A vacina protege para a vida inteira? Como devo proceder caso eu atrase o calendário vacinal do meu filho? Há uma série de dúvidas em torno das imunizações, e muita desinformação sobre o tema.
O Estadão reuniu aqui respostas para quatro dúvidas frequentes sobre a duração dos imunizantes e a lógica das idades no esquema de vacinação.
A vacina protege para a vida toda?
Alguns imunizantes garantem proteção para a vida inteira, desde que a pessoa tenha completado o esquema vacinal para aquela determinada doença. É o caso da tríplice viral, que exige a aplicação de duas doses para evitar, de forma permanente, que alguém tenha sarampo, rubéola e caxumba. O mesmo acontece com os imunizantes para a hepatite A (uma ou duas doses, dependendo se a aplicação ocorre na rede pública ou particular), hepatite B (quatro doses, sendo uma isolada no nascimento do bebê e as demais dentro da aplicação da vacina pentavalente) e a febre amarela (dose única). Entretanto, há vacinas para as quais são necessárias doses periódicas de reforço. São essas aplicações adicionais que levam à produção de anticorpos de longa vida e ao desenvolvimento de células de memória, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). É como se o corpo precisasse ser treinado de tempos em tempos para combater o organismo causador da doença, reforçando a memória do agente infeccioso para combatê-lo mais rapidamente no caso de uma eventual exposição futura. Nessa categoria estão as vacinas contra influenza, tétano, difteria e coqueluche.
Por que algumas vacinas só podem ser aplicadas em determinadas idades?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm), a recomendação da idade para aplicação de cada vacina leva em conta os dados epidemiológicos da população e a suscetibilidade dos indivíduos em cada faixa etária, tanto para o adoecimento quanto para complicações da doença. Em todo o mundo, o calendário vacinal é norteado pela OMS, mas é responsabilidade de cada país decidir, de acordo com sua capacidade econômica e sua necessidade epidemiológica, quais imunizantes constam em suas campanhas anuais de vacinação. No Brasil, existem vacinas diferentes para cada público: crianças, adolescentes, adultos e idosos. Isso ocorre porque os imunizantes foram desenvolvidos, ao longo de décadas de estudo, para o público-alvo no qual a incidência de cada doença é maior.
O sistema imunológico sofre influências em relação à idade?
A maturidade do sistema imunológico cumpre um papel importante na distribuição do calendário vacinal. De acordo com a SBIm, conforme as pessoas vão ficando mais velhas, o sistema imune já não responde tão bem assim às vacinas por causa das alterações imunológicas observadas no envelhecimento. A vacina BCG (que previne as formas graves de tuberculose, principalmente a miliar e a meníngea), por exemplo, não é capaz de prevenir a tuberculose de um adulto, mas evita a forma grave da doença em bebês. Em uma pessoa mais velha, a tuberculose precisa ser tratada com medicamentos até que uma vacina efetiva seja desenvolvida para essa faixa etária. De acordo com a SBIm, bebês e idosos são grupos bastante específicos: em um, o sistema imune ainda não está maduro o suficiente para lidar com patógenos (organismos capazes de causar doenças) e no outro o sistema imune já está envelhecendo.
Como proceder se atrasar o calendário vacinal do meu filho?
O calendário é uma forma de organizar as vacinas por doses e faixas etárias sugeridas por especialistas, o que não impede uma pequena variação. De acordo com o Ministério da Saúde, em caso de atraso, busque orientação médica para saber como ajustar o calendário vacinal do seu filho sem prejudicar a proteção conferida pelos imunizantes. Na maioria dos casos, uma dose já dada não é considerada perdida. Se uma dose foi feita há muito tempo, você deve continuar o esquema respeitando o intervalo entre as próximas doses. Apesar de o atraso não significar um grande problema na maioria dos casos, é importante atentar-se ao calendário e seguir o período recomendado de imunização, uma vez que a proteção só é efetiva quando está em dia. Além disso, lembre-se de que as vacinas obrigatórias estão sempre disponíveis nos postos de saúde e não é necessário aguardar pelas campanhas para atualizar a caderneta de vacinação.
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Expediente
Reportagem | Alunos do 1º Curso Estadão de Jornalismo de Saúde: Aline Albuquerque, Ana Luiza Antunes, Beatriz Bulhões, Beatriz Leite, Camila Pergentino, Camila Santos, Fernanda Freire, Flávia Terres, Francielle Oliveira, Giovanna Castro, Guilherme Lara da Rosa, Guilherme Santiago, Isabel Gomes, Isabela Abalen, Iuri Santos, Kally Momesso, Katharina Cruz, Layla Shasta, Letícia Pille, Mariana Macedo, Matheus Metzker, Milena Félix, Pedro Miranda, Pedro Nakamura, Rafaela Rasera, Sofia Lungui, Stéphanie Araújo, Thais Porsch, Victória Ribeiro e Vitor Hugo Batista Coordenação e edição | Carla Miranda, Andréia Lago e Ítalo Rômany