O ano de 2023 foi confirmado como o mais quente há registrado, segundo relatório divulgado nesta terça-feira, 9, pelo observatório europeu Copernicus. A temperatura média no ano passado foi 1,48 ºC mais quente do que na era pré-industrial (meados do século 19), diz a agência.
Este valor é um pouco inferior aos 1,5°C que o mundo havia proposto como limite, no âmbito do Acordo Climático de Paris em 2015, a fim de evitar os efeitos mais graves do aquecimento global. A influência do El Niño, que deve se estender até a metade deste ano, esteve relacionado a eventos extremos, como ciclones extratropicais no Sul e a estiagem acompanhada de queimadas na Amazônia, além das ondas de calor em várias regiões do Brasil.
E janeiro de 2024 está a caminho de ser tão quente que, pela primeira vez, um período de 12 meses excederá o limite de 1,5°C, alerta Samantha Burgess, vice-diretora do Copernicus.
Segundo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), o principal fator por trás do aumento das temperaturas é o aquecimento global, mas o El Niño “tem impacto na temperatura global, especialmente no ano seguinte ao de sua formação, neste caso, 2024″.
Os cientistas sustentam que o planeta precisaria de um aquecimento médio de 1,5°C ao longo de duas a três décadas para violar tecnicamente o limite estabelecido como seguro no Acordo de Paris.
“A meta de aquecimento de 1,5°C tem de ser mantida porque vidas estão em risco e há decisões que terão de ser tomadas e essas decisões não afetarão você ou a mim, mas afetarão nosso povo. Filhos e netos”, disse Samantha.
O calor recorde causou estragos e até mortes pelo exterior: Europa, América do Norte, China e muitos outros lugares no ano passado. Mas os cientistas também alertam que o aquecimento atmosférico está causando fenômenos climáticos extremos, como a seca prolongada no chifre da África, as chuvas torrenciais que destruíram barragens e mataram milhares de pessoas na Líbia e os incêndios florestais no Canadá que poluíram o ar da América do Norte até a Europa.
Pela primeira vez, os países reunidos na conferência anual das Nações Unidas sobre o clima, em dezembro, selaram na COP um acordo histórico para ‘transição’ de combustíveis fósseis, mas não citaram no documento final a eliminação desses poluentes.
O Copernicus estima que a temperatura global média em 2023 foi cerca de um sexto de 1°C superior ao recorde anterior estabelecido em 2016.
Embora isto pareça um valor minúsculo no contexto dos registos globais, é uma margem excepcionalmente grande para um recorde, disse a vice-diretora do Copernicus. A temperatura global média em 2023 foi de 14,98°C, calcula o Copernicus.
“Os recordes foram quebrados durante sete meses. Tivemos junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro mais quentes”, disse Samantha.
“Não foi apenas uma temporada ou apenas um mês que foi excepcional. “Foi excepcional por mais de metade do ano. Existem vários fatores que contribuíram para que 2023 fosse o ano mais quente já registado, mas de longe o maior foram os gases com efeito de estufa que retêm o calor na atmosfera, disse ela. Esses gases provêm da queima de carvão, petróleo e gás natural. /COM AGÊNCIAS