Ao menos 80 espécies de aves sumiram nas últimas décadas no interior de São Paulo; veja quais


Desmatamento intenso na região explica o fenômeno. Mata Atlântica é o bioma que reúne o maior número de animais e plantas ameaçados de extinção no País

Por Roberta Jansen

Pelo menos 80 espécies de aves previamente mapeadas em unidades de conservação do Estado de São Paulo podem já ter desaparecido por causa do desmatamento intenso registrado nas últimas décadas na região. Essa é a conclusão de um estudo publicado na Revista do Instituto Florestal. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam que a Mata Atlântica é o bioma que reúne o maior número de espécies ameaçadas do País, o equivalente a 24% do total.

O mapeamento foi realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos, entre setembro de 2021 e janeiro de 2022 em quatro unidades de conservação no interior de São Paulo. De um total de 358 espécies mapeadas, os cientistas identificaram apenas 278 na pesquisa de campo.

O objetivo do levantamento é oferecer dados para ações de gestão, ecoturismo, educação ambiental e conservação, uma vez que há muito pouco conhecimento disponível e atualizado sobre as aves remanescentes nessas regiões. Entre as aves não encontradas estão arara-vermelha (ara chloropterus), juruva (baryphthengus ruficapillus), pica-pau-de-cabeça-amarela (celeus flavescens), mutum-de-penacho (crax fasciolata) e surucuá-variado (trogon surrucura).

Pica-pau-de-cabeça-amarela está entre as espécies que não foram encontradas pelos pesquisadores nas áreas mapeadas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“O que se sabia era quase nada”, afirmou um dos autores do estudo, Vagner Cavarzere. “A gente tinha a informação antiga, que embasou toda a nossa pesquisa e, agora, trouxemos informação recente. O problema é que entre a antiga e a mais recente, não havia nada.”

Nesse período, a região sofreu um intenso processo de desmatamento e degradação da vegetação. As poucas áreas preservadas ficam nas unidades de conservação integral. Segundo Cavarze, os registros anteriores indicavam que algumas áreas próximas às unidades tinham mais espécies, muitas das quais não foram encontradas desta vez.

“Existe um indicativo de que elas sumiram e nem as áreas de preservação de hoje conseguiram manter uma vegetação boa o suficiente para manter essas comunidades”, explicou o cientista.

O mapeamento ajuda a chamar a atenção para a biodiversidade que ainda existe no interior de São Paulo, mas que está ameaçada. Para o pesquisador, as poucas áreas de mata nativa remanescentes fora das unidades de conservação precisam ser preservadas antes que desapareçam juntamente com as espécies que as habitam.

Antes registrado em São Paulo, desta vez não foram encontrados exemplares de surucuá-variado Foto: Arthur Macarrão/DIVULGAÇÃO

Não são espécies que estão necessariamente desaparecidas. Sempre há casos de espécies que passam despercebidas por anos de uma localidade. No entanto, como são espécies conspícuas, de vocalização e comportamento bastante detectáveis, o fato de não terem sido registrado indica fortemente que podem estar ausentes ou que estão presentes em baixíssima densidade. Como há registros anteriores delas nas áreas, a ausência atual é chamativa.

De acordo com os dados mais recentes do IBGE, o País abriga 50 mil espécies de plantas e mais de 122 mil espécies de animais em seus seis biomas. Entre animais e plantas, o Brasil teria 1.042 espécies em situação crítica, boa parte delas na Mata Atlântica.

“Uma série de fatores pode explicar isso, como o histórico de ocupação da Mata Atlântica, o fato de o bioma ter muitas espécies endêmicas (ou seja, que só ocorrem ali) e também o fato de os principais centros de pesquisa do País ficarem nessa região, que tende a ser mais estudada do que as demais”, explicou o coordenado da pesquisa do IBGE, Leonardo Bergamini.

Pelo menos 80 espécies de aves previamente mapeadas em unidades de conservação do Estado de São Paulo podem já ter desaparecido por causa do desmatamento intenso registrado nas últimas décadas na região. Essa é a conclusão de um estudo publicado na Revista do Instituto Florestal. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam que a Mata Atlântica é o bioma que reúne o maior número de espécies ameaçadas do País, o equivalente a 24% do total.

O mapeamento foi realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos, entre setembro de 2021 e janeiro de 2022 em quatro unidades de conservação no interior de São Paulo. De um total de 358 espécies mapeadas, os cientistas identificaram apenas 278 na pesquisa de campo.

O objetivo do levantamento é oferecer dados para ações de gestão, ecoturismo, educação ambiental e conservação, uma vez que há muito pouco conhecimento disponível e atualizado sobre as aves remanescentes nessas regiões. Entre as aves não encontradas estão arara-vermelha (ara chloropterus), juruva (baryphthengus ruficapillus), pica-pau-de-cabeça-amarela (celeus flavescens), mutum-de-penacho (crax fasciolata) e surucuá-variado (trogon surrucura).

Pica-pau-de-cabeça-amarela está entre as espécies que não foram encontradas pelos pesquisadores nas áreas mapeadas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“O que se sabia era quase nada”, afirmou um dos autores do estudo, Vagner Cavarzere. “A gente tinha a informação antiga, que embasou toda a nossa pesquisa e, agora, trouxemos informação recente. O problema é que entre a antiga e a mais recente, não havia nada.”

Nesse período, a região sofreu um intenso processo de desmatamento e degradação da vegetação. As poucas áreas preservadas ficam nas unidades de conservação integral. Segundo Cavarze, os registros anteriores indicavam que algumas áreas próximas às unidades tinham mais espécies, muitas das quais não foram encontradas desta vez.

“Existe um indicativo de que elas sumiram e nem as áreas de preservação de hoje conseguiram manter uma vegetação boa o suficiente para manter essas comunidades”, explicou o cientista.

O mapeamento ajuda a chamar a atenção para a biodiversidade que ainda existe no interior de São Paulo, mas que está ameaçada. Para o pesquisador, as poucas áreas de mata nativa remanescentes fora das unidades de conservação precisam ser preservadas antes que desapareçam juntamente com as espécies que as habitam.

Antes registrado em São Paulo, desta vez não foram encontrados exemplares de surucuá-variado Foto: Arthur Macarrão/DIVULGAÇÃO

Não são espécies que estão necessariamente desaparecidas. Sempre há casos de espécies que passam despercebidas por anos de uma localidade. No entanto, como são espécies conspícuas, de vocalização e comportamento bastante detectáveis, o fato de não terem sido registrado indica fortemente que podem estar ausentes ou que estão presentes em baixíssima densidade. Como há registros anteriores delas nas áreas, a ausência atual é chamativa.

De acordo com os dados mais recentes do IBGE, o País abriga 50 mil espécies de plantas e mais de 122 mil espécies de animais em seus seis biomas. Entre animais e plantas, o Brasil teria 1.042 espécies em situação crítica, boa parte delas na Mata Atlântica.

“Uma série de fatores pode explicar isso, como o histórico de ocupação da Mata Atlântica, o fato de o bioma ter muitas espécies endêmicas (ou seja, que só ocorrem ali) e também o fato de os principais centros de pesquisa do País ficarem nessa região, que tende a ser mais estudada do que as demais”, explicou o coordenado da pesquisa do IBGE, Leonardo Bergamini.

Pelo menos 80 espécies de aves previamente mapeadas em unidades de conservação do Estado de São Paulo podem já ter desaparecido por causa do desmatamento intenso registrado nas últimas décadas na região. Essa é a conclusão de um estudo publicado na Revista do Instituto Florestal. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam que a Mata Atlântica é o bioma que reúne o maior número de espécies ameaçadas do País, o equivalente a 24% do total.

O mapeamento foi realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos, entre setembro de 2021 e janeiro de 2022 em quatro unidades de conservação no interior de São Paulo. De um total de 358 espécies mapeadas, os cientistas identificaram apenas 278 na pesquisa de campo.

O objetivo do levantamento é oferecer dados para ações de gestão, ecoturismo, educação ambiental e conservação, uma vez que há muito pouco conhecimento disponível e atualizado sobre as aves remanescentes nessas regiões. Entre as aves não encontradas estão arara-vermelha (ara chloropterus), juruva (baryphthengus ruficapillus), pica-pau-de-cabeça-amarela (celeus flavescens), mutum-de-penacho (crax fasciolata) e surucuá-variado (trogon surrucura).

Pica-pau-de-cabeça-amarela está entre as espécies que não foram encontradas pelos pesquisadores nas áreas mapeadas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“O que se sabia era quase nada”, afirmou um dos autores do estudo, Vagner Cavarzere. “A gente tinha a informação antiga, que embasou toda a nossa pesquisa e, agora, trouxemos informação recente. O problema é que entre a antiga e a mais recente, não havia nada.”

Nesse período, a região sofreu um intenso processo de desmatamento e degradação da vegetação. As poucas áreas preservadas ficam nas unidades de conservação integral. Segundo Cavarze, os registros anteriores indicavam que algumas áreas próximas às unidades tinham mais espécies, muitas das quais não foram encontradas desta vez.

“Existe um indicativo de que elas sumiram e nem as áreas de preservação de hoje conseguiram manter uma vegetação boa o suficiente para manter essas comunidades”, explicou o cientista.

O mapeamento ajuda a chamar a atenção para a biodiversidade que ainda existe no interior de São Paulo, mas que está ameaçada. Para o pesquisador, as poucas áreas de mata nativa remanescentes fora das unidades de conservação precisam ser preservadas antes que desapareçam juntamente com as espécies que as habitam.

Antes registrado em São Paulo, desta vez não foram encontrados exemplares de surucuá-variado Foto: Arthur Macarrão/DIVULGAÇÃO

Não são espécies que estão necessariamente desaparecidas. Sempre há casos de espécies que passam despercebidas por anos de uma localidade. No entanto, como são espécies conspícuas, de vocalização e comportamento bastante detectáveis, o fato de não terem sido registrado indica fortemente que podem estar ausentes ou que estão presentes em baixíssima densidade. Como há registros anteriores delas nas áreas, a ausência atual é chamativa.

De acordo com os dados mais recentes do IBGE, o País abriga 50 mil espécies de plantas e mais de 122 mil espécies de animais em seus seis biomas. Entre animais e plantas, o Brasil teria 1.042 espécies em situação crítica, boa parte delas na Mata Atlântica.

“Uma série de fatores pode explicar isso, como o histórico de ocupação da Mata Atlântica, o fato de o bioma ter muitas espécies endêmicas (ou seja, que só ocorrem ali) e também o fato de os principais centros de pesquisa do País ficarem nessa região, que tende a ser mais estudada do que as demais”, explicou o coordenado da pesquisa do IBGE, Leonardo Bergamini.

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