Na COP, gestão Biden fala em resultado ‘amargo’ com eleição de Trump nos Estados Unidos


Líder da delegação americana disse acreditar que país pode continuar a reduzir emissões, por ações dos Estados e do setor privado, mas ritmo deve desacelerar

Por Priscila Mengue
Atualização:

ENVIADA ESPECIAL A BAKU - O líder da delegação dos Estados Unidos, John Podesta, iniciou a sua primeira fala pública na Cúpula do Clima (COP 29) com o que disse ser o “tópico que está na mente de todos”: a vitória de Donald Trump no pleito americano, menos de uma semana atrás.

A declaração ocorreu em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira, 11, primeiro dia do evento, sediado em Baku, no Azerbaijão. “Em janeiro, empossaremos um presidente cuja relação com a mudança climática é capturada pelas palavras ‘farsa’ e ‘combustíveis fósseis’”, salientou ele, integrante da gestão do democrata Joe Biden.

Podesta declarou que está claro que o país tende a retroceder na agenda ambiental a partir do ano que vem, mas que medidas de governos estaduais e do setor privado podem fazer com que siga a cortar emissões de gases do efeito estufa, embora possivelmente em ritmo menor.

Como exemplo, citou o movimento “Ainda Estamos Dentro” (”We Are Still In”), de Estados e organizações, após a saída do Acordo de Paris, na primeira gestão Trump (2017-2021). Também ressaltou como o resultado foi recebido com “desapontamento” pela comunidade internacional em relação a respostas à crise climática.

“Para aqueles que se dedicam à ação climática, o resultado da semana passada, nos Estados Unidos, é, obviamente amargo e decepcionante, principalmente por causa dos recursos e da ambição sem precedentes que o presidente Biden e a vice-presidente (Kamala) Harris (derrotada na eleição) trouxeram para a luta climática”, afirmou. “Está claro que o próximo governo tentará dar meia-volta e reverter grande parte desse progresso”, completou.

Embora especialistas não considerem os Estados Unidos como um líder mundial nesse tipo de agenda, ainda mais considerando seus recursos e poderio tecnológico, Podesta destacou o impacto que a eleição ao traz, com pessimismo para avanços na conferência.

“É claro que estou profundamente ciente da decepção que os Estados Unidos causaram aos partidos do regime climático, que viveram um padrão de liderança forte, engajada e eficaz, seguido por um desligamento repentino após uma eleição presidencial nos Estados Unidos”, defendeu.

Por outro lado, Podesta reforçou o posicionamento de parte dos países ricos de que o financiamento climático deve ser responsabilidade de mais atores globais. Disse que “não se está mais em 1992″ e que, portanto, deveria-se considerar nações que ascenderam nas últimas décadas.

A questão envolve o tema chave desta COP: o alinhamento do Novo Objetivo Coletivo Quantificado sobre Financiamento Climático (NCQG), ligado ao Acordo de Paris. Trata-se do aporte de recursos destinados pelos países ricos (maiores responsáveis pela crise climática) para a transição energética, adaptação e mitigação climáticas nas nações em desenvolvimento.

Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos Foto: David Goldman/AP

A insistência de parte dos países ricos em aumentar a lista de contribuintes tem desagrado ao bloco de países em desenvolvimento (G77). Recentemente, o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, embaixador André Corrêa do Lago classificou como “razoavelmente inútil” a insistência nesse tópico, pois China e demais integrantes do bloco estão “fechados” em negar qualquer obrigação nesse sentido.

Na coletiva, Podesta ressaltou que “fatos ainda são fatos” e “ciência ainda é ciência”, assim como espera a continuidade de avanços nos governos subnacionais (inclusive alguns republicanos) após investimentos recorde do governo nesse setor. “Essa luta é maior do que uma eleição, um ciclo político, em um país. Essa luta é maior ainda, porque todos estamos vivendo um ano definido pela crise climática, em todos os países do mundo”, defendeu.

“Muitos republicanos sabem que é bom para os seus Estados e as suas economias”, acrescentou. Entre os exemplos, citou Oklahoma e Carolina do Norte. Nesse cenário, mencionou novas tecnologias que têm potencial para a redução de emissões, tais como biodigestores, eletrificação e a nova geração de energia nuclear. “Tudo isso não vai ser revertido”, avaliou.

John Podesta durante discurso e coletiva de imprensa no primeiro dia da COP 29 Foto: Priscila Mengue/Estadão

“Embora o governo federal dos Estados Unidos, sob o comando de Trump, possa deixar a ação climática em segundo plano, o trabalho para conter as mudanças climáticas continuará nos Estados Unidos com comprometimento, paixão e crença”, declarou.

Substituto de John Kerry na função, o conselheiro presidencial sênior para política climática internacional lamentou que os Estados Unidos devam novamente sair do Acordo de Paris, maior tratado internacional contra as mudanças climáticas, como Trump já havia feito em seu primeiro mandato.

Chegou a mencionar que isso ocorre em um cenário de extremos climáticos cada vez mais evidentes e em todo o mundo, mencionando as queimadas na Amazônia e no Pantanal e a recente enchente na Espanha, dentre outros exemplos. “É uma questão de vida ou morte”, completou.

Mesmo antes do resultado das eleições, a ausência de Biden já estava confirmada entre os líderes mundiais que não irão a esta COP. A delegação americana deste ano conta com a presença dos secretários da Agricultura, Thomas Vilsack, e da Energia, Jennifer Granholm, dentre outros representantes.

Nos últimos dias de campanha, Trump afirmou que vai aumentar, em vez de diminuir, a produção de combustíveis fósseis. Na COP-28, em Dubai, no ano passado, as nações haviam concordado em tomar um caminho de redução gradual da exploração de petróleo, carvão e gás.

*A repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade

ENVIADA ESPECIAL A BAKU - O líder da delegação dos Estados Unidos, John Podesta, iniciou a sua primeira fala pública na Cúpula do Clima (COP 29) com o que disse ser o “tópico que está na mente de todos”: a vitória de Donald Trump no pleito americano, menos de uma semana atrás.

A declaração ocorreu em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira, 11, primeiro dia do evento, sediado em Baku, no Azerbaijão. “Em janeiro, empossaremos um presidente cuja relação com a mudança climática é capturada pelas palavras ‘farsa’ e ‘combustíveis fósseis’”, salientou ele, integrante da gestão do democrata Joe Biden.

Podesta declarou que está claro que o país tende a retroceder na agenda ambiental a partir do ano que vem, mas que medidas de governos estaduais e do setor privado podem fazer com que siga a cortar emissões de gases do efeito estufa, embora possivelmente em ritmo menor.

Como exemplo, citou o movimento “Ainda Estamos Dentro” (”We Are Still In”), de Estados e organizações, após a saída do Acordo de Paris, na primeira gestão Trump (2017-2021). Também ressaltou como o resultado foi recebido com “desapontamento” pela comunidade internacional em relação a respostas à crise climática.

“Para aqueles que se dedicam à ação climática, o resultado da semana passada, nos Estados Unidos, é, obviamente amargo e decepcionante, principalmente por causa dos recursos e da ambição sem precedentes que o presidente Biden e a vice-presidente (Kamala) Harris (derrotada na eleição) trouxeram para a luta climática”, afirmou. “Está claro que o próximo governo tentará dar meia-volta e reverter grande parte desse progresso”, completou.

Embora especialistas não considerem os Estados Unidos como um líder mundial nesse tipo de agenda, ainda mais considerando seus recursos e poderio tecnológico, Podesta destacou o impacto que a eleição ao traz, com pessimismo para avanços na conferência.

“É claro que estou profundamente ciente da decepção que os Estados Unidos causaram aos partidos do regime climático, que viveram um padrão de liderança forte, engajada e eficaz, seguido por um desligamento repentino após uma eleição presidencial nos Estados Unidos”, defendeu.

Por outro lado, Podesta reforçou o posicionamento de parte dos países ricos de que o financiamento climático deve ser responsabilidade de mais atores globais. Disse que “não se está mais em 1992″ e que, portanto, deveria-se considerar nações que ascenderam nas últimas décadas.

A questão envolve o tema chave desta COP: o alinhamento do Novo Objetivo Coletivo Quantificado sobre Financiamento Climático (NCQG), ligado ao Acordo de Paris. Trata-se do aporte de recursos destinados pelos países ricos (maiores responsáveis pela crise climática) para a transição energética, adaptação e mitigação climáticas nas nações em desenvolvimento.

Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos Foto: David Goldman/AP

A insistência de parte dos países ricos em aumentar a lista de contribuintes tem desagrado ao bloco de países em desenvolvimento (G77). Recentemente, o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, embaixador André Corrêa do Lago classificou como “razoavelmente inútil” a insistência nesse tópico, pois China e demais integrantes do bloco estão “fechados” em negar qualquer obrigação nesse sentido.

Na coletiva, Podesta ressaltou que “fatos ainda são fatos” e “ciência ainda é ciência”, assim como espera a continuidade de avanços nos governos subnacionais (inclusive alguns republicanos) após investimentos recorde do governo nesse setor. “Essa luta é maior do que uma eleição, um ciclo político, em um país. Essa luta é maior ainda, porque todos estamos vivendo um ano definido pela crise climática, em todos os países do mundo”, defendeu.

“Muitos republicanos sabem que é bom para os seus Estados e as suas economias”, acrescentou. Entre os exemplos, citou Oklahoma e Carolina do Norte. Nesse cenário, mencionou novas tecnologias que têm potencial para a redução de emissões, tais como biodigestores, eletrificação e a nova geração de energia nuclear. “Tudo isso não vai ser revertido”, avaliou.

John Podesta durante discurso e coletiva de imprensa no primeiro dia da COP 29 Foto: Priscila Mengue/Estadão

“Embora o governo federal dos Estados Unidos, sob o comando de Trump, possa deixar a ação climática em segundo plano, o trabalho para conter as mudanças climáticas continuará nos Estados Unidos com comprometimento, paixão e crença”, declarou.

Substituto de John Kerry na função, o conselheiro presidencial sênior para política climática internacional lamentou que os Estados Unidos devam novamente sair do Acordo de Paris, maior tratado internacional contra as mudanças climáticas, como Trump já havia feito em seu primeiro mandato.

Chegou a mencionar que isso ocorre em um cenário de extremos climáticos cada vez mais evidentes e em todo o mundo, mencionando as queimadas na Amazônia e no Pantanal e a recente enchente na Espanha, dentre outros exemplos. “É uma questão de vida ou morte”, completou.

Mesmo antes do resultado das eleições, a ausência de Biden já estava confirmada entre os líderes mundiais que não irão a esta COP. A delegação americana deste ano conta com a presença dos secretários da Agricultura, Thomas Vilsack, e da Energia, Jennifer Granholm, dentre outros representantes.

Nos últimos dias de campanha, Trump afirmou que vai aumentar, em vez de diminuir, a produção de combustíveis fósseis. Na COP-28, em Dubai, no ano passado, as nações haviam concordado em tomar um caminho de redução gradual da exploração de petróleo, carvão e gás.

*A repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade

ENVIADA ESPECIAL A BAKU - O líder da delegação dos Estados Unidos, John Podesta, iniciou a sua primeira fala pública na Cúpula do Clima (COP 29) com o que disse ser o “tópico que está na mente de todos”: a vitória de Donald Trump no pleito americano, menos de uma semana atrás.

A declaração ocorreu em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira, 11, primeiro dia do evento, sediado em Baku, no Azerbaijão. “Em janeiro, empossaremos um presidente cuja relação com a mudança climática é capturada pelas palavras ‘farsa’ e ‘combustíveis fósseis’”, salientou ele, integrante da gestão do democrata Joe Biden.

Podesta declarou que está claro que o país tende a retroceder na agenda ambiental a partir do ano que vem, mas que medidas de governos estaduais e do setor privado podem fazer com que siga a cortar emissões de gases do efeito estufa, embora possivelmente em ritmo menor.

Como exemplo, citou o movimento “Ainda Estamos Dentro” (”We Are Still In”), de Estados e organizações, após a saída do Acordo de Paris, na primeira gestão Trump (2017-2021). Também ressaltou como o resultado foi recebido com “desapontamento” pela comunidade internacional em relação a respostas à crise climática.

“Para aqueles que se dedicam à ação climática, o resultado da semana passada, nos Estados Unidos, é, obviamente amargo e decepcionante, principalmente por causa dos recursos e da ambição sem precedentes que o presidente Biden e a vice-presidente (Kamala) Harris (derrotada na eleição) trouxeram para a luta climática”, afirmou. “Está claro que o próximo governo tentará dar meia-volta e reverter grande parte desse progresso”, completou.

Embora especialistas não considerem os Estados Unidos como um líder mundial nesse tipo de agenda, ainda mais considerando seus recursos e poderio tecnológico, Podesta destacou o impacto que a eleição ao traz, com pessimismo para avanços na conferência.

“É claro que estou profundamente ciente da decepção que os Estados Unidos causaram aos partidos do regime climático, que viveram um padrão de liderança forte, engajada e eficaz, seguido por um desligamento repentino após uma eleição presidencial nos Estados Unidos”, defendeu.

Por outro lado, Podesta reforçou o posicionamento de parte dos países ricos de que o financiamento climático deve ser responsabilidade de mais atores globais. Disse que “não se está mais em 1992″ e que, portanto, deveria-se considerar nações que ascenderam nas últimas décadas.

A questão envolve o tema chave desta COP: o alinhamento do Novo Objetivo Coletivo Quantificado sobre Financiamento Climático (NCQG), ligado ao Acordo de Paris. Trata-se do aporte de recursos destinados pelos países ricos (maiores responsáveis pela crise climática) para a transição energética, adaptação e mitigação climáticas nas nações em desenvolvimento.

Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos Foto: David Goldman/AP

A insistência de parte dos países ricos em aumentar a lista de contribuintes tem desagrado ao bloco de países em desenvolvimento (G77). Recentemente, o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, embaixador André Corrêa do Lago classificou como “razoavelmente inútil” a insistência nesse tópico, pois China e demais integrantes do bloco estão “fechados” em negar qualquer obrigação nesse sentido.

Na coletiva, Podesta ressaltou que “fatos ainda são fatos” e “ciência ainda é ciência”, assim como espera a continuidade de avanços nos governos subnacionais (inclusive alguns republicanos) após investimentos recorde do governo nesse setor. “Essa luta é maior do que uma eleição, um ciclo político, em um país. Essa luta é maior ainda, porque todos estamos vivendo um ano definido pela crise climática, em todos os países do mundo”, defendeu.

“Muitos republicanos sabem que é bom para os seus Estados e as suas economias”, acrescentou. Entre os exemplos, citou Oklahoma e Carolina do Norte. Nesse cenário, mencionou novas tecnologias que têm potencial para a redução de emissões, tais como biodigestores, eletrificação e a nova geração de energia nuclear. “Tudo isso não vai ser revertido”, avaliou.

John Podesta durante discurso e coletiva de imprensa no primeiro dia da COP 29 Foto: Priscila Mengue/Estadão

“Embora o governo federal dos Estados Unidos, sob o comando de Trump, possa deixar a ação climática em segundo plano, o trabalho para conter as mudanças climáticas continuará nos Estados Unidos com comprometimento, paixão e crença”, declarou.

Substituto de John Kerry na função, o conselheiro presidencial sênior para política climática internacional lamentou que os Estados Unidos devam novamente sair do Acordo de Paris, maior tratado internacional contra as mudanças climáticas, como Trump já havia feito em seu primeiro mandato.

Chegou a mencionar que isso ocorre em um cenário de extremos climáticos cada vez mais evidentes e em todo o mundo, mencionando as queimadas na Amazônia e no Pantanal e a recente enchente na Espanha, dentre outros exemplos. “É uma questão de vida ou morte”, completou.

Mesmo antes do resultado das eleições, a ausência de Biden já estava confirmada entre os líderes mundiais que não irão a esta COP. A delegação americana deste ano conta com a presença dos secretários da Agricultura, Thomas Vilsack, e da Energia, Jennifer Granholm, dentre outros representantes.

Nos últimos dias de campanha, Trump afirmou que vai aumentar, em vez de diminuir, a produção de combustíveis fósseis. Na COP-28, em Dubai, no ano passado, as nações haviam concordado em tomar um caminho de redução gradual da exploração de petróleo, carvão e gás.

*A repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade

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