A anemia, principal doença provocada pela deficiência de ferro, é um sério problema de saúde pública em todo o mundo, sobretudo entre crianças, adolescentes, mulheres em período fértil, gestantes e puérperas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 40% das crianças que têm entre 6 meses e 5 anos de idade, 37% das grávidas e 30% das mulheres de 15 a 49 anos de idade em todo o mundo sofram com anemia.
O diagnóstico é feito por meio de exame de sangue e a reposição de ferro, quando indicada, pode ser por cápsula ou endovenosa.
“O impacto da deficiência desse mineral na qualidade de vida é imenso, mas seu diagnóstico e tratamento são relativamente simples e amplamente disponíveis”, avalia o hematologista e hemoterapeuta Bruno Deltreggia Benites, coordenador da Divisão de Hemoterapia do Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Saiba mais sobre os cuidados e a indicações da suplementação.
1. Que sinais podem indicar que uma pessoa está com deficiência de ferro?
Há sintomas decorrentes da anemia em si, como fraqueza, cansaço e dor de cabeça, mas existem outros que surgem antes de a doença aparecer. “Falhas de memória, sensação de ‘névoa’ nos pensamentos, queda de cabelo, menor capacidade para exercícios, entre outros”, lista Benites.
Ainda podem surgir palidez da pele e das mucosas, baixo rendimento escolar nas crianças e agravamento de sintomas relacionados a problemas cardiopulmonares prévios.
Segundo a hematologista Joyce Esteves Hyppolito, do Hospital Israelita Albert Einstein, em casos graves a falta de ferro pode causar a chamada “perversão do apetite”, em que a pessoa quer ingerir substâncias não alimentícias, como terra ou papel.
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2. Quem é mais propenso a sofrer com a baixa do mineral?
Em decorrência da menstruação, as mulheres são mais sujeitas, principalmente aquelas com fluxo intenso. Gestantes também podem ter deficiência de ferro, pois a demanda do nutriente acaba sendo maior para sustentar o crescimento do feto e a expansão do volume sanguíneo da mãe.
Além delas, também merecem atenção as crianças, que têm maior exigência do mineral devido ao rápido desenvolvimento; pessoas com dieta pobre no mineral; e aquelas com menor absorção de ferro, como quem sofre com doença celíaca ou passou por cirurgia bariátrica.
3. Quais são os riscos se essa deficiência não for tratada?
“Pode acontecer a piora dos sintomas e a perda progressiva da capacidade funcional do indivíduo, o que é particularmente debilitante em pacientes com condições já limitadoras, como problemas cardíacos e renais”, explica Benites.
4. Como é possível saber se uma pessoa de fato precisa de reposição de ferro?
A partir dos sintomas, em conjunto com exames laboratoriais que dosam a quantidade de ferro no organismo, a chamada ferritina. Também é possível dosar a porcentagem de ferro ligado à transferrina, proteína produzida pelo fígado que transporta esse mineral até as células que precisam dele.
5. Quando a reposição precisa ser endovenosa?
A reposição oral é normalmente a via de preferência. “Mesmo sabendo que ela é mais demorada para atingir a resposta esperada e pode causar sintomas gastrointestinais, como náusea e distensão abdominal”, conta Joyce Hyppolito.
A via intravenosa é ideal quando os sintomas são muito expressivos ou quando a reposição precisa ser mais rápida, antes de uma cirurgia, por exemplo. Ela também é indicada para pessoas que têm intolerância ao ferro administrado via oral.
“Quando se trata dessa forma de reposição da substância, é necessário ficarmos atentos à osteomalácia [doença caracterizada pela deficiência da mineralização óssea], que pode ser desencadeada pelo tratamento”, alerta a hematologista do Einstein.
6. É verdade que a forma endovenosa da reposição de ferro pode causar alergia?
As taxas de reações são muito baixas, principalmente com as formulações atualmente em uso. Quando elas ocorrem, em geral são sintomas dermatológicos de baixa gravidade, que costumam se manifestar em até 24 horas após o procedimento.
7. Se utilizada em excesso, a suplementação de ferro pode fazer mal?
Sim. Ela pode levar a uma intoxicação que, no primeiro estágio, desencadeia sintomas gástricos, vômito, dor abdominal e diarreia. Se for muito intensa, pode haver aumento da frequência cardíaca, respiração acelerada e queda de pressão. Por isso, é muito importante que o tratamento seja indicado e acompanhado por um médico.