Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 7, o diretor adjunto da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, declarou que a vacinação contra a covid-19 deve ser uma política de saúde pública, com prioridade para os grupos de risco à doença e aos profissionais de serviços essenciais. Ele também afirmou que uma possível permissão de venda do imunizante no setor privado neste momento, em que há escassez do produto no mercado, ampliaria as desigualdades.
“O primeiro objetivo é salvar vidas, proteger pessoas que têm um risco maior para desenvolver quadros graves da covid-19 e morrer, como os idosos e as pessoas que têm enfermidades crônicas, como câncer, diabetes e hipertensão, além de proteger os trabalhadores de saúde e de serviços essenciais”, destacou.
Médico brasileiro, Barbosa reiterou que a quantidade de vacinas disponível hoje no mundo é reduzida. E, por isso, defendeu que, “de um ponto de vista e de saúde pública”, os governos nacionais precisam orientar as campanhas de imunização. “Para utilizar da melhor maneira possível as vacinas que, em todo o mundo, temos um acesso muito limitado. Não tem vacina sobrando em nenhuma parte, não há vacina para vacinar somente os que queiram ou podem pagar”, comentou.
“Há que se utilizar as vacinas de um ponto de vista de saúde pública para salvar vidas primeiro e, depois, junto com medidas de saúde pública, para alcançar o controle da transmissão”, apontou. Se isso não ocorrer, ele diz, poderá haver uma ampliação das desigualdades que a pandemia já tem ampliado.
“Não é possível pensar que um idoso pode não ter acesso a vacina, e uma pessoa jovem saudável que pode pagar pode ter acesso. Creio que é melhor utilizar para a saúde pública, salvar vidas e controlar a transmissão.”
Na terça-feira, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base de uma mudança na legislação para permitir que empresários comprem vacinas contra a covid-19 mesmo sem o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O projeto ainda precisa passar pelo Senado.