negligenciado. Em uma sociedade bastante adoecida, com rotinas extenuantes, deslocamentos muito grandes nas metrópoles, acabamos reduzindo o nosso tempo de dormir, afirmou.

Segundo ele, dormir bem e na quantidade certa é fundamental para a qualidade de vida e deveria entrar no rol de hábitos saudáveis, assim como a dieta e o exercício físico.

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