Bolsonaro tem visão autoritária, diz ex-chefe de órgão que monitora desmate na Amazônia


Ricardo Galvão foi homenageado nesta quarta na Academia Brasileira de Ciências. 'Muito despreparados', disse sobre integrantes do governo

Por Roberta Jansen

RIO - O ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Ricardo Galvão disse nesta quarta-feira, 4, que o presidente Jair Bolsonaro tem uma mentalidade "obscurantista e autoritária". Galvão, dispensado por Bolsonaro em agosto após a divulgação pela imprensa de dados de desmate na Amazônia, foi homenageado nesta quarta na Academia Brasileira de Ciências (ABC). 

Galvão afirmou que as ofensas do presidente não foram um ataque só ao Inpe, mas à toda a ciência brasileira Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Na época da crise com Galvão, Bolsonaro chegou a dizer que cientista era “mentiroso” e que estaria a serviço de ONGs internacionais. O monitoramento do Inpe constatou alta expressiva nos focos de desmatamento na floresta nos últimos meses. A tendência de aumento das queimadas foi confirmada também por dados da Agência Espacial Americana, a Nasa.

Galvão afirmou que as ofensas do presidente não foram um ataque só ao Inpe, mas à toda a ciência brasileira. Por isso, disse, tinham que ser respondidas à altura. “Pensei muito no que ia dizer, nas palavras que ia usar, não reagi por conta da emoção”, revelou. “Eu sabia que seria exonerado, mas tinha de enfrentar o bom combate.”

O seminário Sistemas de Monitoramento de Cobertura e Usos da Terra, sobre o monitoramento do desmate da Amazônia, reuniu alguns dos maiores nomes da ciência brasileira, como o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Ildeu Moreira, o presidente da ABC, Luiz Davidovich, e o organizador do evento, o climatologista Carlos Nobre, um dos maiores especialistas em Amazônia, além do americano Matthew Hansen, que trabalha com dados da Agência Espacial Americana, a Nasa.

“A Amazônia é uma floresta úmida, ela não queima sozinha, é sempre uma ação criminosa”, disse Galvão. “Não estou dizendo que o governo está promovendo ações criminosas, mas existe uma visão capitalista destruidora.”

Para o ex-presidente do Inpe, os ataques à ciência deixaram o governo numa posição vulnerável internacionalmente. “Eles são muito despreparados”, disse Ricardo Galvão se referindo aos integrantes do governo. “Não contavam com o prestígio internacional do Inpe. Agora, todos os olhos do mundo estão voltados para lá.”

O presidente da ABC, Davidovich, elogiou a postura de Galvão e afirmou que já era tempo de alguém por limite nas "fake news" e no "obscurantismo" do governo. 

"Gostamos de novas tecnologias, mas elas não são necessárias para o gerenciamento do uso da terra”, afirmou. “Se tivéssemos tecnologia de dez anos atrás, poderíamos combater o desmatamento, que depende, basicamente, de vontade política”, afirmou o cientista americano Matthew Hansen, que trabalha com dados da Nasa.

RIO - O ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Ricardo Galvão disse nesta quarta-feira, 4, que o presidente Jair Bolsonaro tem uma mentalidade "obscurantista e autoritária". Galvão, dispensado por Bolsonaro em agosto após a divulgação pela imprensa de dados de desmate na Amazônia, foi homenageado nesta quarta na Academia Brasileira de Ciências (ABC). 

Galvão afirmou que as ofensas do presidente não foram um ataque só ao Inpe, mas à toda a ciência brasileira Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Na época da crise com Galvão, Bolsonaro chegou a dizer que cientista era “mentiroso” e que estaria a serviço de ONGs internacionais. O monitoramento do Inpe constatou alta expressiva nos focos de desmatamento na floresta nos últimos meses. A tendência de aumento das queimadas foi confirmada também por dados da Agência Espacial Americana, a Nasa.

Galvão afirmou que as ofensas do presidente não foram um ataque só ao Inpe, mas à toda a ciência brasileira. Por isso, disse, tinham que ser respondidas à altura. “Pensei muito no que ia dizer, nas palavras que ia usar, não reagi por conta da emoção”, revelou. “Eu sabia que seria exonerado, mas tinha de enfrentar o bom combate.”

O seminário Sistemas de Monitoramento de Cobertura e Usos da Terra, sobre o monitoramento do desmate da Amazônia, reuniu alguns dos maiores nomes da ciência brasileira, como o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Ildeu Moreira, o presidente da ABC, Luiz Davidovich, e o organizador do evento, o climatologista Carlos Nobre, um dos maiores especialistas em Amazônia, além do americano Matthew Hansen, que trabalha com dados da Agência Espacial Americana, a Nasa.

“A Amazônia é uma floresta úmida, ela não queima sozinha, é sempre uma ação criminosa”, disse Galvão. “Não estou dizendo que o governo está promovendo ações criminosas, mas existe uma visão capitalista destruidora.”

Para o ex-presidente do Inpe, os ataques à ciência deixaram o governo numa posição vulnerável internacionalmente. “Eles são muito despreparados”, disse Ricardo Galvão se referindo aos integrantes do governo. “Não contavam com o prestígio internacional do Inpe. Agora, todos os olhos do mundo estão voltados para lá.”

O presidente da ABC, Davidovich, elogiou a postura de Galvão e afirmou que já era tempo de alguém por limite nas "fake news" e no "obscurantismo" do governo. 

"Gostamos de novas tecnologias, mas elas não são necessárias para o gerenciamento do uso da terra”, afirmou. “Se tivéssemos tecnologia de dez anos atrás, poderíamos combater o desmatamento, que depende, basicamente, de vontade política”, afirmou o cientista americano Matthew Hansen, que trabalha com dados da Nasa.

RIO - O ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Ricardo Galvão disse nesta quarta-feira, 4, que o presidente Jair Bolsonaro tem uma mentalidade "obscurantista e autoritária". Galvão, dispensado por Bolsonaro em agosto após a divulgação pela imprensa de dados de desmate na Amazônia, foi homenageado nesta quarta na Academia Brasileira de Ciências (ABC). 

Galvão afirmou que as ofensas do presidente não foram um ataque só ao Inpe, mas à toda a ciência brasileira Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Na época da crise com Galvão, Bolsonaro chegou a dizer que cientista era “mentiroso” e que estaria a serviço de ONGs internacionais. O monitoramento do Inpe constatou alta expressiva nos focos de desmatamento na floresta nos últimos meses. A tendência de aumento das queimadas foi confirmada também por dados da Agência Espacial Americana, a Nasa.

Galvão afirmou que as ofensas do presidente não foram um ataque só ao Inpe, mas à toda a ciência brasileira. Por isso, disse, tinham que ser respondidas à altura. “Pensei muito no que ia dizer, nas palavras que ia usar, não reagi por conta da emoção”, revelou. “Eu sabia que seria exonerado, mas tinha de enfrentar o bom combate.”

O seminário Sistemas de Monitoramento de Cobertura e Usos da Terra, sobre o monitoramento do desmate da Amazônia, reuniu alguns dos maiores nomes da ciência brasileira, como o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Ildeu Moreira, o presidente da ABC, Luiz Davidovich, e o organizador do evento, o climatologista Carlos Nobre, um dos maiores especialistas em Amazônia, além do americano Matthew Hansen, que trabalha com dados da Agência Espacial Americana, a Nasa.

“A Amazônia é uma floresta úmida, ela não queima sozinha, é sempre uma ação criminosa”, disse Galvão. “Não estou dizendo que o governo está promovendo ações criminosas, mas existe uma visão capitalista destruidora.”

Para o ex-presidente do Inpe, os ataques à ciência deixaram o governo numa posição vulnerável internacionalmente. “Eles são muito despreparados”, disse Ricardo Galvão se referindo aos integrantes do governo. “Não contavam com o prestígio internacional do Inpe. Agora, todos os olhos do mundo estão voltados para lá.”

O presidente da ABC, Davidovich, elogiou a postura de Galvão e afirmou que já era tempo de alguém por limite nas "fake news" e no "obscurantismo" do governo. 

"Gostamos de novas tecnologias, mas elas não são necessárias para o gerenciamento do uso da terra”, afirmou. “Se tivéssemos tecnologia de dez anos atrás, poderíamos combater o desmatamento, que depende, basicamente, de vontade política”, afirmou o cientista americano Matthew Hansen, que trabalha com dados da Nasa.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.