BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro atribuiu as críticas que tem recebido por causa da sua política ambiental a uma "questão econômica". Durante evento nesta quarta-feira, 11, também voltou a chamar a ativista ambiental Greta Thunberg, de 16 anos, de "pirralha", mesmo após a repercussão da escolha da jovem como Personalidade do Ano da revista Time.
Bolsonaro ironizou ainda críticas por ter derrubado decreto que impedia plantação de cana-de-açúcar na Amazônia. "Espero que o pessoal da COP25 não venha nos acusar de querer substituir a floresta amazônica por um grande canavial. A sanha, a maneira como nos atacam nessa questão ambiental, virou uma política econômica", disse em evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O presidente afirmou também que o "homem do campo" está "menos apavorado" em seu governo com a fiscalização.
Greta também voltou ser tema de declarações do presidente. "Tem até uma pirralha que tudo o que ela fala à nossa imprensa, a nossa imprensa, pelo amor de Deus, dá um destaque enorme. Ela está agora fazendo o seu showzinho lá na COP25. Mas tudo bem. Eu acredito que nós temos, ao trabalhar em equipe, meios de mudar o Brasil”, afirmou.
Também nesta quarta-feira, Bolsonaro voltou a afirmar, sem provas, que o ator Leonardo DiCaprio pagou para ONG envolvida em incêndios na Amazônia. "Quando falei que... não acusei o Leonardo DiCaprio. A imprensa falou que acusei Leonardo DiCaprio. Dicaprio doou dinheiro para ONG que comprou fotografia que...", disse Bolsonaro, sem completar a frase. "Pessoal aqui apoiando Dicaprio, deve ser porque ele é mais bonito do que eu", declarou o presidente a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada durante a manhã.
"Quando eu falei, lá atrás, que deveria, poderia ter dinheiro de ONG (envolvido nas queimadas), esculhambaram aqui. A imprensa para esculhambar o Brasil é (nota) 'dez', afirmou Bolsonaro.
A ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, também foi outra vez ofendida pelo presidente. "Uma pirralha fala qualquer besteira lá fora, falou, pronto, para dar porrada aqui no Brasil. Ela inclusive, acusou agora, que os índios que morreram estão defendendo a Amazônia. Ninguém sabe a causa ainda (das mortes)", disse.
Bolsonaro elogia prisão de brigadistas de ONG no Pará
Também nesta quarta-feira, 11, o presidente também parabenizou a Polícia Civil do Pará pela prisão de quatro brigadistas ligados a ONGs, já soltos, em inquérito que foi contestado. O Ministério Público Federal (MPF) chegou a afirmar que não há, até o momento, provas de ligação dos brigadistas aos incêndios ocorridos em setembro na região.
"O trabalho (da polícia), no meu entender, bastante objetivo. Pegou pessoal que leva dinheiro de ONG para tacar fogo no Brasil. E a imprensa, em grande parte defendendo agora esses quatro caras que foram presos e postos em liberdade", disse Bolsonaro a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.
Em 28 de novembro, a Justiça soltou os quatro membros da ONG Brigadas de Alter do Cháo, do Pará, que foram detidos sob suspeita de ligação com queimadas na Amazônia. "Parabéns (à Polícia Civil). Bom trabalho, realmente, (eu) bem disse, né, com provas", afirmou Bolsonaro.
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), trocou o delegado que cuidava do caso. De acordo com Barbalho, a mudança é "para que tudo seja esclarecido da forma mais rápida e transparente possível". O governador disse ainda que "ninguém está acima da lei, mas também ninguém pode ser condenado antes de esclarecer os fatos".