Tosse e voz rouca podem ser sintomas de um tipo de refluxo silencioso; saiba identificar


Problema costuma ser confundido com outros quadros, atrapalhando o diagnóstico e a qualidade de vida das pessoas

Por Janice Neumann

THE WASHINGTON POST – Alguns anos atrás, enquanto Alicia Ault esperava a consulta com um médico de ouvido, nariz e garganta, ela assistiu a um vídeo sobre refluxo laringofaríngeo (RLF). De repente, a voz rouca, a tosse noturna e a dificuldade para engolir fizeram sentido.

“O vídeo ia apresentando os sintomas e eu só pensava: ‘Eu tenho isso, eu tenho isso, tenho muito isso’, e ninguém nunca tinha falado nada para mim – nunca”, disse Ault, escritora freelance em St. Petersburg, Flórida, que pensava que a asma ou a sinusite eram a causa dos seus problemas. Suspeitando de RLF, a equipe otorrinolaringológica lhe mostrou o vídeo.

O refluxo laringofaríngeo pode causar rouquidão, tosse, sensação de queimação e muco na garganta, dificuldade para engolir, breves espasmos das cordas vocais e gosto ruim na boca ao acordar.

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Rouquidão e sensação de queimação na garganta estão entre os sintomas do refluxo laringofaríngeo, que é diferente do famoso refluxo gastroesofágico Foto: DimaBerlin/Adobe Stock

Apelidado de “refluxo silencioso” – porque nem sempre acompanha os sintomas tradicionais da mais conhecida doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), o RLF às vezes passa despercebido. Se não for tratado, o RLF pode causar infecções frequentes na garganta e nos seios da face, irritação crônica na voz e na garganta e lesões nas cordas vocais.

Comum, mas menos conhecido que a DRGE

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Estima-se que 10% das pessoas que consultam um especialista em garganta tenham RLF.

Em pessoas com essa doença, o ácido e as enzimas digestivas voltam para a laringe e a faringe – a cavidade entre o nariz e a boca – através do esôfago; já na DRGE, o conteúdo do estômago volta para a parte inferior do esôfago. Pessoas com DRGE geralmente apresentam azia, indigestão e dor abdominal superior ou no peito. Os sintomas das duas doenças podem se sobrepor, mas nem sempre.

Ambas são tratadas com bloqueadores de ácido e dieta com baixo teor de ácido, além de mudanças no estilo de vida. (Confira abaixo uma lista de mudanças na dieta e no estilo de vida).

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Estudos descobriram uma ligação entre RLF e asma, pneumonia e bronquiectasia, que fazem com que os tubos que transportam ar para dentro e para fora dos pulmões se alarguem e fiquem mais frouxos. Um dos efeitos mais incômodos, mas raros, do RLF pode ser o efeito sobre a voz.

“Se a voz fica muito rouca, às vezes pode afetar a capacidade [do paciente] de trabalhar”, disse Claudio Milstein, diretor do Centro de Voz do Instituto de Cabeça e Pescoço da Clínica Cleveland, que geralmente recomenda terapia de voz para pacientes com rouquidão. E tossir para limpar a garganta com frequência pode ser “irritante” para quem sofre de RLF e para as pessoas ao seu redor.

Milstein disse que um dos sintomas mais assustadores do RLF é o laringoespasmo, no qual uma gota de ácido entra na garganta e a garganta fecha em resposta.

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“Os pacientes não conseguem respirar, é realmente assustador. Em geral, dura pouco, mas os pacientes sentem que já se passaram horas e entram em pânico”, disse Milstein, que também é professor de otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço na Cleveland Clinic Lerner e na Escola de Medicina da Universidade Case Western Reserve.

Ele disse que atende pacientes três ou quatro vezes por mês com o sintoma. Milstein usa modificação de comportamento, dieta e medicamentos para tratar o RLF e disse que seus pacientes geralmente melhoram em poucos meses.

Por que às vezes é difícil chegar ao diagnóstico

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Os sintomas do RLF podem imitar outras doenças, o que dificulta o diagnóstico. Se você suspeita que está com o problema, entre em contato com seu médico de atenção primária ou com um especialista em ouvido, nariz e garganta.

Gastroenterologistas e otorrinolaringologistas normalmente diagnosticam RLF com base nos sintomas, e os otorrinolaringologistas também costumam usar laringoscopias (um processo no qual um tubo fino com uma câmera é inserido através do nariz para observar a laringe), principalmente para descartar pólipos, tumores e paralisia das pregas vocais.

O teste de pepsina salivar, que mede a quantidade da enzima digestiva pepsina na saliva, pode ajudar a diagnosticar o RLF, mas ainda não está amplamente disponível. Além disso, o monitoramento do pH pode medir a quantidade de ácido que entra no esôfago, o que é útil no diagnóstico de DRGE e RLF.

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Os médicos ainda estão em busca de testes diagnósticos mais confiáveis para RLF.

Lee Akst, professor associado de otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço na Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, disse acreditar que o refluxo é superdiagnosticado.

“O erro que acho que nosso campo cometeu é que recorremos ao refluxo como um diagnóstico mágico para explicar todo e qualquer problema de garganta”, disse ele.

Mudanças que ajudam

O médico de Ault prescreveu uma dieta rigorosa com baixo teor de ácido, bem como Prilosec duas vezes ao dia e um produto natural de alginato. Ele também sugeriu lavagens nasais com um esteroide suave misturado com solução salina. Cerca de dois meses depois de fazer as alterações, os sintomas de refluxo desapareceram quase por completo.

“A recomendação dele foi parar de comer e beber quase tudo que eu gosto – café, vinho, tomate, frutas vermelhas, é impressionante como as coisas têm ácido”, disse Ault, 59 anos.

Limitar a ingestão de álcool é uma das recomendações para controlar o refluxo laringofaríngeo Foto: Filipe Araújo/ Estadão

Megha Ramani, advogada e estudante de música clássica hindustani, fez grandes mudanças no estilo de vida após ser diagnosticada por um médico em Londres. Embora a medicação tenha ajudado, Ramani, 39 anos, ainda tinha problemas de rouquidão. “Quase perdi a voz”, disse ela.

Ela consultou um médico ayurvédico, que sugeriu evitar os alimentos azedos e picantes por um tempo, comer frutas e vegetais frescos e cultivados localmente e tomar remédios à base de ervas. O livro The Acid Watcher Diet, de Jonathan Aviv, cirurgião otorrinolaringologista em Nova York, também ajudou, e ela encontrou apoio na Fundação Internacional para Distúrbios Gastrointestinais.

Ela também começou a fazer ioga, pilates, caminhada e exercícios respiratórios, então perdeu peso. “Retirei muitos alimentos processados da minha dieta, comecei a fazer exercícios regularmente e, como minha voz foi afetada, me recomendaram terapia da fala”, disse Ramani. “Me disseram que eu não estava respirando da maneira correta, então aprendi a fazer exercícios respiratórios”.

Ruth E. Thaler-Carter, escritora e editora freelance em St. Louis, reduziu o consumo de pimenta, molho de espaguete e pizza que seu marido adorava, além de frutas cítricas. Ela também perdeu cerca de 20 quilos e passou a usar um travesseiro especial para levantar a cabeça à noite. Como fala em público com certa frequência, ela teve de se livrar da tosse persistente e da rouquidão.

As duas coisas das quais ela não conseguia desistir totalmente eram café e chocolate. Mas ela encontrou maneiras de reduzir o consumo: arrumou uma cafeteira menor, como forma de se enganar e pensar que estava tomando tanto café quanto antes, e passou a cortar o chocolate, para evitar que comesse a barra inteira.

“Acho que é uma combinação de criatividade e um pouco de autocontrole”, disse Thaler, 70 anos. O RLF “estava afetando meu sono e meu conforto geral, então qualquer coisa que eu pudesse fazer para melhorar valia a pena, mesmo que significasse um pequeno sacrifício”.

Dieta recomendada e mudanças no estilo de vida

O RLF muitas vezes é tratado com bloqueadores de ácido, dieta com baixo teor de ácido e mudanças no estilo de vida, como:

  • Parar de fumar
  • Limitar a ingestão de álcool
  • Perder peso e aumentar os exercícios físicos
  • Evitar comer menos de três horas antes de dormir
  • Levantar a cabeceira da cama ou utilizar travesseiro inclinado / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

THE WASHINGTON POST – Alguns anos atrás, enquanto Alicia Ault esperava a consulta com um médico de ouvido, nariz e garganta, ela assistiu a um vídeo sobre refluxo laringofaríngeo (RLF). De repente, a voz rouca, a tosse noturna e a dificuldade para engolir fizeram sentido.

“O vídeo ia apresentando os sintomas e eu só pensava: ‘Eu tenho isso, eu tenho isso, tenho muito isso’, e ninguém nunca tinha falado nada para mim – nunca”, disse Ault, escritora freelance em St. Petersburg, Flórida, que pensava que a asma ou a sinusite eram a causa dos seus problemas. Suspeitando de RLF, a equipe otorrinolaringológica lhe mostrou o vídeo.

O refluxo laringofaríngeo pode causar rouquidão, tosse, sensação de queimação e muco na garganta, dificuldade para engolir, breves espasmos das cordas vocais e gosto ruim na boca ao acordar.

Rouquidão e sensação de queimação na garganta estão entre os sintomas do refluxo laringofaríngeo, que é diferente do famoso refluxo gastroesofágico Foto: DimaBerlin/Adobe Stock

Apelidado de “refluxo silencioso” – porque nem sempre acompanha os sintomas tradicionais da mais conhecida doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), o RLF às vezes passa despercebido. Se não for tratado, o RLF pode causar infecções frequentes na garganta e nos seios da face, irritação crônica na voz e na garganta e lesões nas cordas vocais.

Comum, mas menos conhecido que a DRGE

Estima-se que 10% das pessoas que consultam um especialista em garganta tenham RLF.

Em pessoas com essa doença, o ácido e as enzimas digestivas voltam para a laringe e a faringe – a cavidade entre o nariz e a boca – através do esôfago; já na DRGE, o conteúdo do estômago volta para a parte inferior do esôfago. Pessoas com DRGE geralmente apresentam azia, indigestão e dor abdominal superior ou no peito. Os sintomas das duas doenças podem se sobrepor, mas nem sempre.

Ambas são tratadas com bloqueadores de ácido e dieta com baixo teor de ácido, além de mudanças no estilo de vida. (Confira abaixo uma lista de mudanças na dieta e no estilo de vida).

Estudos descobriram uma ligação entre RLF e asma, pneumonia e bronquiectasia, que fazem com que os tubos que transportam ar para dentro e para fora dos pulmões se alarguem e fiquem mais frouxos. Um dos efeitos mais incômodos, mas raros, do RLF pode ser o efeito sobre a voz.

“Se a voz fica muito rouca, às vezes pode afetar a capacidade [do paciente] de trabalhar”, disse Claudio Milstein, diretor do Centro de Voz do Instituto de Cabeça e Pescoço da Clínica Cleveland, que geralmente recomenda terapia de voz para pacientes com rouquidão. E tossir para limpar a garganta com frequência pode ser “irritante” para quem sofre de RLF e para as pessoas ao seu redor.

Milstein disse que um dos sintomas mais assustadores do RLF é o laringoespasmo, no qual uma gota de ácido entra na garganta e a garganta fecha em resposta.

“Os pacientes não conseguem respirar, é realmente assustador. Em geral, dura pouco, mas os pacientes sentem que já se passaram horas e entram em pânico”, disse Milstein, que também é professor de otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço na Cleveland Clinic Lerner e na Escola de Medicina da Universidade Case Western Reserve.

Ele disse que atende pacientes três ou quatro vezes por mês com o sintoma. Milstein usa modificação de comportamento, dieta e medicamentos para tratar o RLF e disse que seus pacientes geralmente melhoram em poucos meses.

Por que às vezes é difícil chegar ao diagnóstico

Os sintomas do RLF podem imitar outras doenças, o que dificulta o diagnóstico. Se você suspeita que está com o problema, entre em contato com seu médico de atenção primária ou com um especialista em ouvido, nariz e garganta.

Gastroenterologistas e otorrinolaringologistas normalmente diagnosticam RLF com base nos sintomas, e os otorrinolaringologistas também costumam usar laringoscopias (um processo no qual um tubo fino com uma câmera é inserido através do nariz para observar a laringe), principalmente para descartar pólipos, tumores e paralisia das pregas vocais.

O teste de pepsina salivar, que mede a quantidade da enzima digestiva pepsina na saliva, pode ajudar a diagnosticar o RLF, mas ainda não está amplamente disponível. Além disso, o monitoramento do pH pode medir a quantidade de ácido que entra no esôfago, o que é útil no diagnóstico de DRGE e RLF.

Os médicos ainda estão em busca de testes diagnósticos mais confiáveis para RLF.

Lee Akst, professor associado de otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço na Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, disse acreditar que o refluxo é superdiagnosticado.

“O erro que acho que nosso campo cometeu é que recorremos ao refluxo como um diagnóstico mágico para explicar todo e qualquer problema de garganta”, disse ele.

Mudanças que ajudam

O médico de Ault prescreveu uma dieta rigorosa com baixo teor de ácido, bem como Prilosec duas vezes ao dia e um produto natural de alginato. Ele também sugeriu lavagens nasais com um esteroide suave misturado com solução salina. Cerca de dois meses depois de fazer as alterações, os sintomas de refluxo desapareceram quase por completo.

“A recomendação dele foi parar de comer e beber quase tudo que eu gosto – café, vinho, tomate, frutas vermelhas, é impressionante como as coisas têm ácido”, disse Ault, 59 anos.

Limitar a ingestão de álcool é uma das recomendações para controlar o refluxo laringofaríngeo Foto: Filipe Araújo/ Estadão

Megha Ramani, advogada e estudante de música clássica hindustani, fez grandes mudanças no estilo de vida após ser diagnosticada por um médico em Londres. Embora a medicação tenha ajudado, Ramani, 39 anos, ainda tinha problemas de rouquidão. “Quase perdi a voz”, disse ela.

Ela consultou um médico ayurvédico, que sugeriu evitar os alimentos azedos e picantes por um tempo, comer frutas e vegetais frescos e cultivados localmente e tomar remédios à base de ervas. O livro The Acid Watcher Diet, de Jonathan Aviv, cirurgião otorrinolaringologista em Nova York, também ajudou, e ela encontrou apoio na Fundação Internacional para Distúrbios Gastrointestinais.

Ela também começou a fazer ioga, pilates, caminhada e exercícios respiratórios, então perdeu peso. “Retirei muitos alimentos processados da minha dieta, comecei a fazer exercícios regularmente e, como minha voz foi afetada, me recomendaram terapia da fala”, disse Ramani. “Me disseram que eu não estava respirando da maneira correta, então aprendi a fazer exercícios respiratórios”.

Ruth E. Thaler-Carter, escritora e editora freelance em St. Louis, reduziu o consumo de pimenta, molho de espaguete e pizza que seu marido adorava, além de frutas cítricas. Ela também perdeu cerca de 20 quilos e passou a usar um travesseiro especial para levantar a cabeça à noite. Como fala em público com certa frequência, ela teve de se livrar da tosse persistente e da rouquidão.

As duas coisas das quais ela não conseguia desistir totalmente eram café e chocolate. Mas ela encontrou maneiras de reduzir o consumo: arrumou uma cafeteira menor, como forma de se enganar e pensar que estava tomando tanto café quanto antes, e passou a cortar o chocolate, para evitar que comesse a barra inteira.

“Acho que é uma combinação de criatividade e um pouco de autocontrole”, disse Thaler, 70 anos. O RLF “estava afetando meu sono e meu conforto geral, então qualquer coisa que eu pudesse fazer para melhorar valia a pena, mesmo que significasse um pequeno sacrifício”.

Dieta recomendada e mudanças no estilo de vida

O RLF muitas vezes é tratado com bloqueadores de ácido, dieta com baixo teor de ácido e mudanças no estilo de vida, como:

  • Parar de fumar
  • Limitar a ingestão de álcool
  • Perder peso e aumentar os exercícios físicos
  • Evitar comer menos de três horas antes de dormir
  • Levantar a cabeceira da cama ou utilizar travesseiro inclinado / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

THE WASHINGTON POST – Alguns anos atrás, enquanto Alicia Ault esperava a consulta com um médico de ouvido, nariz e garganta, ela assistiu a um vídeo sobre refluxo laringofaríngeo (RLF). De repente, a voz rouca, a tosse noturna e a dificuldade para engolir fizeram sentido.

“O vídeo ia apresentando os sintomas e eu só pensava: ‘Eu tenho isso, eu tenho isso, tenho muito isso’, e ninguém nunca tinha falado nada para mim – nunca”, disse Ault, escritora freelance em St. Petersburg, Flórida, que pensava que a asma ou a sinusite eram a causa dos seus problemas. Suspeitando de RLF, a equipe otorrinolaringológica lhe mostrou o vídeo.

O refluxo laringofaríngeo pode causar rouquidão, tosse, sensação de queimação e muco na garganta, dificuldade para engolir, breves espasmos das cordas vocais e gosto ruim na boca ao acordar.

Rouquidão e sensação de queimação na garganta estão entre os sintomas do refluxo laringofaríngeo, que é diferente do famoso refluxo gastroesofágico Foto: DimaBerlin/Adobe Stock

Apelidado de “refluxo silencioso” – porque nem sempre acompanha os sintomas tradicionais da mais conhecida doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), o RLF às vezes passa despercebido. Se não for tratado, o RLF pode causar infecções frequentes na garganta e nos seios da face, irritação crônica na voz e na garganta e lesões nas cordas vocais.

Comum, mas menos conhecido que a DRGE

Estima-se que 10% das pessoas que consultam um especialista em garganta tenham RLF.

Em pessoas com essa doença, o ácido e as enzimas digestivas voltam para a laringe e a faringe – a cavidade entre o nariz e a boca – através do esôfago; já na DRGE, o conteúdo do estômago volta para a parte inferior do esôfago. Pessoas com DRGE geralmente apresentam azia, indigestão e dor abdominal superior ou no peito. Os sintomas das duas doenças podem se sobrepor, mas nem sempre.

Ambas são tratadas com bloqueadores de ácido e dieta com baixo teor de ácido, além de mudanças no estilo de vida. (Confira abaixo uma lista de mudanças na dieta e no estilo de vida).

Estudos descobriram uma ligação entre RLF e asma, pneumonia e bronquiectasia, que fazem com que os tubos que transportam ar para dentro e para fora dos pulmões se alarguem e fiquem mais frouxos. Um dos efeitos mais incômodos, mas raros, do RLF pode ser o efeito sobre a voz.

“Se a voz fica muito rouca, às vezes pode afetar a capacidade [do paciente] de trabalhar”, disse Claudio Milstein, diretor do Centro de Voz do Instituto de Cabeça e Pescoço da Clínica Cleveland, que geralmente recomenda terapia de voz para pacientes com rouquidão. E tossir para limpar a garganta com frequência pode ser “irritante” para quem sofre de RLF e para as pessoas ao seu redor.

Milstein disse que um dos sintomas mais assustadores do RLF é o laringoespasmo, no qual uma gota de ácido entra na garganta e a garganta fecha em resposta.

“Os pacientes não conseguem respirar, é realmente assustador. Em geral, dura pouco, mas os pacientes sentem que já se passaram horas e entram em pânico”, disse Milstein, que também é professor de otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço na Cleveland Clinic Lerner e na Escola de Medicina da Universidade Case Western Reserve.

Ele disse que atende pacientes três ou quatro vezes por mês com o sintoma. Milstein usa modificação de comportamento, dieta e medicamentos para tratar o RLF e disse que seus pacientes geralmente melhoram em poucos meses.

Por que às vezes é difícil chegar ao diagnóstico

Os sintomas do RLF podem imitar outras doenças, o que dificulta o diagnóstico. Se você suspeita que está com o problema, entre em contato com seu médico de atenção primária ou com um especialista em ouvido, nariz e garganta.

Gastroenterologistas e otorrinolaringologistas normalmente diagnosticam RLF com base nos sintomas, e os otorrinolaringologistas também costumam usar laringoscopias (um processo no qual um tubo fino com uma câmera é inserido através do nariz para observar a laringe), principalmente para descartar pólipos, tumores e paralisia das pregas vocais.

O teste de pepsina salivar, que mede a quantidade da enzima digestiva pepsina na saliva, pode ajudar a diagnosticar o RLF, mas ainda não está amplamente disponível. Além disso, o monitoramento do pH pode medir a quantidade de ácido que entra no esôfago, o que é útil no diagnóstico de DRGE e RLF.

Os médicos ainda estão em busca de testes diagnósticos mais confiáveis para RLF.

Lee Akst, professor associado de otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço na Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, disse acreditar que o refluxo é superdiagnosticado.

“O erro que acho que nosso campo cometeu é que recorremos ao refluxo como um diagnóstico mágico para explicar todo e qualquer problema de garganta”, disse ele.

Mudanças que ajudam

O médico de Ault prescreveu uma dieta rigorosa com baixo teor de ácido, bem como Prilosec duas vezes ao dia e um produto natural de alginato. Ele também sugeriu lavagens nasais com um esteroide suave misturado com solução salina. Cerca de dois meses depois de fazer as alterações, os sintomas de refluxo desapareceram quase por completo.

“A recomendação dele foi parar de comer e beber quase tudo que eu gosto – café, vinho, tomate, frutas vermelhas, é impressionante como as coisas têm ácido”, disse Ault, 59 anos.

Limitar a ingestão de álcool é uma das recomendações para controlar o refluxo laringofaríngeo Foto: Filipe Araújo/ Estadão

Megha Ramani, advogada e estudante de música clássica hindustani, fez grandes mudanças no estilo de vida após ser diagnosticada por um médico em Londres. Embora a medicação tenha ajudado, Ramani, 39 anos, ainda tinha problemas de rouquidão. “Quase perdi a voz”, disse ela.

Ela consultou um médico ayurvédico, que sugeriu evitar os alimentos azedos e picantes por um tempo, comer frutas e vegetais frescos e cultivados localmente e tomar remédios à base de ervas. O livro The Acid Watcher Diet, de Jonathan Aviv, cirurgião otorrinolaringologista em Nova York, também ajudou, e ela encontrou apoio na Fundação Internacional para Distúrbios Gastrointestinais.

Ela também começou a fazer ioga, pilates, caminhada e exercícios respiratórios, então perdeu peso. “Retirei muitos alimentos processados da minha dieta, comecei a fazer exercícios regularmente e, como minha voz foi afetada, me recomendaram terapia da fala”, disse Ramani. “Me disseram que eu não estava respirando da maneira correta, então aprendi a fazer exercícios respiratórios”.

Ruth E. Thaler-Carter, escritora e editora freelance em St. Louis, reduziu o consumo de pimenta, molho de espaguete e pizza que seu marido adorava, além de frutas cítricas. Ela também perdeu cerca de 20 quilos e passou a usar um travesseiro especial para levantar a cabeça à noite. Como fala em público com certa frequência, ela teve de se livrar da tosse persistente e da rouquidão.

As duas coisas das quais ela não conseguia desistir totalmente eram café e chocolate. Mas ela encontrou maneiras de reduzir o consumo: arrumou uma cafeteira menor, como forma de se enganar e pensar que estava tomando tanto café quanto antes, e passou a cortar o chocolate, para evitar que comesse a barra inteira.

“Acho que é uma combinação de criatividade e um pouco de autocontrole”, disse Thaler, 70 anos. O RLF “estava afetando meu sono e meu conforto geral, então qualquer coisa que eu pudesse fazer para melhorar valia a pena, mesmo que significasse um pequeno sacrifício”.

Dieta recomendada e mudanças no estilo de vida

O RLF muitas vezes é tratado com bloqueadores de ácido, dieta com baixo teor de ácido e mudanças no estilo de vida, como:

  • Parar de fumar
  • Limitar a ingestão de álcool
  • Perder peso e aumentar os exercícios físicos
  • Evitar comer menos de três horas antes de dormir
  • Levantar a cabeceira da cama ou utilizar travesseiro inclinado / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

THE WASHINGTON POST – Alguns anos atrás, enquanto Alicia Ault esperava a consulta com um médico de ouvido, nariz e garganta, ela assistiu a um vídeo sobre refluxo laringofaríngeo (RLF). De repente, a voz rouca, a tosse noturna e a dificuldade para engolir fizeram sentido.

“O vídeo ia apresentando os sintomas e eu só pensava: ‘Eu tenho isso, eu tenho isso, tenho muito isso’, e ninguém nunca tinha falado nada para mim – nunca”, disse Ault, escritora freelance em St. Petersburg, Flórida, que pensava que a asma ou a sinusite eram a causa dos seus problemas. Suspeitando de RLF, a equipe otorrinolaringológica lhe mostrou o vídeo.

O refluxo laringofaríngeo pode causar rouquidão, tosse, sensação de queimação e muco na garganta, dificuldade para engolir, breves espasmos das cordas vocais e gosto ruim na boca ao acordar.

Rouquidão e sensação de queimação na garganta estão entre os sintomas do refluxo laringofaríngeo, que é diferente do famoso refluxo gastroesofágico Foto: DimaBerlin/Adobe Stock

Apelidado de “refluxo silencioso” – porque nem sempre acompanha os sintomas tradicionais da mais conhecida doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), o RLF às vezes passa despercebido. Se não for tratado, o RLF pode causar infecções frequentes na garganta e nos seios da face, irritação crônica na voz e na garganta e lesões nas cordas vocais.

Comum, mas menos conhecido que a DRGE

Estima-se que 10% das pessoas que consultam um especialista em garganta tenham RLF.

Em pessoas com essa doença, o ácido e as enzimas digestivas voltam para a laringe e a faringe – a cavidade entre o nariz e a boca – através do esôfago; já na DRGE, o conteúdo do estômago volta para a parte inferior do esôfago. Pessoas com DRGE geralmente apresentam azia, indigestão e dor abdominal superior ou no peito. Os sintomas das duas doenças podem se sobrepor, mas nem sempre.

Ambas são tratadas com bloqueadores de ácido e dieta com baixo teor de ácido, além de mudanças no estilo de vida. (Confira abaixo uma lista de mudanças na dieta e no estilo de vida).

Estudos descobriram uma ligação entre RLF e asma, pneumonia e bronquiectasia, que fazem com que os tubos que transportam ar para dentro e para fora dos pulmões se alarguem e fiquem mais frouxos. Um dos efeitos mais incômodos, mas raros, do RLF pode ser o efeito sobre a voz.

“Se a voz fica muito rouca, às vezes pode afetar a capacidade [do paciente] de trabalhar”, disse Claudio Milstein, diretor do Centro de Voz do Instituto de Cabeça e Pescoço da Clínica Cleveland, que geralmente recomenda terapia de voz para pacientes com rouquidão. E tossir para limpar a garganta com frequência pode ser “irritante” para quem sofre de RLF e para as pessoas ao seu redor.

Milstein disse que um dos sintomas mais assustadores do RLF é o laringoespasmo, no qual uma gota de ácido entra na garganta e a garganta fecha em resposta.

“Os pacientes não conseguem respirar, é realmente assustador. Em geral, dura pouco, mas os pacientes sentem que já se passaram horas e entram em pânico”, disse Milstein, que também é professor de otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço na Cleveland Clinic Lerner e na Escola de Medicina da Universidade Case Western Reserve.

Ele disse que atende pacientes três ou quatro vezes por mês com o sintoma. Milstein usa modificação de comportamento, dieta e medicamentos para tratar o RLF e disse que seus pacientes geralmente melhoram em poucos meses.

Por que às vezes é difícil chegar ao diagnóstico

Os sintomas do RLF podem imitar outras doenças, o que dificulta o diagnóstico. Se você suspeita que está com o problema, entre em contato com seu médico de atenção primária ou com um especialista em ouvido, nariz e garganta.

Gastroenterologistas e otorrinolaringologistas normalmente diagnosticam RLF com base nos sintomas, e os otorrinolaringologistas também costumam usar laringoscopias (um processo no qual um tubo fino com uma câmera é inserido através do nariz para observar a laringe), principalmente para descartar pólipos, tumores e paralisia das pregas vocais.

O teste de pepsina salivar, que mede a quantidade da enzima digestiva pepsina na saliva, pode ajudar a diagnosticar o RLF, mas ainda não está amplamente disponível. Além disso, o monitoramento do pH pode medir a quantidade de ácido que entra no esôfago, o que é útil no diagnóstico de DRGE e RLF.

Os médicos ainda estão em busca de testes diagnósticos mais confiáveis para RLF.

Lee Akst, professor associado de otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço na Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, disse acreditar que o refluxo é superdiagnosticado.

“O erro que acho que nosso campo cometeu é que recorremos ao refluxo como um diagnóstico mágico para explicar todo e qualquer problema de garganta”, disse ele.

Mudanças que ajudam

O médico de Ault prescreveu uma dieta rigorosa com baixo teor de ácido, bem como Prilosec duas vezes ao dia e um produto natural de alginato. Ele também sugeriu lavagens nasais com um esteroide suave misturado com solução salina. Cerca de dois meses depois de fazer as alterações, os sintomas de refluxo desapareceram quase por completo.

“A recomendação dele foi parar de comer e beber quase tudo que eu gosto – café, vinho, tomate, frutas vermelhas, é impressionante como as coisas têm ácido”, disse Ault, 59 anos.

Limitar a ingestão de álcool é uma das recomendações para controlar o refluxo laringofaríngeo Foto: Filipe Araújo/ Estadão

Megha Ramani, advogada e estudante de música clássica hindustani, fez grandes mudanças no estilo de vida após ser diagnosticada por um médico em Londres. Embora a medicação tenha ajudado, Ramani, 39 anos, ainda tinha problemas de rouquidão. “Quase perdi a voz”, disse ela.

Ela consultou um médico ayurvédico, que sugeriu evitar os alimentos azedos e picantes por um tempo, comer frutas e vegetais frescos e cultivados localmente e tomar remédios à base de ervas. O livro The Acid Watcher Diet, de Jonathan Aviv, cirurgião otorrinolaringologista em Nova York, também ajudou, e ela encontrou apoio na Fundação Internacional para Distúrbios Gastrointestinais.

Ela também começou a fazer ioga, pilates, caminhada e exercícios respiratórios, então perdeu peso. “Retirei muitos alimentos processados da minha dieta, comecei a fazer exercícios regularmente e, como minha voz foi afetada, me recomendaram terapia da fala”, disse Ramani. “Me disseram que eu não estava respirando da maneira correta, então aprendi a fazer exercícios respiratórios”.

Ruth E. Thaler-Carter, escritora e editora freelance em St. Louis, reduziu o consumo de pimenta, molho de espaguete e pizza que seu marido adorava, além de frutas cítricas. Ela também perdeu cerca de 20 quilos e passou a usar um travesseiro especial para levantar a cabeça à noite. Como fala em público com certa frequência, ela teve de se livrar da tosse persistente e da rouquidão.

As duas coisas das quais ela não conseguia desistir totalmente eram café e chocolate. Mas ela encontrou maneiras de reduzir o consumo: arrumou uma cafeteira menor, como forma de se enganar e pensar que estava tomando tanto café quanto antes, e passou a cortar o chocolate, para evitar que comesse a barra inteira.

“Acho que é uma combinação de criatividade e um pouco de autocontrole”, disse Thaler, 70 anos. O RLF “estava afetando meu sono e meu conforto geral, então qualquer coisa que eu pudesse fazer para melhorar valia a pena, mesmo que significasse um pequeno sacrifício”.

Dieta recomendada e mudanças no estilo de vida

O RLF muitas vezes é tratado com bloqueadores de ácido, dieta com baixo teor de ácido e mudanças no estilo de vida, como:

  • Parar de fumar
  • Limitar a ingestão de álcool
  • Perder peso e aumentar os exercícios físicos
  • Evitar comer menos de três horas antes de dormir
  • Levantar a cabeceira da cama ou utilizar travesseiro inclinado / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

THE WASHINGTON POST – Alguns anos atrás, enquanto Alicia Ault esperava a consulta com um médico de ouvido, nariz e garganta, ela assistiu a um vídeo sobre refluxo laringofaríngeo (RLF). De repente, a voz rouca, a tosse noturna e a dificuldade para engolir fizeram sentido.

“O vídeo ia apresentando os sintomas e eu só pensava: ‘Eu tenho isso, eu tenho isso, tenho muito isso’, e ninguém nunca tinha falado nada para mim – nunca”, disse Ault, escritora freelance em St. Petersburg, Flórida, que pensava que a asma ou a sinusite eram a causa dos seus problemas. Suspeitando de RLF, a equipe otorrinolaringológica lhe mostrou o vídeo.

O refluxo laringofaríngeo pode causar rouquidão, tosse, sensação de queimação e muco na garganta, dificuldade para engolir, breves espasmos das cordas vocais e gosto ruim na boca ao acordar.

Rouquidão e sensação de queimação na garganta estão entre os sintomas do refluxo laringofaríngeo, que é diferente do famoso refluxo gastroesofágico Foto: DimaBerlin/Adobe Stock

Apelidado de “refluxo silencioso” – porque nem sempre acompanha os sintomas tradicionais da mais conhecida doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), o RLF às vezes passa despercebido. Se não for tratado, o RLF pode causar infecções frequentes na garganta e nos seios da face, irritação crônica na voz e na garganta e lesões nas cordas vocais.

Comum, mas menos conhecido que a DRGE

Estima-se que 10% das pessoas que consultam um especialista em garganta tenham RLF.

Em pessoas com essa doença, o ácido e as enzimas digestivas voltam para a laringe e a faringe – a cavidade entre o nariz e a boca – através do esôfago; já na DRGE, o conteúdo do estômago volta para a parte inferior do esôfago. Pessoas com DRGE geralmente apresentam azia, indigestão e dor abdominal superior ou no peito. Os sintomas das duas doenças podem se sobrepor, mas nem sempre.

Ambas são tratadas com bloqueadores de ácido e dieta com baixo teor de ácido, além de mudanças no estilo de vida. (Confira abaixo uma lista de mudanças na dieta e no estilo de vida).

Estudos descobriram uma ligação entre RLF e asma, pneumonia e bronquiectasia, que fazem com que os tubos que transportam ar para dentro e para fora dos pulmões se alarguem e fiquem mais frouxos. Um dos efeitos mais incômodos, mas raros, do RLF pode ser o efeito sobre a voz.

“Se a voz fica muito rouca, às vezes pode afetar a capacidade [do paciente] de trabalhar”, disse Claudio Milstein, diretor do Centro de Voz do Instituto de Cabeça e Pescoço da Clínica Cleveland, que geralmente recomenda terapia de voz para pacientes com rouquidão. E tossir para limpar a garganta com frequência pode ser “irritante” para quem sofre de RLF e para as pessoas ao seu redor.

Milstein disse que um dos sintomas mais assustadores do RLF é o laringoespasmo, no qual uma gota de ácido entra na garganta e a garganta fecha em resposta.

“Os pacientes não conseguem respirar, é realmente assustador. Em geral, dura pouco, mas os pacientes sentem que já se passaram horas e entram em pânico”, disse Milstein, que também é professor de otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço na Cleveland Clinic Lerner e na Escola de Medicina da Universidade Case Western Reserve.

Ele disse que atende pacientes três ou quatro vezes por mês com o sintoma. Milstein usa modificação de comportamento, dieta e medicamentos para tratar o RLF e disse que seus pacientes geralmente melhoram em poucos meses.

Por que às vezes é difícil chegar ao diagnóstico

Os sintomas do RLF podem imitar outras doenças, o que dificulta o diagnóstico. Se você suspeita que está com o problema, entre em contato com seu médico de atenção primária ou com um especialista em ouvido, nariz e garganta.

Gastroenterologistas e otorrinolaringologistas normalmente diagnosticam RLF com base nos sintomas, e os otorrinolaringologistas também costumam usar laringoscopias (um processo no qual um tubo fino com uma câmera é inserido através do nariz para observar a laringe), principalmente para descartar pólipos, tumores e paralisia das pregas vocais.

O teste de pepsina salivar, que mede a quantidade da enzima digestiva pepsina na saliva, pode ajudar a diagnosticar o RLF, mas ainda não está amplamente disponível. Além disso, o monitoramento do pH pode medir a quantidade de ácido que entra no esôfago, o que é útil no diagnóstico de DRGE e RLF.

Os médicos ainda estão em busca de testes diagnósticos mais confiáveis para RLF.

Lee Akst, professor associado de otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço na Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, disse acreditar que o refluxo é superdiagnosticado.

“O erro que acho que nosso campo cometeu é que recorremos ao refluxo como um diagnóstico mágico para explicar todo e qualquer problema de garganta”, disse ele.

Mudanças que ajudam

O médico de Ault prescreveu uma dieta rigorosa com baixo teor de ácido, bem como Prilosec duas vezes ao dia e um produto natural de alginato. Ele também sugeriu lavagens nasais com um esteroide suave misturado com solução salina. Cerca de dois meses depois de fazer as alterações, os sintomas de refluxo desapareceram quase por completo.

“A recomendação dele foi parar de comer e beber quase tudo que eu gosto – café, vinho, tomate, frutas vermelhas, é impressionante como as coisas têm ácido”, disse Ault, 59 anos.

Limitar a ingestão de álcool é uma das recomendações para controlar o refluxo laringofaríngeo Foto: Filipe Araújo/ Estadão

Megha Ramani, advogada e estudante de música clássica hindustani, fez grandes mudanças no estilo de vida após ser diagnosticada por um médico em Londres. Embora a medicação tenha ajudado, Ramani, 39 anos, ainda tinha problemas de rouquidão. “Quase perdi a voz”, disse ela.

Ela consultou um médico ayurvédico, que sugeriu evitar os alimentos azedos e picantes por um tempo, comer frutas e vegetais frescos e cultivados localmente e tomar remédios à base de ervas. O livro The Acid Watcher Diet, de Jonathan Aviv, cirurgião otorrinolaringologista em Nova York, também ajudou, e ela encontrou apoio na Fundação Internacional para Distúrbios Gastrointestinais.

Ela também começou a fazer ioga, pilates, caminhada e exercícios respiratórios, então perdeu peso. “Retirei muitos alimentos processados da minha dieta, comecei a fazer exercícios regularmente e, como minha voz foi afetada, me recomendaram terapia da fala”, disse Ramani. “Me disseram que eu não estava respirando da maneira correta, então aprendi a fazer exercícios respiratórios”.

Ruth E. Thaler-Carter, escritora e editora freelance em St. Louis, reduziu o consumo de pimenta, molho de espaguete e pizza que seu marido adorava, além de frutas cítricas. Ela também perdeu cerca de 20 quilos e passou a usar um travesseiro especial para levantar a cabeça à noite. Como fala em público com certa frequência, ela teve de se livrar da tosse persistente e da rouquidão.

As duas coisas das quais ela não conseguia desistir totalmente eram café e chocolate. Mas ela encontrou maneiras de reduzir o consumo: arrumou uma cafeteira menor, como forma de se enganar e pensar que estava tomando tanto café quanto antes, e passou a cortar o chocolate, para evitar que comesse a barra inteira.

“Acho que é uma combinação de criatividade e um pouco de autocontrole”, disse Thaler, 70 anos. O RLF “estava afetando meu sono e meu conforto geral, então qualquer coisa que eu pudesse fazer para melhorar valia a pena, mesmo que significasse um pequeno sacrifício”.

Dieta recomendada e mudanças no estilo de vida

O RLF muitas vezes é tratado com bloqueadores de ácido, dieta com baixo teor de ácido e mudanças no estilo de vida, como:

  • Parar de fumar
  • Limitar a ingestão de álcool
  • Perder peso e aumentar os exercícios físicos
  • Evitar comer menos de três horas antes de dormir
  • Levantar a cabeceira da cama ou utilizar travesseiro inclinado / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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