O presidente americano, Joe Biden, anunciou nesta quinta-feira, 20, a intenção de repassar R$ 2,5 bilhões para o Fundo Amazônia. Segundo a Casa Branca, ele pedirá ao Congresso dos Estados Unidos que aprove o recurso.
O valor é dez vezes maior do que o inicialmente previsto pelo governo americano, em fevereiro, de US$ 50 milhões. Segundo Biden, foi requerido o montante para apoiar o Fundo Amazônia “e atividades relacionadas”, no contexto do “renovado compromisso do Brasil de acabar com o desmatamento até 2030″.
O presidente democrata também anuncia a doação de R$ 5 bilhões ao Fundo Verde para o Clima, instrumento das Nações Unidas, cujo objetivo é o financiamento climático para países em desenvolvimento, e convocou outras nações a darem apoios desse tipo.
Os anúncios fazem parte da reunião do Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima, iniciativa do ex-presidente Barack Obama, que Biden retomou ao chegar à presidência em 2021. A gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer aproveitar esse evento para desfazer o mal-estar com Biden, após sinalizações do governo visita à China e declarações conjuntas com a Rússia sobre a Guerra da Ucrânia, que causaram forte reação da comunidade internacional.
Em viagem a Pequim e aos Emirados Árabes Unidos, Lula disse que as potências ocidentais contribuíam para a continuidade da guerra ao fornecer armas para a defesa militar de Kiev. Depois, o chanceler russo, Sergei Lavrov, foi recebido com distinção por Lula e o Planalto propagou, sem nenhum reparo, que Moscou e Brasília partilhavam de visão similar.
No evento desta quinta, Biden afirmou que o momento é de “grande perigo, mas também de grandes possibilidades”. Os Estados Unidos pretendem avançar em medidas para reduzir emissões de carbono nos setores de energia e transporte, inclusive com maior uso de energia limpa, com metas “ambiciosas” de emissão zero por veículos até 2030, e também de “descarbonizar” o comércio internacional de cargas marítimas. O país também busca cortar emissões de metano e acelerar o fim do uso dos hidrofluorocarbonetos.
Em breve declaração no início do encontro, o assessor especial da Casa Branca para o Clima, John Kerry, advertiu que a janela para conter o aquecimento global “está se fechando”. Enfatizou ainda importância dada ao governo americano para tratar a ameaça das mudanças climáticas.
O evento de Biden tem a meta de “acelerar o progresso em quatro áreas necessárias para manter dentro de um limite de 1,5°C de aquecimento”, disse a Casa Branca em comunicado. Essas quatro áreas são descarbonizar a energia, cessar o desmate da Amazônia e de outras florestas críticas, reduzir as emissões de poluentes - além de CO2 - e promover tecnologias de captura e gerenciamento de carbono.
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Estadão preparou videográficos para mostrar como o planeta chegou nessa encruzilhada – e os sinais de que o aquecimento global é cada vez mais visível.
Fundo com doações é aposta de verba para a floresta
Paralisado durante a gestão Jair Bolsonaro (PL), o Fundo Amazônia, criado em 2008, é agora uma das principais apostas da gestão Lula para conseguir verba para a proteção do bioma, que vê taxas de desmatamento altas nos primeiros meses de 2023. Nos últimos anos, o Brasil tem sido alvo de pressão interna e no exterior diante da escalada da destruição da floresta.
Após a troca do governo federal, a Noruega e a Alemanha sinalizaram o desbloqueio de repasses para o programa. Outros países, como o Reino Unido, também estudam participar do programa.
Em fevereiro, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, anunciou que 14 projetos enviados ao fundo e que já estavam “qualificados” terão prioridade na retomada do programa, além dos pedidos de recursos para atender à “emergência” da situação dos povos indígenas, como é o caso dos Yanomami, em Roraima. /COM AGÊNCIAS