Um em cada 3 adultos no Brasil deve estar obeso em 2030, diz estudo; entenda por quê


Taxa de obesidade hoje é de cerca de 22%; falta de tempo para exercícios e consumo de ultraprocessados agravam quadro, sobretudo entre os mais pobres

Por Isabela Abalen
Atualização:

A falta de tempo para se exercitar e o excesso de alimentos ultraprocessados já têm reflexos nas balanças dos brasileiros agora, mas a situação vai piorar rapidamente nos próximos anos. Três de cada dez adultos brasileiros estarão obesos em 2030, projeta um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nos dados mais recentes levantados pelo Ministério da Saúde, de 2020, a proporção de obesos era próxima de 22%.

Pelas estimativas do trabalho, publicado na revista Scientific Reports 68% dos brasileiros estarão com sobrepeso até 2030. Entre os obesos, a previsão é de que 9% estarão nos níveis 2 e 3, os patamares mais altos, quando crescem significativamente os riscos de doenças como hipertensão, diabete e alguns tipos de câncer.

O relatório World Obesity Atlas deste ano, que também faz projeções, coloca o Brasil como o 4º país com mais obesos do mundo em 2030, em números absolutos, atrás somente de Estados Unidos, China e Índia. Para o autor do estudo, Rafael Claro, o Brasil teve avanço tardio da obesidade em relação a nações mais ricas, como os EUA, mas com mais rapidez e intensidade.

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“É possível observar também que países que já enfrentam a obesidade há mais tempo realizam políticas mais agressivas de combate à doença, o que infelizmente ainda não se vê no Brasil”, diz ele, professor de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG. Com isso, a tendência é de que esse aumento da quantidade de obesos onere cada vez mais os sistemas público e privado - e muitos desses gastos são evitáveis.

Mas apesar do aumento da obesidade ter sido identificado de forma generalizada em todas as regiões do País, estão entre os mais afetados mulheres, negros e pessoas de baixa renda e escolaridade. Isso se dá principalmente pela desigualdade no acesso à alimentação saudável, além da falta de tempo e espaços para atividade física. “O comportamento alimentar inadequado e a prática insuficiente de atividade física estão diretamente relacionados à renda e ao tempo para autocuidado”, explica Claro.

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Uma pessoa é diagnosticada com obesidade quando o seu Índice de Massa Corporal (IMC) - a divisão do peso pela altura ao quadrado - fica acima de 30. É considerado sobrepeso quando o IMC fica maior do que 25 e até 30.

O relatório Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2020, do Ministério da Saúde, apontava 58% de brasileiros com excesso de peso, e 22% com obesidade. Essa taxa vem crescendo ano a ano e, segundo especialistas, o isolamento social imposto pela pandemia agravou o quadro. Em 2006, a proporção de adultos obesos no País era de 11,8%.

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Presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Cintia Cercato, defende iniciativas diversas para combater o problema. “São opções, por exemplo, taxar alimentos açucarados para que exista uma redução do consumo; atentar à merenda escolar para uma alimentação mais saudável e balanceada, com mais produtos naturais; e até mesmo melhorar o ambiente físico dos bairros para promover caminhadas e exercícios físicos.”

Em 2006, a proporção de adultos obesos no País era de 11,8%. Em 2020, taxa superou os 22% Foto: Flickr

Uma das estratégias de prevenção passa a ser obrigatória a partir de outubro. Nas embalagens dos alimentos, deverá ser colocado um selo frontal para informar a quantidade elevada de três nutrientes: açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. A nova regra, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é uma tentativa de que os consumidores façam escolhas mais saudáveis na hora da compra dos alimentos.

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“Os produtos ultraprocessados são ricos em gordura e açúcar e enganam os nossos mecanismos de saciedade, quando muitas vezes aumentamos as porções de comida sem necessidade”, diz Cintia, que também é endocrinologista da Universidade de São Paulo (USP). “Se você coloca essa rotulagem frontal de advertência, já é uma medida que pode ajudar”, continua.

Dores nas pernas e boca seca: jovem descobriu diabete e mudou rotina

O desenvolvimento de doenças associadas à obesidade é uma das principais preocupações. Wander Veroni, hoje com 37 anos, descobriu a diabete há cerca de quatro anos. “Começou com dores nas pernas que pareciam cãibras, principalmente no tornozelo e na panturrilha, episódios de urina mais frequentes e muita sede, a boca ficava seca. Naquele momento, estava passando por problemas pessoais e isso contribuiu para a piora dos sintomas”, lembra.

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O primeiro teste de glicemia de Veroni deu 480 mg/dL, resultado alto em comparação à glicemia normal (100 mg/dL). O choque fez com que o social media de Belo Horizonte, mudasse a alimentação, trocando carboidratos por saladas e alimentos integrais. Outra novidade na rotina foi a hidroginástica. Como resultado, emagreceu 45 quilos, saindo dos 166 quilos para 121 quilos.

“O grande desafio para o futuro é a mortalidade precoce, ou seja, aquela mortalidade de pessoas entre 30 anos e 70 anos, que são evitáveis e não gostaríamos que acontecesse. Ter hipertensão com cerca de 90 anos está dentro da normalidade, mas com 22 anos é precoce. Não podemos normalizar ter um AVC (acidente vascular cerebral) ou um enfarte fulminante aos 35″, destaca Claro.

Hoje com a diabete controlada, Veroni acompanha a sua saúde com consultas mensais e exames periódicos. Ele também recorre à farmácia popular do SUS. “Uso tanto do sistema privado quanto do público para tratar a diabete”, conta.

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Para chegar à projeção de 30% da população com obesidade em 2030, com um intervalo de confiança de 95%, os pesquisadores do estudo da UFMG analisaram os dados da Vigitel coletados entre 2006 e 2019 com mais de 730 mil participantes.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou reconhecer a obesidade como “um importante problema de saúde pública de causa complexa que envolve fatores genéticos, sociais, culturais, econômicos e ambientais”. Segundo a pasta, o SUS oferta consultas individuais e atividades coletivas voltadas à mudança comportamental, adoção da alimentação adequada e saudável e à prática de atividades físicas, por meio de equipe multiprofissional. “Além disso são ofertadas consultas em diversas especialidades médicas e de saúde, incluindo a realização de cirurgia bariátrica para aqueles que necessitam e acompanhamento pré e pós cirúrgico”, acrescentou.

A falta de tempo para se exercitar e o excesso de alimentos ultraprocessados já têm reflexos nas balanças dos brasileiros agora, mas a situação vai piorar rapidamente nos próximos anos. Três de cada dez adultos brasileiros estarão obesos em 2030, projeta um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nos dados mais recentes levantados pelo Ministério da Saúde, de 2020, a proporção de obesos era próxima de 22%.

Pelas estimativas do trabalho, publicado na revista Scientific Reports 68% dos brasileiros estarão com sobrepeso até 2030. Entre os obesos, a previsão é de que 9% estarão nos níveis 2 e 3, os patamares mais altos, quando crescem significativamente os riscos de doenças como hipertensão, diabete e alguns tipos de câncer.

O relatório World Obesity Atlas deste ano, que também faz projeções, coloca o Brasil como o 4º país com mais obesos do mundo em 2030, em números absolutos, atrás somente de Estados Unidos, China e Índia. Para o autor do estudo, Rafael Claro, o Brasil teve avanço tardio da obesidade em relação a nações mais ricas, como os EUA, mas com mais rapidez e intensidade.

“É possível observar também que países que já enfrentam a obesidade há mais tempo realizam políticas mais agressivas de combate à doença, o que infelizmente ainda não se vê no Brasil”, diz ele, professor de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG. Com isso, a tendência é de que esse aumento da quantidade de obesos onere cada vez mais os sistemas público e privado - e muitos desses gastos são evitáveis.

Mas apesar do aumento da obesidade ter sido identificado de forma generalizada em todas as regiões do País, estão entre os mais afetados mulheres, negros e pessoas de baixa renda e escolaridade. Isso se dá principalmente pela desigualdade no acesso à alimentação saudável, além da falta de tempo e espaços para atividade física. “O comportamento alimentar inadequado e a prática insuficiente de atividade física estão diretamente relacionados à renda e ao tempo para autocuidado”, explica Claro.

Uma pessoa é diagnosticada com obesidade quando o seu Índice de Massa Corporal (IMC) - a divisão do peso pela altura ao quadrado - fica acima de 30. É considerado sobrepeso quando o IMC fica maior do que 25 e até 30.

O relatório Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2020, do Ministério da Saúde, apontava 58% de brasileiros com excesso de peso, e 22% com obesidade. Essa taxa vem crescendo ano a ano e, segundo especialistas, o isolamento social imposto pela pandemia agravou o quadro. Em 2006, a proporção de adultos obesos no País era de 11,8%.

Presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Cintia Cercato, defende iniciativas diversas para combater o problema. “São opções, por exemplo, taxar alimentos açucarados para que exista uma redução do consumo; atentar à merenda escolar para uma alimentação mais saudável e balanceada, com mais produtos naturais; e até mesmo melhorar o ambiente físico dos bairros para promover caminhadas e exercícios físicos.”

Em 2006, a proporção de adultos obesos no País era de 11,8%. Em 2020, taxa superou os 22% Foto: Flickr

Uma das estratégias de prevenção passa a ser obrigatória a partir de outubro. Nas embalagens dos alimentos, deverá ser colocado um selo frontal para informar a quantidade elevada de três nutrientes: açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. A nova regra, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é uma tentativa de que os consumidores façam escolhas mais saudáveis na hora da compra dos alimentos.

“Os produtos ultraprocessados são ricos em gordura e açúcar e enganam os nossos mecanismos de saciedade, quando muitas vezes aumentamos as porções de comida sem necessidade”, diz Cintia, que também é endocrinologista da Universidade de São Paulo (USP). “Se você coloca essa rotulagem frontal de advertência, já é uma medida que pode ajudar”, continua.

Dores nas pernas e boca seca: jovem descobriu diabete e mudou rotina

O desenvolvimento de doenças associadas à obesidade é uma das principais preocupações. Wander Veroni, hoje com 37 anos, descobriu a diabete há cerca de quatro anos. “Começou com dores nas pernas que pareciam cãibras, principalmente no tornozelo e na panturrilha, episódios de urina mais frequentes e muita sede, a boca ficava seca. Naquele momento, estava passando por problemas pessoais e isso contribuiu para a piora dos sintomas”, lembra.

O primeiro teste de glicemia de Veroni deu 480 mg/dL, resultado alto em comparação à glicemia normal (100 mg/dL). O choque fez com que o social media de Belo Horizonte, mudasse a alimentação, trocando carboidratos por saladas e alimentos integrais. Outra novidade na rotina foi a hidroginástica. Como resultado, emagreceu 45 quilos, saindo dos 166 quilos para 121 quilos.

“O grande desafio para o futuro é a mortalidade precoce, ou seja, aquela mortalidade de pessoas entre 30 anos e 70 anos, que são evitáveis e não gostaríamos que acontecesse. Ter hipertensão com cerca de 90 anos está dentro da normalidade, mas com 22 anos é precoce. Não podemos normalizar ter um AVC (acidente vascular cerebral) ou um enfarte fulminante aos 35″, destaca Claro.

Hoje com a diabete controlada, Veroni acompanha a sua saúde com consultas mensais e exames periódicos. Ele também recorre à farmácia popular do SUS. “Uso tanto do sistema privado quanto do público para tratar a diabete”, conta.

Para chegar à projeção de 30% da população com obesidade em 2030, com um intervalo de confiança de 95%, os pesquisadores do estudo da UFMG analisaram os dados da Vigitel coletados entre 2006 e 2019 com mais de 730 mil participantes.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou reconhecer a obesidade como “um importante problema de saúde pública de causa complexa que envolve fatores genéticos, sociais, culturais, econômicos e ambientais”. Segundo a pasta, o SUS oferta consultas individuais e atividades coletivas voltadas à mudança comportamental, adoção da alimentação adequada e saudável e à prática de atividades físicas, por meio de equipe multiprofissional. “Além disso são ofertadas consultas em diversas especialidades médicas e de saúde, incluindo a realização de cirurgia bariátrica para aqueles que necessitam e acompanhamento pré e pós cirúrgico”, acrescentou.

A falta de tempo para se exercitar e o excesso de alimentos ultraprocessados já têm reflexos nas balanças dos brasileiros agora, mas a situação vai piorar rapidamente nos próximos anos. Três de cada dez adultos brasileiros estarão obesos em 2030, projeta um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nos dados mais recentes levantados pelo Ministério da Saúde, de 2020, a proporção de obesos era próxima de 22%.

Pelas estimativas do trabalho, publicado na revista Scientific Reports 68% dos brasileiros estarão com sobrepeso até 2030. Entre os obesos, a previsão é de que 9% estarão nos níveis 2 e 3, os patamares mais altos, quando crescem significativamente os riscos de doenças como hipertensão, diabete e alguns tipos de câncer.

O relatório World Obesity Atlas deste ano, que também faz projeções, coloca o Brasil como o 4º país com mais obesos do mundo em 2030, em números absolutos, atrás somente de Estados Unidos, China e Índia. Para o autor do estudo, Rafael Claro, o Brasil teve avanço tardio da obesidade em relação a nações mais ricas, como os EUA, mas com mais rapidez e intensidade.

“É possível observar também que países que já enfrentam a obesidade há mais tempo realizam políticas mais agressivas de combate à doença, o que infelizmente ainda não se vê no Brasil”, diz ele, professor de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG. Com isso, a tendência é de que esse aumento da quantidade de obesos onere cada vez mais os sistemas público e privado - e muitos desses gastos são evitáveis.

Mas apesar do aumento da obesidade ter sido identificado de forma generalizada em todas as regiões do País, estão entre os mais afetados mulheres, negros e pessoas de baixa renda e escolaridade. Isso se dá principalmente pela desigualdade no acesso à alimentação saudável, além da falta de tempo e espaços para atividade física. “O comportamento alimentar inadequado e a prática insuficiente de atividade física estão diretamente relacionados à renda e ao tempo para autocuidado”, explica Claro.

Uma pessoa é diagnosticada com obesidade quando o seu Índice de Massa Corporal (IMC) - a divisão do peso pela altura ao quadrado - fica acima de 30. É considerado sobrepeso quando o IMC fica maior do que 25 e até 30.

O relatório Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2020, do Ministério da Saúde, apontava 58% de brasileiros com excesso de peso, e 22% com obesidade. Essa taxa vem crescendo ano a ano e, segundo especialistas, o isolamento social imposto pela pandemia agravou o quadro. Em 2006, a proporção de adultos obesos no País era de 11,8%.

Presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Cintia Cercato, defende iniciativas diversas para combater o problema. “São opções, por exemplo, taxar alimentos açucarados para que exista uma redução do consumo; atentar à merenda escolar para uma alimentação mais saudável e balanceada, com mais produtos naturais; e até mesmo melhorar o ambiente físico dos bairros para promover caminhadas e exercícios físicos.”

Em 2006, a proporção de adultos obesos no País era de 11,8%. Em 2020, taxa superou os 22% Foto: Flickr

Uma das estratégias de prevenção passa a ser obrigatória a partir de outubro. Nas embalagens dos alimentos, deverá ser colocado um selo frontal para informar a quantidade elevada de três nutrientes: açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. A nova regra, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é uma tentativa de que os consumidores façam escolhas mais saudáveis na hora da compra dos alimentos.

“Os produtos ultraprocessados são ricos em gordura e açúcar e enganam os nossos mecanismos de saciedade, quando muitas vezes aumentamos as porções de comida sem necessidade”, diz Cintia, que também é endocrinologista da Universidade de São Paulo (USP). “Se você coloca essa rotulagem frontal de advertência, já é uma medida que pode ajudar”, continua.

Dores nas pernas e boca seca: jovem descobriu diabete e mudou rotina

O desenvolvimento de doenças associadas à obesidade é uma das principais preocupações. Wander Veroni, hoje com 37 anos, descobriu a diabete há cerca de quatro anos. “Começou com dores nas pernas que pareciam cãibras, principalmente no tornozelo e na panturrilha, episódios de urina mais frequentes e muita sede, a boca ficava seca. Naquele momento, estava passando por problemas pessoais e isso contribuiu para a piora dos sintomas”, lembra.

O primeiro teste de glicemia de Veroni deu 480 mg/dL, resultado alto em comparação à glicemia normal (100 mg/dL). O choque fez com que o social media de Belo Horizonte, mudasse a alimentação, trocando carboidratos por saladas e alimentos integrais. Outra novidade na rotina foi a hidroginástica. Como resultado, emagreceu 45 quilos, saindo dos 166 quilos para 121 quilos.

“O grande desafio para o futuro é a mortalidade precoce, ou seja, aquela mortalidade de pessoas entre 30 anos e 70 anos, que são evitáveis e não gostaríamos que acontecesse. Ter hipertensão com cerca de 90 anos está dentro da normalidade, mas com 22 anos é precoce. Não podemos normalizar ter um AVC (acidente vascular cerebral) ou um enfarte fulminante aos 35″, destaca Claro.

Hoje com a diabete controlada, Veroni acompanha a sua saúde com consultas mensais e exames periódicos. Ele também recorre à farmácia popular do SUS. “Uso tanto do sistema privado quanto do público para tratar a diabete”, conta.

Para chegar à projeção de 30% da população com obesidade em 2030, com um intervalo de confiança de 95%, os pesquisadores do estudo da UFMG analisaram os dados da Vigitel coletados entre 2006 e 2019 com mais de 730 mil participantes.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou reconhecer a obesidade como “um importante problema de saúde pública de causa complexa que envolve fatores genéticos, sociais, culturais, econômicos e ambientais”. Segundo a pasta, o SUS oferta consultas individuais e atividades coletivas voltadas à mudança comportamental, adoção da alimentação adequada e saudável e à prática de atividades físicas, por meio de equipe multiprofissional. “Além disso são ofertadas consultas em diversas especialidades médicas e de saúde, incluindo a realização de cirurgia bariátrica para aqueles que necessitam e acompanhamento pré e pós cirúrgico”, acrescentou.

A falta de tempo para se exercitar e o excesso de alimentos ultraprocessados já têm reflexos nas balanças dos brasileiros agora, mas a situação vai piorar rapidamente nos próximos anos. Três de cada dez adultos brasileiros estarão obesos em 2030, projeta um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nos dados mais recentes levantados pelo Ministério da Saúde, de 2020, a proporção de obesos era próxima de 22%.

Pelas estimativas do trabalho, publicado na revista Scientific Reports 68% dos brasileiros estarão com sobrepeso até 2030. Entre os obesos, a previsão é de que 9% estarão nos níveis 2 e 3, os patamares mais altos, quando crescem significativamente os riscos de doenças como hipertensão, diabete e alguns tipos de câncer.

O relatório World Obesity Atlas deste ano, que também faz projeções, coloca o Brasil como o 4º país com mais obesos do mundo em 2030, em números absolutos, atrás somente de Estados Unidos, China e Índia. Para o autor do estudo, Rafael Claro, o Brasil teve avanço tardio da obesidade em relação a nações mais ricas, como os EUA, mas com mais rapidez e intensidade.

“É possível observar também que países que já enfrentam a obesidade há mais tempo realizam políticas mais agressivas de combate à doença, o que infelizmente ainda não se vê no Brasil”, diz ele, professor de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG. Com isso, a tendência é de que esse aumento da quantidade de obesos onere cada vez mais os sistemas público e privado - e muitos desses gastos são evitáveis.

Mas apesar do aumento da obesidade ter sido identificado de forma generalizada em todas as regiões do País, estão entre os mais afetados mulheres, negros e pessoas de baixa renda e escolaridade. Isso se dá principalmente pela desigualdade no acesso à alimentação saudável, além da falta de tempo e espaços para atividade física. “O comportamento alimentar inadequado e a prática insuficiente de atividade física estão diretamente relacionados à renda e ao tempo para autocuidado”, explica Claro.

Uma pessoa é diagnosticada com obesidade quando o seu Índice de Massa Corporal (IMC) - a divisão do peso pela altura ao quadrado - fica acima de 30. É considerado sobrepeso quando o IMC fica maior do que 25 e até 30.

O relatório Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2020, do Ministério da Saúde, apontava 58% de brasileiros com excesso de peso, e 22% com obesidade. Essa taxa vem crescendo ano a ano e, segundo especialistas, o isolamento social imposto pela pandemia agravou o quadro. Em 2006, a proporção de adultos obesos no País era de 11,8%.

Presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Cintia Cercato, defende iniciativas diversas para combater o problema. “São opções, por exemplo, taxar alimentos açucarados para que exista uma redução do consumo; atentar à merenda escolar para uma alimentação mais saudável e balanceada, com mais produtos naturais; e até mesmo melhorar o ambiente físico dos bairros para promover caminhadas e exercícios físicos.”

Em 2006, a proporção de adultos obesos no País era de 11,8%. Em 2020, taxa superou os 22% Foto: Flickr

Uma das estratégias de prevenção passa a ser obrigatória a partir de outubro. Nas embalagens dos alimentos, deverá ser colocado um selo frontal para informar a quantidade elevada de três nutrientes: açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. A nova regra, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é uma tentativa de que os consumidores façam escolhas mais saudáveis na hora da compra dos alimentos.

“Os produtos ultraprocessados são ricos em gordura e açúcar e enganam os nossos mecanismos de saciedade, quando muitas vezes aumentamos as porções de comida sem necessidade”, diz Cintia, que também é endocrinologista da Universidade de São Paulo (USP). “Se você coloca essa rotulagem frontal de advertência, já é uma medida que pode ajudar”, continua.

Dores nas pernas e boca seca: jovem descobriu diabete e mudou rotina

O desenvolvimento de doenças associadas à obesidade é uma das principais preocupações. Wander Veroni, hoje com 37 anos, descobriu a diabete há cerca de quatro anos. “Começou com dores nas pernas que pareciam cãibras, principalmente no tornozelo e na panturrilha, episódios de urina mais frequentes e muita sede, a boca ficava seca. Naquele momento, estava passando por problemas pessoais e isso contribuiu para a piora dos sintomas”, lembra.

O primeiro teste de glicemia de Veroni deu 480 mg/dL, resultado alto em comparação à glicemia normal (100 mg/dL). O choque fez com que o social media de Belo Horizonte, mudasse a alimentação, trocando carboidratos por saladas e alimentos integrais. Outra novidade na rotina foi a hidroginástica. Como resultado, emagreceu 45 quilos, saindo dos 166 quilos para 121 quilos.

“O grande desafio para o futuro é a mortalidade precoce, ou seja, aquela mortalidade de pessoas entre 30 anos e 70 anos, que são evitáveis e não gostaríamos que acontecesse. Ter hipertensão com cerca de 90 anos está dentro da normalidade, mas com 22 anos é precoce. Não podemos normalizar ter um AVC (acidente vascular cerebral) ou um enfarte fulminante aos 35″, destaca Claro.

Hoje com a diabete controlada, Veroni acompanha a sua saúde com consultas mensais e exames periódicos. Ele também recorre à farmácia popular do SUS. “Uso tanto do sistema privado quanto do público para tratar a diabete”, conta.

Para chegar à projeção de 30% da população com obesidade em 2030, com um intervalo de confiança de 95%, os pesquisadores do estudo da UFMG analisaram os dados da Vigitel coletados entre 2006 e 2019 com mais de 730 mil participantes.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou reconhecer a obesidade como “um importante problema de saúde pública de causa complexa que envolve fatores genéticos, sociais, culturais, econômicos e ambientais”. Segundo a pasta, o SUS oferta consultas individuais e atividades coletivas voltadas à mudança comportamental, adoção da alimentação adequada e saudável e à prática de atividades físicas, por meio de equipe multiprofissional. “Além disso são ofertadas consultas em diversas especialidades médicas e de saúde, incluindo a realização de cirurgia bariátrica para aqueles que necessitam e acompanhamento pré e pós cirúrgico”, acrescentou.

A falta de tempo para se exercitar e o excesso de alimentos ultraprocessados já têm reflexos nas balanças dos brasileiros agora, mas a situação vai piorar rapidamente nos próximos anos. Três de cada dez adultos brasileiros estarão obesos em 2030, projeta um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nos dados mais recentes levantados pelo Ministério da Saúde, de 2020, a proporção de obesos era próxima de 22%.

Pelas estimativas do trabalho, publicado na revista Scientific Reports 68% dos brasileiros estarão com sobrepeso até 2030. Entre os obesos, a previsão é de que 9% estarão nos níveis 2 e 3, os patamares mais altos, quando crescem significativamente os riscos de doenças como hipertensão, diabete e alguns tipos de câncer.

O relatório World Obesity Atlas deste ano, que também faz projeções, coloca o Brasil como o 4º país com mais obesos do mundo em 2030, em números absolutos, atrás somente de Estados Unidos, China e Índia. Para o autor do estudo, Rafael Claro, o Brasil teve avanço tardio da obesidade em relação a nações mais ricas, como os EUA, mas com mais rapidez e intensidade.

“É possível observar também que países que já enfrentam a obesidade há mais tempo realizam políticas mais agressivas de combate à doença, o que infelizmente ainda não se vê no Brasil”, diz ele, professor de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG. Com isso, a tendência é de que esse aumento da quantidade de obesos onere cada vez mais os sistemas público e privado - e muitos desses gastos são evitáveis.

Mas apesar do aumento da obesidade ter sido identificado de forma generalizada em todas as regiões do País, estão entre os mais afetados mulheres, negros e pessoas de baixa renda e escolaridade. Isso se dá principalmente pela desigualdade no acesso à alimentação saudável, além da falta de tempo e espaços para atividade física. “O comportamento alimentar inadequado e a prática insuficiente de atividade física estão diretamente relacionados à renda e ao tempo para autocuidado”, explica Claro.

Uma pessoa é diagnosticada com obesidade quando o seu Índice de Massa Corporal (IMC) - a divisão do peso pela altura ao quadrado - fica acima de 30. É considerado sobrepeso quando o IMC fica maior do que 25 e até 30.

O relatório Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2020, do Ministério da Saúde, apontava 58% de brasileiros com excesso de peso, e 22% com obesidade. Essa taxa vem crescendo ano a ano e, segundo especialistas, o isolamento social imposto pela pandemia agravou o quadro. Em 2006, a proporção de adultos obesos no País era de 11,8%.

Presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Cintia Cercato, defende iniciativas diversas para combater o problema. “São opções, por exemplo, taxar alimentos açucarados para que exista uma redução do consumo; atentar à merenda escolar para uma alimentação mais saudável e balanceada, com mais produtos naturais; e até mesmo melhorar o ambiente físico dos bairros para promover caminhadas e exercícios físicos.”

Em 2006, a proporção de adultos obesos no País era de 11,8%. Em 2020, taxa superou os 22% Foto: Flickr

Uma das estratégias de prevenção passa a ser obrigatória a partir de outubro. Nas embalagens dos alimentos, deverá ser colocado um selo frontal para informar a quantidade elevada de três nutrientes: açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. A nova regra, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é uma tentativa de que os consumidores façam escolhas mais saudáveis na hora da compra dos alimentos.

“Os produtos ultraprocessados são ricos em gordura e açúcar e enganam os nossos mecanismos de saciedade, quando muitas vezes aumentamos as porções de comida sem necessidade”, diz Cintia, que também é endocrinologista da Universidade de São Paulo (USP). “Se você coloca essa rotulagem frontal de advertência, já é uma medida que pode ajudar”, continua.

Dores nas pernas e boca seca: jovem descobriu diabete e mudou rotina

O desenvolvimento de doenças associadas à obesidade é uma das principais preocupações. Wander Veroni, hoje com 37 anos, descobriu a diabete há cerca de quatro anos. “Começou com dores nas pernas que pareciam cãibras, principalmente no tornozelo e na panturrilha, episódios de urina mais frequentes e muita sede, a boca ficava seca. Naquele momento, estava passando por problemas pessoais e isso contribuiu para a piora dos sintomas”, lembra.

O primeiro teste de glicemia de Veroni deu 480 mg/dL, resultado alto em comparação à glicemia normal (100 mg/dL). O choque fez com que o social media de Belo Horizonte, mudasse a alimentação, trocando carboidratos por saladas e alimentos integrais. Outra novidade na rotina foi a hidroginástica. Como resultado, emagreceu 45 quilos, saindo dos 166 quilos para 121 quilos.

“O grande desafio para o futuro é a mortalidade precoce, ou seja, aquela mortalidade de pessoas entre 30 anos e 70 anos, que são evitáveis e não gostaríamos que acontecesse. Ter hipertensão com cerca de 90 anos está dentro da normalidade, mas com 22 anos é precoce. Não podemos normalizar ter um AVC (acidente vascular cerebral) ou um enfarte fulminante aos 35″, destaca Claro.

Hoje com a diabete controlada, Veroni acompanha a sua saúde com consultas mensais e exames periódicos. Ele também recorre à farmácia popular do SUS. “Uso tanto do sistema privado quanto do público para tratar a diabete”, conta.

Para chegar à projeção de 30% da população com obesidade em 2030, com um intervalo de confiança de 95%, os pesquisadores do estudo da UFMG analisaram os dados da Vigitel coletados entre 2006 e 2019 com mais de 730 mil participantes.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou reconhecer a obesidade como “um importante problema de saúde pública de causa complexa que envolve fatores genéticos, sociais, culturais, econômicos e ambientais”. Segundo a pasta, o SUS oferta consultas individuais e atividades coletivas voltadas à mudança comportamental, adoção da alimentação adequada e saudável e à prática de atividades físicas, por meio de equipe multiprofissional. “Além disso são ofertadas consultas em diversas especialidades médicas e de saúde, incluindo a realização de cirurgia bariátrica para aqueles que necessitam e acompanhamento pré e pós cirúrgico”, acrescentou.

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