Após o anúncio do Ministério da Saúde na segunda-feira, 24, para a ampliação da vacina bivalente da covid-19 para pessoas acima de 18 anos, Estados e municípios já iniciam mais esta etapa da imunização. Até a nova recomendação, a vacina podia ser administrada apenas em grupos prioritários, como idosos acima de 60 anos, pessoas imunocomprometidas ou com deficiência permanente a partir de 12 anos de idade, indígenas, ribeirinhos e quilombolas, gestantes e puérperas e profissionais da área da saúde.
Enquanto alguns Estados e municípios já começaram a aplicação nesta terça-feira, em São Paulo, a Secretaria de Saúde do Estado paulista afirmou que a partir desta quarta-feira, 26, os municípios paulistas podem avaliar e definir suas estratégias para ampliação da vacinação bivalente para o público acima de 18 anos, de acordo com a disponibilidade de doses em relação ao público elegível.
No entanto, a pasta recomenda que a ampliação seja feita de forma escalonada, a iniciar pelo público de maior faixa etária. “Mesmo com a liberação, o Ministério, até o momento, não enviou as doses destinadas a esse público que, em todo o Estado, é de cerca de 23 milhões de pessoas. Desta forma, a secretaria iniciou a distribuição de 600 mil doses que estavam em estoque a todos os municípios de forma proporcional”, disse a secretaria, que afirmou ter solicitado novas doses ao Ministério da Saúde.
“O que temos hoje em estoque, mais a quantidade já distribuída aos municípios anteriormente, é o suficiente para iniciarmos a imunização deste público, porém, é necessário que, o quanto antes, possamos receber uma nova remessa do ministério para abastecer os municípios e seguirmos com a imunização para toda população”, disse Tatiana Lang D’Agostini, diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado de São Paulo.
Seguindo o Estado paulista, a cidade de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, afirmou que vai ampliar a partir desta quarta-feira a vacinação contra a covid-19 com a bivalente para a população acima de 50 anos de idade. Nesta terça-feira, a cidade recebeu 161 mil doses do imunizante.
“Nossa rede está estruturada para vacinar toda a população com a dose da Pfizer bivalente. Temos 470 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) preparadas para realizar a imunização. Como são mais de 9 milhões de pessoas acima de 18 anos na capital, vamos ampliar a vacinação conforme o recebimento de novos lotes”, afirmou Luiz Carlos Zamarco, secretário municipal da Saúde.
Na capital paulista, a vacina bivalente está disponível, atualmente, para todos os idosos acima de 60 anos de idade, além de pessoas maiores de 12 anos com imunossupressão ou com comorbidades, indígenas, gestantes e puérperas, residentes em instituições de longa permanência e funcionários desses equipamentos da cidade de São Paulo, profissionais da saúde, pessoas com deficiência física permanente, população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional, além da população em situação de rua.
A imunização pode ser feita nas UBSs e Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs)/UBSs Integradas de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e aos sábados nas AMAs/UBSs Integradas, também das 7h às 19h. Veja aqui mais informações sobre os endereços.
Onde já começou a aplicação da bivalente?
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal disse que iniciou nesta terça-feira a imunização com a Pfizer bivalente para todas as pessoas acima de 18 anos. Para tomar o imunizante, é obrigatório ter ao menos quatro meses desde a última dose contra a covid-19 e é preciso levar o cartão de vacina e um documento de identificação com foto. Veja aqui mais informações.
Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, também foi ampliada a partir desta terça-feira a vacinação com a dose bivalente contra a covid-19 para toda a população acima de 18 anos, seguindo a recomendação do Ministério da Saúde.
“Podem ser vacinados com o imunizante quem já recebeu, pelo menos, duas doses de vacinas monovalentes como esquema primário ou como dose de reforço, respeitando um intervalo de quatro meses da última dose. Quem ainda não completou o ciclo vacinal e está com alguma dose de reforço em atraso também pode procurar as unidades de saúde”, disse.
Conforme a Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte, a aplicação da bivalente para pessoas acima de 18 anos já está disponível no Estado.
“Na próxima semana, a secretaria vai entregar uma nova remessa de vacinas, mas os municípios já podem iniciar de imediato a vacinação com a bivalente com as vacinas disponíveis em estoque”, afirma Laiane Graziela, coordenadora de imunização da secretaria.
Com a nova orientação do Ministério da Saúde, incluindo a população acima de 18 anos na campanha de aplicação da vacina bivalente contra a covid-19, o município de Recife, em Pernambuco, inicia as ações para imunizar um público-alvo de 519.482 habitantes da capital. O agendamento para quem preferir ir aos postos instalados nos shoppings da cidade e ao Centro Médico Senador Ermírio de Moraes começou ainda na terça-feira. Para as mais de 150 salas de vacina da cidade, não é necessário agendamento.
Ainda na segunda-feira, a prefeitura do Rio de Janeiro distribuiu um comunicado afirmando que todas as pessoas com 18 anos ou mais poderão, a partir desta terça. “É necessário ter recebido, pelo menos, duas doses da vacina contra a doença há mais de quatro meses”, afirmou a Secretaria Municipal de Saúde.
No Paraná, a Secretaria de Estado da Saúde afirma que recomenda a aplicação da dose de reforço com a vacina bivalente contra a covid-19 para todas as pessoas acima de 18 anos. “A orientação segue a nova normativa do Programa Nacional de Imunizações (PNI), oficializada pelo Ministério da Saúde na segunda-feira”, acrescentou a pasta.
Segundo o documento, a recomendação se aplica a todas as pessoas acima de 18 anos que tenham recebido pelo menos duas doses do esquema primário e considera a disponibilidade de vacinas bivalentes e a necessidade de atualização de resposta imunológica da população para as novas variantes da doença.
“Agora, cada município deverá organizar o chamamento do novo público, de acordo com a demanda e quantidade de doses disponíveis. Inicialmente, as equipes municipais poderão utilizar as vacinas que possuem em estoque até que novas remessas sejam enviadas pelo governo federal”, disse.
Conforme o governo paranaense, o Estado está preparando, ainda para essa semana, um novo envio de 156 mil doses que estão armazenadas no Centro de Medicamentos do Paraná (Cemepar) em Curitiba, para as 22 Regionais de Saúde. A Sesa deve receber nos próximos dias um novo lote do Ministério da Saúde que será destinado também para a ampliação do novo público.
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás afirma que vai seguir integralmente a decisão do Ministério da Saúde. “A nota técnica da pasta já foi enviada a todos os municípios goianos, para que sigam a determinação de liberar a vacina bivalente para pessoas com 18 anos ou mais que já tiverem recebidos duas doses anteriores, sendo a última aplicada pelo menos há quatro meses da última dose”, disse.
Em Manaus, no Amazonas, o município afirma que segue a orientação do Ministério da Saúde de ampliar para o público acima de 18 anos a vacinação com a bivalente. “No entanto, ainda estamos verificando a disponibilidade de doses, definindo cronograma de atendimento e organizando a distribuição da vacina para as unidades de saúde da capital. Tão logo tenhamos a data de início da aplicação da vacina, faremos a divulgação”, afirmou.
Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul disse que o Estado se articula com os municípios em Comissão Intergestores Bipartite (CIB) sobre a ampliação da bivalente para maiores de 18 anos.
O que é a vacina bivalente?
A vacina bivalente é a mais eficiente dentre as vacinas disponíveis. É uma versão atualizada da vacina usada na campanha de vacinação iniciada em 2021 (monovalente). Foi elaborada com base na cepa original do vírus SarsCov-2 e novas variantes que surgiram ao longo da pandemia. Com seis doses em cada frasco, as vacinas bivalentes são identificadas pela tampa na cor cinza.
Ou seja, usando a tecnologia do mRNA com dois códigos genéticos, a vacina bivalente é capaz de imunizar contra mais de uma versão de um vírus de uma só vez. Diferentemente das imunizações tradicionais, que usavam uma versão morta do vírus para que o corpo pudesse produzir anticorpos, as vacinas de mRNA são uma inovação na forma de fabricar imunizantes.
Quem pode tomar a bivalente?
A vacina bivalente Pfizer está indicada como dose de reforço para aquelas pessoas com 18 anos de idade ou mais que receberam ao menos duas doses de qualquer vacina da covid-19 como esquema primário ou após quatro meses de qualquer reforço com vacinas monovalentes. Também está recomendada para adolescentes de 12 a 17 anos de idade com imunossupressão ou comorbidades.
Qual a importância da população acima de 18 anos também receber a vacina bivalente?
A proteção imune conferida pela vacina covid-19, pela infecção natural ou por ambas, se reduz ao longo do tempo devido, principalmente, ao surgimento das novas variantes. “Por isso, o nosso sistema imunológico precisa de um reforço ou booster para melhorar esta resposta imunológica após algum tempo em qualquer idade. O reforço pode proteger as pessoas contra doença grave, hospitalizações e morte”, afirma Ana Karolina Barreto Marinho, integrante do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).
Além de estar no grupo que pode receber a vacina, a pessoa precisa já ter iniciado o esquema de imunização?
Para receber a dose bivalente, a pessoa precisa ter concluído, pelo menos, o esquema primário da vacinação contra covid-19, composto pelas duas primeiras doses ou dose única. Além disso, a última dose deve ter sido aplicada há, pelo menos, quatro meses.
Há dois tipos de bivalentes? Há diferenças entre elas?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no fim de 2022 duas vacinas bivalentes produzidas pela Pfizer:
- Bivalente BA1 - protege contra a variante original e também contra a variante Ômicron BA1.
- Bivalente BA4/BA5 - protege contra a variante original e também contra a variante Ômicron BA4/BA5.
“Ambas protegem contra as variantes da Ômicron circulantes atualmente. Do ponto de vista prático, não há diferenças para a população”, acrescenta Ana Karolina.
A vacina bivalente pode gerar efeitos colaterais?
Sim. As vacinas bivalentes apresentaram um bom perfil de segurança nos ensaios clínicos, porém pode ser comum que o imunizante apresente efeitos adversos, como: dor e inchaço no local da aplicação, cefaleia, diarreia, dor nas articulações (artralgia), fadiga, mialgia, arrepios e febre. Rubor onde a vacina foi aplicada, vômitos e náuseas também podem ser sentidos, mas é menos comum.
Quais são as contraindicações para tomar a vacina bivalente?
O imunizante não deve ser administrado para pessoas com hipersensibilidade ao princípio ativo ou a qualquer um dos componentes da vacina. Também é contraindicada a administração da bivalente no caso da pessoa estar com doenças agudas febris. Assim que a pessoa se recuperar, pode receber a vacina.
Com a decisão do Ministério da Saúde, 97 milhões de pessoas passam a estar aptas a receber o imunizante. Até o momento, 10,3 milhões já receberam a proteção, que faz parte do Movimento Nacional pela Vacinação. O objetivo da medida, segundo o governo, é aumentar a cobertura vacinal e proteção contra a doença que já vitimou mais de 700 mil pessoas no Brasil desde 2020.
Em paralelo à aplicação da bivalente, a dose monovalente é ofertada para todas as pessoas acima de seis meses em todo o País, conforme a quantidade e imunizantes recomendados para cada faixa etária.