Temporada de dengue em SP se antecipa e casos crescem 47%; veja bairros com maior incidência


De acordo com Secretaria Municipal da Saúde, condições climáticas de janeiro e fevereiro favoreceram proliferação do mosquito Aedes aegypti; Barra Funda lidera ranking com maiores incidências

Por Fabiana Cambricoli
Atualização:

O número de casos de dengue registrados até agora na cidade de São Paulo cresceu 47% em relação ao mesmo período do ano passado e já é o maior desde 2019 para o período, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) referentes às nove primeiras semanas epidemiológicas do ano (até 4 de março). Foram 938 infecções confirmadas em 2023 ante 637 no mesmo período de 2022.

O número real de casos deve ser ainda maior já que, devido ao atraso na notificação de infecções pelos serviços de saúde, os registros das últimas duas semanas costumam estar incompletos. Se analisado somente o número de casos das primeiras quatro semanas do ano, por exemplo, cujos dados já estão mais consolidados, a alta entre um ano e outro foi de 110%. Nenhuma morte pela doença foi registrada neste ano até agora.

Distritos da região central, zona oeste e zona norte da capital paulista registram as maiores taxas de incidência até o momento. A Barra Funda ocupa o topo da lista, com 42,2 casos por 100 mil habitantes, seguida pelo Pari (41,4), Tremembé (25,1), Perdizes (20,1) e Pinheiros (19,8).

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Embora o coeficiente de incidência acumulado do ano ainda seja considerado baixo, o cenário preocupa a Prefeitura e especialistas por indicar antecipação do período de alta de casos e, consequentemente, risco maior de uma epidemia.

De acordo com Luiz Artur Caldeira, coordenador da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, a equipe técnica do órgão observou um adiantamento do aumento de casos de dengue, que tradicionalmente ocorre entre março e maio. A hipótese é de que, com um verão com elevadas temperaturas e alto volume de chuvas, as condições climáticas favoreceram a reprodução do mosquito Aedes aegypti ainda mais cedo.

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“Os indicadores nos mostram que a curva de casos registrada em janeiro e fevereiro deveria estar acontecendo somente em março ou abril. Pode ser somente um adiantamento da sazonalidade e, se tivermos um adiantamento de frentes frias também, essa sazonalidade vai terminar mais cedo. Só que se isso prevalecer (calor intenso e chuvas), teremos dois meses a mais nesse cenário. Em vez de termos três meses mais favoráveis para proliferação do mosquito, teremos cinco, o que significa mais tempo de exposição ao risco de dengue”, afirma Caldeira.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a cidade de São Paulo teve, em 2023, o terceiro fevereiro mais chuvoso em 81 anos, com 428,9 milímetros de chuva acumulados. O valor é 66% superior à média histórica do mês (257,7 mm).

Mosquito Aedes aegypti é transmissor da dengue e outras arboviroses Foto: Divulgação
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Última grande epidemia na cidade aconteceu em 2015

O fato de a capital não registrar grande epidemia de dengue desde 2015 também ajuda a explicar a alta de casos, de acordo com o virologista Maurício Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. ”As epidemias surgem, em média, a cada três ou quatro anos. Costumam vir quando muda o sorotipo ou a linhagem circulante do vírus”, explica.

Ele lembra que, no ano passado, houve alto número de casos de dengue no Brasil, mas que os surtos ficaram concentrados em alguns Estados, em especial os do Centro-Oeste, ou em municípios menos populosos. “Grandes capitais e regiões metropolitanas não foram tão afetadas por essa alta. Já neste ano, estamos vendo cidades como São Paulo e Campinas com aumento de casos”, afirma.

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Ele alerta ainda que, entre 2018 e 2019, uma nova linhagem do sorotipo 2 da dengue, associado a quadros de maior gravidade, entrou no Brasil e pode levar à alta de casos em algumas localidades. “Ele não atingiu grandes capitais, mas, quando atingir, deverá causar grandes epidemias”, diz Nogueira.

De acordo com Caldeira, da coordenadoria de vigilância da capital paulista, até agora mais de 90% dos casos de dengue registrados na cidade são do sorotipo 1, o mais comum no Brasil. Ele explica que uma das maiores preocupações da secretaria no momento é intensificar as ações de combate ao mosquito nos distritos de maior incidência para evitar alta ainda maior de casos.

O coordenador diz que, embora a taxa de incidência nos distritos da cidade ainda esteja longe do patamar de alerta (150 casos por 100 mil habitantes) ou de emergência (300 casos por 100 mil habitantes), 30% dos distritos já estão sendo considerados pela administração municipal como “entrando em condição de alerta” pela dinâmica da transmissão.

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“É um comportamento de transmissão mais acentuada, com maior taxa de incidência e risco de espalhamento. Nesses locais, as ações precisam ser intensificadas”, afirma o coordenador da vigilância.

Ele diz que, para determinar as áreas de maior risco, além de considerar o coeficiente de incidência, a Prefeitura avalia a densidade populacional e o número dos chamados pontos estratégicos, como imóveis grande quantidade de objetos e materiais onde pode haver acúmulo de água, condição ideal para reprodução do mosquito.

De acordo com Caldeira, algumas medidas vem sendo tomadas desde o ano passado pela Prefeitura para a prevenção da dengue e de outras doenças transmitidas por mosquitos. Pela primeira vez, diz ele, a administração municipal internalizou o processo de compra de inseticida usado nos fumacês, antes distribuído pelo Ministério da Saúde.

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Segundo a prefeitura, a pasta federal deixou de entregar o produto em novembro do ano passado. “Compramos 15 mil litros de produtos ainda no ano passado e já recebemos 10 mil. O volume é suficiente para toda sazonalidade e temos mais autonomia ao não depender da entrega do ministério”, diz. O órgão federal confirmou que teve problemas de abastecimento com um dos inseticidas e disse que vai normalizar a entrega nos próximos dias.

Caldeira diz ainda que a Prefeitura dobrou o número de equipamentos usados para aplicação do produto (nebulizadores) e ampliou o número de servidores que atuam nas ações de prevenção e combate ao mosquito.

De acordo com a secretaria, foram realizadas em 2023 mais de 623 mil ações de prevenção ao Aedes aegypti na cidade de São Paulo, contando 209.231 visitas casa a casa, 6.693 vistorias a imóveis especiais e pontos estratégicos, e 378.847 ações de bloqueios de criadouros e nebulizações, entre outras atividades.

O número de casos de dengue registrados até agora na cidade de São Paulo cresceu 47% em relação ao mesmo período do ano passado e já é o maior desde 2019 para o período, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) referentes às nove primeiras semanas epidemiológicas do ano (até 4 de março). Foram 938 infecções confirmadas em 2023 ante 637 no mesmo período de 2022.

O número real de casos deve ser ainda maior já que, devido ao atraso na notificação de infecções pelos serviços de saúde, os registros das últimas duas semanas costumam estar incompletos. Se analisado somente o número de casos das primeiras quatro semanas do ano, por exemplo, cujos dados já estão mais consolidados, a alta entre um ano e outro foi de 110%. Nenhuma morte pela doença foi registrada neste ano até agora.

Distritos da região central, zona oeste e zona norte da capital paulista registram as maiores taxas de incidência até o momento. A Barra Funda ocupa o topo da lista, com 42,2 casos por 100 mil habitantes, seguida pelo Pari (41,4), Tremembé (25,1), Perdizes (20,1) e Pinheiros (19,8).

Embora o coeficiente de incidência acumulado do ano ainda seja considerado baixo, o cenário preocupa a Prefeitura e especialistas por indicar antecipação do período de alta de casos e, consequentemente, risco maior de uma epidemia.

De acordo com Luiz Artur Caldeira, coordenador da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, a equipe técnica do órgão observou um adiantamento do aumento de casos de dengue, que tradicionalmente ocorre entre março e maio. A hipótese é de que, com um verão com elevadas temperaturas e alto volume de chuvas, as condições climáticas favoreceram a reprodução do mosquito Aedes aegypti ainda mais cedo.

“Os indicadores nos mostram que a curva de casos registrada em janeiro e fevereiro deveria estar acontecendo somente em março ou abril. Pode ser somente um adiantamento da sazonalidade e, se tivermos um adiantamento de frentes frias também, essa sazonalidade vai terminar mais cedo. Só que se isso prevalecer (calor intenso e chuvas), teremos dois meses a mais nesse cenário. Em vez de termos três meses mais favoráveis para proliferação do mosquito, teremos cinco, o que significa mais tempo de exposição ao risco de dengue”, afirma Caldeira.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a cidade de São Paulo teve, em 2023, o terceiro fevereiro mais chuvoso em 81 anos, com 428,9 milímetros de chuva acumulados. O valor é 66% superior à média histórica do mês (257,7 mm).

Mosquito Aedes aegypti é transmissor da dengue e outras arboviroses Foto: Divulgação

Última grande epidemia na cidade aconteceu em 2015

O fato de a capital não registrar grande epidemia de dengue desde 2015 também ajuda a explicar a alta de casos, de acordo com o virologista Maurício Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. ”As epidemias surgem, em média, a cada três ou quatro anos. Costumam vir quando muda o sorotipo ou a linhagem circulante do vírus”, explica.

Ele lembra que, no ano passado, houve alto número de casos de dengue no Brasil, mas que os surtos ficaram concentrados em alguns Estados, em especial os do Centro-Oeste, ou em municípios menos populosos. “Grandes capitais e regiões metropolitanas não foram tão afetadas por essa alta. Já neste ano, estamos vendo cidades como São Paulo e Campinas com aumento de casos”, afirma.

Ele alerta ainda que, entre 2018 e 2019, uma nova linhagem do sorotipo 2 da dengue, associado a quadros de maior gravidade, entrou no Brasil e pode levar à alta de casos em algumas localidades. “Ele não atingiu grandes capitais, mas, quando atingir, deverá causar grandes epidemias”, diz Nogueira.

De acordo com Caldeira, da coordenadoria de vigilância da capital paulista, até agora mais de 90% dos casos de dengue registrados na cidade são do sorotipo 1, o mais comum no Brasil. Ele explica que uma das maiores preocupações da secretaria no momento é intensificar as ações de combate ao mosquito nos distritos de maior incidência para evitar alta ainda maior de casos.

O coordenador diz que, embora a taxa de incidência nos distritos da cidade ainda esteja longe do patamar de alerta (150 casos por 100 mil habitantes) ou de emergência (300 casos por 100 mil habitantes), 30% dos distritos já estão sendo considerados pela administração municipal como “entrando em condição de alerta” pela dinâmica da transmissão.

“É um comportamento de transmissão mais acentuada, com maior taxa de incidência e risco de espalhamento. Nesses locais, as ações precisam ser intensificadas”, afirma o coordenador da vigilância.

Ele diz que, para determinar as áreas de maior risco, além de considerar o coeficiente de incidência, a Prefeitura avalia a densidade populacional e o número dos chamados pontos estratégicos, como imóveis grande quantidade de objetos e materiais onde pode haver acúmulo de água, condição ideal para reprodução do mosquito.

De acordo com Caldeira, algumas medidas vem sendo tomadas desde o ano passado pela Prefeitura para a prevenção da dengue e de outras doenças transmitidas por mosquitos. Pela primeira vez, diz ele, a administração municipal internalizou o processo de compra de inseticida usado nos fumacês, antes distribuído pelo Ministério da Saúde.

Segundo a prefeitura, a pasta federal deixou de entregar o produto em novembro do ano passado. “Compramos 15 mil litros de produtos ainda no ano passado e já recebemos 10 mil. O volume é suficiente para toda sazonalidade e temos mais autonomia ao não depender da entrega do ministério”, diz. O órgão federal confirmou que teve problemas de abastecimento com um dos inseticidas e disse que vai normalizar a entrega nos próximos dias.

Caldeira diz ainda que a Prefeitura dobrou o número de equipamentos usados para aplicação do produto (nebulizadores) e ampliou o número de servidores que atuam nas ações de prevenção e combate ao mosquito.

De acordo com a secretaria, foram realizadas em 2023 mais de 623 mil ações de prevenção ao Aedes aegypti na cidade de São Paulo, contando 209.231 visitas casa a casa, 6.693 vistorias a imóveis especiais e pontos estratégicos, e 378.847 ações de bloqueios de criadouros e nebulizações, entre outras atividades.

O número de casos de dengue registrados até agora na cidade de São Paulo cresceu 47% em relação ao mesmo período do ano passado e já é o maior desde 2019 para o período, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) referentes às nove primeiras semanas epidemiológicas do ano (até 4 de março). Foram 938 infecções confirmadas em 2023 ante 637 no mesmo período de 2022.

O número real de casos deve ser ainda maior já que, devido ao atraso na notificação de infecções pelos serviços de saúde, os registros das últimas duas semanas costumam estar incompletos. Se analisado somente o número de casos das primeiras quatro semanas do ano, por exemplo, cujos dados já estão mais consolidados, a alta entre um ano e outro foi de 110%. Nenhuma morte pela doença foi registrada neste ano até agora.

Distritos da região central, zona oeste e zona norte da capital paulista registram as maiores taxas de incidência até o momento. A Barra Funda ocupa o topo da lista, com 42,2 casos por 100 mil habitantes, seguida pelo Pari (41,4), Tremembé (25,1), Perdizes (20,1) e Pinheiros (19,8).

Embora o coeficiente de incidência acumulado do ano ainda seja considerado baixo, o cenário preocupa a Prefeitura e especialistas por indicar antecipação do período de alta de casos e, consequentemente, risco maior de uma epidemia.

De acordo com Luiz Artur Caldeira, coordenador da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, a equipe técnica do órgão observou um adiantamento do aumento de casos de dengue, que tradicionalmente ocorre entre março e maio. A hipótese é de que, com um verão com elevadas temperaturas e alto volume de chuvas, as condições climáticas favoreceram a reprodução do mosquito Aedes aegypti ainda mais cedo.

“Os indicadores nos mostram que a curva de casos registrada em janeiro e fevereiro deveria estar acontecendo somente em março ou abril. Pode ser somente um adiantamento da sazonalidade e, se tivermos um adiantamento de frentes frias também, essa sazonalidade vai terminar mais cedo. Só que se isso prevalecer (calor intenso e chuvas), teremos dois meses a mais nesse cenário. Em vez de termos três meses mais favoráveis para proliferação do mosquito, teremos cinco, o que significa mais tempo de exposição ao risco de dengue”, afirma Caldeira.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a cidade de São Paulo teve, em 2023, o terceiro fevereiro mais chuvoso em 81 anos, com 428,9 milímetros de chuva acumulados. O valor é 66% superior à média histórica do mês (257,7 mm).

Mosquito Aedes aegypti é transmissor da dengue e outras arboviroses Foto: Divulgação

Última grande epidemia na cidade aconteceu em 2015

O fato de a capital não registrar grande epidemia de dengue desde 2015 também ajuda a explicar a alta de casos, de acordo com o virologista Maurício Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. ”As epidemias surgem, em média, a cada três ou quatro anos. Costumam vir quando muda o sorotipo ou a linhagem circulante do vírus”, explica.

Ele lembra que, no ano passado, houve alto número de casos de dengue no Brasil, mas que os surtos ficaram concentrados em alguns Estados, em especial os do Centro-Oeste, ou em municípios menos populosos. “Grandes capitais e regiões metropolitanas não foram tão afetadas por essa alta. Já neste ano, estamos vendo cidades como São Paulo e Campinas com aumento de casos”, afirma.

Ele alerta ainda que, entre 2018 e 2019, uma nova linhagem do sorotipo 2 da dengue, associado a quadros de maior gravidade, entrou no Brasil e pode levar à alta de casos em algumas localidades. “Ele não atingiu grandes capitais, mas, quando atingir, deverá causar grandes epidemias”, diz Nogueira.

De acordo com Caldeira, da coordenadoria de vigilância da capital paulista, até agora mais de 90% dos casos de dengue registrados na cidade são do sorotipo 1, o mais comum no Brasil. Ele explica que uma das maiores preocupações da secretaria no momento é intensificar as ações de combate ao mosquito nos distritos de maior incidência para evitar alta ainda maior de casos.

O coordenador diz que, embora a taxa de incidência nos distritos da cidade ainda esteja longe do patamar de alerta (150 casos por 100 mil habitantes) ou de emergência (300 casos por 100 mil habitantes), 30% dos distritos já estão sendo considerados pela administração municipal como “entrando em condição de alerta” pela dinâmica da transmissão.

“É um comportamento de transmissão mais acentuada, com maior taxa de incidência e risco de espalhamento. Nesses locais, as ações precisam ser intensificadas”, afirma o coordenador da vigilância.

Ele diz que, para determinar as áreas de maior risco, além de considerar o coeficiente de incidência, a Prefeitura avalia a densidade populacional e o número dos chamados pontos estratégicos, como imóveis grande quantidade de objetos e materiais onde pode haver acúmulo de água, condição ideal para reprodução do mosquito.

De acordo com Caldeira, algumas medidas vem sendo tomadas desde o ano passado pela Prefeitura para a prevenção da dengue e de outras doenças transmitidas por mosquitos. Pela primeira vez, diz ele, a administração municipal internalizou o processo de compra de inseticida usado nos fumacês, antes distribuído pelo Ministério da Saúde.

Segundo a prefeitura, a pasta federal deixou de entregar o produto em novembro do ano passado. “Compramos 15 mil litros de produtos ainda no ano passado e já recebemos 10 mil. O volume é suficiente para toda sazonalidade e temos mais autonomia ao não depender da entrega do ministério”, diz. O órgão federal confirmou que teve problemas de abastecimento com um dos inseticidas e disse que vai normalizar a entrega nos próximos dias.

Caldeira diz ainda que a Prefeitura dobrou o número de equipamentos usados para aplicação do produto (nebulizadores) e ampliou o número de servidores que atuam nas ações de prevenção e combate ao mosquito.

De acordo com a secretaria, foram realizadas em 2023 mais de 623 mil ações de prevenção ao Aedes aegypti na cidade de São Paulo, contando 209.231 visitas casa a casa, 6.693 vistorias a imóveis especiais e pontos estratégicos, e 378.847 ações de bloqueios de criadouros e nebulizações, entre outras atividades.

O número de casos de dengue registrados até agora na cidade de São Paulo cresceu 47% em relação ao mesmo período do ano passado e já é o maior desde 2019 para o período, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) referentes às nove primeiras semanas epidemiológicas do ano (até 4 de março). Foram 938 infecções confirmadas em 2023 ante 637 no mesmo período de 2022.

O número real de casos deve ser ainda maior já que, devido ao atraso na notificação de infecções pelos serviços de saúde, os registros das últimas duas semanas costumam estar incompletos. Se analisado somente o número de casos das primeiras quatro semanas do ano, por exemplo, cujos dados já estão mais consolidados, a alta entre um ano e outro foi de 110%. Nenhuma morte pela doença foi registrada neste ano até agora.

Distritos da região central, zona oeste e zona norte da capital paulista registram as maiores taxas de incidência até o momento. A Barra Funda ocupa o topo da lista, com 42,2 casos por 100 mil habitantes, seguida pelo Pari (41,4), Tremembé (25,1), Perdizes (20,1) e Pinheiros (19,8).

Embora o coeficiente de incidência acumulado do ano ainda seja considerado baixo, o cenário preocupa a Prefeitura e especialistas por indicar antecipação do período de alta de casos e, consequentemente, risco maior de uma epidemia.

De acordo com Luiz Artur Caldeira, coordenador da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, a equipe técnica do órgão observou um adiantamento do aumento de casos de dengue, que tradicionalmente ocorre entre março e maio. A hipótese é de que, com um verão com elevadas temperaturas e alto volume de chuvas, as condições climáticas favoreceram a reprodução do mosquito Aedes aegypti ainda mais cedo.

“Os indicadores nos mostram que a curva de casos registrada em janeiro e fevereiro deveria estar acontecendo somente em março ou abril. Pode ser somente um adiantamento da sazonalidade e, se tivermos um adiantamento de frentes frias também, essa sazonalidade vai terminar mais cedo. Só que se isso prevalecer (calor intenso e chuvas), teremos dois meses a mais nesse cenário. Em vez de termos três meses mais favoráveis para proliferação do mosquito, teremos cinco, o que significa mais tempo de exposição ao risco de dengue”, afirma Caldeira.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a cidade de São Paulo teve, em 2023, o terceiro fevereiro mais chuvoso em 81 anos, com 428,9 milímetros de chuva acumulados. O valor é 66% superior à média histórica do mês (257,7 mm).

Mosquito Aedes aegypti é transmissor da dengue e outras arboviroses Foto: Divulgação

Última grande epidemia na cidade aconteceu em 2015

O fato de a capital não registrar grande epidemia de dengue desde 2015 também ajuda a explicar a alta de casos, de acordo com o virologista Maurício Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. ”As epidemias surgem, em média, a cada três ou quatro anos. Costumam vir quando muda o sorotipo ou a linhagem circulante do vírus”, explica.

Ele lembra que, no ano passado, houve alto número de casos de dengue no Brasil, mas que os surtos ficaram concentrados em alguns Estados, em especial os do Centro-Oeste, ou em municípios menos populosos. “Grandes capitais e regiões metropolitanas não foram tão afetadas por essa alta. Já neste ano, estamos vendo cidades como São Paulo e Campinas com aumento de casos”, afirma.

Ele alerta ainda que, entre 2018 e 2019, uma nova linhagem do sorotipo 2 da dengue, associado a quadros de maior gravidade, entrou no Brasil e pode levar à alta de casos em algumas localidades. “Ele não atingiu grandes capitais, mas, quando atingir, deverá causar grandes epidemias”, diz Nogueira.

De acordo com Caldeira, da coordenadoria de vigilância da capital paulista, até agora mais de 90% dos casos de dengue registrados na cidade são do sorotipo 1, o mais comum no Brasil. Ele explica que uma das maiores preocupações da secretaria no momento é intensificar as ações de combate ao mosquito nos distritos de maior incidência para evitar alta ainda maior de casos.

O coordenador diz que, embora a taxa de incidência nos distritos da cidade ainda esteja longe do patamar de alerta (150 casos por 100 mil habitantes) ou de emergência (300 casos por 100 mil habitantes), 30% dos distritos já estão sendo considerados pela administração municipal como “entrando em condição de alerta” pela dinâmica da transmissão.

“É um comportamento de transmissão mais acentuada, com maior taxa de incidência e risco de espalhamento. Nesses locais, as ações precisam ser intensificadas”, afirma o coordenador da vigilância.

Ele diz que, para determinar as áreas de maior risco, além de considerar o coeficiente de incidência, a Prefeitura avalia a densidade populacional e o número dos chamados pontos estratégicos, como imóveis grande quantidade de objetos e materiais onde pode haver acúmulo de água, condição ideal para reprodução do mosquito.

De acordo com Caldeira, algumas medidas vem sendo tomadas desde o ano passado pela Prefeitura para a prevenção da dengue e de outras doenças transmitidas por mosquitos. Pela primeira vez, diz ele, a administração municipal internalizou o processo de compra de inseticida usado nos fumacês, antes distribuído pelo Ministério da Saúde.

Segundo a prefeitura, a pasta federal deixou de entregar o produto em novembro do ano passado. “Compramos 15 mil litros de produtos ainda no ano passado e já recebemos 10 mil. O volume é suficiente para toda sazonalidade e temos mais autonomia ao não depender da entrega do ministério”, diz. O órgão federal confirmou que teve problemas de abastecimento com um dos inseticidas e disse que vai normalizar a entrega nos próximos dias.

Caldeira diz ainda que a Prefeitura dobrou o número de equipamentos usados para aplicação do produto (nebulizadores) e ampliou o número de servidores que atuam nas ações de prevenção e combate ao mosquito.

De acordo com a secretaria, foram realizadas em 2023 mais de 623 mil ações de prevenção ao Aedes aegypti na cidade de São Paulo, contando 209.231 visitas casa a casa, 6.693 vistorias a imóveis especiais e pontos estratégicos, e 378.847 ações de bloqueios de criadouros e nebulizações, entre outras atividades.

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