Wegovy, versão do Ozempic para obesidade, chega a farmácias do País; veja indicações, riscos e preço


Especialistas alertam para necessidade de prescrição médica e acompanhamento durante o uso; substância tem semaglutida como princípio ativo

Por Bárbara Giovani
Atualização:

O Wegovy, medicamento para tratamento da obesidade cujo ativo é a semaglutida, já está disponível em algumas farmácias pelo Brasil. A Novo Nordisk, fabricante do remédio, havia anunciado sua chegada aos pontos de venda em agosto, mas algumas drogarias já receberam o remédio e o incluíram no catálogo de vendas.

Em comunicado, a farmacêutica informou que o Wegovy chegará ao mercado brasileiro de forma gradual, começando pelas grandes cidades. “Em função da complexidade do processo de distribuição em um país continental como o Brasil, algumas redes do varejo já começaram a ser abastecidas e têm autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a comercialização e aplicar suas promoções, sem participação e/ou estímulo por parte da Novo Nordisk”, disse a empresa.

No site e aplicativo da Drogaria São Paulo, por exemplo, o medicamento começou a ser vendido na última quinta-feira, 18. No sexta, 19, suas lojas físicas em todo o Brasil também disponibilizaram o Wegovy, exceto aquelas que ficam na Bahia e em Pernambuco, onde as vendas do remédio para obesidade começam na próxima quinta, 25.

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Nas unidades da Drogaria Pacheco, o Wegovy começa a ser vendido a partir da próxima quarta-feira, 24. De acordo com o grupo Pague Menos e Extrafarma, o medicamento já pode ser comprado em todas as suas unidades no País.

Wegovy tem versões que liberam doses de 0,25 mg a 2,4 mg Foto: K KStock/Adobe Stock

Segundo a RD, grupo dono da Drogasil e Droga Raia, o Wegovy já está disponível nas farmácias de São Paulo e Paraná. Chega na quarta-feira, 24, nas unidades do Rio de Janeiro, e na quinta, 25, em Goiás, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. A partir de sexta-feira, 26, o medicamento poderá ser comprado nas farmácias RD em todos os Estados do Brasil.

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Nas drogarias consultadas pelo Estadão, o preço da versão com doses mínimas, de 0,25 mg, variou de R$1.227,99 a R$ 1.298,83. Já a versão com maior dose, de 2,4 mg, tem preço médio de R$ 2.366. Os preços podem sofrer variação de acordo com programas de descontos do laboratório ou de planos de saúde.

Em nota, a Novo Nordisk recomenda que os pacientes busquem informações junto ao seu médico e reforça que, a partir de 1o de agosto, Wegovy® estará disponível no programa de suporte ao paciente, Novo Dia.

O Brasil é o primeiro País na América Latina a disponibilizar o medicamento para o tratamento de obesidade de adultos e crianças com mais de 12 anos. Aqui, uma em cada quatro pessoas tem a doença crônica, segundo dados da última pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2023), monitoramento anual do Ministério da Saúde.

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Quando o uso Wegovy é indicado

O Wegovy foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em janeiro de 2023 para tratamento da obesidade (IMC inicial maior ou igual a 30 kg/m2) e sobrepeso (maior ou igual a 27 kg/m2) associado a ao menos uma comorbidade, como diabetes tipo 2 ou hipertensão. O uso pode ser feito por adultos e crianças com mais de 12 anos (com obesidade e peso corporal acima de 60kg), quando prescrito por um médico.

“Ele (Wegovy) não é uma opção para uso a curto prazo, por pessoas sem essas condições, com objetivos estéticos ou pelo ‘desejo social de magreza’”, alerta Bruno Halpern, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).

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Como a obesidade é uma doença crônica, progressiva e recidivante, o tratamento com Wegovy deve ser feito de maneira contínua, em longo prazo. Isso porque a medicação funciona enquanto é utilizada e estudos mostram que a interrupção do uso do remédio pode causar o reganho de peso devido ao mecanismos biológico da própria obesidade.

“Na fase de platô (equilíbrio do peso após perda de alguns quilos), há aumento de hormônio de fome na circulação, então o paciente sente mais fome, e o metabolismo dele fica mais efetivo, ele gasta menos energia. Tem muita briga do organismo para voltar para aquele peso”, explica ao Estadão a endocrinologista Priscila Mattar, vice-presidente da área médica da Novo Nordisk.

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Todos os produtos da Novo Nordisk da classe GLP-1 são tarja vermelha. Dessa forma, o medicamento será vendido apenas sob apresentação de prescrição médica. No entanto, a receita não precisará ficar retida na farmácia, diferente de remédios controlados.

“Sabemos que, apesar de na bula dizer que é uma medicação para ser vendida com prescrição médica, isso na prática não ocorre, aumentando o número de pessoas que utilizam a medicação sem indicação, ou de forma inadequada”, afirma o presidente da Abeso. No entanto, o endocrinologista afirma que, não é porque pessoas fazem uso inadequado que não devemos ter opções para quem as necessita”.

Ainda assim, reconhece que o uso fora da prescrição pode prejudicar a oferta do medicamento para aqueles que precisam do tratamento. “O excesso de uso sem indicação pode fazer também que a medicação fique em falta para aqueles que têm indicação”, diz.

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Cuidados necessários

Assim como o Ozempic, o Wegovy tem como ativo a semaglutida, uma molécula que simula o hormônio GLP-1, produzido no intestino. Assim, ela auxilia no controle do nível de açúcar no sangue e também retarda o esvaziamento do estômago, prolongando a sensação de saciedade e diminuindo a fome.

A diferença entre os medicamentos é sua finalidade, que altera a dose recomendada para uso. Nos estudos que analisaram o uso da semaglutida para tratar para diabetes tipo 2, caso do Ozempic, a dose máxima recomendada é de 1 miligrama por semana. Já nos estudos para tratamento da obesidade, a dose que se mostrou mais eficaz e com o mesmo grau de segurança é a de 2,4 miligramas.

Para chegar na dose máxima, que é o ideal do tratamento, os pacientes devem seguir uma progressão lenta, com aumento gradual das doses. Isso pode demorar meses, a depender da tolerância e resposta da pessoa que está fazendo uso do medicamento. Não seguir essa titulação lenta aumenta a chance de uma pessoa apresentar efeitos colaterais, além de reduzir a eficácia do remédio, afirma Halpern.

O presidente da Abeso também lembra que pessoas sem sobrepeso ou obesidade - que usam a semaglutida sem indicação médica - tendem a perder mais massa magra com essas estratégias de perda de peso mais agressivas.

Além do cuidado com a progressão da dose, que deve ser orientada por um médico capacitado para tratar obesidade, o uso do Wegovy também deve ser feito junto a mudanças de estilo de vida, priorizando uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas - tudo isso com acompanhamento multidisciplinar.

O Wegovy, medicamento para tratamento da obesidade cujo ativo é a semaglutida, já está disponível em algumas farmácias pelo Brasil. A Novo Nordisk, fabricante do remédio, havia anunciado sua chegada aos pontos de venda em agosto, mas algumas drogarias já receberam o remédio e o incluíram no catálogo de vendas.

Em comunicado, a farmacêutica informou que o Wegovy chegará ao mercado brasileiro de forma gradual, começando pelas grandes cidades. “Em função da complexidade do processo de distribuição em um país continental como o Brasil, algumas redes do varejo já começaram a ser abastecidas e têm autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a comercialização e aplicar suas promoções, sem participação e/ou estímulo por parte da Novo Nordisk”, disse a empresa.

No site e aplicativo da Drogaria São Paulo, por exemplo, o medicamento começou a ser vendido na última quinta-feira, 18. No sexta, 19, suas lojas físicas em todo o Brasil também disponibilizaram o Wegovy, exceto aquelas que ficam na Bahia e em Pernambuco, onde as vendas do remédio para obesidade começam na próxima quinta, 25.

Nas unidades da Drogaria Pacheco, o Wegovy começa a ser vendido a partir da próxima quarta-feira, 24. De acordo com o grupo Pague Menos e Extrafarma, o medicamento já pode ser comprado em todas as suas unidades no País.

Wegovy tem versões que liberam doses de 0,25 mg a 2,4 mg Foto: K KStock/Adobe Stock

Segundo a RD, grupo dono da Drogasil e Droga Raia, o Wegovy já está disponível nas farmácias de São Paulo e Paraná. Chega na quarta-feira, 24, nas unidades do Rio de Janeiro, e na quinta, 25, em Goiás, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. A partir de sexta-feira, 26, o medicamento poderá ser comprado nas farmácias RD em todos os Estados do Brasil.

Nas drogarias consultadas pelo Estadão, o preço da versão com doses mínimas, de 0,25 mg, variou de R$1.227,99 a R$ 1.298,83. Já a versão com maior dose, de 2,4 mg, tem preço médio de R$ 2.366. Os preços podem sofrer variação de acordo com programas de descontos do laboratório ou de planos de saúde.

Em nota, a Novo Nordisk recomenda que os pacientes busquem informações junto ao seu médico e reforça que, a partir de 1o de agosto, Wegovy® estará disponível no programa de suporte ao paciente, Novo Dia.

O Brasil é o primeiro País na América Latina a disponibilizar o medicamento para o tratamento de obesidade de adultos e crianças com mais de 12 anos. Aqui, uma em cada quatro pessoas tem a doença crônica, segundo dados da última pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2023), monitoramento anual do Ministério da Saúde.

Quando o uso Wegovy é indicado

O Wegovy foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em janeiro de 2023 para tratamento da obesidade (IMC inicial maior ou igual a 30 kg/m2) e sobrepeso (maior ou igual a 27 kg/m2) associado a ao menos uma comorbidade, como diabetes tipo 2 ou hipertensão. O uso pode ser feito por adultos e crianças com mais de 12 anos (com obesidade e peso corporal acima de 60kg), quando prescrito por um médico.

“Ele (Wegovy) não é uma opção para uso a curto prazo, por pessoas sem essas condições, com objetivos estéticos ou pelo ‘desejo social de magreza’”, alerta Bruno Halpern, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).

Como a obesidade é uma doença crônica, progressiva e recidivante, o tratamento com Wegovy deve ser feito de maneira contínua, em longo prazo. Isso porque a medicação funciona enquanto é utilizada e estudos mostram que a interrupção do uso do remédio pode causar o reganho de peso devido ao mecanismos biológico da própria obesidade.

“Na fase de platô (equilíbrio do peso após perda de alguns quilos), há aumento de hormônio de fome na circulação, então o paciente sente mais fome, e o metabolismo dele fica mais efetivo, ele gasta menos energia. Tem muita briga do organismo para voltar para aquele peso”, explica ao Estadão a endocrinologista Priscila Mattar, vice-presidente da área médica da Novo Nordisk.

Todos os produtos da Novo Nordisk da classe GLP-1 são tarja vermelha. Dessa forma, o medicamento será vendido apenas sob apresentação de prescrição médica. No entanto, a receita não precisará ficar retida na farmácia, diferente de remédios controlados.

“Sabemos que, apesar de na bula dizer que é uma medicação para ser vendida com prescrição médica, isso na prática não ocorre, aumentando o número de pessoas que utilizam a medicação sem indicação, ou de forma inadequada”, afirma o presidente da Abeso. No entanto, o endocrinologista afirma que, não é porque pessoas fazem uso inadequado que não devemos ter opções para quem as necessita”.

Ainda assim, reconhece que o uso fora da prescrição pode prejudicar a oferta do medicamento para aqueles que precisam do tratamento. “O excesso de uso sem indicação pode fazer também que a medicação fique em falta para aqueles que têm indicação”, diz.

Cuidados necessários

Assim como o Ozempic, o Wegovy tem como ativo a semaglutida, uma molécula que simula o hormônio GLP-1, produzido no intestino. Assim, ela auxilia no controle do nível de açúcar no sangue e também retarda o esvaziamento do estômago, prolongando a sensação de saciedade e diminuindo a fome.

A diferença entre os medicamentos é sua finalidade, que altera a dose recomendada para uso. Nos estudos que analisaram o uso da semaglutida para tratar para diabetes tipo 2, caso do Ozempic, a dose máxima recomendada é de 1 miligrama por semana. Já nos estudos para tratamento da obesidade, a dose que se mostrou mais eficaz e com o mesmo grau de segurança é a de 2,4 miligramas.

Para chegar na dose máxima, que é o ideal do tratamento, os pacientes devem seguir uma progressão lenta, com aumento gradual das doses. Isso pode demorar meses, a depender da tolerância e resposta da pessoa que está fazendo uso do medicamento. Não seguir essa titulação lenta aumenta a chance de uma pessoa apresentar efeitos colaterais, além de reduzir a eficácia do remédio, afirma Halpern.

O presidente da Abeso também lembra que pessoas sem sobrepeso ou obesidade - que usam a semaglutida sem indicação médica - tendem a perder mais massa magra com essas estratégias de perda de peso mais agressivas.

Além do cuidado com a progressão da dose, que deve ser orientada por um médico capacitado para tratar obesidade, o uso do Wegovy também deve ser feito junto a mudanças de estilo de vida, priorizando uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas - tudo isso com acompanhamento multidisciplinar.

O Wegovy, medicamento para tratamento da obesidade cujo ativo é a semaglutida, já está disponível em algumas farmácias pelo Brasil. A Novo Nordisk, fabricante do remédio, havia anunciado sua chegada aos pontos de venda em agosto, mas algumas drogarias já receberam o remédio e o incluíram no catálogo de vendas.

Em comunicado, a farmacêutica informou que o Wegovy chegará ao mercado brasileiro de forma gradual, começando pelas grandes cidades. “Em função da complexidade do processo de distribuição em um país continental como o Brasil, algumas redes do varejo já começaram a ser abastecidas e têm autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a comercialização e aplicar suas promoções, sem participação e/ou estímulo por parte da Novo Nordisk”, disse a empresa.

No site e aplicativo da Drogaria São Paulo, por exemplo, o medicamento começou a ser vendido na última quinta-feira, 18. No sexta, 19, suas lojas físicas em todo o Brasil também disponibilizaram o Wegovy, exceto aquelas que ficam na Bahia e em Pernambuco, onde as vendas do remédio para obesidade começam na próxima quinta, 25.

Nas unidades da Drogaria Pacheco, o Wegovy começa a ser vendido a partir da próxima quarta-feira, 24. De acordo com o grupo Pague Menos e Extrafarma, o medicamento já pode ser comprado em todas as suas unidades no País.

Wegovy tem versões que liberam doses de 0,25 mg a 2,4 mg Foto: K KStock/Adobe Stock

Segundo a RD, grupo dono da Drogasil e Droga Raia, o Wegovy já está disponível nas farmácias de São Paulo e Paraná. Chega na quarta-feira, 24, nas unidades do Rio de Janeiro, e na quinta, 25, em Goiás, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. A partir de sexta-feira, 26, o medicamento poderá ser comprado nas farmácias RD em todos os Estados do Brasil.

Nas drogarias consultadas pelo Estadão, o preço da versão com doses mínimas, de 0,25 mg, variou de R$1.227,99 a R$ 1.298,83. Já a versão com maior dose, de 2,4 mg, tem preço médio de R$ 2.366. Os preços podem sofrer variação de acordo com programas de descontos do laboratório ou de planos de saúde.

Em nota, a Novo Nordisk recomenda que os pacientes busquem informações junto ao seu médico e reforça que, a partir de 1o de agosto, Wegovy® estará disponível no programa de suporte ao paciente, Novo Dia.

O Brasil é o primeiro País na América Latina a disponibilizar o medicamento para o tratamento de obesidade de adultos e crianças com mais de 12 anos. Aqui, uma em cada quatro pessoas tem a doença crônica, segundo dados da última pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2023), monitoramento anual do Ministério da Saúde.

Quando o uso Wegovy é indicado

O Wegovy foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em janeiro de 2023 para tratamento da obesidade (IMC inicial maior ou igual a 30 kg/m2) e sobrepeso (maior ou igual a 27 kg/m2) associado a ao menos uma comorbidade, como diabetes tipo 2 ou hipertensão. O uso pode ser feito por adultos e crianças com mais de 12 anos (com obesidade e peso corporal acima de 60kg), quando prescrito por um médico.

“Ele (Wegovy) não é uma opção para uso a curto prazo, por pessoas sem essas condições, com objetivos estéticos ou pelo ‘desejo social de magreza’”, alerta Bruno Halpern, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).

Como a obesidade é uma doença crônica, progressiva e recidivante, o tratamento com Wegovy deve ser feito de maneira contínua, em longo prazo. Isso porque a medicação funciona enquanto é utilizada e estudos mostram que a interrupção do uso do remédio pode causar o reganho de peso devido ao mecanismos biológico da própria obesidade.

“Na fase de platô (equilíbrio do peso após perda de alguns quilos), há aumento de hormônio de fome na circulação, então o paciente sente mais fome, e o metabolismo dele fica mais efetivo, ele gasta menos energia. Tem muita briga do organismo para voltar para aquele peso”, explica ao Estadão a endocrinologista Priscila Mattar, vice-presidente da área médica da Novo Nordisk.

Todos os produtos da Novo Nordisk da classe GLP-1 são tarja vermelha. Dessa forma, o medicamento será vendido apenas sob apresentação de prescrição médica. No entanto, a receita não precisará ficar retida na farmácia, diferente de remédios controlados.

“Sabemos que, apesar de na bula dizer que é uma medicação para ser vendida com prescrição médica, isso na prática não ocorre, aumentando o número de pessoas que utilizam a medicação sem indicação, ou de forma inadequada”, afirma o presidente da Abeso. No entanto, o endocrinologista afirma que, não é porque pessoas fazem uso inadequado que não devemos ter opções para quem as necessita”.

Ainda assim, reconhece que o uso fora da prescrição pode prejudicar a oferta do medicamento para aqueles que precisam do tratamento. “O excesso de uso sem indicação pode fazer também que a medicação fique em falta para aqueles que têm indicação”, diz.

Cuidados necessários

Assim como o Ozempic, o Wegovy tem como ativo a semaglutida, uma molécula que simula o hormônio GLP-1, produzido no intestino. Assim, ela auxilia no controle do nível de açúcar no sangue e também retarda o esvaziamento do estômago, prolongando a sensação de saciedade e diminuindo a fome.

A diferença entre os medicamentos é sua finalidade, que altera a dose recomendada para uso. Nos estudos que analisaram o uso da semaglutida para tratar para diabetes tipo 2, caso do Ozempic, a dose máxima recomendada é de 1 miligrama por semana. Já nos estudos para tratamento da obesidade, a dose que se mostrou mais eficaz e com o mesmo grau de segurança é a de 2,4 miligramas.

Para chegar na dose máxima, que é o ideal do tratamento, os pacientes devem seguir uma progressão lenta, com aumento gradual das doses. Isso pode demorar meses, a depender da tolerância e resposta da pessoa que está fazendo uso do medicamento. Não seguir essa titulação lenta aumenta a chance de uma pessoa apresentar efeitos colaterais, além de reduzir a eficácia do remédio, afirma Halpern.

O presidente da Abeso também lembra que pessoas sem sobrepeso ou obesidade - que usam a semaglutida sem indicação médica - tendem a perder mais massa magra com essas estratégias de perda de peso mais agressivas.

Além do cuidado com a progressão da dose, que deve ser orientada por um médico capacitado para tratar obesidade, o uso do Wegovy também deve ser feito junto a mudanças de estilo de vida, priorizando uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas - tudo isso com acompanhamento multidisciplinar.

O Wegovy, medicamento para tratamento da obesidade cujo ativo é a semaglutida, já está disponível em algumas farmácias pelo Brasil. A Novo Nordisk, fabricante do remédio, havia anunciado sua chegada aos pontos de venda em agosto, mas algumas drogarias já receberam o remédio e o incluíram no catálogo de vendas.

Em comunicado, a farmacêutica informou que o Wegovy chegará ao mercado brasileiro de forma gradual, começando pelas grandes cidades. “Em função da complexidade do processo de distribuição em um país continental como o Brasil, algumas redes do varejo já começaram a ser abastecidas e têm autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a comercialização e aplicar suas promoções, sem participação e/ou estímulo por parte da Novo Nordisk”, disse a empresa.

No site e aplicativo da Drogaria São Paulo, por exemplo, o medicamento começou a ser vendido na última quinta-feira, 18. No sexta, 19, suas lojas físicas em todo o Brasil também disponibilizaram o Wegovy, exceto aquelas que ficam na Bahia e em Pernambuco, onde as vendas do remédio para obesidade começam na próxima quinta, 25.

Nas unidades da Drogaria Pacheco, o Wegovy começa a ser vendido a partir da próxima quarta-feira, 24. De acordo com o grupo Pague Menos e Extrafarma, o medicamento já pode ser comprado em todas as suas unidades no País.

Wegovy tem versões que liberam doses de 0,25 mg a 2,4 mg Foto: K KStock/Adobe Stock

Segundo a RD, grupo dono da Drogasil e Droga Raia, o Wegovy já está disponível nas farmácias de São Paulo e Paraná. Chega na quarta-feira, 24, nas unidades do Rio de Janeiro, e na quinta, 25, em Goiás, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. A partir de sexta-feira, 26, o medicamento poderá ser comprado nas farmácias RD em todos os Estados do Brasil.

Nas drogarias consultadas pelo Estadão, o preço da versão com doses mínimas, de 0,25 mg, variou de R$1.227,99 a R$ 1.298,83. Já a versão com maior dose, de 2,4 mg, tem preço médio de R$ 2.366. Os preços podem sofrer variação de acordo com programas de descontos do laboratório ou de planos de saúde.

Em nota, a Novo Nordisk recomenda que os pacientes busquem informações junto ao seu médico e reforça que, a partir de 1o de agosto, Wegovy® estará disponível no programa de suporte ao paciente, Novo Dia.

O Brasil é o primeiro País na América Latina a disponibilizar o medicamento para o tratamento de obesidade de adultos e crianças com mais de 12 anos. Aqui, uma em cada quatro pessoas tem a doença crônica, segundo dados da última pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2023), monitoramento anual do Ministério da Saúde.

Quando o uso Wegovy é indicado

O Wegovy foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em janeiro de 2023 para tratamento da obesidade (IMC inicial maior ou igual a 30 kg/m2) e sobrepeso (maior ou igual a 27 kg/m2) associado a ao menos uma comorbidade, como diabetes tipo 2 ou hipertensão. O uso pode ser feito por adultos e crianças com mais de 12 anos (com obesidade e peso corporal acima de 60kg), quando prescrito por um médico.

“Ele (Wegovy) não é uma opção para uso a curto prazo, por pessoas sem essas condições, com objetivos estéticos ou pelo ‘desejo social de magreza’”, alerta Bruno Halpern, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).

Como a obesidade é uma doença crônica, progressiva e recidivante, o tratamento com Wegovy deve ser feito de maneira contínua, em longo prazo. Isso porque a medicação funciona enquanto é utilizada e estudos mostram que a interrupção do uso do remédio pode causar o reganho de peso devido ao mecanismos biológico da própria obesidade.

“Na fase de platô (equilíbrio do peso após perda de alguns quilos), há aumento de hormônio de fome na circulação, então o paciente sente mais fome, e o metabolismo dele fica mais efetivo, ele gasta menos energia. Tem muita briga do organismo para voltar para aquele peso”, explica ao Estadão a endocrinologista Priscila Mattar, vice-presidente da área médica da Novo Nordisk.

Todos os produtos da Novo Nordisk da classe GLP-1 são tarja vermelha. Dessa forma, o medicamento será vendido apenas sob apresentação de prescrição médica. No entanto, a receita não precisará ficar retida na farmácia, diferente de remédios controlados.

“Sabemos que, apesar de na bula dizer que é uma medicação para ser vendida com prescrição médica, isso na prática não ocorre, aumentando o número de pessoas que utilizam a medicação sem indicação, ou de forma inadequada”, afirma o presidente da Abeso. No entanto, o endocrinologista afirma que, não é porque pessoas fazem uso inadequado que não devemos ter opções para quem as necessita”.

Ainda assim, reconhece que o uso fora da prescrição pode prejudicar a oferta do medicamento para aqueles que precisam do tratamento. “O excesso de uso sem indicação pode fazer também que a medicação fique em falta para aqueles que têm indicação”, diz.

Cuidados necessários

Assim como o Ozempic, o Wegovy tem como ativo a semaglutida, uma molécula que simula o hormônio GLP-1, produzido no intestino. Assim, ela auxilia no controle do nível de açúcar no sangue e também retarda o esvaziamento do estômago, prolongando a sensação de saciedade e diminuindo a fome.

A diferença entre os medicamentos é sua finalidade, que altera a dose recomendada para uso. Nos estudos que analisaram o uso da semaglutida para tratar para diabetes tipo 2, caso do Ozempic, a dose máxima recomendada é de 1 miligrama por semana. Já nos estudos para tratamento da obesidade, a dose que se mostrou mais eficaz e com o mesmo grau de segurança é a de 2,4 miligramas.

Para chegar na dose máxima, que é o ideal do tratamento, os pacientes devem seguir uma progressão lenta, com aumento gradual das doses. Isso pode demorar meses, a depender da tolerância e resposta da pessoa que está fazendo uso do medicamento. Não seguir essa titulação lenta aumenta a chance de uma pessoa apresentar efeitos colaterais, além de reduzir a eficácia do remédio, afirma Halpern.

O presidente da Abeso também lembra que pessoas sem sobrepeso ou obesidade - que usam a semaglutida sem indicação médica - tendem a perder mais massa magra com essas estratégias de perda de peso mais agressivas.

Além do cuidado com a progressão da dose, que deve ser orientada por um médico capacitado para tratar obesidade, o uso do Wegovy também deve ser feito junto a mudanças de estilo de vida, priorizando uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas - tudo isso com acompanhamento multidisciplinar.

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