Veja as 10 principais tendências fitness para 2024, segundo maior entidade médica da área


Ranking mundial foi definido pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte a partir de entrevistas com mais de 2 mil profissionais; confira ainda uma versão brasileira da lista

Por Ana Lourenço

Desde 2006, o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, na sigla em inglês) realiza um levantamento com médicos, pesquisadores, personal trainers e fisiologistas para definir um ranking mundial de tendências fitness para o ano que se inicia. O objetivo é fornecer informações sobre as novidades e os maiores interesses do público na área. Na edição de 2024, cerca de 2 mil profissionais participaram da pesquisa. Para a maior parte dos respondentes, a grande tendência fitness de 2024 são as chamadas tecnologias vestíveis, como relógios inteligentes e monitores de frequência cardíaca – desde 2016, a categoria fica no top 3 (veja mais detalhes sobre a lista abaixo).

As chamadas tecnologias vestíveis, como os relógios inteligentes, ficaram em primeiro lugar no ranking de tendências mundiais do universo fitness Foto: DG PhotoStock/Adobe Stock

Neste ano, a promoção de saúde no local de trabalho ocupou o segundo lugar no ranking, enquanto programas de condicionamento para idosos conquistou a terceira posição.

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Para os especialistas, a noção de que a atividade física não é apenas um recurso para melhorar a estética é um dos pontos altos da pesquisa. “Eu acredito que isso não veio somente após a pandemia, mas se fortaleceu nesse momento pós-pandêmico. O exercício físico tem um efeito quase que terapêutico”, informa Renato Pelaquim, diretor executivo do Departamento de Educação Física da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). Já se sabe que a atividade física tem o poder de atuar na prevenção e no controle de diversos problemas, como diabetes, hipertensão, colesterol alto e até distúrbios mentais. Sem falar que ajuda a preparar o corpo para os desafios inerentes ao envelhecimento.

Embora o ACSM seja uma instituição dos Estados Unidos, os dados da pesquisa foram combinados com tendências de outros locais. Segundo a entidade, a ideia é ter “um retrato holístico da direção da indústria de fitness em 2024″. Nesse sentido, o Brasil contribuiu, pelo quinto ano consecutivo, com uma lista própria, definida a partir de questionários enviados a 786 profissionais. É interessante notar que, no ranking nacional, as tecnologias vestíveis – campeãs mundiais – ficaram na 13ª posição. “No mercado americano, há mais facilidade de acesso à tecnologia”, interpreta Pelaquim.

Os pesquisadores Paulo Amaral e Roberto Dignola foram os autores do levantamento nacional. “Das 20 tendências mundiais, 10 constam no Brasil”, analisa Amaral, destacando o alinhamento entre os dois rankings. “Uma das razões para isso é a cultura e a formação profissional. O Brasil é um dos poucos países no mundo que oferece formação específica para atuar com atividade física e personal trainer”, diz.

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Veja, abaixo, as 10 principais tendências fitness mundiais:

1. Tecnologias vestíveis

A categoria tem sido um dos pilares das três principais tendências mundiais desde 2016. Ela inclui relógios inteligentes (os smartwatches) monitores de frequência cardíaca, dispositivos de rastreamento via GPS, além de tecnologias para acompanhar consumo calórico, tempo sentado, qualidade do sono e muito mais. Geralmente, esses recursos são conectados a um smartphone e fornecem informações em tempo real e relatórios semanais ou mensais sobre a saúde do usuário.

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Para os especialistas, é nítido que a tecnologia pode auxiliar os alunos a nortearem suas práticas e entenderem o próprio corpo, assim como ajudam o profissional a orientar seus clientes de forma bastante personalizada (inclusive à distância). Mas essas ferramentas não são indispensáveis. “As pessoas têm que entender que não precisam de um grande relógio ou smartphone para fazer um treino. Elas precisam achar um espaço, reservar um momento para aquilo e receber orientação adequada de acordo com sua capacidade naquele instante”, defende Pelaquim.

Para ele, o excesso de monitorização, em alguns casos, muitas vezes até atrapalha, já que estimula a cobrança por resultados imediatos e metas difíceis. “A assiduidade é importante, mas praticar uma atividade de uma maneira adequada e responsável é mais ainda.”

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2. Promoção da saúde no local de trabalho

Esse é um dos ambientes mais frequentados por homens e mulheres. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, uma semana de 40 horas de trabalho representa um terço da vida de um adulto. Dessa maneira, a relação com o espaço em que exercemos nossas profissões e o uso produtivo dessas horas têm um impacto muito grande na qualidade de vida.

Por isso, juntar o trabalho com noções de bem-estar é visto como uma tendência – a ideia é ter um impacto positivo tanto na produtividade do funcionário quanto em sua saúde mental.

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Alguns exemplos de promoção da saúde no local de trabalho incluem acesso a instalações fitness, ligas atléticas para funcionários, aulas de educação em saúde, além de exercícios de mobilidade e alongamento durante os horários laborais. Essa é a primeira vez que essa tendência surge entre os dez primeiros lugares do ranking.

3. Programas de condicionamento físico para idosos

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 2 bilhões até 2050. Um pouco antes, em 2030, o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre 0 e 14 anos. Ou seja, é essencial criar intervenções para as necessidades específicas da população mais velha. Afinal, segundo o artigo do ACSM, o envelhecimento aumenta o risco de doenças crônicas, deficiência cognitiva e quedas, sendo que a atividade física regular – aeróbica e de fortalecimento muscular – é uma estratégia para reduzir esse impacto e melhorar a qualidade de vida ao longo do processo.

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Na lista brasileira, a categoria ficou em primeiro lugar. “Atualmente, no Brasil, temos aproximadamente 22 milhões de idosos. E cada vez mais a área médica recomenda a prática de atividade física para melhorar a qualidade de vida dessa população, motivo pelo qual há uma procura maior por parques públicos, pistas de caminhada, clubes e academias”, observa Amaral. Para ele, precisamos de programas específicos para atender às demandas desse público.

A população mundial tem envelhecido em ritmo acelerado e, segundo os especialistas, é essencial contarmos com programas de atividade física voltados especificamente a esse público Foto: sergojpg/Adobe Stock

4. Exercício para perda de peso

Apesar de a prática de exercícios estar cada vez mais vinculada a uma busca por saúde e bem-estar mental, a perda de peso ainda é a principal razão para as pessoas decidirem se movimentar. Já se sabe que o exercício regular contribui para melhorar a função metabólica e reduzir a gordura corporal.

Segundo o ACSM, a prática deve incluir modalidades aeróbicas e treinamento de força. Fora isso, deve ser acompanhada por mudanças na alimentação para criar um déficit calórico.

5. Reembolso para Profissionais de Exercício Qualificados

Esse é um tópico no qual estamos mais avançados, afinal, por aqui a profissão é regulamentada – diferentemente dos Estados Unidos. “Para atuar como profissional de educação física no Brasil, é necessário cursar ensino superior em uma universidade credenciada pelo Ministério da Educação e, em seguida, conseguir o registro profissional no Conselho Federal de Educação Física (Confef), que regulamenta a atuação do profissional de educação física como profissão de saúde”, explica Amaral.

Com isso, o profissional pode, em tese, trabalhar em hospitais, por exemplo, e receber um reembolso do plano de saúde por uma consulta de personal. “Provavelmente isso ainda não acontece com tanta facilidade, mas já existem programas pontuais”, comenta Amaral. Por isso, segundo ele, apesar de estarmos um pouco mais avançados no que diz respeito à regulamentação da profissão, precisamos avançar em certos aspectos.

6. Empregando profissionais de exercício certificados

Não é difícil encontrar pessoas sem qualificação dando aulas particulares de personal trainer. No entanto, a tendência é que isso acabe ou pelo menos que os profissionais de fato qualificados sejam mais reconhecidos. De acordo com a pesquisa, a obtenção de uma certificação credenciada (que lá fora não é obrigatória) “comunica aos consumidores que um profissional obteve conhecimento proficiente para apoiá-los em seus objetivos de condicionamento físico”. Essa tendência diminui o risco de lesões para os consumidores e reduz a responsabilidade dos empregadores.

Como aqui no Brasil a profissão já é regulamentada, para os especialistas essa tendência pode ser lida como uma possível cobrança maior na busca de profissionais com mais experiência e conhecimento.

7. Aplicativos de exercícios para celular

Aplicativos de smartphone que auxiliam no desempenho ou na programação de exercícios estão, pela primeira vez, entre os dez primeiros lugares do ranking. O treinamento online já ocupou a primeira posição durante o período da pandemia, mas o uso do celular permite uma flexibilidade muito maior – além de possibilitar o monitoramento das atividades físicas diárias e dar um feedback sobre o desempenho.

Alguns aplicativos, segundo a pesquisa, “integram mecanismos de apoio social e fornecem dicas para a aquisição de habilidades comportamentais, ambos componentes-chave da teoria da mudança de comportamento em saúde”. Você pode conferir alguns exemplos de aplicativos clicando aqui.

8. Exercício para a saúde mental

É a primeira vez da categoria no top 10, evidenciando, segundo o ACSM, que “os indivíduos começaram a reconhecer a importância do movimento na cognição e no humor”. A entidade observa que a saúde mental inclui o bem-estar emocional, psicológico e social. No Brasil, esse tópico ganhou ainda mais destaque, ocupando o sexto lugar.

Estudos já comprovaram que a atividade física ajuda no tratamento e na prevenção da depressão e ansiedade, além de melhorar a qualidade do sono. “A atividade física é um dos poucos recursos que trabalha com o tempo e resultado. Ou seja, ela faz com que a pessoa vá se percebendo e evolua, mas nunca é de um dia para o outro”, ressalta Pelaquim.

Para Amaral, os próprios profissionais do setor fitness devem entender que a atividade física vai além do físico. “Existe uma integração de corpo, mente e alma. Por esse motivo, o movimento conhecido como ‘wellness’ é uma realidade, pois é necessário entender todas as dimensões que envolvem o ser humano, incluindo a saúde mental”, coloca.

9. Desenvolvimento atlético juvenil

Assim como os idosos, os jovens também aparecem como um público importante para ter acesso a treinos específicos. Grande parte disso se deve ao crescimento das taxas de obesidade infantil – no Brasil, temos três vezes mais crianças com excesso de peso do que a média global.

Mas também tem a ver com o fato de que a prática física aumenta a confiança, ajuda com as habilidades sociais e motoras e trabalha força e coordenação. Sem falar no bem-estar emocional, já comentado no item acima, que favorece, por consequência, uma rotina mais produtiva, com bons hábitos de sono e alimentação.

10. Personal training

Superar metas, como conseguir correr mais rápido ou pegar um peso mais pesado, é uma das melhores sensações que o esporte proporciona. É algo que mexe com a noção de superação e autoconfiança. Para facilitar esse processo, ter um profissional próximo é essencial. Afinal, ele entende suas necessidades e limitações e consegue orientar qual o melhor caminho possível no seu caso. Trata-se de algo valioso tanto para iniciantes quanto para aqueles que desejam manter a atividade física como hábito.

O “treinamento pessoal” inclui definição de metas (que devem ser factíveis), avaliação de condicionamento físico e programação de exercícios com um treinador em ambientes adequados para o praticante. Os objetivos podem incluir mudanças de curto e longo prazo (seja sobre distância percorrida, tempo de dedicação à prática ou até mesmo aspectos ligados ao sono e à alimentação).

O ACSM descreve ainda que os clientes “podem se beneficiar desse serviço para aprender métodos eficazes de seleção, segurança e recuperação de exercícios”.

As tendências fitness de 2024 para o Brasil

Ao comparar as duas tabelas, é interessante perceber a importância dos programas de exercícios físicos para os idosos tanto na versão mundial como na nacional. “Além dessa categoria estar em alta em ambas, há outros pontos ligados à ela indiretamente, como treinamento de aptidão funcional, exercício para saúde mental, aulas pós-reabilitação ou manutenção de doenças/condições, clubes de caminhada, etc. São questões que normalmente aparecem na população idosa”, analisa Pelaquim, da Socesp.

Como adiantamos, as tecnológias vestíveis, campeãs no ranking mundial, ficaram na 13ª posição na lista nacional. “No Brasil, não são todas as pessoas que têm as melhores tecnologias. Elas são realmente exclusivas de um público mais seleto”, explica ele. Logo, natural que não apareça entre as grandes tendências por aqui.

“A nossa preocupação é realmente fazer um trabalho para a melhora da qualidade de vida. Por isso, o personal trainer, por exemplo, está em terceiro lugar”. Isso mostra ainda a relevância da personalização dos treinos. “A preocupação com a saúde, e não somente com a estética, está bastante presente no mercado brasileiro”, conclui Pelaquim.

A lista brasileira

1. Programas de condicionamento físico para idosos

2. Exercícios para perda de peso

3. Treinamento pessoal (personal trainer)

4. Treinamento de aptidão funcional (FFT)

5. Treinamento de Força Tradicional

6. Exercício para saúde mental

7. Medições de resultados

8. Aulas pós-reabilitação ou manutenção de doenças/condições

9. Clubes de caminhada/corrida/corrida/ciclismo

10. Atividades físicas ao ar livre

11. Equipes de trabalho multidisciplinares

12. Exercício para a saúde infantil

13. Tecnologia utilizável

14. Treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT)

15. Medicina do Estilo de Vida

16. Liberação miofascial

17. Fitness pré e pós-natal

18. Promoção da saúde no local de trabalho

19. Treinamento em circuito

20. Aplicativos de exercícios para celular

Desde 2006, o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, na sigla em inglês) realiza um levantamento com médicos, pesquisadores, personal trainers e fisiologistas para definir um ranking mundial de tendências fitness para o ano que se inicia. O objetivo é fornecer informações sobre as novidades e os maiores interesses do público na área. Na edição de 2024, cerca de 2 mil profissionais participaram da pesquisa. Para a maior parte dos respondentes, a grande tendência fitness de 2024 são as chamadas tecnologias vestíveis, como relógios inteligentes e monitores de frequência cardíaca – desde 2016, a categoria fica no top 3 (veja mais detalhes sobre a lista abaixo).

As chamadas tecnologias vestíveis, como os relógios inteligentes, ficaram em primeiro lugar no ranking de tendências mundiais do universo fitness Foto: DG PhotoStock/Adobe Stock

Neste ano, a promoção de saúde no local de trabalho ocupou o segundo lugar no ranking, enquanto programas de condicionamento para idosos conquistou a terceira posição.

Para os especialistas, a noção de que a atividade física não é apenas um recurso para melhorar a estética é um dos pontos altos da pesquisa. “Eu acredito que isso não veio somente após a pandemia, mas se fortaleceu nesse momento pós-pandêmico. O exercício físico tem um efeito quase que terapêutico”, informa Renato Pelaquim, diretor executivo do Departamento de Educação Física da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). Já se sabe que a atividade física tem o poder de atuar na prevenção e no controle de diversos problemas, como diabetes, hipertensão, colesterol alto e até distúrbios mentais. Sem falar que ajuda a preparar o corpo para os desafios inerentes ao envelhecimento.

Embora o ACSM seja uma instituição dos Estados Unidos, os dados da pesquisa foram combinados com tendências de outros locais. Segundo a entidade, a ideia é ter “um retrato holístico da direção da indústria de fitness em 2024″. Nesse sentido, o Brasil contribuiu, pelo quinto ano consecutivo, com uma lista própria, definida a partir de questionários enviados a 786 profissionais. É interessante notar que, no ranking nacional, as tecnologias vestíveis – campeãs mundiais – ficaram na 13ª posição. “No mercado americano, há mais facilidade de acesso à tecnologia”, interpreta Pelaquim.

Os pesquisadores Paulo Amaral e Roberto Dignola foram os autores do levantamento nacional. “Das 20 tendências mundiais, 10 constam no Brasil”, analisa Amaral, destacando o alinhamento entre os dois rankings. “Uma das razões para isso é a cultura e a formação profissional. O Brasil é um dos poucos países no mundo que oferece formação específica para atuar com atividade física e personal trainer”, diz.

Veja, abaixo, as 10 principais tendências fitness mundiais:

1. Tecnologias vestíveis

A categoria tem sido um dos pilares das três principais tendências mundiais desde 2016. Ela inclui relógios inteligentes (os smartwatches) monitores de frequência cardíaca, dispositivos de rastreamento via GPS, além de tecnologias para acompanhar consumo calórico, tempo sentado, qualidade do sono e muito mais. Geralmente, esses recursos são conectados a um smartphone e fornecem informações em tempo real e relatórios semanais ou mensais sobre a saúde do usuário.

Para os especialistas, é nítido que a tecnologia pode auxiliar os alunos a nortearem suas práticas e entenderem o próprio corpo, assim como ajudam o profissional a orientar seus clientes de forma bastante personalizada (inclusive à distância). Mas essas ferramentas não são indispensáveis. “As pessoas têm que entender que não precisam de um grande relógio ou smartphone para fazer um treino. Elas precisam achar um espaço, reservar um momento para aquilo e receber orientação adequada de acordo com sua capacidade naquele instante”, defende Pelaquim.

Para ele, o excesso de monitorização, em alguns casos, muitas vezes até atrapalha, já que estimula a cobrança por resultados imediatos e metas difíceis. “A assiduidade é importante, mas praticar uma atividade de uma maneira adequada e responsável é mais ainda.”

2. Promoção da saúde no local de trabalho

Esse é um dos ambientes mais frequentados por homens e mulheres. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, uma semana de 40 horas de trabalho representa um terço da vida de um adulto. Dessa maneira, a relação com o espaço em que exercemos nossas profissões e o uso produtivo dessas horas têm um impacto muito grande na qualidade de vida.

Por isso, juntar o trabalho com noções de bem-estar é visto como uma tendência – a ideia é ter um impacto positivo tanto na produtividade do funcionário quanto em sua saúde mental.

Alguns exemplos de promoção da saúde no local de trabalho incluem acesso a instalações fitness, ligas atléticas para funcionários, aulas de educação em saúde, além de exercícios de mobilidade e alongamento durante os horários laborais. Essa é a primeira vez que essa tendência surge entre os dez primeiros lugares do ranking.

3. Programas de condicionamento físico para idosos

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 2 bilhões até 2050. Um pouco antes, em 2030, o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre 0 e 14 anos. Ou seja, é essencial criar intervenções para as necessidades específicas da população mais velha. Afinal, segundo o artigo do ACSM, o envelhecimento aumenta o risco de doenças crônicas, deficiência cognitiva e quedas, sendo que a atividade física regular – aeróbica e de fortalecimento muscular – é uma estratégia para reduzir esse impacto e melhorar a qualidade de vida ao longo do processo.

Na lista brasileira, a categoria ficou em primeiro lugar. “Atualmente, no Brasil, temos aproximadamente 22 milhões de idosos. E cada vez mais a área médica recomenda a prática de atividade física para melhorar a qualidade de vida dessa população, motivo pelo qual há uma procura maior por parques públicos, pistas de caminhada, clubes e academias”, observa Amaral. Para ele, precisamos de programas específicos para atender às demandas desse público.

A população mundial tem envelhecido em ritmo acelerado e, segundo os especialistas, é essencial contarmos com programas de atividade física voltados especificamente a esse público Foto: sergojpg/Adobe Stock

4. Exercício para perda de peso

Apesar de a prática de exercícios estar cada vez mais vinculada a uma busca por saúde e bem-estar mental, a perda de peso ainda é a principal razão para as pessoas decidirem se movimentar. Já se sabe que o exercício regular contribui para melhorar a função metabólica e reduzir a gordura corporal.

Segundo o ACSM, a prática deve incluir modalidades aeróbicas e treinamento de força. Fora isso, deve ser acompanhada por mudanças na alimentação para criar um déficit calórico.

5. Reembolso para Profissionais de Exercício Qualificados

Esse é um tópico no qual estamos mais avançados, afinal, por aqui a profissão é regulamentada – diferentemente dos Estados Unidos. “Para atuar como profissional de educação física no Brasil, é necessário cursar ensino superior em uma universidade credenciada pelo Ministério da Educação e, em seguida, conseguir o registro profissional no Conselho Federal de Educação Física (Confef), que regulamenta a atuação do profissional de educação física como profissão de saúde”, explica Amaral.

Com isso, o profissional pode, em tese, trabalhar em hospitais, por exemplo, e receber um reembolso do plano de saúde por uma consulta de personal. “Provavelmente isso ainda não acontece com tanta facilidade, mas já existem programas pontuais”, comenta Amaral. Por isso, segundo ele, apesar de estarmos um pouco mais avançados no que diz respeito à regulamentação da profissão, precisamos avançar em certos aspectos.

6. Empregando profissionais de exercício certificados

Não é difícil encontrar pessoas sem qualificação dando aulas particulares de personal trainer. No entanto, a tendência é que isso acabe ou pelo menos que os profissionais de fato qualificados sejam mais reconhecidos. De acordo com a pesquisa, a obtenção de uma certificação credenciada (que lá fora não é obrigatória) “comunica aos consumidores que um profissional obteve conhecimento proficiente para apoiá-los em seus objetivos de condicionamento físico”. Essa tendência diminui o risco de lesões para os consumidores e reduz a responsabilidade dos empregadores.

Como aqui no Brasil a profissão já é regulamentada, para os especialistas essa tendência pode ser lida como uma possível cobrança maior na busca de profissionais com mais experiência e conhecimento.

7. Aplicativos de exercícios para celular

Aplicativos de smartphone que auxiliam no desempenho ou na programação de exercícios estão, pela primeira vez, entre os dez primeiros lugares do ranking. O treinamento online já ocupou a primeira posição durante o período da pandemia, mas o uso do celular permite uma flexibilidade muito maior – além de possibilitar o monitoramento das atividades físicas diárias e dar um feedback sobre o desempenho.

Alguns aplicativos, segundo a pesquisa, “integram mecanismos de apoio social e fornecem dicas para a aquisição de habilidades comportamentais, ambos componentes-chave da teoria da mudança de comportamento em saúde”. Você pode conferir alguns exemplos de aplicativos clicando aqui.

8. Exercício para a saúde mental

É a primeira vez da categoria no top 10, evidenciando, segundo o ACSM, que “os indivíduos começaram a reconhecer a importância do movimento na cognição e no humor”. A entidade observa que a saúde mental inclui o bem-estar emocional, psicológico e social. No Brasil, esse tópico ganhou ainda mais destaque, ocupando o sexto lugar.

Estudos já comprovaram que a atividade física ajuda no tratamento e na prevenção da depressão e ansiedade, além de melhorar a qualidade do sono. “A atividade física é um dos poucos recursos que trabalha com o tempo e resultado. Ou seja, ela faz com que a pessoa vá se percebendo e evolua, mas nunca é de um dia para o outro”, ressalta Pelaquim.

Para Amaral, os próprios profissionais do setor fitness devem entender que a atividade física vai além do físico. “Existe uma integração de corpo, mente e alma. Por esse motivo, o movimento conhecido como ‘wellness’ é uma realidade, pois é necessário entender todas as dimensões que envolvem o ser humano, incluindo a saúde mental”, coloca.

9. Desenvolvimento atlético juvenil

Assim como os idosos, os jovens também aparecem como um público importante para ter acesso a treinos específicos. Grande parte disso se deve ao crescimento das taxas de obesidade infantil – no Brasil, temos três vezes mais crianças com excesso de peso do que a média global.

Mas também tem a ver com o fato de que a prática física aumenta a confiança, ajuda com as habilidades sociais e motoras e trabalha força e coordenação. Sem falar no bem-estar emocional, já comentado no item acima, que favorece, por consequência, uma rotina mais produtiva, com bons hábitos de sono e alimentação.

10. Personal training

Superar metas, como conseguir correr mais rápido ou pegar um peso mais pesado, é uma das melhores sensações que o esporte proporciona. É algo que mexe com a noção de superação e autoconfiança. Para facilitar esse processo, ter um profissional próximo é essencial. Afinal, ele entende suas necessidades e limitações e consegue orientar qual o melhor caminho possível no seu caso. Trata-se de algo valioso tanto para iniciantes quanto para aqueles que desejam manter a atividade física como hábito.

O “treinamento pessoal” inclui definição de metas (que devem ser factíveis), avaliação de condicionamento físico e programação de exercícios com um treinador em ambientes adequados para o praticante. Os objetivos podem incluir mudanças de curto e longo prazo (seja sobre distância percorrida, tempo de dedicação à prática ou até mesmo aspectos ligados ao sono e à alimentação).

O ACSM descreve ainda que os clientes “podem se beneficiar desse serviço para aprender métodos eficazes de seleção, segurança e recuperação de exercícios”.

As tendências fitness de 2024 para o Brasil

Ao comparar as duas tabelas, é interessante perceber a importância dos programas de exercícios físicos para os idosos tanto na versão mundial como na nacional. “Além dessa categoria estar em alta em ambas, há outros pontos ligados à ela indiretamente, como treinamento de aptidão funcional, exercício para saúde mental, aulas pós-reabilitação ou manutenção de doenças/condições, clubes de caminhada, etc. São questões que normalmente aparecem na população idosa”, analisa Pelaquim, da Socesp.

Como adiantamos, as tecnológias vestíveis, campeãs no ranking mundial, ficaram na 13ª posição na lista nacional. “No Brasil, não são todas as pessoas que têm as melhores tecnologias. Elas são realmente exclusivas de um público mais seleto”, explica ele. Logo, natural que não apareça entre as grandes tendências por aqui.

“A nossa preocupação é realmente fazer um trabalho para a melhora da qualidade de vida. Por isso, o personal trainer, por exemplo, está em terceiro lugar”. Isso mostra ainda a relevância da personalização dos treinos. “A preocupação com a saúde, e não somente com a estética, está bastante presente no mercado brasileiro”, conclui Pelaquim.

A lista brasileira

1. Programas de condicionamento físico para idosos

2. Exercícios para perda de peso

3. Treinamento pessoal (personal trainer)

4. Treinamento de aptidão funcional (FFT)

5. Treinamento de Força Tradicional

6. Exercício para saúde mental

7. Medições de resultados

8. Aulas pós-reabilitação ou manutenção de doenças/condições

9. Clubes de caminhada/corrida/corrida/ciclismo

10. Atividades físicas ao ar livre

11. Equipes de trabalho multidisciplinares

12. Exercício para a saúde infantil

13. Tecnologia utilizável

14. Treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT)

15. Medicina do Estilo de Vida

16. Liberação miofascial

17. Fitness pré e pós-natal

18. Promoção da saúde no local de trabalho

19. Treinamento em circuito

20. Aplicativos de exercícios para celular

Desde 2006, o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, na sigla em inglês) realiza um levantamento com médicos, pesquisadores, personal trainers e fisiologistas para definir um ranking mundial de tendências fitness para o ano que se inicia. O objetivo é fornecer informações sobre as novidades e os maiores interesses do público na área. Na edição de 2024, cerca de 2 mil profissionais participaram da pesquisa. Para a maior parte dos respondentes, a grande tendência fitness de 2024 são as chamadas tecnologias vestíveis, como relógios inteligentes e monitores de frequência cardíaca – desde 2016, a categoria fica no top 3 (veja mais detalhes sobre a lista abaixo).

As chamadas tecnologias vestíveis, como os relógios inteligentes, ficaram em primeiro lugar no ranking de tendências mundiais do universo fitness Foto: DG PhotoStock/Adobe Stock

Neste ano, a promoção de saúde no local de trabalho ocupou o segundo lugar no ranking, enquanto programas de condicionamento para idosos conquistou a terceira posição.

Para os especialistas, a noção de que a atividade física não é apenas um recurso para melhorar a estética é um dos pontos altos da pesquisa. “Eu acredito que isso não veio somente após a pandemia, mas se fortaleceu nesse momento pós-pandêmico. O exercício físico tem um efeito quase que terapêutico”, informa Renato Pelaquim, diretor executivo do Departamento de Educação Física da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). Já se sabe que a atividade física tem o poder de atuar na prevenção e no controle de diversos problemas, como diabetes, hipertensão, colesterol alto e até distúrbios mentais. Sem falar que ajuda a preparar o corpo para os desafios inerentes ao envelhecimento.

Embora o ACSM seja uma instituição dos Estados Unidos, os dados da pesquisa foram combinados com tendências de outros locais. Segundo a entidade, a ideia é ter “um retrato holístico da direção da indústria de fitness em 2024″. Nesse sentido, o Brasil contribuiu, pelo quinto ano consecutivo, com uma lista própria, definida a partir de questionários enviados a 786 profissionais. É interessante notar que, no ranking nacional, as tecnologias vestíveis – campeãs mundiais – ficaram na 13ª posição. “No mercado americano, há mais facilidade de acesso à tecnologia”, interpreta Pelaquim.

Os pesquisadores Paulo Amaral e Roberto Dignola foram os autores do levantamento nacional. “Das 20 tendências mundiais, 10 constam no Brasil”, analisa Amaral, destacando o alinhamento entre os dois rankings. “Uma das razões para isso é a cultura e a formação profissional. O Brasil é um dos poucos países no mundo que oferece formação específica para atuar com atividade física e personal trainer”, diz.

Veja, abaixo, as 10 principais tendências fitness mundiais:

1. Tecnologias vestíveis

A categoria tem sido um dos pilares das três principais tendências mundiais desde 2016. Ela inclui relógios inteligentes (os smartwatches) monitores de frequência cardíaca, dispositivos de rastreamento via GPS, além de tecnologias para acompanhar consumo calórico, tempo sentado, qualidade do sono e muito mais. Geralmente, esses recursos são conectados a um smartphone e fornecem informações em tempo real e relatórios semanais ou mensais sobre a saúde do usuário.

Para os especialistas, é nítido que a tecnologia pode auxiliar os alunos a nortearem suas práticas e entenderem o próprio corpo, assim como ajudam o profissional a orientar seus clientes de forma bastante personalizada (inclusive à distância). Mas essas ferramentas não são indispensáveis. “As pessoas têm que entender que não precisam de um grande relógio ou smartphone para fazer um treino. Elas precisam achar um espaço, reservar um momento para aquilo e receber orientação adequada de acordo com sua capacidade naquele instante”, defende Pelaquim.

Para ele, o excesso de monitorização, em alguns casos, muitas vezes até atrapalha, já que estimula a cobrança por resultados imediatos e metas difíceis. “A assiduidade é importante, mas praticar uma atividade de uma maneira adequada e responsável é mais ainda.”

2. Promoção da saúde no local de trabalho

Esse é um dos ambientes mais frequentados por homens e mulheres. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, uma semana de 40 horas de trabalho representa um terço da vida de um adulto. Dessa maneira, a relação com o espaço em que exercemos nossas profissões e o uso produtivo dessas horas têm um impacto muito grande na qualidade de vida.

Por isso, juntar o trabalho com noções de bem-estar é visto como uma tendência – a ideia é ter um impacto positivo tanto na produtividade do funcionário quanto em sua saúde mental.

Alguns exemplos de promoção da saúde no local de trabalho incluem acesso a instalações fitness, ligas atléticas para funcionários, aulas de educação em saúde, além de exercícios de mobilidade e alongamento durante os horários laborais. Essa é a primeira vez que essa tendência surge entre os dez primeiros lugares do ranking.

3. Programas de condicionamento físico para idosos

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 2 bilhões até 2050. Um pouco antes, em 2030, o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre 0 e 14 anos. Ou seja, é essencial criar intervenções para as necessidades específicas da população mais velha. Afinal, segundo o artigo do ACSM, o envelhecimento aumenta o risco de doenças crônicas, deficiência cognitiva e quedas, sendo que a atividade física regular – aeróbica e de fortalecimento muscular – é uma estratégia para reduzir esse impacto e melhorar a qualidade de vida ao longo do processo.

Na lista brasileira, a categoria ficou em primeiro lugar. “Atualmente, no Brasil, temos aproximadamente 22 milhões de idosos. E cada vez mais a área médica recomenda a prática de atividade física para melhorar a qualidade de vida dessa população, motivo pelo qual há uma procura maior por parques públicos, pistas de caminhada, clubes e academias”, observa Amaral. Para ele, precisamos de programas específicos para atender às demandas desse público.

A população mundial tem envelhecido em ritmo acelerado e, segundo os especialistas, é essencial contarmos com programas de atividade física voltados especificamente a esse público Foto: sergojpg/Adobe Stock

4. Exercício para perda de peso

Apesar de a prática de exercícios estar cada vez mais vinculada a uma busca por saúde e bem-estar mental, a perda de peso ainda é a principal razão para as pessoas decidirem se movimentar. Já se sabe que o exercício regular contribui para melhorar a função metabólica e reduzir a gordura corporal.

Segundo o ACSM, a prática deve incluir modalidades aeróbicas e treinamento de força. Fora isso, deve ser acompanhada por mudanças na alimentação para criar um déficit calórico.

5. Reembolso para Profissionais de Exercício Qualificados

Esse é um tópico no qual estamos mais avançados, afinal, por aqui a profissão é regulamentada – diferentemente dos Estados Unidos. “Para atuar como profissional de educação física no Brasil, é necessário cursar ensino superior em uma universidade credenciada pelo Ministério da Educação e, em seguida, conseguir o registro profissional no Conselho Federal de Educação Física (Confef), que regulamenta a atuação do profissional de educação física como profissão de saúde”, explica Amaral.

Com isso, o profissional pode, em tese, trabalhar em hospitais, por exemplo, e receber um reembolso do plano de saúde por uma consulta de personal. “Provavelmente isso ainda não acontece com tanta facilidade, mas já existem programas pontuais”, comenta Amaral. Por isso, segundo ele, apesar de estarmos um pouco mais avançados no que diz respeito à regulamentação da profissão, precisamos avançar em certos aspectos.

6. Empregando profissionais de exercício certificados

Não é difícil encontrar pessoas sem qualificação dando aulas particulares de personal trainer. No entanto, a tendência é que isso acabe ou pelo menos que os profissionais de fato qualificados sejam mais reconhecidos. De acordo com a pesquisa, a obtenção de uma certificação credenciada (que lá fora não é obrigatória) “comunica aos consumidores que um profissional obteve conhecimento proficiente para apoiá-los em seus objetivos de condicionamento físico”. Essa tendência diminui o risco de lesões para os consumidores e reduz a responsabilidade dos empregadores.

Como aqui no Brasil a profissão já é regulamentada, para os especialistas essa tendência pode ser lida como uma possível cobrança maior na busca de profissionais com mais experiência e conhecimento.

7. Aplicativos de exercícios para celular

Aplicativos de smartphone que auxiliam no desempenho ou na programação de exercícios estão, pela primeira vez, entre os dez primeiros lugares do ranking. O treinamento online já ocupou a primeira posição durante o período da pandemia, mas o uso do celular permite uma flexibilidade muito maior – além de possibilitar o monitoramento das atividades físicas diárias e dar um feedback sobre o desempenho.

Alguns aplicativos, segundo a pesquisa, “integram mecanismos de apoio social e fornecem dicas para a aquisição de habilidades comportamentais, ambos componentes-chave da teoria da mudança de comportamento em saúde”. Você pode conferir alguns exemplos de aplicativos clicando aqui.

8. Exercício para a saúde mental

É a primeira vez da categoria no top 10, evidenciando, segundo o ACSM, que “os indivíduos começaram a reconhecer a importância do movimento na cognição e no humor”. A entidade observa que a saúde mental inclui o bem-estar emocional, psicológico e social. No Brasil, esse tópico ganhou ainda mais destaque, ocupando o sexto lugar.

Estudos já comprovaram que a atividade física ajuda no tratamento e na prevenção da depressão e ansiedade, além de melhorar a qualidade do sono. “A atividade física é um dos poucos recursos que trabalha com o tempo e resultado. Ou seja, ela faz com que a pessoa vá se percebendo e evolua, mas nunca é de um dia para o outro”, ressalta Pelaquim.

Para Amaral, os próprios profissionais do setor fitness devem entender que a atividade física vai além do físico. “Existe uma integração de corpo, mente e alma. Por esse motivo, o movimento conhecido como ‘wellness’ é uma realidade, pois é necessário entender todas as dimensões que envolvem o ser humano, incluindo a saúde mental”, coloca.

9. Desenvolvimento atlético juvenil

Assim como os idosos, os jovens também aparecem como um público importante para ter acesso a treinos específicos. Grande parte disso se deve ao crescimento das taxas de obesidade infantil – no Brasil, temos três vezes mais crianças com excesso de peso do que a média global.

Mas também tem a ver com o fato de que a prática física aumenta a confiança, ajuda com as habilidades sociais e motoras e trabalha força e coordenação. Sem falar no bem-estar emocional, já comentado no item acima, que favorece, por consequência, uma rotina mais produtiva, com bons hábitos de sono e alimentação.

10. Personal training

Superar metas, como conseguir correr mais rápido ou pegar um peso mais pesado, é uma das melhores sensações que o esporte proporciona. É algo que mexe com a noção de superação e autoconfiança. Para facilitar esse processo, ter um profissional próximo é essencial. Afinal, ele entende suas necessidades e limitações e consegue orientar qual o melhor caminho possível no seu caso. Trata-se de algo valioso tanto para iniciantes quanto para aqueles que desejam manter a atividade física como hábito.

O “treinamento pessoal” inclui definição de metas (que devem ser factíveis), avaliação de condicionamento físico e programação de exercícios com um treinador em ambientes adequados para o praticante. Os objetivos podem incluir mudanças de curto e longo prazo (seja sobre distância percorrida, tempo de dedicação à prática ou até mesmo aspectos ligados ao sono e à alimentação).

O ACSM descreve ainda que os clientes “podem se beneficiar desse serviço para aprender métodos eficazes de seleção, segurança e recuperação de exercícios”.

As tendências fitness de 2024 para o Brasil

Ao comparar as duas tabelas, é interessante perceber a importância dos programas de exercícios físicos para os idosos tanto na versão mundial como na nacional. “Além dessa categoria estar em alta em ambas, há outros pontos ligados à ela indiretamente, como treinamento de aptidão funcional, exercício para saúde mental, aulas pós-reabilitação ou manutenção de doenças/condições, clubes de caminhada, etc. São questões que normalmente aparecem na população idosa”, analisa Pelaquim, da Socesp.

Como adiantamos, as tecnológias vestíveis, campeãs no ranking mundial, ficaram na 13ª posição na lista nacional. “No Brasil, não são todas as pessoas que têm as melhores tecnologias. Elas são realmente exclusivas de um público mais seleto”, explica ele. Logo, natural que não apareça entre as grandes tendências por aqui.

“A nossa preocupação é realmente fazer um trabalho para a melhora da qualidade de vida. Por isso, o personal trainer, por exemplo, está em terceiro lugar”. Isso mostra ainda a relevância da personalização dos treinos. “A preocupação com a saúde, e não somente com a estética, está bastante presente no mercado brasileiro”, conclui Pelaquim.

A lista brasileira

1. Programas de condicionamento físico para idosos

2. Exercícios para perda de peso

3. Treinamento pessoal (personal trainer)

4. Treinamento de aptidão funcional (FFT)

5. Treinamento de Força Tradicional

6. Exercício para saúde mental

7. Medições de resultados

8. Aulas pós-reabilitação ou manutenção de doenças/condições

9. Clubes de caminhada/corrida/corrida/ciclismo

10. Atividades físicas ao ar livre

11. Equipes de trabalho multidisciplinares

12. Exercício para a saúde infantil

13. Tecnologia utilizável

14. Treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT)

15. Medicina do Estilo de Vida

16. Liberação miofascial

17. Fitness pré e pós-natal

18. Promoção da saúde no local de trabalho

19. Treinamento em circuito

20. Aplicativos de exercícios para celular

Desde 2006, o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, na sigla em inglês) realiza um levantamento com médicos, pesquisadores, personal trainers e fisiologistas para definir um ranking mundial de tendências fitness para o ano que se inicia. O objetivo é fornecer informações sobre as novidades e os maiores interesses do público na área. Na edição de 2024, cerca de 2 mil profissionais participaram da pesquisa. Para a maior parte dos respondentes, a grande tendência fitness de 2024 são as chamadas tecnologias vestíveis, como relógios inteligentes e monitores de frequência cardíaca – desde 2016, a categoria fica no top 3 (veja mais detalhes sobre a lista abaixo).

As chamadas tecnologias vestíveis, como os relógios inteligentes, ficaram em primeiro lugar no ranking de tendências mundiais do universo fitness Foto: DG PhotoStock/Adobe Stock

Neste ano, a promoção de saúde no local de trabalho ocupou o segundo lugar no ranking, enquanto programas de condicionamento para idosos conquistou a terceira posição.

Para os especialistas, a noção de que a atividade física não é apenas um recurso para melhorar a estética é um dos pontos altos da pesquisa. “Eu acredito que isso não veio somente após a pandemia, mas se fortaleceu nesse momento pós-pandêmico. O exercício físico tem um efeito quase que terapêutico”, informa Renato Pelaquim, diretor executivo do Departamento de Educação Física da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). Já se sabe que a atividade física tem o poder de atuar na prevenção e no controle de diversos problemas, como diabetes, hipertensão, colesterol alto e até distúrbios mentais. Sem falar que ajuda a preparar o corpo para os desafios inerentes ao envelhecimento.

Embora o ACSM seja uma instituição dos Estados Unidos, os dados da pesquisa foram combinados com tendências de outros locais. Segundo a entidade, a ideia é ter “um retrato holístico da direção da indústria de fitness em 2024″. Nesse sentido, o Brasil contribuiu, pelo quinto ano consecutivo, com uma lista própria, definida a partir de questionários enviados a 786 profissionais. É interessante notar que, no ranking nacional, as tecnologias vestíveis – campeãs mundiais – ficaram na 13ª posição. “No mercado americano, há mais facilidade de acesso à tecnologia”, interpreta Pelaquim.

Os pesquisadores Paulo Amaral e Roberto Dignola foram os autores do levantamento nacional. “Das 20 tendências mundiais, 10 constam no Brasil”, analisa Amaral, destacando o alinhamento entre os dois rankings. “Uma das razões para isso é a cultura e a formação profissional. O Brasil é um dos poucos países no mundo que oferece formação específica para atuar com atividade física e personal trainer”, diz.

Veja, abaixo, as 10 principais tendências fitness mundiais:

1. Tecnologias vestíveis

A categoria tem sido um dos pilares das três principais tendências mundiais desde 2016. Ela inclui relógios inteligentes (os smartwatches) monitores de frequência cardíaca, dispositivos de rastreamento via GPS, além de tecnologias para acompanhar consumo calórico, tempo sentado, qualidade do sono e muito mais. Geralmente, esses recursos são conectados a um smartphone e fornecem informações em tempo real e relatórios semanais ou mensais sobre a saúde do usuário.

Para os especialistas, é nítido que a tecnologia pode auxiliar os alunos a nortearem suas práticas e entenderem o próprio corpo, assim como ajudam o profissional a orientar seus clientes de forma bastante personalizada (inclusive à distância). Mas essas ferramentas não são indispensáveis. “As pessoas têm que entender que não precisam de um grande relógio ou smartphone para fazer um treino. Elas precisam achar um espaço, reservar um momento para aquilo e receber orientação adequada de acordo com sua capacidade naquele instante”, defende Pelaquim.

Para ele, o excesso de monitorização, em alguns casos, muitas vezes até atrapalha, já que estimula a cobrança por resultados imediatos e metas difíceis. “A assiduidade é importante, mas praticar uma atividade de uma maneira adequada e responsável é mais ainda.”

2. Promoção da saúde no local de trabalho

Esse é um dos ambientes mais frequentados por homens e mulheres. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, uma semana de 40 horas de trabalho representa um terço da vida de um adulto. Dessa maneira, a relação com o espaço em que exercemos nossas profissões e o uso produtivo dessas horas têm um impacto muito grande na qualidade de vida.

Por isso, juntar o trabalho com noções de bem-estar é visto como uma tendência – a ideia é ter um impacto positivo tanto na produtividade do funcionário quanto em sua saúde mental.

Alguns exemplos de promoção da saúde no local de trabalho incluem acesso a instalações fitness, ligas atléticas para funcionários, aulas de educação em saúde, além de exercícios de mobilidade e alongamento durante os horários laborais. Essa é a primeira vez que essa tendência surge entre os dez primeiros lugares do ranking.

3. Programas de condicionamento físico para idosos

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 2 bilhões até 2050. Um pouco antes, em 2030, o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre 0 e 14 anos. Ou seja, é essencial criar intervenções para as necessidades específicas da população mais velha. Afinal, segundo o artigo do ACSM, o envelhecimento aumenta o risco de doenças crônicas, deficiência cognitiva e quedas, sendo que a atividade física regular – aeróbica e de fortalecimento muscular – é uma estratégia para reduzir esse impacto e melhorar a qualidade de vida ao longo do processo.

Na lista brasileira, a categoria ficou em primeiro lugar. “Atualmente, no Brasil, temos aproximadamente 22 milhões de idosos. E cada vez mais a área médica recomenda a prática de atividade física para melhorar a qualidade de vida dessa população, motivo pelo qual há uma procura maior por parques públicos, pistas de caminhada, clubes e academias”, observa Amaral. Para ele, precisamos de programas específicos para atender às demandas desse público.

A população mundial tem envelhecido em ritmo acelerado e, segundo os especialistas, é essencial contarmos com programas de atividade física voltados especificamente a esse público Foto: sergojpg/Adobe Stock

4. Exercício para perda de peso

Apesar de a prática de exercícios estar cada vez mais vinculada a uma busca por saúde e bem-estar mental, a perda de peso ainda é a principal razão para as pessoas decidirem se movimentar. Já se sabe que o exercício regular contribui para melhorar a função metabólica e reduzir a gordura corporal.

Segundo o ACSM, a prática deve incluir modalidades aeróbicas e treinamento de força. Fora isso, deve ser acompanhada por mudanças na alimentação para criar um déficit calórico.

5. Reembolso para Profissionais de Exercício Qualificados

Esse é um tópico no qual estamos mais avançados, afinal, por aqui a profissão é regulamentada – diferentemente dos Estados Unidos. “Para atuar como profissional de educação física no Brasil, é necessário cursar ensino superior em uma universidade credenciada pelo Ministério da Educação e, em seguida, conseguir o registro profissional no Conselho Federal de Educação Física (Confef), que regulamenta a atuação do profissional de educação física como profissão de saúde”, explica Amaral.

Com isso, o profissional pode, em tese, trabalhar em hospitais, por exemplo, e receber um reembolso do plano de saúde por uma consulta de personal. “Provavelmente isso ainda não acontece com tanta facilidade, mas já existem programas pontuais”, comenta Amaral. Por isso, segundo ele, apesar de estarmos um pouco mais avançados no que diz respeito à regulamentação da profissão, precisamos avançar em certos aspectos.

6. Empregando profissionais de exercício certificados

Não é difícil encontrar pessoas sem qualificação dando aulas particulares de personal trainer. No entanto, a tendência é que isso acabe ou pelo menos que os profissionais de fato qualificados sejam mais reconhecidos. De acordo com a pesquisa, a obtenção de uma certificação credenciada (que lá fora não é obrigatória) “comunica aos consumidores que um profissional obteve conhecimento proficiente para apoiá-los em seus objetivos de condicionamento físico”. Essa tendência diminui o risco de lesões para os consumidores e reduz a responsabilidade dos empregadores.

Como aqui no Brasil a profissão já é regulamentada, para os especialistas essa tendência pode ser lida como uma possível cobrança maior na busca de profissionais com mais experiência e conhecimento.

7. Aplicativos de exercícios para celular

Aplicativos de smartphone que auxiliam no desempenho ou na programação de exercícios estão, pela primeira vez, entre os dez primeiros lugares do ranking. O treinamento online já ocupou a primeira posição durante o período da pandemia, mas o uso do celular permite uma flexibilidade muito maior – além de possibilitar o monitoramento das atividades físicas diárias e dar um feedback sobre o desempenho.

Alguns aplicativos, segundo a pesquisa, “integram mecanismos de apoio social e fornecem dicas para a aquisição de habilidades comportamentais, ambos componentes-chave da teoria da mudança de comportamento em saúde”. Você pode conferir alguns exemplos de aplicativos clicando aqui.

8. Exercício para a saúde mental

É a primeira vez da categoria no top 10, evidenciando, segundo o ACSM, que “os indivíduos começaram a reconhecer a importância do movimento na cognição e no humor”. A entidade observa que a saúde mental inclui o bem-estar emocional, psicológico e social. No Brasil, esse tópico ganhou ainda mais destaque, ocupando o sexto lugar.

Estudos já comprovaram que a atividade física ajuda no tratamento e na prevenção da depressão e ansiedade, além de melhorar a qualidade do sono. “A atividade física é um dos poucos recursos que trabalha com o tempo e resultado. Ou seja, ela faz com que a pessoa vá se percebendo e evolua, mas nunca é de um dia para o outro”, ressalta Pelaquim.

Para Amaral, os próprios profissionais do setor fitness devem entender que a atividade física vai além do físico. “Existe uma integração de corpo, mente e alma. Por esse motivo, o movimento conhecido como ‘wellness’ é uma realidade, pois é necessário entender todas as dimensões que envolvem o ser humano, incluindo a saúde mental”, coloca.

9. Desenvolvimento atlético juvenil

Assim como os idosos, os jovens também aparecem como um público importante para ter acesso a treinos específicos. Grande parte disso se deve ao crescimento das taxas de obesidade infantil – no Brasil, temos três vezes mais crianças com excesso de peso do que a média global.

Mas também tem a ver com o fato de que a prática física aumenta a confiança, ajuda com as habilidades sociais e motoras e trabalha força e coordenação. Sem falar no bem-estar emocional, já comentado no item acima, que favorece, por consequência, uma rotina mais produtiva, com bons hábitos de sono e alimentação.

10. Personal training

Superar metas, como conseguir correr mais rápido ou pegar um peso mais pesado, é uma das melhores sensações que o esporte proporciona. É algo que mexe com a noção de superação e autoconfiança. Para facilitar esse processo, ter um profissional próximo é essencial. Afinal, ele entende suas necessidades e limitações e consegue orientar qual o melhor caminho possível no seu caso. Trata-se de algo valioso tanto para iniciantes quanto para aqueles que desejam manter a atividade física como hábito.

O “treinamento pessoal” inclui definição de metas (que devem ser factíveis), avaliação de condicionamento físico e programação de exercícios com um treinador em ambientes adequados para o praticante. Os objetivos podem incluir mudanças de curto e longo prazo (seja sobre distância percorrida, tempo de dedicação à prática ou até mesmo aspectos ligados ao sono e à alimentação).

O ACSM descreve ainda que os clientes “podem se beneficiar desse serviço para aprender métodos eficazes de seleção, segurança e recuperação de exercícios”.

As tendências fitness de 2024 para o Brasil

Ao comparar as duas tabelas, é interessante perceber a importância dos programas de exercícios físicos para os idosos tanto na versão mundial como na nacional. “Além dessa categoria estar em alta em ambas, há outros pontos ligados à ela indiretamente, como treinamento de aptidão funcional, exercício para saúde mental, aulas pós-reabilitação ou manutenção de doenças/condições, clubes de caminhada, etc. São questões que normalmente aparecem na população idosa”, analisa Pelaquim, da Socesp.

Como adiantamos, as tecnológias vestíveis, campeãs no ranking mundial, ficaram na 13ª posição na lista nacional. “No Brasil, não são todas as pessoas que têm as melhores tecnologias. Elas são realmente exclusivas de um público mais seleto”, explica ele. Logo, natural que não apareça entre as grandes tendências por aqui.

“A nossa preocupação é realmente fazer um trabalho para a melhora da qualidade de vida. Por isso, o personal trainer, por exemplo, está em terceiro lugar”. Isso mostra ainda a relevância da personalização dos treinos. “A preocupação com a saúde, e não somente com a estética, está bastante presente no mercado brasileiro”, conclui Pelaquim.

A lista brasileira

1. Programas de condicionamento físico para idosos

2. Exercícios para perda de peso

3. Treinamento pessoal (personal trainer)

4. Treinamento de aptidão funcional (FFT)

5. Treinamento de Força Tradicional

6. Exercício para saúde mental

7. Medições de resultados

8. Aulas pós-reabilitação ou manutenção de doenças/condições

9. Clubes de caminhada/corrida/corrida/ciclismo

10. Atividades físicas ao ar livre

11. Equipes de trabalho multidisciplinares

12. Exercício para a saúde infantil

13. Tecnologia utilizável

14. Treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT)

15. Medicina do Estilo de Vida

16. Liberação miofascial

17. Fitness pré e pós-natal

18. Promoção da saúde no local de trabalho

19. Treinamento em circuito

20. Aplicativos de exercícios para celular

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