Taxas de vacinação aumentam no mundo, mas caem no Brasil há 3 anos


Cobertura global contra sarampo e rubéola cresceu de 35% em 2010 para 52% no ano passado; os números nacionais são bem mais altos, de 85% em 2017, mas a cobertura já havia chegado a 96% em 2015, o que indica risco de retomada de surtos

Por Giovana Girardi e Paula Felix

SÃO PAULO - O mundo registrou no ano passado um recorde de crianças vacinadas – 123 milhões, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira, 17, pelo Unicef e pela Organização Mundial da Saúde, – uma alta que ocorre tanto por aumento da população quanto de cobertura vacinal. O Brasil, porém, caminha na contramão desse movimento, com queda na porcentagem de crianças vacinadas nos últimos três anos.

+ Veja quais doenças voltaram a preocupar os brasileiros

Os números do Ministério da Saúde que têm chamado a atenção do País recentemente foram usados em sinal de alerta pelas organizações Foto: GABRIELA BILO / ESTADAO
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Os números do Ministério da Saúde que têm chamado a atenção do País recentemente foram usados em sinal de alerta pelas organizações. É o caso da cobertura da vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola), que estava estável e próxima a 100% no Brasil até 2014, mas baixou para 96,1% em 2015 e seguiu em queda, passando para 95,4%, em 2016, e apenas 85% no ano passado.

Outro exemplo é o da pólio, doença erradicada no Brasil, que teve uma queda de 95% de crianças imunizadas em 2015 para 84,4% em 2016, chegando a apenas 78,5% em 2017.

Também houve queda na cobertura da DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Estava acima de 90% até 2015. Caiu para 89,5% em 2016 e 78,2% em 2017. Em todos os casos, considera-se uma proteção adequada quando a cobertura está em 95%. Abaixo disso, há risco de retorno das doenças.

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O ministério informou, por meio de nota, que “tem atuado fortemente na disseminação de informações junto à sociedade alertando sobre os riscos de baixa coberturas”. Disse também que a queda nas coberturas vacinais, principalmente em crianças menores de cinco anos, acendeu uma luz vermelha no País e que elas são a principal preocupação da pasta neste momento.

Cristina Albuquerque, chefe de saúde, HIV e desenvolvimento infantil do Unicef no Brasil, pondera que a melhora observada em níveis globais têm de ser analisada pelo prisma de que os níveis iniciais eram muito baixos. Por exemplo, a cobertura global contra sarampo e rubéola cresceu de 35% em 2010 para 52% em 2017.

“Claro que ainda são valores muito baixos, mas é um avanço que nos enche de esperança de que o mundo está melhorando. Muitos países estão diversificando seu calendário de vacinação, colocando mais variedades de vacinas, mais doses”, afirma.

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De acordo com o relatório, as coberturas globais contra pólio e contra difteria, tétano e coqueluche estão estáveis em cerca de 85% nos últimos anos.

“O Brasil tinha um ponto de partida bem diferente, muito mais à frente. Tem uma tradição gigante, conseguiu erradicar a pólio. Sempre fez grandes campanhas. A contra a rubéola, em 2008, por exemplo, foi a maior do mundo, com mais de 60 milhões de pessoas imunizadas”, lembra Cristina.

“Mas agora as coisas mudaram. Se em 2013, por exemplo, o País estava quase todo com cobertura adequada, hoje temos somente dois Estados que podem ser considerados assim: Rondônia e Ceará. É uma coisa extremamente preocupante porque a pólio não está erradicada no mundo, então pode voltar”, alerta a pesquisadora.

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Sucesso

Para o ministério, um dos motivos da queda nas coberturas é o próprio sucesso das campanhas de imunização, o que pode ter gerado uma falsa sensação de que não é preciso mais se vacinar. Cristina e o presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, concordam. “As doenças desaparecem com o uso das vacinas, o que faz com que se perca a percepção de urgência”, diz ele.

Kfouri lembra que o rápido crescimento dos casos de sarampo no Brasil, após um período de erradicação da doença, mostra a importância de a população manter a situação vacinal atualizada. “Hoje, o risco é fato e já temos o sarampo de volta. Tínhamos recebido o certificado de fim da circulação do vírus. Onde a doença encontra suscetíveis, é transmitida com facilidade. O que estamos vendo com o sarampo nada mais é do que a constatação das nossas baixas coberturas e isso pode acontecer com difteria e pólio.”

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O Ministério da Saúde disse que os recursos para vacinação passaram de R$ 761,1 milhões, em 2010, para R$ 4,5 bilhões em 2017. Para 2018, a previsão é de R$ 4,7 bilhões. Afirmou também que aumentou em 60% o valor do recurso de campanhas publicitárias de vacinação, passando de R$ 33,6 milhões, em 2015, para R$ 53,6 milhões em 2017. Até junho, foram investidos R$ 31,9 milhões.

SÃO PAULO - O mundo registrou no ano passado um recorde de crianças vacinadas – 123 milhões, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira, 17, pelo Unicef e pela Organização Mundial da Saúde, – uma alta que ocorre tanto por aumento da população quanto de cobertura vacinal. O Brasil, porém, caminha na contramão desse movimento, com queda na porcentagem de crianças vacinadas nos últimos três anos.

+ Veja quais doenças voltaram a preocupar os brasileiros

Os números do Ministério da Saúde que têm chamado a atenção do País recentemente foram usados em sinal de alerta pelas organizações Foto: GABRIELA BILO / ESTADAO

Os números do Ministério da Saúde que têm chamado a atenção do País recentemente foram usados em sinal de alerta pelas organizações. É o caso da cobertura da vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola), que estava estável e próxima a 100% no Brasil até 2014, mas baixou para 96,1% em 2015 e seguiu em queda, passando para 95,4%, em 2016, e apenas 85% no ano passado.

Outro exemplo é o da pólio, doença erradicada no Brasil, que teve uma queda de 95% de crianças imunizadas em 2015 para 84,4% em 2016, chegando a apenas 78,5% em 2017.

Também houve queda na cobertura da DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Estava acima de 90% até 2015. Caiu para 89,5% em 2016 e 78,2% em 2017. Em todos os casos, considera-se uma proteção adequada quando a cobertura está em 95%. Abaixo disso, há risco de retorno das doenças.

O ministério informou, por meio de nota, que “tem atuado fortemente na disseminação de informações junto à sociedade alertando sobre os riscos de baixa coberturas”. Disse também que a queda nas coberturas vacinais, principalmente em crianças menores de cinco anos, acendeu uma luz vermelha no País e que elas são a principal preocupação da pasta neste momento.

Cristina Albuquerque, chefe de saúde, HIV e desenvolvimento infantil do Unicef no Brasil, pondera que a melhora observada em níveis globais têm de ser analisada pelo prisma de que os níveis iniciais eram muito baixos. Por exemplo, a cobertura global contra sarampo e rubéola cresceu de 35% em 2010 para 52% em 2017.

“Claro que ainda são valores muito baixos, mas é um avanço que nos enche de esperança de que o mundo está melhorando. Muitos países estão diversificando seu calendário de vacinação, colocando mais variedades de vacinas, mais doses”, afirma.

De acordo com o relatório, as coberturas globais contra pólio e contra difteria, tétano e coqueluche estão estáveis em cerca de 85% nos últimos anos.

“O Brasil tinha um ponto de partida bem diferente, muito mais à frente. Tem uma tradição gigante, conseguiu erradicar a pólio. Sempre fez grandes campanhas. A contra a rubéola, em 2008, por exemplo, foi a maior do mundo, com mais de 60 milhões de pessoas imunizadas”, lembra Cristina.

“Mas agora as coisas mudaram. Se em 2013, por exemplo, o País estava quase todo com cobertura adequada, hoje temos somente dois Estados que podem ser considerados assim: Rondônia e Ceará. É uma coisa extremamente preocupante porque a pólio não está erradicada no mundo, então pode voltar”, alerta a pesquisadora.

Sucesso

Para o ministério, um dos motivos da queda nas coberturas é o próprio sucesso das campanhas de imunização, o que pode ter gerado uma falsa sensação de que não é preciso mais se vacinar. Cristina e o presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, concordam. “As doenças desaparecem com o uso das vacinas, o que faz com que se perca a percepção de urgência”, diz ele.

Kfouri lembra que o rápido crescimento dos casos de sarampo no Brasil, após um período de erradicação da doença, mostra a importância de a população manter a situação vacinal atualizada. “Hoje, o risco é fato e já temos o sarampo de volta. Tínhamos recebido o certificado de fim da circulação do vírus. Onde a doença encontra suscetíveis, é transmitida com facilidade. O que estamos vendo com o sarampo nada mais é do que a constatação das nossas baixas coberturas e isso pode acontecer com difteria e pólio.”

O Ministério da Saúde disse que os recursos para vacinação passaram de R$ 761,1 milhões, em 2010, para R$ 4,5 bilhões em 2017. Para 2018, a previsão é de R$ 4,7 bilhões. Afirmou também que aumentou em 60% o valor do recurso de campanhas publicitárias de vacinação, passando de R$ 33,6 milhões, em 2015, para R$ 53,6 milhões em 2017. Até junho, foram investidos R$ 31,9 milhões.

SÃO PAULO - O mundo registrou no ano passado um recorde de crianças vacinadas – 123 milhões, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira, 17, pelo Unicef e pela Organização Mundial da Saúde, – uma alta que ocorre tanto por aumento da população quanto de cobertura vacinal. O Brasil, porém, caminha na contramão desse movimento, com queda na porcentagem de crianças vacinadas nos últimos três anos.

+ Veja quais doenças voltaram a preocupar os brasileiros

Os números do Ministério da Saúde que têm chamado a atenção do País recentemente foram usados em sinal de alerta pelas organizações Foto: GABRIELA BILO / ESTADAO

Os números do Ministério da Saúde que têm chamado a atenção do País recentemente foram usados em sinal de alerta pelas organizações. É o caso da cobertura da vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola), que estava estável e próxima a 100% no Brasil até 2014, mas baixou para 96,1% em 2015 e seguiu em queda, passando para 95,4%, em 2016, e apenas 85% no ano passado.

Outro exemplo é o da pólio, doença erradicada no Brasil, que teve uma queda de 95% de crianças imunizadas em 2015 para 84,4% em 2016, chegando a apenas 78,5% em 2017.

Também houve queda na cobertura da DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Estava acima de 90% até 2015. Caiu para 89,5% em 2016 e 78,2% em 2017. Em todos os casos, considera-se uma proteção adequada quando a cobertura está em 95%. Abaixo disso, há risco de retorno das doenças.

O ministério informou, por meio de nota, que “tem atuado fortemente na disseminação de informações junto à sociedade alertando sobre os riscos de baixa coberturas”. Disse também que a queda nas coberturas vacinais, principalmente em crianças menores de cinco anos, acendeu uma luz vermelha no País e que elas são a principal preocupação da pasta neste momento.

Cristina Albuquerque, chefe de saúde, HIV e desenvolvimento infantil do Unicef no Brasil, pondera que a melhora observada em níveis globais têm de ser analisada pelo prisma de que os níveis iniciais eram muito baixos. Por exemplo, a cobertura global contra sarampo e rubéola cresceu de 35% em 2010 para 52% em 2017.

“Claro que ainda são valores muito baixos, mas é um avanço que nos enche de esperança de que o mundo está melhorando. Muitos países estão diversificando seu calendário de vacinação, colocando mais variedades de vacinas, mais doses”, afirma.

De acordo com o relatório, as coberturas globais contra pólio e contra difteria, tétano e coqueluche estão estáveis em cerca de 85% nos últimos anos.

“O Brasil tinha um ponto de partida bem diferente, muito mais à frente. Tem uma tradição gigante, conseguiu erradicar a pólio. Sempre fez grandes campanhas. A contra a rubéola, em 2008, por exemplo, foi a maior do mundo, com mais de 60 milhões de pessoas imunizadas”, lembra Cristina.

“Mas agora as coisas mudaram. Se em 2013, por exemplo, o País estava quase todo com cobertura adequada, hoje temos somente dois Estados que podem ser considerados assim: Rondônia e Ceará. É uma coisa extremamente preocupante porque a pólio não está erradicada no mundo, então pode voltar”, alerta a pesquisadora.

Sucesso

Para o ministério, um dos motivos da queda nas coberturas é o próprio sucesso das campanhas de imunização, o que pode ter gerado uma falsa sensação de que não é preciso mais se vacinar. Cristina e o presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, concordam. “As doenças desaparecem com o uso das vacinas, o que faz com que se perca a percepção de urgência”, diz ele.

Kfouri lembra que o rápido crescimento dos casos de sarampo no Brasil, após um período de erradicação da doença, mostra a importância de a população manter a situação vacinal atualizada. “Hoje, o risco é fato e já temos o sarampo de volta. Tínhamos recebido o certificado de fim da circulação do vírus. Onde a doença encontra suscetíveis, é transmitida com facilidade. O que estamos vendo com o sarampo nada mais é do que a constatação das nossas baixas coberturas e isso pode acontecer com difteria e pólio.”

O Ministério da Saúde disse que os recursos para vacinação passaram de R$ 761,1 milhões, em 2010, para R$ 4,5 bilhões em 2017. Para 2018, a previsão é de R$ 4,7 bilhões. Afirmou também que aumentou em 60% o valor do recurso de campanhas publicitárias de vacinação, passando de R$ 33,6 milhões, em 2015, para R$ 53,6 milhões em 2017. Até junho, foram investidos R$ 31,9 milhões.

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