Um blog sobre câncer de mama

Opinião|Dia do Orgasmo: o sexo depois do câncer de mama


Frequentemente, o tratamento causa uma menopausa precoce, que não pode ser tratada com repositores hormonais. Mas há outras possibilidades para deixar a relação mais prazerosa

Por Adriana Moreira
Atualização:

Depois que o tratamento de câncer de mama termina, a expectativa é que a vida volte ao que era antes do diagnóstico. E o que acontece é que nos deparamos com um corpo novo, com o qual não temos nenhuma intimidade. Isso se dá em diversas atividades cotidianas - incluindo sexo.

No Dia do Orgasmo, é importante quebrar tabus e falar sobre a vida sexual do paciente com câncer. Retomar a rotina nesse aspecto também traz uma série de desafios (psicológicos e fisiológicos) para as mulheres que passaram pela doença. A falta de lubrificação é comum por causa das alterações hormonais causadas pelo tratamento, mas há diversas opções não hormonais para recuperar essa lubrificação e retomar a vida sexual com mais conforto - e mais orgasmos.

No caso do câncer de mama, o desafio começa com a autoestima. Em muitos casos, é preciso passar por cirurgias, de menor ou maior porte, mas que invariavelmente impactam na percepção desse novo corpo. No entanto, o maior impacto é mesmo fisiológico, já que os tratamentos costumam atuar nos ovários, causando uma menopausa precoce.

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Dessa forma, não é possível recorrer à reposição hormonal para diminuir sintomas como os insuportáveis calorões e a falta de lubrificação vaginal. “A mulher já passa por muitas perdas durante o tratamento. Às vezes, a dor é tanta que ela não consegue ter relação”, explica a médica Fabiane Gama da Silva Ongaratto, especializada em ginecologia regenerativa. Para muitas mulheres, diz ela, não conseguir fazer sexo acrescenta um peso extra a uma fase já complicada. “Ela quer se sentir completa, mas o corpo simplesmente não responde.”

‘Não conseguia ter lubrificação’

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Esse foi o caso de Elisa (nome fictício), de 44 anos. “A primeira vez que fiz sexo depois do tratamento foi muito diferente do que era antes”, conta. Solteira, ela passou por quimioterapia, radioterapia e também fez uma pequena cirurgia na mama. Um ano depois do fim do tratamento, ela encontrou um antigo casinho (ou crush, como se fala atualmente) em uma festa, e eles acabaram esticando a noite em um motel. Elisa, no entanto, se surpreendeu com o funcionamento do próprio corpo.

“A autoestima nem foi uma questão, porque por ser uma pessoa conhecida, ele sabia o que tinha acontecido comigo, o que me deu uma segurança maior. Mas por mais que eu quisesse transar com ele, eu não conseguia ter lubrificação”, lembra.

Quais as opções de tratamento para o ressecamento vaginal?

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Segundo Fabiane, esse retorno à vida sexual pode ser bem difícil. “É como ficar com o braço engessado. Quando tira o gesso, o braço está curado, mas ainda fica dolorido”, compara. A médica explica que, nos casos em que a reposição hormonal não é indicada, como nas pacientes que tiveram câncer, há outras alternativas que podem ajudar no bem-estar sexual das pacientes.

“Há muitas coisas que podem ser feitas durante o tratamento ou depois, a depender do caso”, explica a ginecologista. “Tive uma paciente que teve câncer de mama aos 44 anos. Ela entrou abruptamente na menopausa e teve um ressecamento abrupto da vagina.”

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Nesse caso, ela usou o laser de C02 fracionado, que estimula o colágeno e melhora a lubrificação. Segundo Fabiane, com liberação médica, não é preciso esperar o tratamento quimio e radioterápico terminar para começar as sessões a laser. “Quanto antes começar, melhores os resultados”, conta ela.

Fabiane explica que é preciso passar por um médico ginecologista para decidir as melhores opções de tratamento. “É preciso avaliar a mucosa, o colo do útero, se a paciente tem alguma patologia. E daí vamos escolher a melhor técnica para aquela paciente”, diz.

Além do laser, usar gel lubrificante na hora de relação (óleo de coco também é indicado) pode minimizar desconfortos. Outra opção são os hidratantes vaginais, que ajudam a manter a mucosa mais lubrificada e, diferentemente dos lubrificantes, não são usados na hora do sexo, mas de forma contínua, de 2 a 3 vezes por semana.

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Para mulheres que ficam muito tensas e sentem dor na penetração, há também a possibilidade de aplicação de botox, que causa um relaxamento natural na entrada da vagina e não interfere no prazer. Custa, em média, R$ 1.500 e só necessita de uma aplicação.

Como funciona o laser vaginal (ou laser íntimo)?

Segundo Fabiane, a vantagem do tratamento a laser para ressecamento vaginal (ou rejuvenescimento vaginal) é que o resultado é rápido e funciona para todas as mulheres. “Normalmente, são três sessões, com intervalo de 30 dias entre elas, e depois uma vez por ano para manutenção. Mas já há uma grande melhora na primeira sessão”, conta ela. A manutenção é necessária por que, como o corpo não produz mais hormônio, não consegue manter a lubrificação estimulada pelo laser.

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Dra. Fabiane Gama Ongaratto, especializada em ginecologia regenerativa: segundo ela, tratamento a laser tem resultados rápidos Foto: Arquivo Pessoal

O tratamento não causa dor - pode haver apenas uma ardência depois da aplicação. A desvantagem, contudo, é o preço, que ainda é alto. Cada sessão custa, em média, R$ 2 mil.

Para Juliana (nome fictício), de 40 anos, o investimento valeu a pena. Ela descobriu um tumor no seio no estágio inicial aos 35 anos. Fez uma microcirurgia e não precisou fazer quimio, apenas radioterapia, mas passou a tomar Tamoxifeno, medicamento que bloqueia o estrogênio nos receptores de câncer de mama. Casada, Juliana começou a sentir muito desconforto na hora do sexo.

“Quando contei para minha ginecologista, ela sugeriu que eu fizesse o tratamento e deu indicações de onde eu poderia ir”, conta. Depois que terminou as sessões, Juliana se sente renovada. “Foi excelente. Voltei a ser eu mesma novamente”, comemora.

E para você, como foi retomar a vida sexual? Vamos bater um papo no Instagram: @moreiradri

Depois que o tratamento de câncer de mama termina, a expectativa é que a vida volte ao que era antes do diagnóstico. E o que acontece é que nos deparamos com um corpo novo, com o qual não temos nenhuma intimidade. Isso se dá em diversas atividades cotidianas - incluindo sexo.

No Dia do Orgasmo, é importante quebrar tabus e falar sobre a vida sexual do paciente com câncer. Retomar a rotina nesse aspecto também traz uma série de desafios (psicológicos e fisiológicos) para as mulheres que passaram pela doença. A falta de lubrificação é comum por causa das alterações hormonais causadas pelo tratamento, mas há diversas opções não hormonais para recuperar essa lubrificação e retomar a vida sexual com mais conforto - e mais orgasmos.

No caso do câncer de mama, o desafio começa com a autoestima. Em muitos casos, é preciso passar por cirurgias, de menor ou maior porte, mas que invariavelmente impactam na percepção desse novo corpo. No entanto, o maior impacto é mesmo fisiológico, já que os tratamentos costumam atuar nos ovários, causando uma menopausa precoce.

Dessa forma, não é possível recorrer à reposição hormonal para diminuir sintomas como os insuportáveis calorões e a falta de lubrificação vaginal. “A mulher já passa por muitas perdas durante o tratamento. Às vezes, a dor é tanta que ela não consegue ter relação”, explica a médica Fabiane Gama da Silva Ongaratto, especializada em ginecologia regenerativa. Para muitas mulheres, diz ela, não conseguir fazer sexo acrescenta um peso extra a uma fase já complicada. “Ela quer se sentir completa, mas o corpo simplesmente não responde.”

‘Não conseguia ter lubrificação’

Esse foi o caso de Elisa (nome fictício), de 44 anos. “A primeira vez que fiz sexo depois do tratamento foi muito diferente do que era antes”, conta. Solteira, ela passou por quimioterapia, radioterapia e também fez uma pequena cirurgia na mama. Um ano depois do fim do tratamento, ela encontrou um antigo casinho (ou crush, como se fala atualmente) em uma festa, e eles acabaram esticando a noite em um motel. Elisa, no entanto, se surpreendeu com o funcionamento do próprio corpo.

“A autoestima nem foi uma questão, porque por ser uma pessoa conhecida, ele sabia o que tinha acontecido comigo, o que me deu uma segurança maior. Mas por mais que eu quisesse transar com ele, eu não conseguia ter lubrificação”, lembra.

Quais as opções de tratamento para o ressecamento vaginal?

Segundo Fabiane, esse retorno à vida sexual pode ser bem difícil. “É como ficar com o braço engessado. Quando tira o gesso, o braço está curado, mas ainda fica dolorido”, compara. A médica explica que, nos casos em que a reposição hormonal não é indicada, como nas pacientes que tiveram câncer, há outras alternativas que podem ajudar no bem-estar sexual das pacientes.

“Há muitas coisas que podem ser feitas durante o tratamento ou depois, a depender do caso”, explica a ginecologista. “Tive uma paciente que teve câncer de mama aos 44 anos. Ela entrou abruptamente na menopausa e teve um ressecamento abrupto da vagina.”

Nesse caso, ela usou o laser de C02 fracionado, que estimula o colágeno e melhora a lubrificação. Segundo Fabiane, com liberação médica, não é preciso esperar o tratamento quimio e radioterápico terminar para começar as sessões a laser. “Quanto antes começar, melhores os resultados”, conta ela.

Fabiane explica que é preciso passar por um médico ginecologista para decidir as melhores opções de tratamento. “É preciso avaliar a mucosa, o colo do útero, se a paciente tem alguma patologia. E daí vamos escolher a melhor técnica para aquela paciente”, diz.

Além do laser, usar gel lubrificante na hora de relação (óleo de coco também é indicado) pode minimizar desconfortos. Outra opção são os hidratantes vaginais, que ajudam a manter a mucosa mais lubrificada e, diferentemente dos lubrificantes, não são usados na hora do sexo, mas de forma contínua, de 2 a 3 vezes por semana.

Para mulheres que ficam muito tensas e sentem dor na penetração, há também a possibilidade de aplicação de botox, que causa um relaxamento natural na entrada da vagina e não interfere no prazer. Custa, em média, R$ 1.500 e só necessita de uma aplicação.

Como funciona o laser vaginal (ou laser íntimo)?

Segundo Fabiane, a vantagem do tratamento a laser para ressecamento vaginal (ou rejuvenescimento vaginal) é que o resultado é rápido e funciona para todas as mulheres. “Normalmente, são três sessões, com intervalo de 30 dias entre elas, e depois uma vez por ano para manutenção. Mas já há uma grande melhora na primeira sessão”, conta ela. A manutenção é necessária por que, como o corpo não produz mais hormônio, não consegue manter a lubrificação estimulada pelo laser.

Dra. Fabiane Gama Ongaratto, especializada em ginecologia regenerativa: segundo ela, tratamento a laser tem resultados rápidos Foto: Arquivo Pessoal

O tratamento não causa dor - pode haver apenas uma ardência depois da aplicação. A desvantagem, contudo, é o preço, que ainda é alto. Cada sessão custa, em média, R$ 2 mil.

Para Juliana (nome fictício), de 40 anos, o investimento valeu a pena. Ela descobriu um tumor no seio no estágio inicial aos 35 anos. Fez uma microcirurgia e não precisou fazer quimio, apenas radioterapia, mas passou a tomar Tamoxifeno, medicamento que bloqueia o estrogênio nos receptores de câncer de mama. Casada, Juliana começou a sentir muito desconforto na hora do sexo.

“Quando contei para minha ginecologista, ela sugeriu que eu fizesse o tratamento e deu indicações de onde eu poderia ir”, conta. Depois que terminou as sessões, Juliana se sente renovada. “Foi excelente. Voltei a ser eu mesma novamente”, comemora.

E para você, como foi retomar a vida sexual? Vamos bater um papo no Instagram: @moreiradri

Depois que o tratamento de câncer de mama termina, a expectativa é que a vida volte ao que era antes do diagnóstico. E o que acontece é que nos deparamos com um corpo novo, com o qual não temos nenhuma intimidade. Isso se dá em diversas atividades cotidianas - incluindo sexo.

No Dia do Orgasmo, é importante quebrar tabus e falar sobre a vida sexual do paciente com câncer. Retomar a rotina nesse aspecto também traz uma série de desafios (psicológicos e fisiológicos) para as mulheres que passaram pela doença. A falta de lubrificação é comum por causa das alterações hormonais causadas pelo tratamento, mas há diversas opções não hormonais para recuperar essa lubrificação e retomar a vida sexual com mais conforto - e mais orgasmos.

No caso do câncer de mama, o desafio começa com a autoestima. Em muitos casos, é preciso passar por cirurgias, de menor ou maior porte, mas que invariavelmente impactam na percepção desse novo corpo. No entanto, o maior impacto é mesmo fisiológico, já que os tratamentos costumam atuar nos ovários, causando uma menopausa precoce.

Dessa forma, não é possível recorrer à reposição hormonal para diminuir sintomas como os insuportáveis calorões e a falta de lubrificação vaginal. “A mulher já passa por muitas perdas durante o tratamento. Às vezes, a dor é tanta que ela não consegue ter relação”, explica a médica Fabiane Gama da Silva Ongaratto, especializada em ginecologia regenerativa. Para muitas mulheres, diz ela, não conseguir fazer sexo acrescenta um peso extra a uma fase já complicada. “Ela quer se sentir completa, mas o corpo simplesmente não responde.”

‘Não conseguia ter lubrificação’

Esse foi o caso de Elisa (nome fictício), de 44 anos. “A primeira vez que fiz sexo depois do tratamento foi muito diferente do que era antes”, conta. Solteira, ela passou por quimioterapia, radioterapia e também fez uma pequena cirurgia na mama. Um ano depois do fim do tratamento, ela encontrou um antigo casinho (ou crush, como se fala atualmente) em uma festa, e eles acabaram esticando a noite em um motel. Elisa, no entanto, se surpreendeu com o funcionamento do próprio corpo.

“A autoestima nem foi uma questão, porque por ser uma pessoa conhecida, ele sabia o que tinha acontecido comigo, o que me deu uma segurança maior. Mas por mais que eu quisesse transar com ele, eu não conseguia ter lubrificação”, lembra.

Quais as opções de tratamento para o ressecamento vaginal?

Segundo Fabiane, esse retorno à vida sexual pode ser bem difícil. “É como ficar com o braço engessado. Quando tira o gesso, o braço está curado, mas ainda fica dolorido”, compara. A médica explica que, nos casos em que a reposição hormonal não é indicada, como nas pacientes que tiveram câncer, há outras alternativas que podem ajudar no bem-estar sexual das pacientes.

“Há muitas coisas que podem ser feitas durante o tratamento ou depois, a depender do caso”, explica a ginecologista. “Tive uma paciente que teve câncer de mama aos 44 anos. Ela entrou abruptamente na menopausa e teve um ressecamento abrupto da vagina.”

Nesse caso, ela usou o laser de C02 fracionado, que estimula o colágeno e melhora a lubrificação. Segundo Fabiane, com liberação médica, não é preciso esperar o tratamento quimio e radioterápico terminar para começar as sessões a laser. “Quanto antes começar, melhores os resultados”, conta ela.

Fabiane explica que é preciso passar por um médico ginecologista para decidir as melhores opções de tratamento. “É preciso avaliar a mucosa, o colo do útero, se a paciente tem alguma patologia. E daí vamos escolher a melhor técnica para aquela paciente”, diz.

Além do laser, usar gel lubrificante na hora de relação (óleo de coco também é indicado) pode minimizar desconfortos. Outra opção são os hidratantes vaginais, que ajudam a manter a mucosa mais lubrificada e, diferentemente dos lubrificantes, não são usados na hora do sexo, mas de forma contínua, de 2 a 3 vezes por semana.

Para mulheres que ficam muito tensas e sentem dor na penetração, há também a possibilidade de aplicação de botox, que causa um relaxamento natural na entrada da vagina e não interfere no prazer. Custa, em média, R$ 1.500 e só necessita de uma aplicação.

Como funciona o laser vaginal (ou laser íntimo)?

Segundo Fabiane, a vantagem do tratamento a laser para ressecamento vaginal (ou rejuvenescimento vaginal) é que o resultado é rápido e funciona para todas as mulheres. “Normalmente, são três sessões, com intervalo de 30 dias entre elas, e depois uma vez por ano para manutenção. Mas já há uma grande melhora na primeira sessão”, conta ela. A manutenção é necessária por que, como o corpo não produz mais hormônio, não consegue manter a lubrificação estimulada pelo laser.

Dra. Fabiane Gama Ongaratto, especializada em ginecologia regenerativa: segundo ela, tratamento a laser tem resultados rápidos Foto: Arquivo Pessoal

O tratamento não causa dor - pode haver apenas uma ardência depois da aplicação. A desvantagem, contudo, é o preço, que ainda é alto. Cada sessão custa, em média, R$ 2 mil.

Para Juliana (nome fictício), de 40 anos, o investimento valeu a pena. Ela descobriu um tumor no seio no estágio inicial aos 35 anos. Fez uma microcirurgia e não precisou fazer quimio, apenas radioterapia, mas passou a tomar Tamoxifeno, medicamento que bloqueia o estrogênio nos receptores de câncer de mama. Casada, Juliana começou a sentir muito desconforto na hora do sexo.

“Quando contei para minha ginecologista, ela sugeriu que eu fizesse o tratamento e deu indicações de onde eu poderia ir”, conta. Depois que terminou as sessões, Juliana se sente renovada. “Foi excelente. Voltei a ser eu mesma novamente”, comemora.

E para você, como foi retomar a vida sexual? Vamos bater um papo no Instagram: @moreiradri

Depois que o tratamento de câncer de mama termina, a expectativa é que a vida volte ao que era antes do diagnóstico. E o que acontece é que nos deparamos com um corpo novo, com o qual não temos nenhuma intimidade. Isso se dá em diversas atividades cotidianas - incluindo sexo.

No Dia do Orgasmo, é importante quebrar tabus e falar sobre a vida sexual do paciente com câncer. Retomar a rotina nesse aspecto também traz uma série de desafios (psicológicos e fisiológicos) para as mulheres que passaram pela doença. A falta de lubrificação é comum por causa das alterações hormonais causadas pelo tratamento, mas há diversas opções não hormonais para recuperar essa lubrificação e retomar a vida sexual com mais conforto - e mais orgasmos.

No caso do câncer de mama, o desafio começa com a autoestima. Em muitos casos, é preciso passar por cirurgias, de menor ou maior porte, mas que invariavelmente impactam na percepção desse novo corpo. No entanto, o maior impacto é mesmo fisiológico, já que os tratamentos costumam atuar nos ovários, causando uma menopausa precoce.

Dessa forma, não é possível recorrer à reposição hormonal para diminuir sintomas como os insuportáveis calorões e a falta de lubrificação vaginal. “A mulher já passa por muitas perdas durante o tratamento. Às vezes, a dor é tanta que ela não consegue ter relação”, explica a médica Fabiane Gama da Silva Ongaratto, especializada em ginecologia regenerativa. Para muitas mulheres, diz ela, não conseguir fazer sexo acrescenta um peso extra a uma fase já complicada. “Ela quer se sentir completa, mas o corpo simplesmente não responde.”

‘Não conseguia ter lubrificação’

Esse foi o caso de Elisa (nome fictício), de 44 anos. “A primeira vez que fiz sexo depois do tratamento foi muito diferente do que era antes”, conta. Solteira, ela passou por quimioterapia, radioterapia e também fez uma pequena cirurgia na mama. Um ano depois do fim do tratamento, ela encontrou um antigo casinho (ou crush, como se fala atualmente) em uma festa, e eles acabaram esticando a noite em um motel. Elisa, no entanto, se surpreendeu com o funcionamento do próprio corpo.

“A autoestima nem foi uma questão, porque por ser uma pessoa conhecida, ele sabia o que tinha acontecido comigo, o que me deu uma segurança maior. Mas por mais que eu quisesse transar com ele, eu não conseguia ter lubrificação”, lembra.

Quais as opções de tratamento para o ressecamento vaginal?

Segundo Fabiane, esse retorno à vida sexual pode ser bem difícil. “É como ficar com o braço engessado. Quando tira o gesso, o braço está curado, mas ainda fica dolorido”, compara. A médica explica que, nos casos em que a reposição hormonal não é indicada, como nas pacientes que tiveram câncer, há outras alternativas que podem ajudar no bem-estar sexual das pacientes.

“Há muitas coisas que podem ser feitas durante o tratamento ou depois, a depender do caso”, explica a ginecologista. “Tive uma paciente que teve câncer de mama aos 44 anos. Ela entrou abruptamente na menopausa e teve um ressecamento abrupto da vagina.”

Nesse caso, ela usou o laser de C02 fracionado, que estimula o colágeno e melhora a lubrificação. Segundo Fabiane, com liberação médica, não é preciso esperar o tratamento quimio e radioterápico terminar para começar as sessões a laser. “Quanto antes começar, melhores os resultados”, conta ela.

Fabiane explica que é preciso passar por um médico ginecologista para decidir as melhores opções de tratamento. “É preciso avaliar a mucosa, o colo do útero, se a paciente tem alguma patologia. E daí vamos escolher a melhor técnica para aquela paciente”, diz.

Além do laser, usar gel lubrificante na hora de relação (óleo de coco também é indicado) pode minimizar desconfortos. Outra opção são os hidratantes vaginais, que ajudam a manter a mucosa mais lubrificada e, diferentemente dos lubrificantes, não são usados na hora do sexo, mas de forma contínua, de 2 a 3 vezes por semana.

Para mulheres que ficam muito tensas e sentem dor na penetração, há também a possibilidade de aplicação de botox, que causa um relaxamento natural na entrada da vagina e não interfere no prazer. Custa, em média, R$ 1.500 e só necessita de uma aplicação.

Como funciona o laser vaginal (ou laser íntimo)?

Segundo Fabiane, a vantagem do tratamento a laser para ressecamento vaginal (ou rejuvenescimento vaginal) é que o resultado é rápido e funciona para todas as mulheres. “Normalmente, são três sessões, com intervalo de 30 dias entre elas, e depois uma vez por ano para manutenção. Mas já há uma grande melhora na primeira sessão”, conta ela. A manutenção é necessária por que, como o corpo não produz mais hormônio, não consegue manter a lubrificação estimulada pelo laser.

Dra. Fabiane Gama Ongaratto, especializada em ginecologia regenerativa: segundo ela, tratamento a laser tem resultados rápidos Foto: Arquivo Pessoal

O tratamento não causa dor - pode haver apenas uma ardência depois da aplicação. A desvantagem, contudo, é o preço, que ainda é alto. Cada sessão custa, em média, R$ 2 mil.

Para Juliana (nome fictício), de 40 anos, o investimento valeu a pena. Ela descobriu um tumor no seio no estágio inicial aos 35 anos. Fez uma microcirurgia e não precisou fazer quimio, apenas radioterapia, mas passou a tomar Tamoxifeno, medicamento que bloqueia o estrogênio nos receptores de câncer de mama. Casada, Juliana começou a sentir muito desconforto na hora do sexo.

“Quando contei para minha ginecologista, ela sugeriu que eu fizesse o tratamento e deu indicações de onde eu poderia ir”, conta. Depois que terminou as sessões, Juliana se sente renovada. “Foi excelente. Voltei a ser eu mesma novamente”, comemora.

E para você, como foi retomar a vida sexual? Vamos bater um papo no Instagram: @moreiradri

Depois que o tratamento de câncer de mama termina, a expectativa é que a vida volte ao que era antes do diagnóstico. E o que acontece é que nos deparamos com um corpo novo, com o qual não temos nenhuma intimidade. Isso se dá em diversas atividades cotidianas - incluindo sexo.

No Dia do Orgasmo, é importante quebrar tabus e falar sobre a vida sexual do paciente com câncer. Retomar a rotina nesse aspecto também traz uma série de desafios (psicológicos e fisiológicos) para as mulheres que passaram pela doença. A falta de lubrificação é comum por causa das alterações hormonais causadas pelo tratamento, mas há diversas opções não hormonais para recuperar essa lubrificação e retomar a vida sexual com mais conforto - e mais orgasmos.

No caso do câncer de mama, o desafio começa com a autoestima. Em muitos casos, é preciso passar por cirurgias, de menor ou maior porte, mas que invariavelmente impactam na percepção desse novo corpo. No entanto, o maior impacto é mesmo fisiológico, já que os tratamentos costumam atuar nos ovários, causando uma menopausa precoce.

Dessa forma, não é possível recorrer à reposição hormonal para diminuir sintomas como os insuportáveis calorões e a falta de lubrificação vaginal. “A mulher já passa por muitas perdas durante o tratamento. Às vezes, a dor é tanta que ela não consegue ter relação”, explica a médica Fabiane Gama da Silva Ongaratto, especializada em ginecologia regenerativa. Para muitas mulheres, diz ela, não conseguir fazer sexo acrescenta um peso extra a uma fase já complicada. “Ela quer se sentir completa, mas o corpo simplesmente não responde.”

‘Não conseguia ter lubrificação’

Esse foi o caso de Elisa (nome fictício), de 44 anos. “A primeira vez que fiz sexo depois do tratamento foi muito diferente do que era antes”, conta. Solteira, ela passou por quimioterapia, radioterapia e também fez uma pequena cirurgia na mama. Um ano depois do fim do tratamento, ela encontrou um antigo casinho (ou crush, como se fala atualmente) em uma festa, e eles acabaram esticando a noite em um motel. Elisa, no entanto, se surpreendeu com o funcionamento do próprio corpo.

“A autoestima nem foi uma questão, porque por ser uma pessoa conhecida, ele sabia o que tinha acontecido comigo, o que me deu uma segurança maior. Mas por mais que eu quisesse transar com ele, eu não conseguia ter lubrificação”, lembra.

Quais as opções de tratamento para o ressecamento vaginal?

Segundo Fabiane, esse retorno à vida sexual pode ser bem difícil. “É como ficar com o braço engessado. Quando tira o gesso, o braço está curado, mas ainda fica dolorido”, compara. A médica explica que, nos casos em que a reposição hormonal não é indicada, como nas pacientes que tiveram câncer, há outras alternativas que podem ajudar no bem-estar sexual das pacientes.

“Há muitas coisas que podem ser feitas durante o tratamento ou depois, a depender do caso”, explica a ginecologista. “Tive uma paciente que teve câncer de mama aos 44 anos. Ela entrou abruptamente na menopausa e teve um ressecamento abrupto da vagina.”

Nesse caso, ela usou o laser de C02 fracionado, que estimula o colágeno e melhora a lubrificação. Segundo Fabiane, com liberação médica, não é preciso esperar o tratamento quimio e radioterápico terminar para começar as sessões a laser. “Quanto antes começar, melhores os resultados”, conta ela.

Fabiane explica que é preciso passar por um médico ginecologista para decidir as melhores opções de tratamento. “É preciso avaliar a mucosa, o colo do útero, se a paciente tem alguma patologia. E daí vamos escolher a melhor técnica para aquela paciente”, diz.

Além do laser, usar gel lubrificante na hora de relação (óleo de coco também é indicado) pode minimizar desconfortos. Outra opção são os hidratantes vaginais, que ajudam a manter a mucosa mais lubrificada e, diferentemente dos lubrificantes, não são usados na hora do sexo, mas de forma contínua, de 2 a 3 vezes por semana.

Para mulheres que ficam muito tensas e sentem dor na penetração, há também a possibilidade de aplicação de botox, que causa um relaxamento natural na entrada da vagina e não interfere no prazer. Custa, em média, R$ 1.500 e só necessita de uma aplicação.

Como funciona o laser vaginal (ou laser íntimo)?

Segundo Fabiane, a vantagem do tratamento a laser para ressecamento vaginal (ou rejuvenescimento vaginal) é que o resultado é rápido e funciona para todas as mulheres. “Normalmente, são três sessões, com intervalo de 30 dias entre elas, e depois uma vez por ano para manutenção. Mas já há uma grande melhora na primeira sessão”, conta ela. A manutenção é necessária por que, como o corpo não produz mais hormônio, não consegue manter a lubrificação estimulada pelo laser.

Dra. Fabiane Gama Ongaratto, especializada em ginecologia regenerativa: segundo ela, tratamento a laser tem resultados rápidos Foto: Arquivo Pessoal

O tratamento não causa dor - pode haver apenas uma ardência depois da aplicação. A desvantagem, contudo, é o preço, que ainda é alto. Cada sessão custa, em média, R$ 2 mil.

Para Juliana (nome fictício), de 40 anos, o investimento valeu a pena. Ela descobriu um tumor no seio no estágio inicial aos 35 anos. Fez uma microcirurgia e não precisou fazer quimio, apenas radioterapia, mas passou a tomar Tamoxifeno, medicamento que bloqueia o estrogênio nos receptores de câncer de mama. Casada, Juliana começou a sentir muito desconforto na hora do sexo.

“Quando contei para minha ginecologista, ela sugeriu que eu fizesse o tratamento e deu indicações de onde eu poderia ir”, conta. Depois que terminou as sessões, Juliana se sente renovada. “Foi excelente. Voltei a ser eu mesma novamente”, comemora.

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Opinião por Adriana Moreira

Jornalista especializada em Turismo e Bem-Estar. Colunista da Rádio Eldorado. Apaixonada por carnaval. Diagnosticada com câncer de mama em 2021, passou por quimio e radioterapia, e hoje segue se cuidando e fazendo exames regularmente

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