TDAH: Primeiro remédio não estimulante para o transtorno chega ao Brasil


Previsão é que novo medicamento esteja nas farmácias até o meio de novembro; entenda como funciona

Por Ana Lourenço
Atualização:

Falta de atenção, ansiedade, esquecimento, inquietude e irritabilidade. Os sinais do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) são bem comuns para a maioria das pessoas. Mas notar um sintoma vez ou outra é bem diferente de ter um diagnóstico do quadro. E ter noções claras sobre essa diferença é extremamente importante para aumentar a credibilidade em relação ao distúrbio. Esse é o mote da campanha “TDAH Levado a Sério”, lançada na última quarta-feira, 25, pela farmacêutica Apsen.

Durante o evento, a empresa também anunciou a chegada ao Brasil do primeiro medicamento não estimulante para tratar o transtorno, feito com uma molécula chamada atomoxetina.

O TDAH é marcado principalmente por desatenção e hiperatividade-impulsividade. Foto: Berit Kessler/Adobe Stock
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“A marca vai se chamar Atentah e a previsão é que esteja disponível nas farmácias de todo o Brasil na segunda quinzena de novembro deste ano”, conta Williams Ramos, gerente médico da Apsen. O preço ainda está sendo definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), mas a estimativa é de que fique na média dos medicamentos prescritos atualmente. A título de comparação, uma caixa com 28 cápsulas de 30 mg cada de Venvanse, remédio mais usado para o transtorno, custa cerca de R$ 370.

O novo medicamento, de dose única diária, já é utilizado nos Estados Unidos desde 2002, mas foi aprovado pela Anvisa somente neste ano. Um dos grandes diferenciais é o fato de ser considerado não estimulante. Além de não provocar efeitos como inibição de fome, cansaço e sono, como acontece com os outros remédios, o Atentah tem uma ação mais gradativa e não causa dependência.

“Há um risco muito menor de a pessoa sentir um efeito euforizante ou intenso e se ver mais interessado em usar excessivamente”, descreve Daniel Segenreich, professor adjunto do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Petrópolis e vice-presidente da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).

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É informado ainda que essa característica faz com que o Atentah seja mais adequado para o tratamento de TDAH com comorbidades, como transtorno do espectro autista, ansiedade e depressão.

Quem pode usar

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“O Atentah poderá ser utilizado por pacientes a partir dos 6 anos de idade, desde que haja a comprovação do diagnóstico. Afinal, será um remédio com exigência da prescrição”, coloca Ramos. A prescrição necessária, no entanto, é a dupla carbonada, acessada por todos profissionais de saúde – diferente do receituário amarelo, indispensável para os medicamentos estimulantes.

A novidade pode alterar o atual cenário do uso de medicamentos para TDAH fora de contexto correto do diagnóstico e aumentar o leque de pacientes que podem ser tratados com segurança. “As medicações estimulantes para TDAH podem aumentar a frequência de tiques, algo que é muito comum na adolescência. E, ao invés de o remédio ajudar com o foco da criança, os tiques prejudicam. Então, a gente entra em uma encruzilhada”, explica Segenreich.

De acordo com o Ministério da Saúde, o transtorno de origem neurobiológica afeta quase 11 milhões de pessoas no Brasil. É mais comum nas crianças e nos adolescentes (prevalência mundial de 5,9%), mas o diagnóstico também afeta os adultos – ainda que em menor proporção (2,5%).

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“Existe uma maturação das vias dopaminérgicas, que estão associadas ao déficit de atenção e hiperatividade, por isso considera-se que muitas crianças vão ter esse amadurecimento, mesmo que mais tardio, o que diminui os sinais e sintomas para garantir o diagnóstico completo”, explica Segenreich.

Como identificar o TDAH?

É crucial ter muita cautela na hora de confirmar o diagnóstico, afinal, muitos sintomas são comuns a outros quadros. “Todos os transtornos psiquiátricos que afetam de alguma forma circuitos que envolvem atenção e capacidade de tomar decisões podem ser confundidores”, esclarece Segenreich. Muitas vezes, o próprio padrão de funcionamento da pessoa, estando em uma fase mais desorganizada ou com mais tarefas, pode causar uma desestruturação mental. Para o diagnóstico correto, frequência e intensidade devem ser levadas em conta.

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Para ter ideia, sintomas intensos de hiperatividade e impulsividade e/ou desatenção devem estar presentes por pelo menos seis meses e causar prejuízos na vida da pessoa. É também necessário que essas manifestações ocorram em diferentes ambientes, como em casa, na escola e na convivência com amigos.

“Os estudos mostram que a agregação dos sintomas em família é muito frequente, o que aponta para a possibilidade de um componente genético significativo”, conta Segenreich. Além disso, os aspectos psicossociais e ambientais também são relevantes e modulam expressão, gravidade e comprometimento observados e associados ao diagnóstico.

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Muitas vezes, quem tem TDAH apresenta prejuízos escolares que podem evoluir para transtornos de aprendizagem (como discalculia e dislexia). “Mas é preciso diferenciar uma coisa da outra”, alerta Sergio Nolasco, especialista em Psiquiatria Infantil pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Além disso, o médico orienta a prestar atenção em fatores como dificuldade no controle de impulsos, problemas de socialização (normalmente são crianças que não tem amigos) e acidentes diários.

Vale destacar que o TDAH é mais frequente em indivíduos do sexo masculino e em pessoas com obesidade.

TDAH só aparece na infância?

“Essa é uma das grandes questões ligadas ao TDAH na atualidade. Historicamente, o TDAH sempre foi entendido como uma doença do neurodesenvolvimento”, diz Nolasco. De acordo com ele, antigamente era imperativo que os sintomas estivessem presentes antes dos 6 anos de idade, mas, hoje, a exigência fica em torno dos 10 e 12 anos – mesmo que os sintomas prevaleçam na vida adulta.

Acontece que o estigma de ser considerado um “problema de criança” e a quantidade restrita de profissionais especializados no assunto faz com que muitos adultos recebam o diagnóstico errado. Os sinais de alertas para esse grupo são desatenção no dia a dia – em relação a questões pessoais e profissionais – e problemas frequentes de memória e inquietação, além de dificuldade de gerenciar emoções (são pessoas muito reativas), comprometimento de funções executivas e problemas para compreender hierarquias. De acordo com Nolasco, adultos com TDAH costumam mudar mais de emprego, por se desinteressarem facilmente, e tendem a desenvolver alguma dependência química.

“O que está sendo discutido e pesquisado hoje é se TDAH, como acontece na maioria dos outros transtornos de neurodesenvolvimento, pode aparecer ao longo da vida da pessoa”, conta o médico.

O tratamento é o mesmo para todo mundo?

Não. Considerando que frequentemente o TDAH está associado a outros quadros, o tratamento (feito com medicamento e acompanhamento terapêutico) deve ser individualizado. É essencial dar atenção especial para aquilo que está mais latente no paciente. Por exemplo: se a ansiedade está mais intensa do que a desatenção, o ideal é estabilizar o primeiro sintoma para, então, focar no segundo.

“Entre 60 a 80% dos adultos com TDAH têm outro problema emocional”, conta Nolasco. Dentre eles, baixa autoestima, transtorno de conduta (padrão de comportamento disruptivo), transtorno de ansiedade, transtorno do uso de substâncias e transtorno desafiador de oposição (marcado por comportamento desafiador e desobediente).

Falta de atenção, ansiedade, esquecimento, inquietude e irritabilidade. Os sinais do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) são bem comuns para a maioria das pessoas. Mas notar um sintoma vez ou outra é bem diferente de ter um diagnóstico do quadro. E ter noções claras sobre essa diferença é extremamente importante para aumentar a credibilidade em relação ao distúrbio. Esse é o mote da campanha “TDAH Levado a Sério”, lançada na última quarta-feira, 25, pela farmacêutica Apsen.

Durante o evento, a empresa também anunciou a chegada ao Brasil do primeiro medicamento não estimulante para tratar o transtorno, feito com uma molécula chamada atomoxetina.

O TDAH é marcado principalmente por desatenção e hiperatividade-impulsividade. Foto: Berit Kessler/Adobe Stock

“A marca vai se chamar Atentah e a previsão é que esteja disponível nas farmácias de todo o Brasil na segunda quinzena de novembro deste ano”, conta Williams Ramos, gerente médico da Apsen. O preço ainda está sendo definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), mas a estimativa é de que fique na média dos medicamentos prescritos atualmente. A título de comparação, uma caixa com 28 cápsulas de 30 mg cada de Venvanse, remédio mais usado para o transtorno, custa cerca de R$ 370.

O novo medicamento, de dose única diária, já é utilizado nos Estados Unidos desde 2002, mas foi aprovado pela Anvisa somente neste ano. Um dos grandes diferenciais é o fato de ser considerado não estimulante. Além de não provocar efeitos como inibição de fome, cansaço e sono, como acontece com os outros remédios, o Atentah tem uma ação mais gradativa e não causa dependência.

“Há um risco muito menor de a pessoa sentir um efeito euforizante ou intenso e se ver mais interessado em usar excessivamente”, descreve Daniel Segenreich, professor adjunto do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Petrópolis e vice-presidente da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).

É informado ainda que essa característica faz com que o Atentah seja mais adequado para o tratamento de TDAH com comorbidades, como transtorno do espectro autista, ansiedade e depressão.

Quem pode usar

“O Atentah poderá ser utilizado por pacientes a partir dos 6 anos de idade, desde que haja a comprovação do diagnóstico. Afinal, será um remédio com exigência da prescrição”, coloca Ramos. A prescrição necessária, no entanto, é a dupla carbonada, acessada por todos profissionais de saúde – diferente do receituário amarelo, indispensável para os medicamentos estimulantes.

A novidade pode alterar o atual cenário do uso de medicamentos para TDAH fora de contexto correto do diagnóstico e aumentar o leque de pacientes que podem ser tratados com segurança. “As medicações estimulantes para TDAH podem aumentar a frequência de tiques, algo que é muito comum na adolescência. E, ao invés de o remédio ajudar com o foco da criança, os tiques prejudicam. Então, a gente entra em uma encruzilhada”, explica Segenreich.

De acordo com o Ministério da Saúde, o transtorno de origem neurobiológica afeta quase 11 milhões de pessoas no Brasil. É mais comum nas crianças e nos adolescentes (prevalência mundial de 5,9%), mas o diagnóstico também afeta os adultos – ainda que em menor proporção (2,5%).

“Existe uma maturação das vias dopaminérgicas, que estão associadas ao déficit de atenção e hiperatividade, por isso considera-se que muitas crianças vão ter esse amadurecimento, mesmo que mais tardio, o que diminui os sinais e sintomas para garantir o diagnóstico completo”, explica Segenreich.

Como identificar o TDAH?

É crucial ter muita cautela na hora de confirmar o diagnóstico, afinal, muitos sintomas são comuns a outros quadros. “Todos os transtornos psiquiátricos que afetam de alguma forma circuitos que envolvem atenção e capacidade de tomar decisões podem ser confundidores”, esclarece Segenreich. Muitas vezes, o próprio padrão de funcionamento da pessoa, estando em uma fase mais desorganizada ou com mais tarefas, pode causar uma desestruturação mental. Para o diagnóstico correto, frequência e intensidade devem ser levadas em conta.

Para ter ideia, sintomas intensos de hiperatividade e impulsividade e/ou desatenção devem estar presentes por pelo menos seis meses e causar prejuízos na vida da pessoa. É também necessário que essas manifestações ocorram em diferentes ambientes, como em casa, na escola e na convivência com amigos.

“Os estudos mostram que a agregação dos sintomas em família é muito frequente, o que aponta para a possibilidade de um componente genético significativo”, conta Segenreich. Além disso, os aspectos psicossociais e ambientais também são relevantes e modulam expressão, gravidade e comprometimento observados e associados ao diagnóstico.

Muitas vezes, quem tem TDAH apresenta prejuízos escolares que podem evoluir para transtornos de aprendizagem (como discalculia e dislexia). “Mas é preciso diferenciar uma coisa da outra”, alerta Sergio Nolasco, especialista em Psiquiatria Infantil pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Além disso, o médico orienta a prestar atenção em fatores como dificuldade no controle de impulsos, problemas de socialização (normalmente são crianças que não tem amigos) e acidentes diários.

Vale destacar que o TDAH é mais frequente em indivíduos do sexo masculino e em pessoas com obesidade.

TDAH só aparece na infância?

“Essa é uma das grandes questões ligadas ao TDAH na atualidade. Historicamente, o TDAH sempre foi entendido como uma doença do neurodesenvolvimento”, diz Nolasco. De acordo com ele, antigamente era imperativo que os sintomas estivessem presentes antes dos 6 anos de idade, mas, hoje, a exigência fica em torno dos 10 e 12 anos – mesmo que os sintomas prevaleçam na vida adulta.

Acontece que o estigma de ser considerado um “problema de criança” e a quantidade restrita de profissionais especializados no assunto faz com que muitos adultos recebam o diagnóstico errado. Os sinais de alertas para esse grupo são desatenção no dia a dia – em relação a questões pessoais e profissionais – e problemas frequentes de memória e inquietação, além de dificuldade de gerenciar emoções (são pessoas muito reativas), comprometimento de funções executivas e problemas para compreender hierarquias. De acordo com Nolasco, adultos com TDAH costumam mudar mais de emprego, por se desinteressarem facilmente, e tendem a desenvolver alguma dependência química.

“O que está sendo discutido e pesquisado hoje é se TDAH, como acontece na maioria dos outros transtornos de neurodesenvolvimento, pode aparecer ao longo da vida da pessoa”, conta o médico.

O tratamento é o mesmo para todo mundo?

Não. Considerando que frequentemente o TDAH está associado a outros quadros, o tratamento (feito com medicamento e acompanhamento terapêutico) deve ser individualizado. É essencial dar atenção especial para aquilo que está mais latente no paciente. Por exemplo: se a ansiedade está mais intensa do que a desatenção, o ideal é estabilizar o primeiro sintoma para, então, focar no segundo.

“Entre 60 a 80% dos adultos com TDAH têm outro problema emocional”, conta Nolasco. Dentre eles, baixa autoestima, transtorno de conduta (padrão de comportamento disruptivo), transtorno de ansiedade, transtorno do uso de substâncias e transtorno desafiador de oposição (marcado por comportamento desafiador e desobediente).

Falta de atenção, ansiedade, esquecimento, inquietude e irritabilidade. Os sinais do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) são bem comuns para a maioria das pessoas. Mas notar um sintoma vez ou outra é bem diferente de ter um diagnóstico do quadro. E ter noções claras sobre essa diferença é extremamente importante para aumentar a credibilidade em relação ao distúrbio. Esse é o mote da campanha “TDAH Levado a Sério”, lançada na última quarta-feira, 25, pela farmacêutica Apsen.

Durante o evento, a empresa também anunciou a chegada ao Brasil do primeiro medicamento não estimulante para tratar o transtorno, feito com uma molécula chamada atomoxetina.

O TDAH é marcado principalmente por desatenção e hiperatividade-impulsividade. Foto: Berit Kessler/Adobe Stock

“A marca vai se chamar Atentah e a previsão é que esteja disponível nas farmácias de todo o Brasil na segunda quinzena de novembro deste ano”, conta Williams Ramos, gerente médico da Apsen. O preço ainda está sendo definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), mas a estimativa é de que fique na média dos medicamentos prescritos atualmente. A título de comparação, uma caixa com 28 cápsulas de 30 mg cada de Venvanse, remédio mais usado para o transtorno, custa cerca de R$ 370.

O novo medicamento, de dose única diária, já é utilizado nos Estados Unidos desde 2002, mas foi aprovado pela Anvisa somente neste ano. Um dos grandes diferenciais é o fato de ser considerado não estimulante. Além de não provocar efeitos como inibição de fome, cansaço e sono, como acontece com os outros remédios, o Atentah tem uma ação mais gradativa e não causa dependência.

“Há um risco muito menor de a pessoa sentir um efeito euforizante ou intenso e se ver mais interessado em usar excessivamente”, descreve Daniel Segenreich, professor adjunto do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Petrópolis e vice-presidente da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).

É informado ainda que essa característica faz com que o Atentah seja mais adequado para o tratamento de TDAH com comorbidades, como transtorno do espectro autista, ansiedade e depressão.

Quem pode usar

“O Atentah poderá ser utilizado por pacientes a partir dos 6 anos de idade, desde que haja a comprovação do diagnóstico. Afinal, será um remédio com exigência da prescrição”, coloca Ramos. A prescrição necessária, no entanto, é a dupla carbonada, acessada por todos profissionais de saúde – diferente do receituário amarelo, indispensável para os medicamentos estimulantes.

A novidade pode alterar o atual cenário do uso de medicamentos para TDAH fora de contexto correto do diagnóstico e aumentar o leque de pacientes que podem ser tratados com segurança. “As medicações estimulantes para TDAH podem aumentar a frequência de tiques, algo que é muito comum na adolescência. E, ao invés de o remédio ajudar com o foco da criança, os tiques prejudicam. Então, a gente entra em uma encruzilhada”, explica Segenreich.

De acordo com o Ministério da Saúde, o transtorno de origem neurobiológica afeta quase 11 milhões de pessoas no Brasil. É mais comum nas crianças e nos adolescentes (prevalência mundial de 5,9%), mas o diagnóstico também afeta os adultos – ainda que em menor proporção (2,5%).

“Existe uma maturação das vias dopaminérgicas, que estão associadas ao déficit de atenção e hiperatividade, por isso considera-se que muitas crianças vão ter esse amadurecimento, mesmo que mais tardio, o que diminui os sinais e sintomas para garantir o diagnóstico completo”, explica Segenreich.

Como identificar o TDAH?

É crucial ter muita cautela na hora de confirmar o diagnóstico, afinal, muitos sintomas são comuns a outros quadros. “Todos os transtornos psiquiátricos que afetam de alguma forma circuitos que envolvem atenção e capacidade de tomar decisões podem ser confundidores”, esclarece Segenreich. Muitas vezes, o próprio padrão de funcionamento da pessoa, estando em uma fase mais desorganizada ou com mais tarefas, pode causar uma desestruturação mental. Para o diagnóstico correto, frequência e intensidade devem ser levadas em conta.

Para ter ideia, sintomas intensos de hiperatividade e impulsividade e/ou desatenção devem estar presentes por pelo menos seis meses e causar prejuízos na vida da pessoa. É também necessário que essas manifestações ocorram em diferentes ambientes, como em casa, na escola e na convivência com amigos.

“Os estudos mostram que a agregação dos sintomas em família é muito frequente, o que aponta para a possibilidade de um componente genético significativo”, conta Segenreich. Além disso, os aspectos psicossociais e ambientais também são relevantes e modulam expressão, gravidade e comprometimento observados e associados ao diagnóstico.

Muitas vezes, quem tem TDAH apresenta prejuízos escolares que podem evoluir para transtornos de aprendizagem (como discalculia e dislexia). “Mas é preciso diferenciar uma coisa da outra”, alerta Sergio Nolasco, especialista em Psiquiatria Infantil pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Além disso, o médico orienta a prestar atenção em fatores como dificuldade no controle de impulsos, problemas de socialização (normalmente são crianças que não tem amigos) e acidentes diários.

Vale destacar que o TDAH é mais frequente em indivíduos do sexo masculino e em pessoas com obesidade.

TDAH só aparece na infância?

“Essa é uma das grandes questões ligadas ao TDAH na atualidade. Historicamente, o TDAH sempre foi entendido como uma doença do neurodesenvolvimento”, diz Nolasco. De acordo com ele, antigamente era imperativo que os sintomas estivessem presentes antes dos 6 anos de idade, mas, hoje, a exigência fica em torno dos 10 e 12 anos – mesmo que os sintomas prevaleçam na vida adulta.

Acontece que o estigma de ser considerado um “problema de criança” e a quantidade restrita de profissionais especializados no assunto faz com que muitos adultos recebam o diagnóstico errado. Os sinais de alertas para esse grupo são desatenção no dia a dia – em relação a questões pessoais e profissionais – e problemas frequentes de memória e inquietação, além de dificuldade de gerenciar emoções (são pessoas muito reativas), comprometimento de funções executivas e problemas para compreender hierarquias. De acordo com Nolasco, adultos com TDAH costumam mudar mais de emprego, por se desinteressarem facilmente, e tendem a desenvolver alguma dependência química.

“O que está sendo discutido e pesquisado hoje é se TDAH, como acontece na maioria dos outros transtornos de neurodesenvolvimento, pode aparecer ao longo da vida da pessoa”, conta o médico.

O tratamento é o mesmo para todo mundo?

Não. Considerando que frequentemente o TDAH está associado a outros quadros, o tratamento (feito com medicamento e acompanhamento terapêutico) deve ser individualizado. É essencial dar atenção especial para aquilo que está mais latente no paciente. Por exemplo: se a ansiedade está mais intensa do que a desatenção, o ideal é estabilizar o primeiro sintoma para, então, focar no segundo.

“Entre 60 a 80% dos adultos com TDAH têm outro problema emocional”, conta Nolasco. Dentre eles, baixa autoestima, transtorno de conduta (padrão de comportamento disruptivo), transtorno de ansiedade, transtorno do uso de substâncias e transtorno desafiador de oposição (marcado por comportamento desafiador e desobediente).

Falta de atenção, ansiedade, esquecimento, inquietude e irritabilidade. Os sinais do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) são bem comuns para a maioria das pessoas. Mas notar um sintoma vez ou outra é bem diferente de ter um diagnóstico do quadro. E ter noções claras sobre essa diferença é extremamente importante para aumentar a credibilidade em relação ao distúrbio. Esse é o mote da campanha “TDAH Levado a Sério”, lançada na última quarta-feira, 25, pela farmacêutica Apsen.

Durante o evento, a empresa também anunciou a chegada ao Brasil do primeiro medicamento não estimulante para tratar o transtorno, feito com uma molécula chamada atomoxetina.

O TDAH é marcado principalmente por desatenção e hiperatividade-impulsividade. Foto: Berit Kessler/Adobe Stock

“A marca vai se chamar Atentah e a previsão é que esteja disponível nas farmácias de todo o Brasil na segunda quinzena de novembro deste ano”, conta Williams Ramos, gerente médico da Apsen. O preço ainda está sendo definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), mas a estimativa é de que fique na média dos medicamentos prescritos atualmente. A título de comparação, uma caixa com 28 cápsulas de 30 mg cada de Venvanse, remédio mais usado para o transtorno, custa cerca de R$ 370.

O novo medicamento, de dose única diária, já é utilizado nos Estados Unidos desde 2002, mas foi aprovado pela Anvisa somente neste ano. Um dos grandes diferenciais é o fato de ser considerado não estimulante. Além de não provocar efeitos como inibição de fome, cansaço e sono, como acontece com os outros remédios, o Atentah tem uma ação mais gradativa e não causa dependência.

“Há um risco muito menor de a pessoa sentir um efeito euforizante ou intenso e se ver mais interessado em usar excessivamente”, descreve Daniel Segenreich, professor adjunto do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Petrópolis e vice-presidente da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).

É informado ainda que essa característica faz com que o Atentah seja mais adequado para o tratamento de TDAH com comorbidades, como transtorno do espectro autista, ansiedade e depressão.

Quem pode usar

“O Atentah poderá ser utilizado por pacientes a partir dos 6 anos de idade, desde que haja a comprovação do diagnóstico. Afinal, será um remédio com exigência da prescrição”, coloca Ramos. A prescrição necessária, no entanto, é a dupla carbonada, acessada por todos profissionais de saúde – diferente do receituário amarelo, indispensável para os medicamentos estimulantes.

A novidade pode alterar o atual cenário do uso de medicamentos para TDAH fora de contexto correto do diagnóstico e aumentar o leque de pacientes que podem ser tratados com segurança. “As medicações estimulantes para TDAH podem aumentar a frequência de tiques, algo que é muito comum na adolescência. E, ao invés de o remédio ajudar com o foco da criança, os tiques prejudicam. Então, a gente entra em uma encruzilhada”, explica Segenreich.

De acordo com o Ministério da Saúde, o transtorno de origem neurobiológica afeta quase 11 milhões de pessoas no Brasil. É mais comum nas crianças e nos adolescentes (prevalência mundial de 5,9%), mas o diagnóstico também afeta os adultos – ainda que em menor proporção (2,5%).

“Existe uma maturação das vias dopaminérgicas, que estão associadas ao déficit de atenção e hiperatividade, por isso considera-se que muitas crianças vão ter esse amadurecimento, mesmo que mais tardio, o que diminui os sinais e sintomas para garantir o diagnóstico completo”, explica Segenreich.

Como identificar o TDAH?

É crucial ter muita cautela na hora de confirmar o diagnóstico, afinal, muitos sintomas são comuns a outros quadros. “Todos os transtornos psiquiátricos que afetam de alguma forma circuitos que envolvem atenção e capacidade de tomar decisões podem ser confundidores”, esclarece Segenreich. Muitas vezes, o próprio padrão de funcionamento da pessoa, estando em uma fase mais desorganizada ou com mais tarefas, pode causar uma desestruturação mental. Para o diagnóstico correto, frequência e intensidade devem ser levadas em conta.

Para ter ideia, sintomas intensos de hiperatividade e impulsividade e/ou desatenção devem estar presentes por pelo menos seis meses e causar prejuízos na vida da pessoa. É também necessário que essas manifestações ocorram em diferentes ambientes, como em casa, na escola e na convivência com amigos.

“Os estudos mostram que a agregação dos sintomas em família é muito frequente, o que aponta para a possibilidade de um componente genético significativo”, conta Segenreich. Além disso, os aspectos psicossociais e ambientais também são relevantes e modulam expressão, gravidade e comprometimento observados e associados ao diagnóstico.

Muitas vezes, quem tem TDAH apresenta prejuízos escolares que podem evoluir para transtornos de aprendizagem (como discalculia e dislexia). “Mas é preciso diferenciar uma coisa da outra”, alerta Sergio Nolasco, especialista em Psiquiatria Infantil pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Além disso, o médico orienta a prestar atenção em fatores como dificuldade no controle de impulsos, problemas de socialização (normalmente são crianças que não tem amigos) e acidentes diários.

Vale destacar que o TDAH é mais frequente em indivíduos do sexo masculino e em pessoas com obesidade.

TDAH só aparece na infância?

“Essa é uma das grandes questões ligadas ao TDAH na atualidade. Historicamente, o TDAH sempre foi entendido como uma doença do neurodesenvolvimento”, diz Nolasco. De acordo com ele, antigamente era imperativo que os sintomas estivessem presentes antes dos 6 anos de idade, mas, hoje, a exigência fica em torno dos 10 e 12 anos – mesmo que os sintomas prevaleçam na vida adulta.

Acontece que o estigma de ser considerado um “problema de criança” e a quantidade restrita de profissionais especializados no assunto faz com que muitos adultos recebam o diagnóstico errado. Os sinais de alertas para esse grupo são desatenção no dia a dia – em relação a questões pessoais e profissionais – e problemas frequentes de memória e inquietação, além de dificuldade de gerenciar emoções (são pessoas muito reativas), comprometimento de funções executivas e problemas para compreender hierarquias. De acordo com Nolasco, adultos com TDAH costumam mudar mais de emprego, por se desinteressarem facilmente, e tendem a desenvolver alguma dependência química.

“O que está sendo discutido e pesquisado hoje é se TDAH, como acontece na maioria dos outros transtornos de neurodesenvolvimento, pode aparecer ao longo da vida da pessoa”, conta o médico.

O tratamento é o mesmo para todo mundo?

Não. Considerando que frequentemente o TDAH está associado a outros quadros, o tratamento (feito com medicamento e acompanhamento terapêutico) deve ser individualizado. É essencial dar atenção especial para aquilo que está mais latente no paciente. Por exemplo: se a ansiedade está mais intensa do que a desatenção, o ideal é estabilizar o primeiro sintoma para, então, focar no segundo.

“Entre 60 a 80% dos adultos com TDAH têm outro problema emocional”, conta Nolasco. Dentre eles, baixa autoestima, transtorno de conduta (padrão de comportamento disruptivo), transtorno de ansiedade, transtorno do uso de substâncias e transtorno desafiador de oposição (marcado por comportamento desafiador e desobediente).

Falta de atenção, ansiedade, esquecimento, inquietude e irritabilidade. Os sinais do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) são bem comuns para a maioria das pessoas. Mas notar um sintoma vez ou outra é bem diferente de ter um diagnóstico do quadro. E ter noções claras sobre essa diferença é extremamente importante para aumentar a credibilidade em relação ao distúrbio. Esse é o mote da campanha “TDAH Levado a Sério”, lançada na última quarta-feira, 25, pela farmacêutica Apsen.

Durante o evento, a empresa também anunciou a chegada ao Brasil do primeiro medicamento não estimulante para tratar o transtorno, feito com uma molécula chamada atomoxetina.

O TDAH é marcado principalmente por desatenção e hiperatividade-impulsividade. Foto: Berit Kessler/Adobe Stock

“A marca vai se chamar Atentah e a previsão é que esteja disponível nas farmácias de todo o Brasil na segunda quinzena de novembro deste ano”, conta Williams Ramos, gerente médico da Apsen. O preço ainda está sendo definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), mas a estimativa é de que fique na média dos medicamentos prescritos atualmente. A título de comparação, uma caixa com 28 cápsulas de 30 mg cada de Venvanse, remédio mais usado para o transtorno, custa cerca de R$ 370.

O novo medicamento, de dose única diária, já é utilizado nos Estados Unidos desde 2002, mas foi aprovado pela Anvisa somente neste ano. Um dos grandes diferenciais é o fato de ser considerado não estimulante. Além de não provocar efeitos como inibição de fome, cansaço e sono, como acontece com os outros remédios, o Atentah tem uma ação mais gradativa e não causa dependência.

“Há um risco muito menor de a pessoa sentir um efeito euforizante ou intenso e se ver mais interessado em usar excessivamente”, descreve Daniel Segenreich, professor adjunto do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Petrópolis e vice-presidente da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).

É informado ainda que essa característica faz com que o Atentah seja mais adequado para o tratamento de TDAH com comorbidades, como transtorno do espectro autista, ansiedade e depressão.

Quem pode usar

“O Atentah poderá ser utilizado por pacientes a partir dos 6 anos de idade, desde que haja a comprovação do diagnóstico. Afinal, será um remédio com exigência da prescrição”, coloca Ramos. A prescrição necessária, no entanto, é a dupla carbonada, acessada por todos profissionais de saúde – diferente do receituário amarelo, indispensável para os medicamentos estimulantes.

A novidade pode alterar o atual cenário do uso de medicamentos para TDAH fora de contexto correto do diagnóstico e aumentar o leque de pacientes que podem ser tratados com segurança. “As medicações estimulantes para TDAH podem aumentar a frequência de tiques, algo que é muito comum na adolescência. E, ao invés de o remédio ajudar com o foco da criança, os tiques prejudicam. Então, a gente entra em uma encruzilhada”, explica Segenreich.

De acordo com o Ministério da Saúde, o transtorno de origem neurobiológica afeta quase 11 milhões de pessoas no Brasil. É mais comum nas crianças e nos adolescentes (prevalência mundial de 5,9%), mas o diagnóstico também afeta os adultos – ainda que em menor proporção (2,5%).

“Existe uma maturação das vias dopaminérgicas, que estão associadas ao déficit de atenção e hiperatividade, por isso considera-se que muitas crianças vão ter esse amadurecimento, mesmo que mais tardio, o que diminui os sinais e sintomas para garantir o diagnóstico completo”, explica Segenreich.

Como identificar o TDAH?

É crucial ter muita cautela na hora de confirmar o diagnóstico, afinal, muitos sintomas são comuns a outros quadros. “Todos os transtornos psiquiátricos que afetam de alguma forma circuitos que envolvem atenção e capacidade de tomar decisões podem ser confundidores”, esclarece Segenreich. Muitas vezes, o próprio padrão de funcionamento da pessoa, estando em uma fase mais desorganizada ou com mais tarefas, pode causar uma desestruturação mental. Para o diagnóstico correto, frequência e intensidade devem ser levadas em conta.

Para ter ideia, sintomas intensos de hiperatividade e impulsividade e/ou desatenção devem estar presentes por pelo menos seis meses e causar prejuízos na vida da pessoa. É também necessário que essas manifestações ocorram em diferentes ambientes, como em casa, na escola e na convivência com amigos.

“Os estudos mostram que a agregação dos sintomas em família é muito frequente, o que aponta para a possibilidade de um componente genético significativo”, conta Segenreich. Além disso, os aspectos psicossociais e ambientais também são relevantes e modulam expressão, gravidade e comprometimento observados e associados ao diagnóstico.

Muitas vezes, quem tem TDAH apresenta prejuízos escolares que podem evoluir para transtornos de aprendizagem (como discalculia e dislexia). “Mas é preciso diferenciar uma coisa da outra”, alerta Sergio Nolasco, especialista em Psiquiatria Infantil pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Além disso, o médico orienta a prestar atenção em fatores como dificuldade no controle de impulsos, problemas de socialização (normalmente são crianças que não tem amigos) e acidentes diários.

Vale destacar que o TDAH é mais frequente em indivíduos do sexo masculino e em pessoas com obesidade.

TDAH só aparece na infância?

“Essa é uma das grandes questões ligadas ao TDAH na atualidade. Historicamente, o TDAH sempre foi entendido como uma doença do neurodesenvolvimento”, diz Nolasco. De acordo com ele, antigamente era imperativo que os sintomas estivessem presentes antes dos 6 anos de idade, mas, hoje, a exigência fica em torno dos 10 e 12 anos – mesmo que os sintomas prevaleçam na vida adulta.

Acontece que o estigma de ser considerado um “problema de criança” e a quantidade restrita de profissionais especializados no assunto faz com que muitos adultos recebam o diagnóstico errado. Os sinais de alertas para esse grupo são desatenção no dia a dia – em relação a questões pessoais e profissionais – e problemas frequentes de memória e inquietação, além de dificuldade de gerenciar emoções (são pessoas muito reativas), comprometimento de funções executivas e problemas para compreender hierarquias. De acordo com Nolasco, adultos com TDAH costumam mudar mais de emprego, por se desinteressarem facilmente, e tendem a desenvolver alguma dependência química.

“O que está sendo discutido e pesquisado hoje é se TDAH, como acontece na maioria dos outros transtornos de neurodesenvolvimento, pode aparecer ao longo da vida da pessoa”, conta o médico.

O tratamento é o mesmo para todo mundo?

Não. Considerando que frequentemente o TDAH está associado a outros quadros, o tratamento (feito com medicamento e acompanhamento terapêutico) deve ser individualizado. É essencial dar atenção especial para aquilo que está mais latente no paciente. Por exemplo: se a ansiedade está mais intensa do que a desatenção, o ideal é estabilizar o primeiro sintoma para, então, focar no segundo.

“Entre 60 a 80% dos adultos com TDAH têm outro problema emocional”, conta Nolasco. Dentre eles, baixa autoestima, transtorno de conduta (padrão de comportamento disruptivo), transtorno de ansiedade, transtorno do uso de substâncias e transtorno desafiador de oposição (marcado por comportamento desafiador e desobediente).

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