Covid-19: Uma em cada cinco cidades relata falta de vacinas para crianças


Levantamento da Confederação Nacional dos Municípios dimensiona escassez do imunizante no País. Mais novos ficam expostos, diz especialista

Por João Ker
Atualização:

Pelo menos uma em cada cinco cidades brasileiras relata falta de doses para vacinar crianças de 3 a 11 anos contra a covid-19, de acordo com uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) entre o dia 22 e a segunda-feira, dia 28.

O levantamento também aponta que a maioria teve aumento de casos da doença e de procura por testes e volta da recomendação de máscaras.

“É fato que até o momento temos a vacinação como a maior arma contra a covid-19, seguida das medidas de distanciamento social e proteção individual, como a máscara, por exemplo. E notamos pela pesquisa que essas medidas já começaram a ser adotadas por grande parte dos municípios que enfrentam alta na disseminação da doença”, explica Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.

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A pesquisa ouviu 1.970 municípios na última semana de novembro. Dentre os 416 que apontaram falta de vacinas para o público infantil dos 3 aos 11 anos, a maioria está no Nordeste (31,5%), seguida por Centro-Oeste (26,9%), Sudeste (19,4%), Sul (17,5%) e Norte (10,8%).

A maioria (85,1%) diz não ter estoque suficiente da Coronavac, o único produto autorizado para crianças de 3 e 4 anos. Uma parcela de 152 cidades (36,5%) também relata falta da Pfizer infantil, destinada ao público de 5 a 11 anos. Na última quarta-feira, o Ministério da Saúde enviou um lote de doses da Coronavac para serem distribuídas aos Estados e municípios, mas as secretarias alegam que a quantidade foi baixa para a demanda.

Pai acompanha aplicação de vacina para a filha em São Paulo. Confederação fez levantamento sobre disponibilidade no País  Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO
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No Recife, a vacinação em crianças de 3 e 4 anos foi suspensa na própria quarta e, segundo a prefeitura da capital pernambucana, dois ofícios foram enviados ao governo federal, cobrando remessas prometidas, mas nenhum deles foi respondido.

Esta foi a segunda vez em um mês que a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) precisou suspender a imunização. Após a primeira interrupção, no início de novembro, o governo federal enviou 1,3 mil doses, que já se esgotaram. Apenas 27,27% das crianças de 3 e 4 anos moradoras da cidade conseguiram a imunização até o momento.

O Rio de Janeiro também suspendeu a primeira aplicação da vacina em crianças de 3 e 4 anos, por causa “da pequena quantidade de doses recebidas na última remessa enviada pelo Ministério da Saúde”, segundo nota da Secretaria de Saúde. Na capital fluminense, o estoque enviado foi redirecionado para completar o esquema vacinal com a segunda aplicação, em unidades específicas.

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A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que a vacinação segue normalmente, mas que tem aplicado a Coronavac apenas em crianças de 3 e 4 anos, enquanto as demais até os 11 anos têm recebido a dose pediátrica da Pfizer. A pasta afirma aguardar o envio de novos lotes pelo governo federal, mas ainda não há data prevista de quando isso deve acontecer.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a vacina Comirnaty, produzida pela Pfizer, para crianças dos 6 meses aos 4 anos de idade. No entanto, a Coronavac continua a ser o único imunizante incorporado pelo Ministério da Saúde para crianças de 3 e 4 anos.

A Pfizer afirmou que foram entregues 24 milhões de doses da sua vacina pediátrica contra a covid para serem aplicadas em crianças de 5 a 11 anos. O último lote, enviado em agosto com 2,06 milhões de doses, tem validade até janeiro. A empresa reforça ainda que “tem capacidade de produção para fornecer mais vacinas” e “atender às necessidades do país”.

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O Instituto Butantan informou ter repassado um total de 12 milhões de unidades da Coronavac ao Ministério da Saúde neste ano. Desde o dia 10, quando fez a entrega do último lote adicional de 1 milhão de doses solicitadas pelo Ministério da Saúde, o instituto não foi mais procurado pelo governo federal. Pelo menos 2,6 milhões de doses já foram produzidas neste trimestre e estão prontas para a entrega, com validade de um ano, diz o Butantan.

Especialista destaca importância de vacinação

O infectologista Júlio Croda, da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, destaca que essa falta de vacinas pode apresentar um risco aumentado de hospitalização e óbito para as crianças, visto que elas compõem o segundo grupo de maior risco de internações em UTI.

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“A covid é a doença imunoprevenível que mais matou crianças nessa faixa etária, mais do que qualquer doença que é prevenível por vacina” diz o médico, que ressalta que as mortes estão associadas à falta de esquema vacinal completo. Para mitigar o problema, destaca a importância de se adquirir e distribuir mais imunizantes.

Procurado pela reportagem, o ministério negou que haja desabastecimento de vacinas e afirmou que elas “são enviadas de maneira proporcional e igualitária”. Não foi enviada uma previsão de quando novas remessas devem ser enviadas via Programa Nacional de Imunizações (PNI). Segundo o presidente da CNM, a entidade vai remeter um ofício ao governo federal “para apresentar os dados da pesquisa e buscar soluções”.

Como o Estadão mostrou, a equipe responsável pela transição de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apontou na última semana que a administração de Jair Bolsonaro ainda não havia comprado as doses necessárias para manter a imunização contra a covid no País em 2023.

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Anteriormente, a precariedade dos dados disponíveis fez com que o Tribunal de Contas da União (TCU) informasse ao grupo de transição que não era possível nem avaliar o cumprimento de metas de imunização no País. Um documento aponta que faltam dados de morbidade (doenças adquiridas) e mortalidade relacionados à síndrome pós-covid 19. A falta de informações “pode afetar o planejamento das políticas de saúde, em razão do número elevado de possíveis casos”, diz. /COLABOROU STÉPHANIE ARAÚJO, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

Pelo menos uma em cada cinco cidades brasileiras relata falta de doses para vacinar crianças de 3 a 11 anos contra a covid-19, de acordo com uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) entre o dia 22 e a segunda-feira, dia 28.

O levantamento também aponta que a maioria teve aumento de casos da doença e de procura por testes e volta da recomendação de máscaras.

“É fato que até o momento temos a vacinação como a maior arma contra a covid-19, seguida das medidas de distanciamento social e proteção individual, como a máscara, por exemplo. E notamos pela pesquisa que essas medidas já começaram a ser adotadas por grande parte dos municípios que enfrentam alta na disseminação da doença”, explica Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.

A pesquisa ouviu 1.970 municípios na última semana de novembro. Dentre os 416 que apontaram falta de vacinas para o público infantil dos 3 aos 11 anos, a maioria está no Nordeste (31,5%), seguida por Centro-Oeste (26,9%), Sudeste (19,4%), Sul (17,5%) e Norte (10,8%).

A maioria (85,1%) diz não ter estoque suficiente da Coronavac, o único produto autorizado para crianças de 3 e 4 anos. Uma parcela de 152 cidades (36,5%) também relata falta da Pfizer infantil, destinada ao público de 5 a 11 anos. Na última quarta-feira, o Ministério da Saúde enviou um lote de doses da Coronavac para serem distribuídas aos Estados e municípios, mas as secretarias alegam que a quantidade foi baixa para a demanda.

Pai acompanha aplicação de vacina para a filha em São Paulo. Confederação fez levantamento sobre disponibilidade no País  Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

No Recife, a vacinação em crianças de 3 e 4 anos foi suspensa na própria quarta e, segundo a prefeitura da capital pernambucana, dois ofícios foram enviados ao governo federal, cobrando remessas prometidas, mas nenhum deles foi respondido.

Esta foi a segunda vez em um mês que a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) precisou suspender a imunização. Após a primeira interrupção, no início de novembro, o governo federal enviou 1,3 mil doses, que já se esgotaram. Apenas 27,27% das crianças de 3 e 4 anos moradoras da cidade conseguiram a imunização até o momento.

O Rio de Janeiro também suspendeu a primeira aplicação da vacina em crianças de 3 e 4 anos, por causa “da pequena quantidade de doses recebidas na última remessa enviada pelo Ministério da Saúde”, segundo nota da Secretaria de Saúde. Na capital fluminense, o estoque enviado foi redirecionado para completar o esquema vacinal com a segunda aplicação, em unidades específicas.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que a vacinação segue normalmente, mas que tem aplicado a Coronavac apenas em crianças de 3 e 4 anos, enquanto as demais até os 11 anos têm recebido a dose pediátrica da Pfizer. A pasta afirma aguardar o envio de novos lotes pelo governo federal, mas ainda não há data prevista de quando isso deve acontecer.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a vacina Comirnaty, produzida pela Pfizer, para crianças dos 6 meses aos 4 anos de idade. No entanto, a Coronavac continua a ser o único imunizante incorporado pelo Ministério da Saúde para crianças de 3 e 4 anos.

A Pfizer afirmou que foram entregues 24 milhões de doses da sua vacina pediátrica contra a covid para serem aplicadas em crianças de 5 a 11 anos. O último lote, enviado em agosto com 2,06 milhões de doses, tem validade até janeiro. A empresa reforça ainda que “tem capacidade de produção para fornecer mais vacinas” e “atender às necessidades do país”.

O Instituto Butantan informou ter repassado um total de 12 milhões de unidades da Coronavac ao Ministério da Saúde neste ano. Desde o dia 10, quando fez a entrega do último lote adicional de 1 milhão de doses solicitadas pelo Ministério da Saúde, o instituto não foi mais procurado pelo governo federal. Pelo menos 2,6 milhões de doses já foram produzidas neste trimestre e estão prontas para a entrega, com validade de um ano, diz o Butantan.

Especialista destaca importância de vacinação

O infectologista Júlio Croda, da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, destaca que essa falta de vacinas pode apresentar um risco aumentado de hospitalização e óbito para as crianças, visto que elas compõem o segundo grupo de maior risco de internações em UTI.

“A covid é a doença imunoprevenível que mais matou crianças nessa faixa etária, mais do que qualquer doença que é prevenível por vacina” diz o médico, que ressalta que as mortes estão associadas à falta de esquema vacinal completo. Para mitigar o problema, destaca a importância de se adquirir e distribuir mais imunizantes.

Procurado pela reportagem, o ministério negou que haja desabastecimento de vacinas e afirmou que elas “são enviadas de maneira proporcional e igualitária”. Não foi enviada uma previsão de quando novas remessas devem ser enviadas via Programa Nacional de Imunizações (PNI). Segundo o presidente da CNM, a entidade vai remeter um ofício ao governo federal “para apresentar os dados da pesquisa e buscar soluções”.

Como o Estadão mostrou, a equipe responsável pela transição de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apontou na última semana que a administração de Jair Bolsonaro ainda não havia comprado as doses necessárias para manter a imunização contra a covid no País em 2023.

Anteriormente, a precariedade dos dados disponíveis fez com que o Tribunal de Contas da União (TCU) informasse ao grupo de transição que não era possível nem avaliar o cumprimento de metas de imunização no País. Um documento aponta que faltam dados de morbidade (doenças adquiridas) e mortalidade relacionados à síndrome pós-covid 19. A falta de informações “pode afetar o planejamento das políticas de saúde, em razão do número elevado de possíveis casos”, diz. /COLABOROU STÉPHANIE ARAÚJO, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

Pelo menos uma em cada cinco cidades brasileiras relata falta de doses para vacinar crianças de 3 a 11 anos contra a covid-19, de acordo com uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) entre o dia 22 e a segunda-feira, dia 28.

O levantamento também aponta que a maioria teve aumento de casos da doença e de procura por testes e volta da recomendação de máscaras.

“É fato que até o momento temos a vacinação como a maior arma contra a covid-19, seguida das medidas de distanciamento social e proteção individual, como a máscara, por exemplo. E notamos pela pesquisa que essas medidas já começaram a ser adotadas por grande parte dos municípios que enfrentam alta na disseminação da doença”, explica Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.

A pesquisa ouviu 1.970 municípios na última semana de novembro. Dentre os 416 que apontaram falta de vacinas para o público infantil dos 3 aos 11 anos, a maioria está no Nordeste (31,5%), seguida por Centro-Oeste (26,9%), Sudeste (19,4%), Sul (17,5%) e Norte (10,8%).

A maioria (85,1%) diz não ter estoque suficiente da Coronavac, o único produto autorizado para crianças de 3 e 4 anos. Uma parcela de 152 cidades (36,5%) também relata falta da Pfizer infantil, destinada ao público de 5 a 11 anos. Na última quarta-feira, o Ministério da Saúde enviou um lote de doses da Coronavac para serem distribuídas aos Estados e municípios, mas as secretarias alegam que a quantidade foi baixa para a demanda.

Pai acompanha aplicação de vacina para a filha em São Paulo. Confederação fez levantamento sobre disponibilidade no País  Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

No Recife, a vacinação em crianças de 3 e 4 anos foi suspensa na própria quarta e, segundo a prefeitura da capital pernambucana, dois ofícios foram enviados ao governo federal, cobrando remessas prometidas, mas nenhum deles foi respondido.

Esta foi a segunda vez em um mês que a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) precisou suspender a imunização. Após a primeira interrupção, no início de novembro, o governo federal enviou 1,3 mil doses, que já se esgotaram. Apenas 27,27% das crianças de 3 e 4 anos moradoras da cidade conseguiram a imunização até o momento.

O Rio de Janeiro também suspendeu a primeira aplicação da vacina em crianças de 3 e 4 anos, por causa “da pequena quantidade de doses recebidas na última remessa enviada pelo Ministério da Saúde”, segundo nota da Secretaria de Saúde. Na capital fluminense, o estoque enviado foi redirecionado para completar o esquema vacinal com a segunda aplicação, em unidades específicas.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que a vacinação segue normalmente, mas que tem aplicado a Coronavac apenas em crianças de 3 e 4 anos, enquanto as demais até os 11 anos têm recebido a dose pediátrica da Pfizer. A pasta afirma aguardar o envio de novos lotes pelo governo federal, mas ainda não há data prevista de quando isso deve acontecer.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a vacina Comirnaty, produzida pela Pfizer, para crianças dos 6 meses aos 4 anos de idade. No entanto, a Coronavac continua a ser o único imunizante incorporado pelo Ministério da Saúde para crianças de 3 e 4 anos.

A Pfizer afirmou que foram entregues 24 milhões de doses da sua vacina pediátrica contra a covid para serem aplicadas em crianças de 5 a 11 anos. O último lote, enviado em agosto com 2,06 milhões de doses, tem validade até janeiro. A empresa reforça ainda que “tem capacidade de produção para fornecer mais vacinas” e “atender às necessidades do país”.

O Instituto Butantan informou ter repassado um total de 12 milhões de unidades da Coronavac ao Ministério da Saúde neste ano. Desde o dia 10, quando fez a entrega do último lote adicional de 1 milhão de doses solicitadas pelo Ministério da Saúde, o instituto não foi mais procurado pelo governo federal. Pelo menos 2,6 milhões de doses já foram produzidas neste trimestre e estão prontas para a entrega, com validade de um ano, diz o Butantan.

Especialista destaca importância de vacinação

O infectologista Júlio Croda, da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, destaca que essa falta de vacinas pode apresentar um risco aumentado de hospitalização e óbito para as crianças, visto que elas compõem o segundo grupo de maior risco de internações em UTI.

“A covid é a doença imunoprevenível que mais matou crianças nessa faixa etária, mais do que qualquer doença que é prevenível por vacina” diz o médico, que ressalta que as mortes estão associadas à falta de esquema vacinal completo. Para mitigar o problema, destaca a importância de se adquirir e distribuir mais imunizantes.

Procurado pela reportagem, o ministério negou que haja desabastecimento de vacinas e afirmou que elas “são enviadas de maneira proporcional e igualitária”. Não foi enviada uma previsão de quando novas remessas devem ser enviadas via Programa Nacional de Imunizações (PNI). Segundo o presidente da CNM, a entidade vai remeter um ofício ao governo federal “para apresentar os dados da pesquisa e buscar soluções”.

Como o Estadão mostrou, a equipe responsável pela transição de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apontou na última semana que a administração de Jair Bolsonaro ainda não havia comprado as doses necessárias para manter a imunização contra a covid no País em 2023.

Anteriormente, a precariedade dos dados disponíveis fez com que o Tribunal de Contas da União (TCU) informasse ao grupo de transição que não era possível nem avaliar o cumprimento de metas de imunização no País. Um documento aponta que faltam dados de morbidade (doenças adquiridas) e mortalidade relacionados à síndrome pós-covid 19. A falta de informações “pode afetar o planejamento das políticas de saúde, em razão do número elevado de possíveis casos”, diz. /COLABOROU STÉPHANIE ARAÚJO, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

Pelo menos uma em cada cinco cidades brasileiras relata falta de doses para vacinar crianças de 3 a 11 anos contra a covid-19, de acordo com uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) entre o dia 22 e a segunda-feira, dia 28.

O levantamento também aponta que a maioria teve aumento de casos da doença e de procura por testes e volta da recomendação de máscaras.

“É fato que até o momento temos a vacinação como a maior arma contra a covid-19, seguida das medidas de distanciamento social e proteção individual, como a máscara, por exemplo. E notamos pela pesquisa que essas medidas já começaram a ser adotadas por grande parte dos municípios que enfrentam alta na disseminação da doença”, explica Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.

A pesquisa ouviu 1.970 municípios na última semana de novembro. Dentre os 416 que apontaram falta de vacinas para o público infantil dos 3 aos 11 anos, a maioria está no Nordeste (31,5%), seguida por Centro-Oeste (26,9%), Sudeste (19,4%), Sul (17,5%) e Norte (10,8%).

A maioria (85,1%) diz não ter estoque suficiente da Coronavac, o único produto autorizado para crianças de 3 e 4 anos. Uma parcela de 152 cidades (36,5%) também relata falta da Pfizer infantil, destinada ao público de 5 a 11 anos. Na última quarta-feira, o Ministério da Saúde enviou um lote de doses da Coronavac para serem distribuídas aos Estados e municípios, mas as secretarias alegam que a quantidade foi baixa para a demanda.

Pai acompanha aplicação de vacina para a filha em São Paulo. Confederação fez levantamento sobre disponibilidade no País  Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

No Recife, a vacinação em crianças de 3 e 4 anos foi suspensa na própria quarta e, segundo a prefeitura da capital pernambucana, dois ofícios foram enviados ao governo federal, cobrando remessas prometidas, mas nenhum deles foi respondido.

Esta foi a segunda vez em um mês que a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) precisou suspender a imunização. Após a primeira interrupção, no início de novembro, o governo federal enviou 1,3 mil doses, que já se esgotaram. Apenas 27,27% das crianças de 3 e 4 anos moradoras da cidade conseguiram a imunização até o momento.

O Rio de Janeiro também suspendeu a primeira aplicação da vacina em crianças de 3 e 4 anos, por causa “da pequena quantidade de doses recebidas na última remessa enviada pelo Ministério da Saúde”, segundo nota da Secretaria de Saúde. Na capital fluminense, o estoque enviado foi redirecionado para completar o esquema vacinal com a segunda aplicação, em unidades específicas.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que a vacinação segue normalmente, mas que tem aplicado a Coronavac apenas em crianças de 3 e 4 anos, enquanto as demais até os 11 anos têm recebido a dose pediátrica da Pfizer. A pasta afirma aguardar o envio de novos lotes pelo governo federal, mas ainda não há data prevista de quando isso deve acontecer.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a vacina Comirnaty, produzida pela Pfizer, para crianças dos 6 meses aos 4 anos de idade. No entanto, a Coronavac continua a ser o único imunizante incorporado pelo Ministério da Saúde para crianças de 3 e 4 anos.

A Pfizer afirmou que foram entregues 24 milhões de doses da sua vacina pediátrica contra a covid para serem aplicadas em crianças de 5 a 11 anos. O último lote, enviado em agosto com 2,06 milhões de doses, tem validade até janeiro. A empresa reforça ainda que “tem capacidade de produção para fornecer mais vacinas” e “atender às necessidades do país”.

O Instituto Butantan informou ter repassado um total de 12 milhões de unidades da Coronavac ao Ministério da Saúde neste ano. Desde o dia 10, quando fez a entrega do último lote adicional de 1 milhão de doses solicitadas pelo Ministério da Saúde, o instituto não foi mais procurado pelo governo federal. Pelo menos 2,6 milhões de doses já foram produzidas neste trimestre e estão prontas para a entrega, com validade de um ano, diz o Butantan.

Especialista destaca importância de vacinação

O infectologista Júlio Croda, da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, destaca que essa falta de vacinas pode apresentar um risco aumentado de hospitalização e óbito para as crianças, visto que elas compõem o segundo grupo de maior risco de internações em UTI.

“A covid é a doença imunoprevenível que mais matou crianças nessa faixa etária, mais do que qualquer doença que é prevenível por vacina” diz o médico, que ressalta que as mortes estão associadas à falta de esquema vacinal completo. Para mitigar o problema, destaca a importância de se adquirir e distribuir mais imunizantes.

Procurado pela reportagem, o ministério negou que haja desabastecimento de vacinas e afirmou que elas “são enviadas de maneira proporcional e igualitária”. Não foi enviada uma previsão de quando novas remessas devem ser enviadas via Programa Nacional de Imunizações (PNI). Segundo o presidente da CNM, a entidade vai remeter um ofício ao governo federal “para apresentar os dados da pesquisa e buscar soluções”.

Como o Estadão mostrou, a equipe responsável pela transição de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apontou na última semana que a administração de Jair Bolsonaro ainda não havia comprado as doses necessárias para manter a imunização contra a covid no País em 2023.

Anteriormente, a precariedade dos dados disponíveis fez com que o Tribunal de Contas da União (TCU) informasse ao grupo de transição que não era possível nem avaliar o cumprimento de metas de imunização no País. Um documento aponta que faltam dados de morbidade (doenças adquiridas) e mortalidade relacionados à síndrome pós-covid 19. A falta de informações “pode afetar o planejamento das políticas de saúde, em razão do número elevado de possíveis casos”, diz. /COLABOROU STÉPHANIE ARAÚJO, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

Pelo menos uma em cada cinco cidades brasileiras relata falta de doses para vacinar crianças de 3 a 11 anos contra a covid-19, de acordo com uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) entre o dia 22 e a segunda-feira, dia 28.

O levantamento também aponta que a maioria teve aumento de casos da doença e de procura por testes e volta da recomendação de máscaras.

“É fato que até o momento temos a vacinação como a maior arma contra a covid-19, seguida das medidas de distanciamento social e proteção individual, como a máscara, por exemplo. E notamos pela pesquisa que essas medidas já começaram a ser adotadas por grande parte dos municípios que enfrentam alta na disseminação da doença”, explica Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.

A pesquisa ouviu 1.970 municípios na última semana de novembro. Dentre os 416 que apontaram falta de vacinas para o público infantil dos 3 aos 11 anos, a maioria está no Nordeste (31,5%), seguida por Centro-Oeste (26,9%), Sudeste (19,4%), Sul (17,5%) e Norte (10,8%).

A maioria (85,1%) diz não ter estoque suficiente da Coronavac, o único produto autorizado para crianças de 3 e 4 anos. Uma parcela de 152 cidades (36,5%) também relata falta da Pfizer infantil, destinada ao público de 5 a 11 anos. Na última quarta-feira, o Ministério da Saúde enviou um lote de doses da Coronavac para serem distribuídas aos Estados e municípios, mas as secretarias alegam que a quantidade foi baixa para a demanda.

Pai acompanha aplicação de vacina para a filha em São Paulo. Confederação fez levantamento sobre disponibilidade no País  Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

No Recife, a vacinação em crianças de 3 e 4 anos foi suspensa na própria quarta e, segundo a prefeitura da capital pernambucana, dois ofícios foram enviados ao governo federal, cobrando remessas prometidas, mas nenhum deles foi respondido.

Esta foi a segunda vez em um mês que a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) precisou suspender a imunização. Após a primeira interrupção, no início de novembro, o governo federal enviou 1,3 mil doses, que já se esgotaram. Apenas 27,27% das crianças de 3 e 4 anos moradoras da cidade conseguiram a imunização até o momento.

O Rio de Janeiro também suspendeu a primeira aplicação da vacina em crianças de 3 e 4 anos, por causa “da pequena quantidade de doses recebidas na última remessa enviada pelo Ministério da Saúde”, segundo nota da Secretaria de Saúde. Na capital fluminense, o estoque enviado foi redirecionado para completar o esquema vacinal com a segunda aplicação, em unidades específicas.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que a vacinação segue normalmente, mas que tem aplicado a Coronavac apenas em crianças de 3 e 4 anos, enquanto as demais até os 11 anos têm recebido a dose pediátrica da Pfizer. A pasta afirma aguardar o envio de novos lotes pelo governo federal, mas ainda não há data prevista de quando isso deve acontecer.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a vacina Comirnaty, produzida pela Pfizer, para crianças dos 6 meses aos 4 anos de idade. No entanto, a Coronavac continua a ser o único imunizante incorporado pelo Ministério da Saúde para crianças de 3 e 4 anos.

A Pfizer afirmou que foram entregues 24 milhões de doses da sua vacina pediátrica contra a covid para serem aplicadas em crianças de 5 a 11 anos. O último lote, enviado em agosto com 2,06 milhões de doses, tem validade até janeiro. A empresa reforça ainda que “tem capacidade de produção para fornecer mais vacinas” e “atender às necessidades do país”.

O Instituto Butantan informou ter repassado um total de 12 milhões de unidades da Coronavac ao Ministério da Saúde neste ano. Desde o dia 10, quando fez a entrega do último lote adicional de 1 milhão de doses solicitadas pelo Ministério da Saúde, o instituto não foi mais procurado pelo governo federal. Pelo menos 2,6 milhões de doses já foram produzidas neste trimestre e estão prontas para a entrega, com validade de um ano, diz o Butantan.

Especialista destaca importância de vacinação

O infectologista Júlio Croda, da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, destaca que essa falta de vacinas pode apresentar um risco aumentado de hospitalização e óbito para as crianças, visto que elas compõem o segundo grupo de maior risco de internações em UTI.

“A covid é a doença imunoprevenível que mais matou crianças nessa faixa etária, mais do que qualquer doença que é prevenível por vacina” diz o médico, que ressalta que as mortes estão associadas à falta de esquema vacinal completo. Para mitigar o problema, destaca a importância de se adquirir e distribuir mais imunizantes.

Procurado pela reportagem, o ministério negou que haja desabastecimento de vacinas e afirmou que elas “são enviadas de maneira proporcional e igualitária”. Não foi enviada uma previsão de quando novas remessas devem ser enviadas via Programa Nacional de Imunizações (PNI). Segundo o presidente da CNM, a entidade vai remeter um ofício ao governo federal “para apresentar os dados da pesquisa e buscar soluções”.

Como o Estadão mostrou, a equipe responsável pela transição de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apontou na última semana que a administração de Jair Bolsonaro ainda não havia comprado as doses necessárias para manter a imunização contra a covid no País em 2023.

Anteriormente, a precariedade dos dados disponíveis fez com que o Tribunal de Contas da União (TCU) informasse ao grupo de transição que não era possível nem avaliar o cumprimento de metas de imunização no País. Um documento aponta que faltam dados de morbidade (doenças adquiridas) e mortalidade relacionados à síndrome pós-covid 19. A falta de informações “pode afetar o planejamento das políticas de saúde, em razão do número elevado de possíveis casos”, diz. /COLABOROU STÉPHANIE ARAÚJO, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

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