Azeite mais caro por causa das mudanças climáticas? Entenda


Seca na Espanha secou os olivais e queimou as flores; produtores estão preocupados com mais uma colheita ruim

Por Amudalat Ajasa
Atualização:

Os amantes de azeite vão começar a derramar menos líquido frutado e dourado na panela. Um prolongado período de seca na Espanha, o maior produtor mundial de azeite, secou os olivais e queimou as flores, reduzindo a colheita desta temporada.

Os efeitos da seca estão reverberando em todo o mundo, que obtém metade de seu azeite do país mediterrâneo. Nesta semana, os preços globais do óleo atingiram seu nível mais alto em 26 anos, US$ 5.989,7 por tonelada métrica, segundo dados do Fundo Monetário Internacional.

É o exemplo mais recente de como as mudanças climáticas estão aparecendo nos corredores dos supermercados à medida que o clima fica mais extremo.

Com a Espanha e outros países produtores de azeite ainda enfrentando condições secas, não se deve esperar preços mais baixos tão cedo.

Olival perto de Córdoba, na Espanha Foto: Jorge Guerrero/AFP

“No momento, os preços estão altos, mas não vejo motivos para que eles caiam”, disse John Cancilla, economista que acompanha a indústria do azeite. Os preços mais altos já estão diminuindo a demanda entre os consumidores americanos, acrescentou ele.

“Não sabemos como essa situação vai acabar, mas as previsões não são animadoras”, disse Ximo Sempere, CEO de uma produtora de azeite em Alicante, na Espanha, por e-mail.

Sua empresa, a Almazara El Tendre, costuma processar cerca de 5 milhões de quilos de azeitonas. Na temporada passada, não chegou a 3 milhões de quilos.

Uma série de temporadas ruins

A Espanha vem enfrentando chuvas abaixo do normal desde outubro. Em abril, o país registrou as condições mais secas e quentes para o mês na história da região. Recebeu cerca de um quinto da precipitação média, de acordo com a agência meteorológica do país, ou AEMET, na sigla em espanhol.

Como resultado, a campeã do azeite deve colher metade dos números da última temporada. O Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação da Espanha prevê que o país produzirá apenas 680 mil toneladas na temporada 2022-2023 – em comparação com quase 1,5 milhão de toneladas no ano anterior.

A queda contribuiu para um aumento nos preços globais do azeite desde outubro, levando o ministro da agricultura da Espanha, Luis Planas, a se preocupar com a possibilidade de o alimento básico da cozinha espanhola se tornar um “produto de luxo”, em entrevista à estação de rádio Onda Cero, em novembro.

Os produtores de azeite estão preocupados com mais uma colheita ruim. Pilar Peláez, proprietária da fazenda de oliveiras e do moinho La Grama, no norte da Espanha, não se lembra de uma época em que chovesse tão pouco. Para Peláez, que administra 33 hectares de olivais, o tempo para recuperar parte da safra deste ano está se esgotando. Sua única esperança são chuvas no final da primavera ou no início do outono.

“Se a situação continuar piorando, as safras de áreas como a nossa serão ainda mais reduzidas”, disse Peláez.

Poda de oliveira permanece no terreno para manter a umidade do solo contra as altas temperaturas em Alcalá la Real, perto de Jaén. Foto: JORGE GUERRERO/AFP

Em Jaén, província do sul da Espanha, as comunidades começaram a rezar, realizando no início deste mês uma procissão pedindo chuva, disse Ana Ortega, cuja família vende azeite da região na Aceteira Jaenera, loja na cidade de Jaén.

“Gostaria que tivesse efeito, mas a verdade é que também não ajudou”, escreveu Ortega por e-mail, em espanhol.

Para compensar o impacto esperado nos negócios, ela está lançando novos produtos, como azeite selvagem e azeite de bagaço, um óleo de sabor neutro produzido a partir da polpa da azeitona. “A situação é muito preocupante”, disse Ortega.

Para produtores da Califórnia, chuva demais

A produção de azeite da Espanha não é o único lugar afetado pelo clima.

Agricultores de toda a Califórnia também estão prendendo a respiração diante do tamanho da colheita, mas por diferentes razões. As flores que geralmente estariam em plena floração estão só começando a abrir, de acordo com Alexandra Kicenik Devarenne, diretora da Extra Virgin Alliance, uma associação comercial que representa os produtores de azeite.

Plantação em Ronda, no sul da Espanha, afetado pela seca prolongada no país. Foto: Jon Nazca/REUTERS

O estado tem o problema oposto ao da Espanha: muita chuva. De dezembro a abril, uma série de tempestades atingiu a Califórnia com chuvas torrenciais, queda de neve recorde e inundações.

A chuva do inverno deixou os campos da Fazenda McEvoy, em Petaluma, Califórnia, “muito úmidos e enlameados”, disse Samantha Dorsey, por e-mail. A fazenda da família na parte norte do estado projetava uma safra promissora este ano, mas eles ainda estão esperando que suas árvores atinjam a plena floração.

O clima “pode salvar ou quebrar a produção de toda a temporada”, disse Dorsey.

Mas o impacto da floração tardia no crescimento da cultura da oliveira só ficará mais claro depois que a fruta se formar, no início do verão.

As mudanças climáticas estão alterando a cartilha dos olivicultores em termos de previsão para a temporada de colheita, disse Kicenik Devarenne. Padrões climáticos que costumavam ser relativamente confiáveis “agora estão fora de sintonia”, disse ela.

Scott Dance contribuiu para a reportagem.

TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Os amantes de azeite vão começar a derramar menos líquido frutado e dourado na panela. Um prolongado período de seca na Espanha, o maior produtor mundial de azeite, secou os olivais e queimou as flores, reduzindo a colheita desta temporada.

Os efeitos da seca estão reverberando em todo o mundo, que obtém metade de seu azeite do país mediterrâneo. Nesta semana, os preços globais do óleo atingiram seu nível mais alto em 26 anos, US$ 5.989,7 por tonelada métrica, segundo dados do Fundo Monetário Internacional.

É o exemplo mais recente de como as mudanças climáticas estão aparecendo nos corredores dos supermercados à medida que o clima fica mais extremo.

Com a Espanha e outros países produtores de azeite ainda enfrentando condições secas, não se deve esperar preços mais baixos tão cedo.

Olival perto de Córdoba, na Espanha Foto: Jorge Guerrero/AFP

“No momento, os preços estão altos, mas não vejo motivos para que eles caiam”, disse John Cancilla, economista que acompanha a indústria do azeite. Os preços mais altos já estão diminuindo a demanda entre os consumidores americanos, acrescentou ele.

“Não sabemos como essa situação vai acabar, mas as previsões não são animadoras”, disse Ximo Sempere, CEO de uma produtora de azeite em Alicante, na Espanha, por e-mail.

Sua empresa, a Almazara El Tendre, costuma processar cerca de 5 milhões de quilos de azeitonas. Na temporada passada, não chegou a 3 milhões de quilos.

Uma série de temporadas ruins

A Espanha vem enfrentando chuvas abaixo do normal desde outubro. Em abril, o país registrou as condições mais secas e quentes para o mês na história da região. Recebeu cerca de um quinto da precipitação média, de acordo com a agência meteorológica do país, ou AEMET, na sigla em espanhol.

Como resultado, a campeã do azeite deve colher metade dos números da última temporada. O Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação da Espanha prevê que o país produzirá apenas 680 mil toneladas na temporada 2022-2023 – em comparação com quase 1,5 milhão de toneladas no ano anterior.

A queda contribuiu para um aumento nos preços globais do azeite desde outubro, levando o ministro da agricultura da Espanha, Luis Planas, a se preocupar com a possibilidade de o alimento básico da cozinha espanhola se tornar um “produto de luxo”, em entrevista à estação de rádio Onda Cero, em novembro.

Os produtores de azeite estão preocupados com mais uma colheita ruim. Pilar Peláez, proprietária da fazenda de oliveiras e do moinho La Grama, no norte da Espanha, não se lembra de uma época em que chovesse tão pouco. Para Peláez, que administra 33 hectares de olivais, o tempo para recuperar parte da safra deste ano está se esgotando. Sua única esperança são chuvas no final da primavera ou no início do outono.

“Se a situação continuar piorando, as safras de áreas como a nossa serão ainda mais reduzidas”, disse Peláez.

Poda de oliveira permanece no terreno para manter a umidade do solo contra as altas temperaturas em Alcalá la Real, perto de Jaén. Foto: JORGE GUERRERO/AFP

Em Jaén, província do sul da Espanha, as comunidades começaram a rezar, realizando no início deste mês uma procissão pedindo chuva, disse Ana Ortega, cuja família vende azeite da região na Aceteira Jaenera, loja na cidade de Jaén.

“Gostaria que tivesse efeito, mas a verdade é que também não ajudou”, escreveu Ortega por e-mail, em espanhol.

Para compensar o impacto esperado nos negócios, ela está lançando novos produtos, como azeite selvagem e azeite de bagaço, um óleo de sabor neutro produzido a partir da polpa da azeitona. “A situação é muito preocupante”, disse Ortega.

Para produtores da Califórnia, chuva demais

A produção de azeite da Espanha não é o único lugar afetado pelo clima.

Agricultores de toda a Califórnia também estão prendendo a respiração diante do tamanho da colheita, mas por diferentes razões. As flores que geralmente estariam em plena floração estão só começando a abrir, de acordo com Alexandra Kicenik Devarenne, diretora da Extra Virgin Alliance, uma associação comercial que representa os produtores de azeite.

Plantação em Ronda, no sul da Espanha, afetado pela seca prolongada no país. Foto: Jon Nazca/REUTERS

O estado tem o problema oposto ao da Espanha: muita chuva. De dezembro a abril, uma série de tempestades atingiu a Califórnia com chuvas torrenciais, queda de neve recorde e inundações.

A chuva do inverno deixou os campos da Fazenda McEvoy, em Petaluma, Califórnia, “muito úmidos e enlameados”, disse Samantha Dorsey, por e-mail. A fazenda da família na parte norte do estado projetava uma safra promissora este ano, mas eles ainda estão esperando que suas árvores atinjam a plena floração.

O clima “pode salvar ou quebrar a produção de toda a temporada”, disse Dorsey.

Mas o impacto da floração tardia no crescimento da cultura da oliveira só ficará mais claro depois que a fruta se formar, no início do verão.

As mudanças climáticas estão alterando a cartilha dos olivicultores em termos de previsão para a temporada de colheita, disse Kicenik Devarenne. Padrões climáticos que costumavam ser relativamente confiáveis “agora estão fora de sintonia”, disse ela.

Scott Dance contribuiu para a reportagem.

TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Os amantes de azeite vão começar a derramar menos líquido frutado e dourado na panela. Um prolongado período de seca na Espanha, o maior produtor mundial de azeite, secou os olivais e queimou as flores, reduzindo a colheita desta temporada.

Os efeitos da seca estão reverberando em todo o mundo, que obtém metade de seu azeite do país mediterrâneo. Nesta semana, os preços globais do óleo atingiram seu nível mais alto em 26 anos, US$ 5.989,7 por tonelada métrica, segundo dados do Fundo Monetário Internacional.

É o exemplo mais recente de como as mudanças climáticas estão aparecendo nos corredores dos supermercados à medida que o clima fica mais extremo.

Com a Espanha e outros países produtores de azeite ainda enfrentando condições secas, não se deve esperar preços mais baixos tão cedo.

Olival perto de Córdoba, na Espanha Foto: Jorge Guerrero/AFP

“No momento, os preços estão altos, mas não vejo motivos para que eles caiam”, disse John Cancilla, economista que acompanha a indústria do azeite. Os preços mais altos já estão diminuindo a demanda entre os consumidores americanos, acrescentou ele.

“Não sabemos como essa situação vai acabar, mas as previsões não são animadoras”, disse Ximo Sempere, CEO de uma produtora de azeite em Alicante, na Espanha, por e-mail.

Sua empresa, a Almazara El Tendre, costuma processar cerca de 5 milhões de quilos de azeitonas. Na temporada passada, não chegou a 3 milhões de quilos.

Uma série de temporadas ruins

A Espanha vem enfrentando chuvas abaixo do normal desde outubro. Em abril, o país registrou as condições mais secas e quentes para o mês na história da região. Recebeu cerca de um quinto da precipitação média, de acordo com a agência meteorológica do país, ou AEMET, na sigla em espanhol.

Como resultado, a campeã do azeite deve colher metade dos números da última temporada. O Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação da Espanha prevê que o país produzirá apenas 680 mil toneladas na temporada 2022-2023 – em comparação com quase 1,5 milhão de toneladas no ano anterior.

A queda contribuiu para um aumento nos preços globais do azeite desde outubro, levando o ministro da agricultura da Espanha, Luis Planas, a se preocupar com a possibilidade de o alimento básico da cozinha espanhola se tornar um “produto de luxo”, em entrevista à estação de rádio Onda Cero, em novembro.

Os produtores de azeite estão preocupados com mais uma colheita ruim. Pilar Peláez, proprietária da fazenda de oliveiras e do moinho La Grama, no norte da Espanha, não se lembra de uma época em que chovesse tão pouco. Para Peláez, que administra 33 hectares de olivais, o tempo para recuperar parte da safra deste ano está se esgotando. Sua única esperança são chuvas no final da primavera ou no início do outono.

“Se a situação continuar piorando, as safras de áreas como a nossa serão ainda mais reduzidas”, disse Peláez.

Poda de oliveira permanece no terreno para manter a umidade do solo contra as altas temperaturas em Alcalá la Real, perto de Jaén. Foto: JORGE GUERRERO/AFP

Em Jaén, província do sul da Espanha, as comunidades começaram a rezar, realizando no início deste mês uma procissão pedindo chuva, disse Ana Ortega, cuja família vende azeite da região na Aceteira Jaenera, loja na cidade de Jaén.

“Gostaria que tivesse efeito, mas a verdade é que também não ajudou”, escreveu Ortega por e-mail, em espanhol.

Para compensar o impacto esperado nos negócios, ela está lançando novos produtos, como azeite selvagem e azeite de bagaço, um óleo de sabor neutro produzido a partir da polpa da azeitona. “A situação é muito preocupante”, disse Ortega.

Para produtores da Califórnia, chuva demais

A produção de azeite da Espanha não é o único lugar afetado pelo clima.

Agricultores de toda a Califórnia também estão prendendo a respiração diante do tamanho da colheita, mas por diferentes razões. As flores que geralmente estariam em plena floração estão só começando a abrir, de acordo com Alexandra Kicenik Devarenne, diretora da Extra Virgin Alliance, uma associação comercial que representa os produtores de azeite.

Plantação em Ronda, no sul da Espanha, afetado pela seca prolongada no país. Foto: Jon Nazca/REUTERS

O estado tem o problema oposto ao da Espanha: muita chuva. De dezembro a abril, uma série de tempestades atingiu a Califórnia com chuvas torrenciais, queda de neve recorde e inundações.

A chuva do inverno deixou os campos da Fazenda McEvoy, em Petaluma, Califórnia, “muito úmidos e enlameados”, disse Samantha Dorsey, por e-mail. A fazenda da família na parte norte do estado projetava uma safra promissora este ano, mas eles ainda estão esperando que suas árvores atinjam a plena floração.

O clima “pode salvar ou quebrar a produção de toda a temporada”, disse Dorsey.

Mas o impacto da floração tardia no crescimento da cultura da oliveira só ficará mais claro depois que a fruta se formar, no início do verão.

As mudanças climáticas estão alterando a cartilha dos olivicultores em termos de previsão para a temporada de colheita, disse Kicenik Devarenne. Padrões climáticos que costumavam ser relativamente confiáveis “agora estão fora de sintonia”, disse ela.

Scott Dance contribuiu para a reportagem.

TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Os amantes de azeite vão começar a derramar menos líquido frutado e dourado na panela. Um prolongado período de seca na Espanha, o maior produtor mundial de azeite, secou os olivais e queimou as flores, reduzindo a colheita desta temporada.

Os efeitos da seca estão reverberando em todo o mundo, que obtém metade de seu azeite do país mediterrâneo. Nesta semana, os preços globais do óleo atingiram seu nível mais alto em 26 anos, US$ 5.989,7 por tonelada métrica, segundo dados do Fundo Monetário Internacional.

É o exemplo mais recente de como as mudanças climáticas estão aparecendo nos corredores dos supermercados à medida que o clima fica mais extremo.

Com a Espanha e outros países produtores de azeite ainda enfrentando condições secas, não se deve esperar preços mais baixos tão cedo.

Olival perto de Córdoba, na Espanha Foto: Jorge Guerrero/AFP

“No momento, os preços estão altos, mas não vejo motivos para que eles caiam”, disse John Cancilla, economista que acompanha a indústria do azeite. Os preços mais altos já estão diminuindo a demanda entre os consumidores americanos, acrescentou ele.

“Não sabemos como essa situação vai acabar, mas as previsões não são animadoras”, disse Ximo Sempere, CEO de uma produtora de azeite em Alicante, na Espanha, por e-mail.

Sua empresa, a Almazara El Tendre, costuma processar cerca de 5 milhões de quilos de azeitonas. Na temporada passada, não chegou a 3 milhões de quilos.

Uma série de temporadas ruins

A Espanha vem enfrentando chuvas abaixo do normal desde outubro. Em abril, o país registrou as condições mais secas e quentes para o mês na história da região. Recebeu cerca de um quinto da precipitação média, de acordo com a agência meteorológica do país, ou AEMET, na sigla em espanhol.

Como resultado, a campeã do azeite deve colher metade dos números da última temporada. O Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação da Espanha prevê que o país produzirá apenas 680 mil toneladas na temporada 2022-2023 – em comparação com quase 1,5 milhão de toneladas no ano anterior.

A queda contribuiu para um aumento nos preços globais do azeite desde outubro, levando o ministro da agricultura da Espanha, Luis Planas, a se preocupar com a possibilidade de o alimento básico da cozinha espanhola se tornar um “produto de luxo”, em entrevista à estação de rádio Onda Cero, em novembro.

Os produtores de azeite estão preocupados com mais uma colheita ruim. Pilar Peláez, proprietária da fazenda de oliveiras e do moinho La Grama, no norte da Espanha, não se lembra de uma época em que chovesse tão pouco. Para Peláez, que administra 33 hectares de olivais, o tempo para recuperar parte da safra deste ano está se esgotando. Sua única esperança são chuvas no final da primavera ou no início do outono.

“Se a situação continuar piorando, as safras de áreas como a nossa serão ainda mais reduzidas”, disse Peláez.

Poda de oliveira permanece no terreno para manter a umidade do solo contra as altas temperaturas em Alcalá la Real, perto de Jaén. Foto: JORGE GUERRERO/AFP

Em Jaén, província do sul da Espanha, as comunidades começaram a rezar, realizando no início deste mês uma procissão pedindo chuva, disse Ana Ortega, cuja família vende azeite da região na Aceteira Jaenera, loja na cidade de Jaén.

“Gostaria que tivesse efeito, mas a verdade é que também não ajudou”, escreveu Ortega por e-mail, em espanhol.

Para compensar o impacto esperado nos negócios, ela está lançando novos produtos, como azeite selvagem e azeite de bagaço, um óleo de sabor neutro produzido a partir da polpa da azeitona. “A situação é muito preocupante”, disse Ortega.

Para produtores da Califórnia, chuva demais

A produção de azeite da Espanha não é o único lugar afetado pelo clima.

Agricultores de toda a Califórnia também estão prendendo a respiração diante do tamanho da colheita, mas por diferentes razões. As flores que geralmente estariam em plena floração estão só começando a abrir, de acordo com Alexandra Kicenik Devarenne, diretora da Extra Virgin Alliance, uma associação comercial que representa os produtores de azeite.

Plantação em Ronda, no sul da Espanha, afetado pela seca prolongada no país. Foto: Jon Nazca/REUTERS

O estado tem o problema oposto ao da Espanha: muita chuva. De dezembro a abril, uma série de tempestades atingiu a Califórnia com chuvas torrenciais, queda de neve recorde e inundações.

A chuva do inverno deixou os campos da Fazenda McEvoy, em Petaluma, Califórnia, “muito úmidos e enlameados”, disse Samantha Dorsey, por e-mail. A fazenda da família na parte norte do estado projetava uma safra promissora este ano, mas eles ainda estão esperando que suas árvores atinjam a plena floração.

O clima “pode salvar ou quebrar a produção de toda a temporada”, disse Dorsey.

Mas o impacto da floração tardia no crescimento da cultura da oliveira só ficará mais claro depois que a fruta se formar, no início do verão.

As mudanças climáticas estão alterando a cartilha dos olivicultores em termos de previsão para a temporada de colheita, disse Kicenik Devarenne. Padrões climáticos que costumavam ser relativamente confiáveis “agora estão fora de sintonia”, disse ela.

Scott Dance contribuiu para a reportagem.

TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Os amantes de azeite vão começar a derramar menos líquido frutado e dourado na panela. Um prolongado período de seca na Espanha, o maior produtor mundial de azeite, secou os olivais e queimou as flores, reduzindo a colheita desta temporada.

Os efeitos da seca estão reverberando em todo o mundo, que obtém metade de seu azeite do país mediterrâneo. Nesta semana, os preços globais do óleo atingiram seu nível mais alto em 26 anos, US$ 5.989,7 por tonelada métrica, segundo dados do Fundo Monetário Internacional.

É o exemplo mais recente de como as mudanças climáticas estão aparecendo nos corredores dos supermercados à medida que o clima fica mais extremo.

Com a Espanha e outros países produtores de azeite ainda enfrentando condições secas, não se deve esperar preços mais baixos tão cedo.

Olival perto de Córdoba, na Espanha Foto: Jorge Guerrero/AFP

“No momento, os preços estão altos, mas não vejo motivos para que eles caiam”, disse John Cancilla, economista que acompanha a indústria do azeite. Os preços mais altos já estão diminuindo a demanda entre os consumidores americanos, acrescentou ele.

“Não sabemos como essa situação vai acabar, mas as previsões não são animadoras”, disse Ximo Sempere, CEO de uma produtora de azeite em Alicante, na Espanha, por e-mail.

Sua empresa, a Almazara El Tendre, costuma processar cerca de 5 milhões de quilos de azeitonas. Na temporada passada, não chegou a 3 milhões de quilos.

Uma série de temporadas ruins

A Espanha vem enfrentando chuvas abaixo do normal desde outubro. Em abril, o país registrou as condições mais secas e quentes para o mês na história da região. Recebeu cerca de um quinto da precipitação média, de acordo com a agência meteorológica do país, ou AEMET, na sigla em espanhol.

Como resultado, a campeã do azeite deve colher metade dos números da última temporada. O Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação da Espanha prevê que o país produzirá apenas 680 mil toneladas na temporada 2022-2023 – em comparação com quase 1,5 milhão de toneladas no ano anterior.

A queda contribuiu para um aumento nos preços globais do azeite desde outubro, levando o ministro da agricultura da Espanha, Luis Planas, a se preocupar com a possibilidade de o alimento básico da cozinha espanhola se tornar um “produto de luxo”, em entrevista à estação de rádio Onda Cero, em novembro.

Os produtores de azeite estão preocupados com mais uma colheita ruim. Pilar Peláez, proprietária da fazenda de oliveiras e do moinho La Grama, no norte da Espanha, não se lembra de uma época em que chovesse tão pouco. Para Peláez, que administra 33 hectares de olivais, o tempo para recuperar parte da safra deste ano está se esgotando. Sua única esperança são chuvas no final da primavera ou no início do outono.

“Se a situação continuar piorando, as safras de áreas como a nossa serão ainda mais reduzidas”, disse Peláez.

Poda de oliveira permanece no terreno para manter a umidade do solo contra as altas temperaturas em Alcalá la Real, perto de Jaén. Foto: JORGE GUERRERO/AFP

Em Jaén, província do sul da Espanha, as comunidades começaram a rezar, realizando no início deste mês uma procissão pedindo chuva, disse Ana Ortega, cuja família vende azeite da região na Aceteira Jaenera, loja na cidade de Jaén.

“Gostaria que tivesse efeito, mas a verdade é que também não ajudou”, escreveu Ortega por e-mail, em espanhol.

Para compensar o impacto esperado nos negócios, ela está lançando novos produtos, como azeite selvagem e azeite de bagaço, um óleo de sabor neutro produzido a partir da polpa da azeitona. “A situação é muito preocupante”, disse Ortega.

Para produtores da Califórnia, chuva demais

A produção de azeite da Espanha não é o único lugar afetado pelo clima.

Agricultores de toda a Califórnia também estão prendendo a respiração diante do tamanho da colheita, mas por diferentes razões. As flores que geralmente estariam em plena floração estão só começando a abrir, de acordo com Alexandra Kicenik Devarenne, diretora da Extra Virgin Alliance, uma associação comercial que representa os produtores de azeite.

Plantação em Ronda, no sul da Espanha, afetado pela seca prolongada no país. Foto: Jon Nazca/REUTERS

O estado tem o problema oposto ao da Espanha: muita chuva. De dezembro a abril, uma série de tempestades atingiu a Califórnia com chuvas torrenciais, queda de neve recorde e inundações.

A chuva do inverno deixou os campos da Fazenda McEvoy, em Petaluma, Califórnia, “muito úmidos e enlameados”, disse Samantha Dorsey, por e-mail. A fazenda da família na parte norte do estado projetava uma safra promissora este ano, mas eles ainda estão esperando que suas árvores atinjam a plena floração.

O clima “pode salvar ou quebrar a produção de toda a temporada”, disse Dorsey.

Mas o impacto da floração tardia no crescimento da cultura da oliveira só ficará mais claro depois que a fruta se formar, no início do verão.

As mudanças climáticas estão alterando a cartilha dos olivicultores em termos de previsão para a temporada de colheita, disse Kicenik Devarenne. Padrões climáticos que costumavam ser relativamente confiáveis “agora estão fora de sintonia”, disse ela.

Scott Dance contribuiu para a reportagem.

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