O tratamento da malária repetidamente classificado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, como um "divisor de águas" na luta contra o novo coronavírus e também defendido pelo presidente Jair Bolsonaro falhou novamente em mostrar um benefício em pacientes hospitalizados com covid-19. Embora o estudo publicado no New England Journal of Medicine tenha certas limitações, os médicos relataram que o uso da hidroxicloroquina não diminuiu o número de pacientes que necessitavam de assistência respiratória nem o risco de morte.
"Não vimos nenhuma associação entre obter esse medicamento e a chance de morrer ou ser intubado", disse o pesquisador principal, Neil Schluger, à Reuters em entrevista por telefone. "Os pacientes que receberam a droga não pareciam se sair melhor."
Entre os pacientes que receberam hidroxicloroquina, 32,3% acabaram precisando de um ventilador ou morrendo, em comparação com 14,9% dos pacientes que não receberam o medicamento. Mas os médicos eram mais propensos a dar hidroxicloroquina a pacientes mais doentes, então pesquisadores do Hospital Presbiteriano de Nova York e do Irving Medical Center da Universidade Columbia ajustaram as taxas para explicar isso. Eles concluíram que o medicamento pode não ter ferido os pacientes, mas claramente não ajudou.
A hidroxicloroquina, que também é usada para tratar o lúpus e a artrite reumatóide, também não mostrou benefício quando combinada com o antibiótico azitromicina, informou a equipe de Schluger. Somente a azitromicina também não mostrou benefício.
No mês passado, médicos do Departamento de Assuntos dos Veteranos dos EUA relataram que a hidroxicloroquina não ajudou os pacientes com covid-19 e pode representar um risco maior de morte.
Essa análise dos prontuários médicos mostrou uma taxa de mortalidade de 28% quando o medicamento foi administrado em adição aos tratamentos padrão, comparado a 11% apenas com o tratamento padrão.
No último estudo, 811 pacientes receberam hidroxicloroquina e 565 não. "o estudo não deve ser considerado para descartar benefícios ou danos" para o medicamento, disseram os pesquisadores. Ensaios randomizados, o padrão-ouro para testes de novas terapias, devem continuar, acrescentaram./REUTERS