Vai tomar sol na folga? Veja cuidados para evitar câncer de pele


Diagnóstico precoce aumenta chances de cura, por isso é fundamental observar a própria pele com frequência; saiba quais hábitos adotar para se prevenir contra a doença

Por Guilherme Santiago

O câncer de pele não melanoma é o tipo mais comum entre os brasileiros. Ele representa 30% de todos os tumores malignos registrados no País, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde. Sua ocorrência está relacionada, sobretudo, com a exposição ao sol de forma prolongada e sem proteção. Mas há outros fatores envolvidos: pessoas de pele clara, com muitas pintas pelo corpo, que tiveram queimaduras solares na infância, com histórico familiar ou que fazem bronzeamento artificial têm riscos maiores.

Esses fatores podem levar a uma alteração em que as células da pele começam a crescer de forma anormal e desenfreada. É dessa desregulação que aparece o câncer de pele, que é dividido em dois grupos, conforme indica Ramon Andrade, médico oncologista e membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Segundo o especialista, o câncer de pele pode ser do tipo melanoma ou não melanoma.

O mais comum deles é o não melanoma, que também costuma ser menos agressivo. Ele está dividido em duas categorias: pode ser um carcinoma basocelular, quando as células afetadas são as da parte inferior da epiderme, ou carcinoma espinocelular, nos casos em que as células atingidas são as da camada mais superficial da pele. “Nas duas ocorrências, quando descoberto nos estágios iniciais, o tratamento é feito por cirurgia”, garante.

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Já o câncer de pele do tipo melanoma tem origem nos melanócitos, ou seja, nas células que produzem a melanina responsável pela pigmentação da pele. Ele é menos frequente: representa 3% das neoplasias malignas do órgão, conforme dados do Inca. Porém, é o mais agressivo, com maior mortalidade e maiores as chances de metástase – quando o câncer se espalha para outros órgãos. Quando descoberto de forma precoce, a cirurgia também é indicada como principal tratamento, mas em estágios mais avançados da doença podem ser recomendados procedimentos complementares, como a imunoterapia.

O câncer de pele acontece por uma alteração celular, que faz com que elas cresçam de forma anormal e desenfreada. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

‘Tudo mudou em mim depois do diagnóstico’

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Esse foi o tratamento a que a advogada Carla Fernandes precisou recorrer ao ser diagnosticada com câncer de pele do tipo melanoma aos 42 anos. O sinal de alerta foi uma pinta que ela tinha nas costas desde a adolescência. “Eu retirei essa pinta por questões estéticas três vezes. Ela retornava e eu tirava de novo. E todas as vezes ela era mandada para biopsia”, revela. No entanto, na última vez em que a pinta retornou e foi removida, em 2017, o aspecto dela estava diferente. “Ela sangrava um pouco e descamava também”, lembra.

A biópsia confirmou o diagnóstico: Carla estava com câncer de pele do tipo melanoma em estágios bastante avançados. “O melanoma já tinha se espalhado para o pescoço e axila. Eu já estava em estágio metastático”, diz. Ela passou por cirurgia, no início de 2018, para retirada das metástases, mas também foi submetida a imunoterapia.

Conforme explica Andreia Melo, médica oncologista e coordenadora do Comitê de Tumores de Pele e Sarcomas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a imunoterapia faz com que, por meio de medicamentos, o sistema imune do paciente reconheça as células tumorais como não pertencentes ao próprio organismo e as destrua. “Existem resultados muito interessantes. Mesmo que não seja a maioria dos casos, alguns pacientes em estágios avançados conseguiram ter o total desaparecimento das lesões após imunoterapia”, diz.

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Mas foi necessário que Carla lutasse judicialmente para realizar a imunoterapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que, naquela época e ainda hoje, só oferece tratamento com quimioterapia convencional. “Mas meu médico me alertou que esse tratamento teria pouca resposta para um paciente com doença avançada, que era o meu caso”, conta. Na avaliação da médica oncologista, de fato, os resultados com a imunoterapia costumam ser mais animadores. “A sobrevida global mediana com a quimioterapia é em torno de 9 meses. E hoje a imunoterapia oferece sobrevida global mediana superior a 70 meses”, afirma.

Foram dois anos em tratamento. Em abril de 2020, Carla passou a fazer apenas o controle e, desde então, nenhum exame apresentou sinal da doença ativa no corpo. “Tudo mudou em mim depois do diagnóstico. A gente passa a dar mais importância para a vida. Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que a vida é melhor hoje do que antes do diagnóstico.”

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Como identificar?

De acordo com José Roberto Fraga, médico dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a regra do ABCDE pode ajudar na identificação. Nesse método, cada letra indica um aspecto de manchas e pintas na pele que deve ser observado.

  • Assimetria. Em geral, os melanomas são lesões assimétricas. Por isso, pintas e manchas em formato assimétrico podem ser indicativos de câncer de pele.
  • Bordas. O contorno também deve ser levado em consideração. Seja com borrões ou formato de ondas, as bordas das pintas também devem ser observadas.
  • Cor. Várias cores na mesma pinta, como tons de preto e marrom, são sinal de alerta para buscar ajuda de um médico especialista.
  • Diâmetro. Lesões com mais de 6 milímetros também podem indicar possível caso de câncer de pele, isso porque, em geral, pintas benignas não ultrapassam essa dimensão.
  • Evolução. Qualquer mudança observada nas características das lesões, como crescimento, forma e cor, são pontos de atenção, em especial quando isso acontece de maneira repentina.
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Além desse método, que pode ser feito por qualquer pessoa, outros fatores podem ser observados. Feridas que não cicatrizam e manchas que coçam, sangram ou descamam também são indícios. Perceber esses aspectos, em especial para casos de melanoma, pode ser importante para o diagnóstico e tratamento precoce. “Ao identificar esses sinais, o paciente deve procurar um médico especialista, como o dermatologista”, aconselha Fraga, que ressalta a importância do rápido diagnóstico para aumentar as chances de cura.

Como se prevenir do câncer de pele?

Tão importante quanto o tratamento precoce é a prevenção. Veja recomendações dos especialistas para se prevenir contra o câncer de pele.

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  • Se proteja do sol. Evite exposição ao sol em horários de maior intensidade, como entre 10h e 16h. Se não for possível, adote proteção, como filtros solares, lugares com sombra e roupas com proteção contra raios ultravioleta.
  • Utilize o FPS ideal. Ao escolher o protetor solar, evite aqueles com FPS menores que 30. Pessoas de pele clara ou sensível, devem investir em FPS mais altos.
  • Protetor solar é rotina. Não é apenas nos momentos de lazer, como na piscina ou na praia, que o filtro solar deve ser usado. Ele deve fazer parte da rotina e reaplicação a cada duas horas – em especial em situações que envolvem suor ou contato com água.
  • Fatores hereditários. O dermatologista explica que as chances de um paciente com histórico familiar desenvolver câncer de pele são maiores. Por isso, se esse for seu caso, adote cuidado de proteção, observe sua própria pele com frequência e tenha acompanhamento com um médico especialista.
  • Procure um dermatologista. A recomendação é ir ao dermatologista pelo menos uma vez ao ano. Dessa forma, é possível ter um acompanhamento frequente e identificar de forma precoce qualquer alteração na pele.

O câncer de pele não melanoma é o tipo mais comum entre os brasileiros. Ele representa 30% de todos os tumores malignos registrados no País, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde. Sua ocorrência está relacionada, sobretudo, com a exposição ao sol de forma prolongada e sem proteção. Mas há outros fatores envolvidos: pessoas de pele clara, com muitas pintas pelo corpo, que tiveram queimaduras solares na infância, com histórico familiar ou que fazem bronzeamento artificial têm riscos maiores.

Esses fatores podem levar a uma alteração em que as células da pele começam a crescer de forma anormal e desenfreada. É dessa desregulação que aparece o câncer de pele, que é dividido em dois grupos, conforme indica Ramon Andrade, médico oncologista e membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Segundo o especialista, o câncer de pele pode ser do tipo melanoma ou não melanoma.

O mais comum deles é o não melanoma, que também costuma ser menos agressivo. Ele está dividido em duas categorias: pode ser um carcinoma basocelular, quando as células afetadas são as da parte inferior da epiderme, ou carcinoma espinocelular, nos casos em que as células atingidas são as da camada mais superficial da pele. “Nas duas ocorrências, quando descoberto nos estágios iniciais, o tratamento é feito por cirurgia”, garante.

Já o câncer de pele do tipo melanoma tem origem nos melanócitos, ou seja, nas células que produzem a melanina responsável pela pigmentação da pele. Ele é menos frequente: representa 3% das neoplasias malignas do órgão, conforme dados do Inca. Porém, é o mais agressivo, com maior mortalidade e maiores as chances de metástase – quando o câncer se espalha para outros órgãos. Quando descoberto de forma precoce, a cirurgia também é indicada como principal tratamento, mas em estágios mais avançados da doença podem ser recomendados procedimentos complementares, como a imunoterapia.

O câncer de pele acontece por uma alteração celular, que faz com que elas cresçam de forma anormal e desenfreada. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

‘Tudo mudou em mim depois do diagnóstico’

Esse foi o tratamento a que a advogada Carla Fernandes precisou recorrer ao ser diagnosticada com câncer de pele do tipo melanoma aos 42 anos. O sinal de alerta foi uma pinta que ela tinha nas costas desde a adolescência. “Eu retirei essa pinta por questões estéticas três vezes. Ela retornava e eu tirava de novo. E todas as vezes ela era mandada para biopsia”, revela. No entanto, na última vez em que a pinta retornou e foi removida, em 2017, o aspecto dela estava diferente. “Ela sangrava um pouco e descamava também”, lembra.

A biópsia confirmou o diagnóstico: Carla estava com câncer de pele do tipo melanoma em estágios bastante avançados. “O melanoma já tinha se espalhado para o pescoço e axila. Eu já estava em estágio metastático”, diz. Ela passou por cirurgia, no início de 2018, para retirada das metástases, mas também foi submetida a imunoterapia.

Conforme explica Andreia Melo, médica oncologista e coordenadora do Comitê de Tumores de Pele e Sarcomas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a imunoterapia faz com que, por meio de medicamentos, o sistema imune do paciente reconheça as células tumorais como não pertencentes ao próprio organismo e as destrua. “Existem resultados muito interessantes. Mesmo que não seja a maioria dos casos, alguns pacientes em estágios avançados conseguiram ter o total desaparecimento das lesões após imunoterapia”, diz.

Mas foi necessário que Carla lutasse judicialmente para realizar a imunoterapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que, naquela época e ainda hoje, só oferece tratamento com quimioterapia convencional. “Mas meu médico me alertou que esse tratamento teria pouca resposta para um paciente com doença avançada, que era o meu caso”, conta. Na avaliação da médica oncologista, de fato, os resultados com a imunoterapia costumam ser mais animadores. “A sobrevida global mediana com a quimioterapia é em torno de 9 meses. E hoje a imunoterapia oferece sobrevida global mediana superior a 70 meses”, afirma.

Foram dois anos em tratamento. Em abril de 2020, Carla passou a fazer apenas o controle e, desde então, nenhum exame apresentou sinal da doença ativa no corpo. “Tudo mudou em mim depois do diagnóstico. A gente passa a dar mais importância para a vida. Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que a vida é melhor hoje do que antes do diagnóstico.”

Como identificar?

De acordo com José Roberto Fraga, médico dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a regra do ABCDE pode ajudar na identificação. Nesse método, cada letra indica um aspecto de manchas e pintas na pele que deve ser observado.

  • Assimetria. Em geral, os melanomas são lesões assimétricas. Por isso, pintas e manchas em formato assimétrico podem ser indicativos de câncer de pele.
  • Bordas. O contorno também deve ser levado em consideração. Seja com borrões ou formato de ondas, as bordas das pintas também devem ser observadas.
  • Cor. Várias cores na mesma pinta, como tons de preto e marrom, são sinal de alerta para buscar ajuda de um médico especialista.
  • Diâmetro. Lesões com mais de 6 milímetros também podem indicar possível caso de câncer de pele, isso porque, em geral, pintas benignas não ultrapassam essa dimensão.
  • Evolução. Qualquer mudança observada nas características das lesões, como crescimento, forma e cor, são pontos de atenção, em especial quando isso acontece de maneira repentina.

Além desse método, que pode ser feito por qualquer pessoa, outros fatores podem ser observados. Feridas que não cicatrizam e manchas que coçam, sangram ou descamam também são indícios. Perceber esses aspectos, em especial para casos de melanoma, pode ser importante para o diagnóstico e tratamento precoce. “Ao identificar esses sinais, o paciente deve procurar um médico especialista, como o dermatologista”, aconselha Fraga, que ressalta a importância do rápido diagnóstico para aumentar as chances de cura.

Como se prevenir do câncer de pele?

Tão importante quanto o tratamento precoce é a prevenção. Veja recomendações dos especialistas para se prevenir contra o câncer de pele.

  • Se proteja do sol. Evite exposição ao sol em horários de maior intensidade, como entre 10h e 16h. Se não for possível, adote proteção, como filtros solares, lugares com sombra e roupas com proteção contra raios ultravioleta.
  • Utilize o FPS ideal. Ao escolher o protetor solar, evite aqueles com FPS menores que 30. Pessoas de pele clara ou sensível, devem investir em FPS mais altos.
  • Protetor solar é rotina. Não é apenas nos momentos de lazer, como na piscina ou na praia, que o filtro solar deve ser usado. Ele deve fazer parte da rotina e reaplicação a cada duas horas – em especial em situações que envolvem suor ou contato com água.
  • Fatores hereditários. O dermatologista explica que as chances de um paciente com histórico familiar desenvolver câncer de pele são maiores. Por isso, se esse for seu caso, adote cuidado de proteção, observe sua própria pele com frequência e tenha acompanhamento com um médico especialista.
  • Procure um dermatologista. A recomendação é ir ao dermatologista pelo menos uma vez ao ano. Dessa forma, é possível ter um acompanhamento frequente e identificar de forma precoce qualquer alteração na pele.

O câncer de pele não melanoma é o tipo mais comum entre os brasileiros. Ele representa 30% de todos os tumores malignos registrados no País, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde. Sua ocorrência está relacionada, sobretudo, com a exposição ao sol de forma prolongada e sem proteção. Mas há outros fatores envolvidos: pessoas de pele clara, com muitas pintas pelo corpo, que tiveram queimaduras solares na infância, com histórico familiar ou que fazem bronzeamento artificial têm riscos maiores.

Esses fatores podem levar a uma alteração em que as células da pele começam a crescer de forma anormal e desenfreada. É dessa desregulação que aparece o câncer de pele, que é dividido em dois grupos, conforme indica Ramon Andrade, médico oncologista e membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Segundo o especialista, o câncer de pele pode ser do tipo melanoma ou não melanoma.

O mais comum deles é o não melanoma, que também costuma ser menos agressivo. Ele está dividido em duas categorias: pode ser um carcinoma basocelular, quando as células afetadas são as da parte inferior da epiderme, ou carcinoma espinocelular, nos casos em que as células atingidas são as da camada mais superficial da pele. “Nas duas ocorrências, quando descoberto nos estágios iniciais, o tratamento é feito por cirurgia”, garante.

Já o câncer de pele do tipo melanoma tem origem nos melanócitos, ou seja, nas células que produzem a melanina responsável pela pigmentação da pele. Ele é menos frequente: representa 3% das neoplasias malignas do órgão, conforme dados do Inca. Porém, é o mais agressivo, com maior mortalidade e maiores as chances de metástase – quando o câncer se espalha para outros órgãos. Quando descoberto de forma precoce, a cirurgia também é indicada como principal tratamento, mas em estágios mais avançados da doença podem ser recomendados procedimentos complementares, como a imunoterapia.

O câncer de pele acontece por uma alteração celular, que faz com que elas cresçam de forma anormal e desenfreada. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

‘Tudo mudou em mim depois do diagnóstico’

Esse foi o tratamento a que a advogada Carla Fernandes precisou recorrer ao ser diagnosticada com câncer de pele do tipo melanoma aos 42 anos. O sinal de alerta foi uma pinta que ela tinha nas costas desde a adolescência. “Eu retirei essa pinta por questões estéticas três vezes. Ela retornava e eu tirava de novo. E todas as vezes ela era mandada para biopsia”, revela. No entanto, na última vez em que a pinta retornou e foi removida, em 2017, o aspecto dela estava diferente. “Ela sangrava um pouco e descamava também”, lembra.

A biópsia confirmou o diagnóstico: Carla estava com câncer de pele do tipo melanoma em estágios bastante avançados. “O melanoma já tinha se espalhado para o pescoço e axila. Eu já estava em estágio metastático”, diz. Ela passou por cirurgia, no início de 2018, para retirada das metástases, mas também foi submetida a imunoterapia.

Conforme explica Andreia Melo, médica oncologista e coordenadora do Comitê de Tumores de Pele e Sarcomas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a imunoterapia faz com que, por meio de medicamentos, o sistema imune do paciente reconheça as células tumorais como não pertencentes ao próprio organismo e as destrua. “Existem resultados muito interessantes. Mesmo que não seja a maioria dos casos, alguns pacientes em estágios avançados conseguiram ter o total desaparecimento das lesões após imunoterapia”, diz.

Mas foi necessário que Carla lutasse judicialmente para realizar a imunoterapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que, naquela época e ainda hoje, só oferece tratamento com quimioterapia convencional. “Mas meu médico me alertou que esse tratamento teria pouca resposta para um paciente com doença avançada, que era o meu caso”, conta. Na avaliação da médica oncologista, de fato, os resultados com a imunoterapia costumam ser mais animadores. “A sobrevida global mediana com a quimioterapia é em torno de 9 meses. E hoje a imunoterapia oferece sobrevida global mediana superior a 70 meses”, afirma.

Foram dois anos em tratamento. Em abril de 2020, Carla passou a fazer apenas o controle e, desde então, nenhum exame apresentou sinal da doença ativa no corpo. “Tudo mudou em mim depois do diagnóstico. A gente passa a dar mais importância para a vida. Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que a vida é melhor hoje do que antes do diagnóstico.”

Como identificar?

De acordo com José Roberto Fraga, médico dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a regra do ABCDE pode ajudar na identificação. Nesse método, cada letra indica um aspecto de manchas e pintas na pele que deve ser observado.

  • Assimetria. Em geral, os melanomas são lesões assimétricas. Por isso, pintas e manchas em formato assimétrico podem ser indicativos de câncer de pele.
  • Bordas. O contorno também deve ser levado em consideração. Seja com borrões ou formato de ondas, as bordas das pintas também devem ser observadas.
  • Cor. Várias cores na mesma pinta, como tons de preto e marrom, são sinal de alerta para buscar ajuda de um médico especialista.
  • Diâmetro. Lesões com mais de 6 milímetros também podem indicar possível caso de câncer de pele, isso porque, em geral, pintas benignas não ultrapassam essa dimensão.
  • Evolução. Qualquer mudança observada nas características das lesões, como crescimento, forma e cor, são pontos de atenção, em especial quando isso acontece de maneira repentina.

Além desse método, que pode ser feito por qualquer pessoa, outros fatores podem ser observados. Feridas que não cicatrizam e manchas que coçam, sangram ou descamam também são indícios. Perceber esses aspectos, em especial para casos de melanoma, pode ser importante para o diagnóstico e tratamento precoce. “Ao identificar esses sinais, o paciente deve procurar um médico especialista, como o dermatologista”, aconselha Fraga, que ressalta a importância do rápido diagnóstico para aumentar as chances de cura.

Como se prevenir do câncer de pele?

Tão importante quanto o tratamento precoce é a prevenção. Veja recomendações dos especialistas para se prevenir contra o câncer de pele.

  • Se proteja do sol. Evite exposição ao sol em horários de maior intensidade, como entre 10h e 16h. Se não for possível, adote proteção, como filtros solares, lugares com sombra e roupas com proteção contra raios ultravioleta.
  • Utilize o FPS ideal. Ao escolher o protetor solar, evite aqueles com FPS menores que 30. Pessoas de pele clara ou sensível, devem investir em FPS mais altos.
  • Protetor solar é rotina. Não é apenas nos momentos de lazer, como na piscina ou na praia, que o filtro solar deve ser usado. Ele deve fazer parte da rotina e reaplicação a cada duas horas – em especial em situações que envolvem suor ou contato com água.
  • Fatores hereditários. O dermatologista explica que as chances de um paciente com histórico familiar desenvolver câncer de pele são maiores. Por isso, se esse for seu caso, adote cuidado de proteção, observe sua própria pele com frequência e tenha acompanhamento com um médico especialista.
  • Procure um dermatologista. A recomendação é ir ao dermatologista pelo menos uma vez ao ano. Dessa forma, é possível ter um acompanhamento frequente e identificar de forma precoce qualquer alteração na pele.

O câncer de pele não melanoma é o tipo mais comum entre os brasileiros. Ele representa 30% de todos os tumores malignos registrados no País, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde. Sua ocorrência está relacionada, sobretudo, com a exposição ao sol de forma prolongada e sem proteção. Mas há outros fatores envolvidos: pessoas de pele clara, com muitas pintas pelo corpo, que tiveram queimaduras solares na infância, com histórico familiar ou que fazem bronzeamento artificial têm riscos maiores.

Esses fatores podem levar a uma alteração em que as células da pele começam a crescer de forma anormal e desenfreada. É dessa desregulação que aparece o câncer de pele, que é dividido em dois grupos, conforme indica Ramon Andrade, médico oncologista e membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Segundo o especialista, o câncer de pele pode ser do tipo melanoma ou não melanoma.

O mais comum deles é o não melanoma, que também costuma ser menos agressivo. Ele está dividido em duas categorias: pode ser um carcinoma basocelular, quando as células afetadas são as da parte inferior da epiderme, ou carcinoma espinocelular, nos casos em que as células atingidas são as da camada mais superficial da pele. “Nas duas ocorrências, quando descoberto nos estágios iniciais, o tratamento é feito por cirurgia”, garante.

Já o câncer de pele do tipo melanoma tem origem nos melanócitos, ou seja, nas células que produzem a melanina responsável pela pigmentação da pele. Ele é menos frequente: representa 3% das neoplasias malignas do órgão, conforme dados do Inca. Porém, é o mais agressivo, com maior mortalidade e maiores as chances de metástase – quando o câncer se espalha para outros órgãos. Quando descoberto de forma precoce, a cirurgia também é indicada como principal tratamento, mas em estágios mais avançados da doença podem ser recomendados procedimentos complementares, como a imunoterapia.

O câncer de pele acontece por uma alteração celular, que faz com que elas cresçam de forma anormal e desenfreada. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

‘Tudo mudou em mim depois do diagnóstico’

Esse foi o tratamento a que a advogada Carla Fernandes precisou recorrer ao ser diagnosticada com câncer de pele do tipo melanoma aos 42 anos. O sinal de alerta foi uma pinta que ela tinha nas costas desde a adolescência. “Eu retirei essa pinta por questões estéticas três vezes. Ela retornava e eu tirava de novo. E todas as vezes ela era mandada para biopsia”, revela. No entanto, na última vez em que a pinta retornou e foi removida, em 2017, o aspecto dela estava diferente. “Ela sangrava um pouco e descamava também”, lembra.

A biópsia confirmou o diagnóstico: Carla estava com câncer de pele do tipo melanoma em estágios bastante avançados. “O melanoma já tinha se espalhado para o pescoço e axila. Eu já estava em estágio metastático”, diz. Ela passou por cirurgia, no início de 2018, para retirada das metástases, mas também foi submetida a imunoterapia.

Conforme explica Andreia Melo, médica oncologista e coordenadora do Comitê de Tumores de Pele e Sarcomas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a imunoterapia faz com que, por meio de medicamentos, o sistema imune do paciente reconheça as células tumorais como não pertencentes ao próprio organismo e as destrua. “Existem resultados muito interessantes. Mesmo que não seja a maioria dos casos, alguns pacientes em estágios avançados conseguiram ter o total desaparecimento das lesões após imunoterapia”, diz.

Mas foi necessário que Carla lutasse judicialmente para realizar a imunoterapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que, naquela época e ainda hoje, só oferece tratamento com quimioterapia convencional. “Mas meu médico me alertou que esse tratamento teria pouca resposta para um paciente com doença avançada, que era o meu caso”, conta. Na avaliação da médica oncologista, de fato, os resultados com a imunoterapia costumam ser mais animadores. “A sobrevida global mediana com a quimioterapia é em torno de 9 meses. E hoje a imunoterapia oferece sobrevida global mediana superior a 70 meses”, afirma.

Foram dois anos em tratamento. Em abril de 2020, Carla passou a fazer apenas o controle e, desde então, nenhum exame apresentou sinal da doença ativa no corpo. “Tudo mudou em mim depois do diagnóstico. A gente passa a dar mais importância para a vida. Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que a vida é melhor hoje do que antes do diagnóstico.”

Como identificar?

De acordo com José Roberto Fraga, médico dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a regra do ABCDE pode ajudar na identificação. Nesse método, cada letra indica um aspecto de manchas e pintas na pele que deve ser observado.

  • Assimetria. Em geral, os melanomas são lesões assimétricas. Por isso, pintas e manchas em formato assimétrico podem ser indicativos de câncer de pele.
  • Bordas. O contorno também deve ser levado em consideração. Seja com borrões ou formato de ondas, as bordas das pintas também devem ser observadas.
  • Cor. Várias cores na mesma pinta, como tons de preto e marrom, são sinal de alerta para buscar ajuda de um médico especialista.
  • Diâmetro. Lesões com mais de 6 milímetros também podem indicar possível caso de câncer de pele, isso porque, em geral, pintas benignas não ultrapassam essa dimensão.
  • Evolução. Qualquer mudança observada nas características das lesões, como crescimento, forma e cor, são pontos de atenção, em especial quando isso acontece de maneira repentina.

Além desse método, que pode ser feito por qualquer pessoa, outros fatores podem ser observados. Feridas que não cicatrizam e manchas que coçam, sangram ou descamam também são indícios. Perceber esses aspectos, em especial para casos de melanoma, pode ser importante para o diagnóstico e tratamento precoce. “Ao identificar esses sinais, o paciente deve procurar um médico especialista, como o dermatologista”, aconselha Fraga, que ressalta a importância do rápido diagnóstico para aumentar as chances de cura.

Como se prevenir do câncer de pele?

Tão importante quanto o tratamento precoce é a prevenção. Veja recomendações dos especialistas para se prevenir contra o câncer de pele.

  • Se proteja do sol. Evite exposição ao sol em horários de maior intensidade, como entre 10h e 16h. Se não for possível, adote proteção, como filtros solares, lugares com sombra e roupas com proteção contra raios ultravioleta.
  • Utilize o FPS ideal. Ao escolher o protetor solar, evite aqueles com FPS menores que 30. Pessoas de pele clara ou sensível, devem investir em FPS mais altos.
  • Protetor solar é rotina. Não é apenas nos momentos de lazer, como na piscina ou na praia, que o filtro solar deve ser usado. Ele deve fazer parte da rotina e reaplicação a cada duas horas – em especial em situações que envolvem suor ou contato com água.
  • Fatores hereditários. O dermatologista explica que as chances de um paciente com histórico familiar desenvolver câncer de pele são maiores. Por isso, se esse for seu caso, adote cuidado de proteção, observe sua própria pele com frequência e tenha acompanhamento com um médico especialista.
  • Procure um dermatologista. A recomendação é ir ao dermatologista pelo menos uma vez ao ano. Dessa forma, é possível ter um acompanhamento frequente e identificar de forma precoce qualquer alteração na pele.

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