O Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira, 1º, que vai comprar o tecovirimat para os casos de varíola dos macacos (monkeypox). Esse é um medicamento antiviral desenvolvido para o tratamento da varíola, ainda sem registro ou venda no Brasil. Ele interfere em uma proteína encontrada na superfície do vírus, o que diminui o ritmo de sua replicação. O resultado é a duração da infecção por um menor período de tempo. No primero momento, o remédio será apenas para os casos mais graves.
"Isso beneficia especialmente os grupos considerados mais vulneráveis, que têm mais chances de desenvolver formas graves da doença. Não há indicação para quem tem a doença localizada ou com poucas lesões pelo corpo", explica Rodrigo Molina, médico infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Já a assessoria técnica do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems-SP) considera que ainda há muitas incertezas sobre o uso do medicamento para o tratamento da varíola dos macacos, que foi aprovado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) em caráter excepcional, no início do ano.
O conselho lembra ainda que, em documento de junho emitido pela Opas - braço da Organização Mundial da Saúde para a América Latina -, a orientação era de usar o antiviral em pesquisa clínica até que surjam evidências científicas consistentes.
O tecovirimat, fornecido pela farmacêutica Siga Technologies, obteve em julho o aval para ser utilizado no tratamento da doença no Reino Unido. Nos Estados Unidos, o uso é aprovado pela agência sanitária do país, a FDA, somente para tratar a varíola. Com a alta de casos de monkeypox no país, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) americano tem mantido um protocolo de acesso expandido, em que um medicamento considerado promissor e ainda sem registro é administrado.
De acordo com o CDC, embora não haja dados sobre a eficácia do antiviral para tratar a varíola dos macacos em humanos, estudos realizados com animais apontam que o tecovirimat pode ter sucesso contra outras doenças causadas por vírus do gênero Orthopoxvirus. O órgão afirma também que os testes realizados em pessoas causaram poucos efeitos colaterais.
O medicamento não possui registro ou pedido de avaliação para sua autorização pela Anvisa. A agência informou que, em casos emergenciais, insumos ainda sem registro podem ser importados para o enfrentamento da doença, desde que tenham sido aprovados em seu país de origem. Nesse caso, a agência deve avaliar os requisitos necessários para a importação e as orientações para ações de monitoramento de eventos adversos decorrentes do uso do medicamento na população. Ainda não há informações sobre o preço do produto.