'Tudo o que eu sabia sobre mim já não existia', desabafa o músico Alex Klein


Em sua trajetória, a frustração quase o levou a abandonar a carreira, mas acabou dando lugar a uma nova compreensão de seus objetivos na vida

Por João Luiz Sampaio

Com 11 anos de idade, o oboísta Alex Klein já fazia seus primeiros trabalhos profissionais como músico. Em Curitiba, onde nasceu, tocava em recitais e integrava orquestras ocasionalmente, chamando atenção do meio musical brasileiro pela técnica impecável. 

O talento logo o levou para fora do País, onde recebeu prêmios e foi músico da Orquestra Sinfônica de Chicago, nos Estados Unidos. Era um sonho realizado, e em movimento: havia todo um mundo à sua frente. 

Até que dois dedos das mãos pararam de obedecer ao seu cérebro. O que fazer quando tocar tornou-se quase impossível? Durante um tempo, ele negou que o problema existisse. Até que não havia mais o que fazer – e ele começou a buscar novas formas de se manter perto da música e de ajudar as pessoas.

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Missão: Klein em aulas no projetoPrisma, na Paraíba Foto: Kleide Teixeira/Estadão

Ao deixar os Estados Unidos, Alex Klein foi para Curitiba e se escondeu na casa dos pais. Fugia do destino. “Ele havia fechado todas as portas. Eu não sabia o que fazer”, relembra.

A história, na verdade, começa em Chicago. Depois de se formar no Brasil, o oboísta conquistou um sonho: ser solista na Orquestra Sinfônica de Chicago, uma das maiores do mundo.

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Tocou sob a regência de grandes maestros, como Daniel Barenboim – e uma das gravações feitas com ele lhe rendeu o prêmio Grammy de melhor solista clássico em 2002. 

Até que o destino apareceu: em 2004, ele desenvolveu distonia focal, que causa a contração involuntária dos músculos. Em outras palavras, ele já não tinha controle sobre os dedos.

“A sensação era de desespero”, lembra. “Era como se eu tivesse perdido o trem e saísse correndo atrás dele na estação, mas sem conseguir alcançá-lo. Tudo o que eu sabia sobre mim, o que me definia, já não existia.”

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Ele ainda tentava se entender com o instrumento. Mas era difícil. Até podia forçar os dedos, mas a consequência era a tendinite. “A frustração era tamanha que uma vez acabei jogando na parede o instrumento, que caiu destruído no chão. Foi como se eu tivesse matado alguém.”

Ele testou alternativas. Já que os dedos não iam ao oboé, encaixava algumas moedas no instrumento, para que ele fosse até o dedo. “Mas o cérebro não se lembra da mão assim. Não dava para simplesmente fechar os olhos e fazer música.” 

UMA JANELA

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A porta do destino permanecia fechada. Mas ele foi começando a vislumbrar a possibilidade de abrir uma janela. “Eu me sentia irrelevante. E aos poucos comecei a pensar em como poderia olhar no espelho e enxergar um sentido. Eu precisava mergulhar em alguma coisa, de corpo e alma.”

Foi quando começou a se voltar para a formação de jovens instrumentistas. Para ele, se tratava também da formação de um novo país. “Quando alguém toca um violino, é ele que está produzindo o som. Isso me fez pensar como no país há sempre uma administração de cima para baixo. Mas é embaixo que as coisas acontecem. E eu queria ajudar os jovens que estavam na base da pirâmide.”

Era como se eu tivesse perdido o trem e saísse correndo atrás dele, mas sem conseguir alcançá-lo. Tudo o que eu sabia sobre mim, o que me definia, já não existia

Alex Klein, músico

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Ele começou a reger e, em Jaraguá do Sul, criou o Festival de Música de Santa Catarina, em 2005. “No começo, eu não ganhava um centavo, mas a possibilidade de canalizar minha energia para algum lugar... Eu precisava disso.” Na Paraíba, participou da criação do Prima – Programa de Inclusão por meio da Música, em 2012, iniciativa de formação musical espalhada pelo Estado, no qual já atuaram cinco mil alunos. 

RETORNO

Klein se lembra da própria formação. Na escola, era um menino rebelde e, aos 8 anos, para não ser expulso, foram dadas a eles duas opções: o esporte ou algum trabalho com arte. “Fui a um concerto e me encantei com o oboé. Como tanto som podia sair de um buraco tão pequeno, eu pensava.”

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Aquele encantamento ele estimula hoje em seus alunos. E vive a redescoberta que o destino, agora um aliado, permitiu. Com uma luva desenvolvida por especialistas, retornou por um período à Sinfônica de Chicago em 2016 e hoje mora no Canadá, onde toca na Filarmônica de Calgary. Duas vezes por mês, vai a Washington para tratamentos com especialistas.

Voltou a tocar, a gravar. Mas a cabeça está constantemente no Brasil. “Perceber que a música não precisa pertencer a poucos é algo que me faz ir adiante.”

O menino rebelde da infância, ele hoje sabe, tinha o que seria definido como déficit de atenção. E isso não mudou. “Mas eu aprendi a viver com esse fato. Entendi que a cabeça muito rápida pode também me ajudar. Há algo na inquietude que me permite olhar para este mundo em que vivemos, um mundo tão complexo, de uma forma diferente. E criar.”

Com 11 anos de idade, o oboísta Alex Klein já fazia seus primeiros trabalhos profissionais como músico. Em Curitiba, onde nasceu, tocava em recitais e integrava orquestras ocasionalmente, chamando atenção do meio musical brasileiro pela técnica impecável. 

O talento logo o levou para fora do País, onde recebeu prêmios e foi músico da Orquestra Sinfônica de Chicago, nos Estados Unidos. Era um sonho realizado, e em movimento: havia todo um mundo à sua frente. 

Até que dois dedos das mãos pararam de obedecer ao seu cérebro. O que fazer quando tocar tornou-se quase impossível? Durante um tempo, ele negou que o problema existisse. Até que não havia mais o que fazer – e ele começou a buscar novas formas de se manter perto da música e de ajudar as pessoas.

Missão: Klein em aulas no projetoPrisma, na Paraíba Foto: Kleide Teixeira/Estadão

Ao deixar os Estados Unidos, Alex Klein foi para Curitiba e se escondeu na casa dos pais. Fugia do destino. “Ele havia fechado todas as portas. Eu não sabia o que fazer”, relembra.

A história, na verdade, começa em Chicago. Depois de se formar no Brasil, o oboísta conquistou um sonho: ser solista na Orquestra Sinfônica de Chicago, uma das maiores do mundo.

Tocou sob a regência de grandes maestros, como Daniel Barenboim – e uma das gravações feitas com ele lhe rendeu o prêmio Grammy de melhor solista clássico em 2002. 

Até que o destino apareceu: em 2004, ele desenvolveu distonia focal, que causa a contração involuntária dos músculos. Em outras palavras, ele já não tinha controle sobre os dedos.

“A sensação era de desespero”, lembra. “Era como se eu tivesse perdido o trem e saísse correndo atrás dele na estação, mas sem conseguir alcançá-lo. Tudo o que eu sabia sobre mim, o que me definia, já não existia.”

Ele ainda tentava se entender com o instrumento. Mas era difícil. Até podia forçar os dedos, mas a consequência era a tendinite. “A frustração era tamanha que uma vez acabei jogando na parede o instrumento, que caiu destruído no chão. Foi como se eu tivesse matado alguém.”

Ele testou alternativas. Já que os dedos não iam ao oboé, encaixava algumas moedas no instrumento, para que ele fosse até o dedo. “Mas o cérebro não se lembra da mão assim. Não dava para simplesmente fechar os olhos e fazer música.” 

UMA JANELA

A porta do destino permanecia fechada. Mas ele foi começando a vislumbrar a possibilidade de abrir uma janela. “Eu me sentia irrelevante. E aos poucos comecei a pensar em como poderia olhar no espelho e enxergar um sentido. Eu precisava mergulhar em alguma coisa, de corpo e alma.”

Foi quando começou a se voltar para a formação de jovens instrumentistas. Para ele, se tratava também da formação de um novo país. “Quando alguém toca um violino, é ele que está produzindo o som. Isso me fez pensar como no país há sempre uma administração de cima para baixo. Mas é embaixo que as coisas acontecem. E eu queria ajudar os jovens que estavam na base da pirâmide.”

Era como se eu tivesse perdido o trem e saísse correndo atrás dele, mas sem conseguir alcançá-lo. Tudo o que eu sabia sobre mim, o que me definia, já não existia

Alex Klein, músico

Ele começou a reger e, em Jaraguá do Sul, criou o Festival de Música de Santa Catarina, em 2005. “No começo, eu não ganhava um centavo, mas a possibilidade de canalizar minha energia para algum lugar... Eu precisava disso.” Na Paraíba, participou da criação do Prima – Programa de Inclusão por meio da Música, em 2012, iniciativa de formação musical espalhada pelo Estado, no qual já atuaram cinco mil alunos. 

RETORNO

Klein se lembra da própria formação. Na escola, era um menino rebelde e, aos 8 anos, para não ser expulso, foram dadas a eles duas opções: o esporte ou algum trabalho com arte. “Fui a um concerto e me encantei com o oboé. Como tanto som podia sair de um buraco tão pequeno, eu pensava.”

Aquele encantamento ele estimula hoje em seus alunos. E vive a redescoberta que o destino, agora um aliado, permitiu. Com uma luva desenvolvida por especialistas, retornou por um período à Sinfônica de Chicago em 2016 e hoje mora no Canadá, onde toca na Filarmônica de Calgary. Duas vezes por mês, vai a Washington para tratamentos com especialistas.

Voltou a tocar, a gravar. Mas a cabeça está constantemente no Brasil. “Perceber que a música não precisa pertencer a poucos é algo que me faz ir adiante.”

O menino rebelde da infância, ele hoje sabe, tinha o que seria definido como déficit de atenção. E isso não mudou. “Mas eu aprendi a viver com esse fato. Entendi que a cabeça muito rápida pode também me ajudar. Há algo na inquietude que me permite olhar para este mundo em que vivemos, um mundo tão complexo, de uma forma diferente. E criar.”

Com 11 anos de idade, o oboísta Alex Klein já fazia seus primeiros trabalhos profissionais como músico. Em Curitiba, onde nasceu, tocava em recitais e integrava orquestras ocasionalmente, chamando atenção do meio musical brasileiro pela técnica impecável. 

O talento logo o levou para fora do País, onde recebeu prêmios e foi músico da Orquestra Sinfônica de Chicago, nos Estados Unidos. Era um sonho realizado, e em movimento: havia todo um mundo à sua frente. 

Até que dois dedos das mãos pararam de obedecer ao seu cérebro. O que fazer quando tocar tornou-se quase impossível? Durante um tempo, ele negou que o problema existisse. Até que não havia mais o que fazer – e ele começou a buscar novas formas de se manter perto da música e de ajudar as pessoas.

Missão: Klein em aulas no projetoPrisma, na Paraíba Foto: Kleide Teixeira/Estadão

Ao deixar os Estados Unidos, Alex Klein foi para Curitiba e se escondeu na casa dos pais. Fugia do destino. “Ele havia fechado todas as portas. Eu não sabia o que fazer”, relembra.

A história, na verdade, começa em Chicago. Depois de se formar no Brasil, o oboísta conquistou um sonho: ser solista na Orquestra Sinfônica de Chicago, uma das maiores do mundo.

Tocou sob a regência de grandes maestros, como Daniel Barenboim – e uma das gravações feitas com ele lhe rendeu o prêmio Grammy de melhor solista clássico em 2002. 

Até que o destino apareceu: em 2004, ele desenvolveu distonia focal, que causa a contração involuntária dos músculos. Em outras palavras, ele já não tinha controle sobre os dedos.

“A sensação era de desespero”, lembra. “Era como se eu tivesse perdido o trem e saísse correndo atrás dele na estação, mas sem conseguir alcançá-lo. Tudo o que eu sabia sobre mim, o que me definia, já não existia.”

Ele ainda tentava se entender com o instrumento. Mas era difícil. Até podia forçar os dedos, mas a consequência era a tendinite. “A frustração era tamanha que uma vez acabei jogando na parede o instrumento, que caiu destruído no chão. Foi como se eu tivesse matado alguém.”

Ele testou alternativas. Já que os dedos não iam ao oboé, encaixava algumas moedas no instrumento, para que ele fosse até o dedo. “Mas o cérebro não se lembra da mão assim. Não dava para simplesmente fechar os olhos e fazer música.” 

UMA JANELA

A porta do destino permanecia fechada. Mas ele foi começando a vislumbrar a possibilidade de abrir uma janela. “Eu me sentia irrelevante. E aos poucos comecei a pensar em como poderia olhar no espelho e enxergar um sentido. Eu precisava mergulhar em alguma coisa, de corpo e alma.”

Foi quando começou a se voltar para a formação de jovens instrumentistas. Para ele, se tratava também da formação de um novo país. “Quando alguém toca um violino, é ele que está produzindo o som. Isso me fez pensar como no país há sempre uma administração de cima para baixo. Mas é embaixo que as coisas acontecem. E eu queria ajudar os jovens que estavam na base da pirâmide.”

Era como se eu tivesse perdido o trem e saísse correndo atrás dele, mas sem conseguir alcançá-lo. Tudo o que eu sabia sobre mim, o que me definia, já não existia

Alex Klein, músico

Ele começou a reger e, em Jaraguá do Sul, criou o Festival de Música de Santa Catarina, em 2005. “No começo, eu não ganhava um centavo, mas a possibilidade de canalizar minha energia para algum lugar... Eu precisava disso.” Na Paraíba, participou da criação do Prima – Programa de Inclusão por meio da Música, em 2012, iniciativa de formação musical espalhada pelo Estado, no qual já atuaram cinco mil alunos. 

RETORNO

Klein se lembra da própria formação. Na escola, era um menino rebelde e, aos 8 anos, para não ser expulso, foram dadas a eles duas opções: o esporte ou algum trabalho com arte. “Fui a um concerto e me encantei com o oboé. Como tanto som podia sair de um buraco tão pequeno, eu pensava.”

Aquele encantamento ele estimula hoje em seus alunos. E vive a redescoberta que o destino, agora um aliado, permitiu. Com uma luva desenvolvida por especialistas, retornou por um período à Sinfônica de Chicago em 2016 e hoje mora no Canadá, onde toca na Filarmônica de Calgary. Duas vezes por mês, vai a Washington para tratamentos com especialistas.

Voltou a tocar, a gravar. Mas a cabeça está constantemente no Brasil. “Perceber que a música não precisa pertencer a poucos é algo que me faz ir adiante.”

O menino rebelde da infância, ele hoje sabe, tinha o que seria definido como déficit de atenção. E isso não mudou. “Mas eu aprendi a viver com esse fato. Entendi que a cabeça muito rápida pode também me ajudar. Há algo na inquietude que me permite olhar para este mundo em que vivemos, um mundo tão complexo, de uma forma diferente. E criar.”

Com 11 anos de idade, o oboísta Alex Klein já fazia seus primeiros trabalhos profissionais como músico. Em Curitiba, onde nasceu, tocava em recitais e integrava orquestras ocasionalmente, chamando atenção do meio musical brasileiro pela técnica impecável. 

O talento logo o levou para fora do País, onde recebeu prêmios e foi músico da Orquestra Sinfônica de Chicago, nos Estados Unidos. Era um sonho realizado, e em movimento: havia todo um mundo à sua frente. 

Até que dois dedos das mãos pararam de obedecer ao seu cérebro. O que fazer quando tocar tornou-se quase impossível? Durante um tempo, ele negou que o problema existisse. Até que não havia mais o que fazer – e ele começou a buscar novas formas de se manter perto da música e de ajudar as pessoas.

Missão: Klein em aulas no projetoPrisma, na Paraíba Foto: Kleide Teixeira/Estadão

Ao deixar os Estados Unidos, Alex Klein foi para Curitiba e se escondeu na casa dos pais. Fugia do destino. “Ele havia fechado todas as portas. Eu não sabia o que fazer”, relembra.

A história, na verdade, começa em Chicago. Depois de se formar no Brasil, o oboísta conquistou um sonho: ser solista na Orquestra Sinfônica de Chicago, uma das maiores do mundo.

Tocou sob a regência de grandes maestros, como Daniel Barenboim – e uma das gravações feitas com ele lhe rendeu o prêmio Grammy de melhor solista clássico em 2002. 

Até que o destino apareceu: em 2004, ele desenvolveu distonia focal, que causa a contração involuntária dos músculos. Em outras palavras, ele já não tinha controle sobre os dedos.

“A sensação era de desespero”, lembra. “Era como se eu tivesse perdido o trem e saísse correndo atrás dele na estação, mas sem conseguir alcançá-lo. Tudo o que eu sabia sobre mim, o que me definia, já não existia.”

Ele ainda tentava se entender com o instrumento. Mas era difícil. Até podia forçar os dedos, mas a consequência era a tendinite. “A frustração era tamanha que uma vez acabei jogando na parede o instrumento, que caiu destruído no chão. Foi como se eu tivesse matado alguém.”

Ele testou alternativas. Já que os dedos não iam ao oboé, encaixava algumas moedas no instrumento, para que ele fosse até o dedo. “Mas o cérebro não se lembra da mão assim. Não dava para simplesmente fechar os olhos e fazer música.” 

UMA JANELA

A porta do destino permanecia fechada. Mas ele foi começando a vislumbrar a possibilidade de abrir uma janela. “Eu me sentia irrelevante. E aos poucos comecei a pensar em como poderia olhar no espelho e enxergar um sentido. Eu precisava mergulhar em alguma coisa, de corpo e alma.”

Foi quando começou a se voltar para a formação de jovens instrumentistas. Para ele, se tratava também da formação de um novo país. “Quando alguém toca um violino, é ele que está produzindo o som. Isso me fez pensar como no país há sempre uma administração de cima para baixo. Mas é embaixo que as coisas acontecem. E eu queria ajudar os jovens que estavam na base da pirâmide.”

Era como se eu tivesse perdido o trem e saísse correndo atrás dele, mas sem conseguir alcançá-lo. Tudo o que eu sabia sobre mim, o que me definia, já não existia

Alex Klein, músico

Ele começou a reger e, em Jaraguá do Sul, criou o Festival de Música de Santa Catarina, em 2005. “No começo, eu não ganhava um centavo, mas a possibilidade de canalizar minha energia para algum lugar... Eu precisava disso.” Na Paraíba, participou da criação do Prima – Programa de Inclusão por meio da Música, em 2012, iniciativa de formação musical espalhada pelo Estado, no qual já atuaram cinco mil alunos. 

RETORNO

Klein se lembra da própria formação. Na escola, era um menino rebelde e, aos 8 anos, para não ser expulso, foram dadas a eles duas opções: o esporte ou algum trabalho com arte. “Fui a um concerto e me encantei com o oboé. Como tanto som podia sair de um buraco tão pequeno, eu pensava.”

Aquele encantamento ele estimula hoje em seus alunos. E vive a redescoberta que o destino, agora um aliado, permitiu. Com uma luva desenvolvida por especialistas, retornou por um período à Sinfônica de Chicago em 2016 e hoje mora no Canadá, onde toca na Filarmônica de Calgary. Duas vezes por mês, vai a Washington para tratamentos com especialistas.

Voltou a tocar, a gravar. Mas a cabeça está constantemente no Brasil. “Perceber que a música não precisa pertencer a poucos é algo que me faz ir adiante.”

O menino rebelde da infância, ele hoje sabe, tinha o que seria definido como déficit de atenção. E isso não mudou. “Mas eu aprendi a viver com esse fato. Entendi que a cabeça muito rápida pode também me ajudar. Há algo na inquietude que me permite olhar para este mundo em que vivemos, um mundo tão complexo, de uma forma diferente. E criar.”

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