Vai beber no Natal e no réveillon? Saiba o que é a ‘síndrome do coração pós-feriado’ e como prevenir


Fibrilação atrial induzida por álcool requer atenção principalmente no período de festas, dizem médicos

Por Dani Blum
Atualização:

THE NEW YORK TIMES - Aprendi a amar a névoa caótica que é dezembro: minhas tentativas frenéticas de embrulhar presentes e eliminar itens em minhas listas de tarefas, tudo espremido entre festas da empresa e drinques antes que todos se dispersem para as férias. Mas essa confusão cheia de bebida também faz com que os feriados sejam um momento de pico para problemas cardiovasculares, dizem os médicos: mais pessoas morrem de ataques cardíacos entre o Natal e o ano-novo do que em qualquer outro período do ano.

“Bebemos e comemos muito mais e nos exercitamos e relaxamos muito menos do que em qualquer outra época do ano”, disse Nicholas Ruthmann, cardiologista da Cleveland Clinic.

Profissionais médicos alertaram sobre os riscos cardíacos que a temporada de festas traz há décadas. Na década de 1970, os médicos deram um nome ao problema particular do consumo excessivo de álcool nas comemorações: síndrome do coração pós-feriado. Eles notaram pacientes saudáveis indo para o pronto-socorro depois de beber durante as festividades de fim de ano com fibrilação atrial (Afib, na sigla em inglês) ou ritmos cardíacos irregulares.

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“Vemos isso em jovens, idosos, em qualquer pessoa”, diz Kristen Brown, pesquisadora cardiovascular do Centro Médico da Universidade de Nebraska, que pesquisou a síndrome do coração pós-feriado.

O “coração de feriado” é apenas outra expressão para fibrilação atrial induzida por álcool, ou Afib, que é um ritmo cardíaco rápido e caótico. A Afib é uma das condições cardíacas mais comuns, afirma Gregory Marcus, professor de Medicina na divisão de cardiologia da Universidade da Califórnia, São Francisco, que estudou álcool e Afib.

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Muitas pessoas com Afib não apresentam nenhum sintoma, diz Hugh Calkins, professor de cardiologia na Johns Hopkins Medicine. Aquelas que apresentam sintomas podem sentir vibrações ou palpitações cardíacas, dor no peito ou falta de ar; algumas têm fadiga extrema e até desmaiam. Para algumas pessoas, a Afib surge em períodos breves, mas para outras a condição pode se tornar permanente.

É especialmente importante estar atento aos sintomas porque a fibrilação atrial pode aumentar o risco de você ter um derrame; ela também tem sido associada à demência e insuficiência cardíaca, acrescentou Calkins.

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, a taxa de mortalidade por Afib vem aumentando há mais de duas décadas, um crescimento que os médicos atribuem em parte ao envelhecimento da população nos Estados Unidos.

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Fatores de risco

Seu risco aumenta com a idade; aos 80 anos, você tem cerca de 10% de chance de ter a doença, disse Calkins. Ele também citou outros fatores de risco: é mais provável que você tenha Afib se for alto (um estudo descobriu que pessoas com mais de 1,70 m tinham um risco maior), obesidade ou histórico familiar de Afib com início precoce.

Os médicos geralmente diagnosticam a Afib por meio de um eletrocardiograma.

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“Um cenário comum”, afirma Calkins, é aquele em que um paciente faz 50 anos, faz uma colonoscopia para rastrear câncer, acaba fazendo um eletrocardiograma, “e eis que ele tem Afib”. Mas, à medida que os smartwatches com monitores cardíacos se tornaram mais populares, as pessoas estão percebendo mudanças no ritmo cardíaco por conta própria, ele disse, e procurando cardiologistas.

“Nunca na história do nosso campo houve tantos pacientes fazendo fila para nos ver”, conta.

Os médicos ainda estão tentando entender exatamente como o álcool afeta o coração, disse Marcus. Uma teoria de trabalho é que o álcool induz alterações em seu sistema nervoso, que normalmente regula a frequência cardíaca. O excesso de álcool também pode alterar os sinais elétricos do coração, que coordenam a contração das células cardíacas.

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Uma possibilidade, segundo os médicos, é de que o álcool induza alterações no sistema nervoso, que normalmente regula a frequência cardíaca. Foto: Filipp Romanovski/Unsplash

Sinais de alerta

Nos últimos dez anos, os cientistas fortaleceram a ligação entre o álcool e a Afib. Um estudo mostrou que apenas uma única bebida por dia pode aumentar o risco de fibrilação atrial em 16%. Mesmo assim, o aumento da chance pode não ser drástico para a pessoa comum.

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“Se em um determinado dia, a chance de você ter Afib amanhã é de 1 em 1.000 – se você tomar um copo de cerveja ou vinho esta noite, talvez seja de 3 em 1.000″, disse Calkins.

Mas pessoas de todas as idades ainda devem estar cientes dos sinais de alerta, ele acrescentou.

As pessoas tendem a ignorar seus sintomas durante os feriados e esperar até o ano novo para obter atendimento médico, disse Ruthmann. Mas é fundamental procurar atendimento se você tiver um batimento cardíaco acelerado persistente e dor no peito, ou se estiver com dificuldade para respirar. Tontura e sensação de vertigem ou confusão também podem indicar um problema cardíaco.

“Cada segundo conta quando se trata do coração”, disse Ruthmann.

Limitar a quantidade de álcool que você consome pode ajudar a proteger o coração, mas para aqueles que optam por beber, aqui estão algumas maneiras de manter o coração saudável:

Hidrate-se. Se você estiver bebendo durante os feriados, certifique-se de tomar um copo cheio de água entre cada bebida, disse Ruthmann. A desidratação aumenta o risco da síndrome do coração pós-feriado, disse Brown, por isso é essencial se manter hidratado.

Não interrompa a medicação. Muitas pessoas deixam seus medicamentos para o coração ou pressão para trás na confusão de viajar para ver a família e amigos, pensando que podem passar alguns dias sem eles, disse Ruthmann. Mas é importante continuar tomando a medicação conforme programado.

Encontre tempo para se exercitar. O exercício moderado pode ajudar a amortecer a Afib. Se você tem uma rotina regular de exercícios que não consegue fazer durante os feriados, encontre algum tempo para um treino modificado – mesmo que seja apenas uma volta no quarteirão.

Gerencie o estresse. O estresse pode desempenhar um papel devastador no aumento do risco de eventos cardíacos, disse Ruthmann. Se você estiver ficando agitado, pare para respirar fundo ou tente um exercício de aterramento.

Por mais agitadas que as férias possam ser, certifique-se de ouvir seu corpo e prestar atenção a qualquer coisa que pareça estranha, ele aconselhou.

“Um Natal feliz pode transformar-se num Natal assustador rapidamente”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

THE NEW YORK TIMES - Aprendi a amar a névoa caótica que é dezembro: minhas tentativas frenéticas de embrulhar presentes e eliminar itens em minhas listas de tarefas, tudo espremido entre festas da empresa e drinques antes que todos se dispersem para as férias. Mas essa confusão cheia de bebida também faz com que os feriados sejam um momento de pico para problemas cardiovasculares, dizem os médicos: mais pessoas morrem de ataques cardíacos entre o Natal e o ano-novo do que em qualquer outro período do ano.

“Bebemos e comemos muito mais e nos exercitamos e relaxamos muito menos do que em qualquer outra época do ano”, disse Nicholas Ruthmann, cardiologista da Cleveland Clinic.

Profissionais médicos alertaram sobre os riscos cardíacos que a temporada de festas traz há décadas. Na década de 1970, os médicos deram um nome ao problema particular do consumo excessivo de álcool nas comemorações: síndrome do coração pós-feriado. Eles notaram pacientes saudáveis indo para o pronto-socorro depois de beber durante as festividades de fim de ano com fibrilação atrial (Afib, na sigla em inglês) ou ritmos cardíacos irregulares.

“Vemos isso em jovens, idosos, em qualquer pessoa”, diz Kristen Brown, pesquisadora cardiovascular do Centro Médico da Universidade de Nebraska, que pesquisou a síndrome do coração pós-feriado.

O “coração de feriado” é apenas outra expressão para fibrilação atrial induzida por álcool, ou Afib, que é um ritmo cardíaco rápido e caótico. A Afib é uma das condições cardíacas mais comuns, afirma Gregory Marcus, professor de Medicina na divisão de cardiologia da Universidade da Califórnia, São Francisco, que estudou álcool e Afib.

Muitas pessoas com Afib não apresentam nenhum sintoma, diz Hugh Calkins, professor de cardiologia na Johns Hopkins Medicine. Aquelas que apresentam sintomas podem sentir vibrações ou palpitações cardíacas, dor no peito ou falta de ar; algumas têm fadiga extrema e até desmaiam. Para algumas pessoas, a Afib surge em períodos breves, mas para outras a condição pode se tornar permanente.

É especialmente importante estar atento aos sintomas porque a fibrilação atrial pode aumentar o risco de você ter um derrame; ela também tem sido associada à demência e insuficiência cardíaca, acrescentou Calkins.

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, a taxa de mortalidade por Afib vem aumentando há mais de duas décadas, um crescimento que os médicos atribuem em parte ao envelhecimento da população nos Estados Unidos.

Fatores de risco

Seu risco aumenta com a idade; aos 80 anos, você tem cerca de 10% de chance de ter a doença, disse Calkins. Ele também citou outros fatores de risco: é mais provável que você tenha Afib se for alto (um estudo descobriu que pessoas com mais de 1,70 m tinham um risco maior), obesidade ou histórico familiar de Afib com início precoce.

Os médicos geralmente diagnosticam a Afib por meio de um eletrocardiograma.

“Um cenário comum”, afirma Calkins, é aquele em que um paciente faz 50 anos, faz uma colonoscopia para rastrear câncer, acaba fazendo um eletrocardiograma, “e eis que ele tem Afib”. Mas, à medida que os smartwatches com monitores cardíacos se tornaram mais populares, as pessoas estão percebendo mudanças no ritmo cardíaco por conta própria, ele disse, e procurando cardiologistas.

“Nunca na história do nosso campo houve tantos pacientes fazendo fila para nos ver”, conta.

Os médicos ainda estão tentando entender exatamente como o álcool afeta o coração, disse Marcus. Uma teoria de trabalho é que o álcool induz alterações em seu sistema nervoso, que normalmente regula a frequência cardíaca. O excesso de álcool também pode alterar os sinais elétricos do coração, que coordenam a contração das células cardíacas.

Uma possibilidade, segundo os médicos, é de que o álcool induza alterações no sistema nervoso, que normalmente regula a frequência cardíaca. Foto: Filipp Romanovski/Unsplash

Sinais de alerta

Nos últimos dez anos, os cientistas fortaleceram a ligação entre o álcool e a Afib. Um estudo mostrou que apenas uma única bebida por dia pode aumentar o risco de fibrilação atrial em 16%. Mesmo assim, o aumento da chance pode não ser drástico para a pessoa comum.

“Se em um determinado dia, a chance de você ter Afib amanhã é de 1 em 1.000 – se você tomar um copo de cerveja ou vinho esta noite, talvez seja de 3 em 1.000″, disse Calkins.

Mas pessoas de todas as idades ainda devem estar cientes dos sinais de alerta, ele acrescentou.

As pessoas tendem a ignorar seus sintomas durante os feriados e esperar até o ano novo para obter atendimento médico, disse Ruthmann. Mas é fundamental procurar atendimento se você tiver um batimento cardíaco acelerado persistente e dor no peito, ou se estiver com dificuldade para respirar. Tontura e sensação de vertigem ou confusão também podem indicar um problema cardíaco.

“Cada segundo conta quando se trata do coração”, disse Ruthmann.

Limitar a quantidade de álcool que você consome pode ajudar a proteger o coração, mas para aqueles que optam por beber, aqui estão algumas maneiras de manter o coração saudável:

Hidrate-se. Se você estiver bebendo durante os feriados, certifique-se de tomar um copo cheio de água entre cada bebida, disse Ruthmann. A desidratação aumenta o risco da síndrome do coração pós-feriado, disse Brown, por isso é essencial se manter hidratado.

Não interrompa a medicação. Muitas pessoas deixam seus medicamentos para o coração ou pressão para trás na confusão de viajar para ver a família e amigos, pensando que podem passar alguns dias sem eles, disse Ruthmann. Mas é importante continuar tomando a medicação conforme programado.

Encontre tempo para se exercitar. O exercício moderado pode ajudar a amortecer a Afib. Se você tem uma rotina regular de exercícios que não consegue fazer durante os feriados, encontre algum tempo para um treino modificado – mesmo que seja apenas uma volta no quarteirão.

Gerencie o estresse. O estresse pode desempenhar um papel devastador no aumento do risco de eventos cardíacos, disse Ruthmann. Se você estiver ficando agitado, pare para respirar fundo ou tente um exercício de aterramento.

Por mais agitadas que as férias possam ser, certifique-se de ouvir seu corpo e prestar atenção a qualquer coisa que pareça estranha, ele aconselhou.

“Um Natal feliz pode transformar-se num Natal assustador rapidamente”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

THE NEW YORK TIMES - Aprendi a amar a névoa caótica que é dezembro: minhas tentativas frenéticas de embrulhar presentes e eliminar itens em minhas listas de tarefas, tudo espremido entre festas da empresa e drinques antes que todos se dispersem para as férias. Mas essa confusão cheia de bebida também faz com que os feriados sejam um momento de pico para problemas cardiovasculares, dizem os médicos: mais pessoas morrem de ataques cardíacos entre o Natal e o ano-novo do que em qualquer outro período do ano.

“Bebemos e comemos muito mais e nos exercitamos e relaxamos muito menos do que em qualquer outra época do ano”, disse Nicholas Ruthmann, cardiologista da Cleveland Clinic.

Profissionais médicos alertaram sobre os riscos cardíacos que a temporada de festas traz há décadas. Na década de 1970, os médicos deram um nome ao problema particular do consumo excessivo de álcool nas comemorações: síndrome do coração pós-feriado. Eles notaram pacientes saudáveis indo para o pronto-socorro depois de beber durante as festividades de fim de ano com fibrilação atrial (Afib, na sigla em inglês) ou ritmos cardíacos irregulares.

“Vemos isso em jovens, idosos, em qualquer pessoa”, diz Kristen Brown, pesquisadora cardiovascular do Centro Médico da Universidade de Nebraska, que pesquisou a síndrome do coração pós-feriado.

O “coração de feriado” é apenas outra expressão para fibrilação atrial induzida por álcool, ou Afib, que é um ritmo cardíaco rápido e caótico. A Afib é uma das condições cardíacas mais comuns, afirma Gregory Marcus, professor de Medicina na divisão de cardiologia da Universidade da Califórnia, São Francisco, que estudou álcool e Afib.

Muitas pessoas com Afib não apresentam nenhum sintoma, diz Hugh Calkins, professor de cardiologia na Johns Hopkins Medicine. Aquelas que apresentam sintomas podem sentir vibrações ou palpitações cardíacas, dor no peito ou falta de ar; algumas têm fadiga extrema e até desmaiam. Para algumas pessoas, a Afib surge em períodos breves, mas para outras a condição pode se tornar permanente.

É especialmente importante estar atento aos sintomas porque a fibrilação atrial pode aumentar o risco de você ter um derrame; ela também tem sido associada à demência e insuficiência cardíaca, acrescentou Calkins.

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, a taxa de mortalidade por Afib vem aumentando há mais de duas décadas, um crescimento que os médicos atribuem em parte ao envelhecimento da população nos Estados Unidos.

Fatores de risco

Seu risco aumenta com a idade; aos 80 anos, você tem cerca de 10% de chance de ter a doença, disse Calkins. Ele também citou outros fatores de risco: é mais provável que você tenha Afib se for alto (um estudo descobriu que pessoas com mais de 1,70 m tinham um risco maior), obesidade ou histórico familiar de Afib com início precoce.

Os médicos geralmente diagnosticam a Afib por meio de um eletrocardiograma.

“Um cenário comum”, afirma Calkins, é aquele em que um paciente faz 50 anos, faz uma colonoscopia para rastrear câncer, acaba fazendo um eletrocardiograma, “e eis que ele tem Afib”. Mas, à medida que os smartwatches com monitores cardíacos se tornaram mais populares, as pessoas estão percebendo mudanças no ritmo cardíaco por conta própria, ele disse, e procurando cardiologistas.

“Nunca na história do nosso campo houve tantos pacientes fazendo fila para nos ver”, conta.

Os médicos ainda estão tentando entender exatamente como o álcool afeta o coração, disse Marcus. Uma teoria de trabalho é que o álcool induz alterações em seu sistema nervoso, que normalmente regula a frequência cardíaca. O excesso de álcool também pode alterar os sinais elétricos do coração, que coordenam a contração das células cardíacas.

Uma possibilidade, segundo os médicos, é de que o álcool induza alterações no sistema nervoso, que normalmente regula a frequência cardíaca. Foto: Filipp Romanovski/Unsplash

Sinais de alerta

Nos últimos dez anos, os cientistas fortaleceram a ligação entre o álcool e a Afib. Um estudo mostrou que apenas uma única bebida por dia pode aumentar o risco de fibrilação atrial em 16%. Mesmo assim, o aumento da chance pode não ser drástico para a pessoa comum.

“Se em um determinado dia, a chance de você ter Afib amanhã é de 1 em 1.000 – se você tomar um copo de cerveja ou vinho esta noite, talvez seja de 3 em 1.000″, disse Calkins.

Mas pessoas de todas as idades ainda devem estar cientes dos sinais de alerta, ele acrescentou.

As pessoas tendem a ignorar seus sintomas durante os feriados e esperar até o ano novo para obter atendimento médico, disse Ruthmann. Mas é fundamental procurar atendimento se você tiver um batimento cardíaco acelerado persistente e dor no peito, ou se estiver com dificuldade para respirar. Tontura e sensação de vertigem ou confusão também podem indicar um problema cardíaco.

“Cada segundo conta quando se trata do coração”, disse Ruthmann.

Limitar a quantidade de álcool que você consome pode ajudar a proteger o coração, mas para aqueles que optam por beber, aqui estão algumas maneiras de manter o coração saudável:

Hidrate-se. Se você estiver bebendo durante os feriados, certifique-se de tomar um copo cheio de água entre cada bebida, disse Ruthmann. A desidratação aumenta o risco da síndrome do coração pós-feriado, disse Brown, por isso é essencial se manter hidratado.

Não interrompa a medicação. Muitas pessoas deixam seus medicamentos para o coração ou pressão para trás na confusão de viajar para ver a família e amigos, pensando que podem passar alguns dias sem eles, disse Ruthmann. Mas é importante continuar tomando a medicação conforme programado.

Encontre tempo para se exercitar. O exercício moderado pode ajudar a amortecer a Afib. Se você tem uma rotina regular de exercícios que não consegue fazer durante os feriados, encontre algum tempo para um treino modificado – mesmo que seja apenas uma volta no quarteirão.

Gerencie o estresse. O estresse pode desempenhar um papel devastador no aumento do risco de eventos cardíacos, disse Ruthmann. Se você estiver ficando agitado, pare para respirar fundo ou tente um exercício de aterramento.

Por mais agitadas que as férias possam ser, certifique-se de ouvir seu corpo e prestar atenção a qualquer coisa que pareça estranha, ele aconselhou.

“Um Natal feliz pode transformar-se num Natal assustador rapidamente”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

THE NEW YORK TIMES - Aprendi a amar a névoa caótica que é dezembro: minhas tentativas frenéticas de embrulhar presentes e eliminar itens em minhas listas de tarefas, tudo espremido entre festas da empresa e drinques antes que todos se dispersem para as férias. Mas essa confusão cheia de bebida também faz com que os feriados sejam um momento de pico para problemas cardiovasculares, dizem os médicos: mais pessoas morrem de ataques cardíacos entre o Natal e o ano-novo do que em qualquer outro período do ano.

“Bebemos e comemos muito mais e nos exercitamos e relaxamos muito menos do que em qualquer outra época do ano”, disse Nicholas Ruthmann, cardiologista da Cleveland Clinic.

Profissionais médicos alertaram sobre os riscos cardíacos que a temporada de festas traz há décadas. Na década de 1970, os médicos deram um nome ao problema particular do consumo excessivo de álcool nas comemorações: síndrome do coração pós-feriado. Eles notaram pacientes saudáveis indo para o pronto-socorro depois de beber durante as festividades de fim de ano com fibrilação atrial (Afib, na sigla em inglês) ou ritmos cardíacos irregulares.

“Vemos isso em jovens, idosos, em qualquer pessoa”, diz Kristen Brown, pesquisadora cardiovascular do Centro Médico da Universidade de Nebraska, que pesquisou a síndrome do coração pós-feriado.

O “coração de feriado” é apenas outra expressão para fibrilação atrial induzida por álcool, ou Afib, que é um ritmo cardíaco rápido e caótico. A Afib é uma das condições cardíacas mais comuns, afirma Gregory Marcus, professor de Medicina na divisão de cardiologia da Universidade da Califórnia, São Francisco, que estudou álcool e Afib.

Muitas pessoas com Afib não apresentam nenhum sintoma, diz Hugh Calkins, professor de cardiologia na Johns Hopkins Medicine. Aquelas que apresentam sintomas podem sentir vibrações ou palpitações cardíacas, dor no peito ou falta de ar; algumas têm fadiga extrema e até desmaiam. Para algumas pessoas, a Afib surge em períodos breves, mas para outras a condição pode se tornar permanente.

É especialmente importante estar atento aos sintomas porque a fibrilação atrial pode aumentar o risco de você ter um derrame; ela também tem sido associada à demência e insuficiência cardíaca, acrescentou Calkins.

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, a taxa de mortalidade por Afib vem aumentando há mais de duas décadas, um crescimento que os médicos atribuem em parte ao envelhecimento da população nos Estados Unidos.

Fatores de risco

Seu risco aumenta com a idade; aos 80 anos, você tem cerca de 10% de chance de ter a doença, disse Calkins. Ele também citou outros fatores de risco: é mais provável que você tenha Afib se for alto (um estudo descobriu que pessoas com mais de 1,70 m tinham um risco maior), obesidade ou histórico familiar de Afib com início precoce.

Os médicos geralmente diagnosticam a Afib por meio de um eletrocardiograma.

“Um cenário comum”, afirma Calkins, é aquele em que um paciente faz 50 anos, faz uma colonoscopia para rastrear câncer, acaba fazendo um eletrocardiograma, “e eis que ele tem Afib”. Mas, à medida que os smartwatches com monitores cardíacos se tornaram mais populares, as pessoas estão percebendo mudanças no ritmo cardíaco por conta própria, ele disse, e procurando cardiologistas.

“Nunca na história do nosso campo houve tantos pacientes fazendo fila para nos ver”, conta.

Os médicos ainda estão tentando entender exatamente como o álcool afeta o coração, disse Marcus. Uma teoria de trabalho é que o álcool induz alterações em seu sistema nervoso, que normalmente regula a frequência cardíaca. O excesso de álcool também pode alterar os sinais elétricos do coração, que coordenam a contração das células cardíacas.

Uma possibilidade, segundo os médicos, é de que o álcool induza alterações no sistema nervoso, que normalmente regula a frequência cardíaca. Foto: Filipp Romanovski/Unsplash

Sinais de alerta

Nos últimos dez anos, os cientistas fortaleceram a ligação entre o álcool e a Afib. Um estudo mostrou que apenas uma única bebida por dia pode aumentar o risco de fibrilação atrial em 16%. Mesmo assim, o aumento da chance pode não ser drástico para a pessoa comum.

“Se em um determinado dia, a chance de você ter Afib amanhã é de 1 em 1.000 – se você tomar um copo de cerveja ou vinho esta noite, talvez seja de 3 em 1.000″, disse Calkins.

Mas pessoas de todas as idades ainda devem estar cientes dos sinais de alerta, ele acrescentou.

As pessoas tendem a ignorar seus sintomas durante os feriados e esperar até o ano novo para obter atendimento médico, disse Ruthmann. Mas é fundamental procurar atendimento se você tiver um batimento cardíaco acelerado persistente e dor no peito, ou se estiver com dificuldade para respirar. Tontura e sensação de vertigem ou confusão também podem indicar um problema cardíaco.

“Cada segundo conta quando se trata do coração”, disse Ruthmann.

Limitar a quantidade de álcool que você consome pode ajudar a proteger o coração, mas para aqueles que optam por beber, aqui estão algumas maneiras de manter o coração saudável:

Hidrate-se. Se você estiver bebendo durante os feriados, certifique-se de tomar um copo cheio de água entre cada bebida, disse Ruthmann. A desidratação aumenta o risco da síndrome do coração pós-feriado, disse Brown, por isso é essencial se manter hidratado.

Não interrompa a medicação. Muitas pessoas deixam seus medicamentos para o coração ou pressão para trás na confusão de viajar para ver a família e amigos, pensando que podem passar alguns dias sem eles, disse Ruthmann. Mas é importante continuar tomando a medicação conforme programado.

Encontre tempo para se exercitar. O exercício moderado pode ajudar a amortecer a Afib. Se você tem uma rotina regular de exercícios que não consegue fazer durante os feriados, encontre algum tempo para um treino modificado – mesmo que seja apenas uma volta no quarteirão.

Gerencie o estresse. O estresse pode desempenhar um papel devastador no aumento do risco de eventos cardíacos, disse Ruthmann. Se você estiver ficando agitado, pare para respirar fundo ou tente um exercício de aterramento.

Por mais agitadas que as férias possam ser, certifique-se de ouvir seu corpo e prestar atenção a qualquer coisa que pareça estranha, ele aconselhou.

“Um Natal feliz pode transformar-se num Natal assustador rapidamente”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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