Há exatamente um ano, o Brasil se emocionava na tarde do domingo, 17 de janeiro, quando os servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovaram o uso emergencial da vacina Coronavac contra o coronavírus. Após o aval do órgão, a enfermeira Mônica Calazans, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, recebeu a primeira aplicação do imunizante produzido pelo Instituto Butantan e deu o pontapé inicial na campanha brasileira de imunização.
Ao longo dos 12 meses que seguiram, o País passou coletivamente por uma montanha-russa de emoção a cada novo público que era incluído no Programa Nacional de Imunização (PNI). A chegada de insumos, aprovação de outras vacinas e distribuição de doses foram acompanhadas de perto, na mesma medida que a maioria dos brasileiros fazia questão de postar nas redes sociais e comemorar o aguardado momento da vacina contra o vírus. O imunizante se provou uma importante ferramenta contra casos graves e mortes pela doença, ainda que não tenha aplacado totalmente a transmissão.
Os postos de saúde também foram momentaneamente transformados em passarelas quando o "jeitinho brasileiro" levou um verdadeiro desfile de looks na hora da vacinação, fosse em homenagem ao Zé Gotinha e ao SUS ou em alusão aos jacarés e críticas ao presidente Jair Bolsonaro. A atuação de Bolsonaro também continuou chamando atenção ao longo do ano passado, quando continuou a atacar as vacinas e a promover medicamentos de inefácia comprovada contra a doença.
O primeiro ano de vacinação também foi marcado pelo desafio de se obter mais doses do imunizante, especialmente no início da campanha. Com escassez de vacinas em todo o mundo, o ritmo de aplicação seguiu aquém do que a urgência do momento pedia, enfrentando ainda o desafio da importação de insumos, como o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA). A aplicação acelerou no segundo semestre, chegando a um número maior de brasileiros.
Abaixo, relembre alguns dos momentos mais marcantes nesse um ano de imunização contra a covid-19:
A primeira brasileira vacinada
Mônica Calazans exibiu em rede nacional o sorriso da esperança de que a pandemia do coronavírus poderá um dia acabar. “Não tive medo em momento nenhum. Fui com muita segurança na vacina, desde o início”, contou em entrevista recente ao Estadão.
Lares de longa permanência
Um dos primeiros grupos a receber a vacina, os idosos em lares de longa permanência viram com a chegada do imunizante a chance de retomar o convívio com amigos e familiares sem o intermédio de uma parede de vidro.
O presidente não vacinado
O presidente Jair Bolsonaro continuou a atacar a vacina e declara não ter se imunizado contra a doença até hoje. Ao longo do ano passado, promoveu aglomerações, esnobou o uso de máscaras e promoveu o uso de medicamentos de ineficácia comprovada contra a covid-19.
Vacinação em adolescentes
Em meados de agosto, foi a vez de os adolescentes dos 12 aos 17 anos receberem o imunizante da Pfizer, após longos sete meses de espera.
Chegada de insumos
Antes de a produção de insumos para as vacinas da AstraZeneca e da Coronavac ser feita no Brasil pela Fiocruz e pelo Instituto Butantan, a chegada dos caixotes e a distribuição das doses aliviava a tensão de quem esperava sua vez na fila da imunização.
Desfile de looks
À medida que a vacinação avançava pelo País, os brasileiros deram seu próprio “jeitinho” de se destacarem e investiram em looks que exaltavam o Sistema Único de Saúde (SUS), broches do Zé Gotinha e protestavam contra as falas negacionistas do presidente Jair Bolsonaro contra a imunização, principalmente o seu medo de "virar jacaré".
Terceira dose
Em mais uma das curvas que a pandemia fez, a descoberta da necessidade de uma dose de reforço das vacinas pegou muitos desprevenidos, mas hoje o País já tem quase 16% da população com essa camada extra de proteção. O primeiro grupo convocado para essa fase, seguindo os moldes do PNI, foram idosos acima dos 90 anos e em lares de longa permanência.
Vacinação infantil
Depois de muitos embates entre o governo federal e a Anvisa, a vacinação infantil foi liberada pela agência no final de dezembro e implementada pelo Ministério da Saúde na semana passada. A primeira criança a ser imunizada foi o indígena Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos, no Hospital das Clínicas.