Um relatório divulgado nesta quarta-feira, 16, pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), ligada à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), prevê aquecimento de 2,4ºC para o planeta Terra até o fim desta década. A China, maior emissor de gases poluentes atualmente, deve ser o território com maior aquecimento.
A agência diz que o mundo deve aumentar significativamente a produção de energia limpa na segunda metade da década, à medida que a produção de baterias e painéis solares dispara.
“Estamos agora avançando rapidamente para a Era da Eletricidade”, disse o diretor executivo da IEA, Fatih Birol, em uma declaração à imprensa feita no lançamento do relatório anual Perspectiva Energética Mundial.
Segundo o executivo, a energia em todo o mundo será “cada vez mais baseada em fontes limpas de eletricidade”. Mas há excesso de combustíveis fósseis que continua aquecendo o planeta.
O relatório observa que, mesmo com o aumento da energia limpa, o mundo ainda está muito longe do que é necessário para limitar o aquecimento a 1,5 graus Celsius acima dos tempos pré-industriais – limite estabelecido no Acordo de Paris –, já que as emissões diminuiriam muito lentamente.
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A previsão é de que a demanda por petróleo e gás atinja seu pico ainda nesta década e coloque o planeta no caminho para atingir 2,4 graus de aquecimento. A China, maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, mas também o principal fabricante de painéis solares e baterias, está impulsionando as tendências globais de energia, conforme o relatório.
Nos últimos anos, o país foi responsável pela maior parte do crescimento na demanda por petróleo, mas agora os veículos elétricos representam 40% das novas vendas de carros internas, e 20% das vendas globais. Isso tem colocado os principais produtores de petróleo e gás “em uma encruzilhada”, aponta o documento.
O relatório indica que as emissões de gases de efeito estufa na China podem atingir o pico até 2025, mas “dada as mudanças em andamento na China, achamos que isso pode ser um pouco pessimista”, disse Bill Hare, CEO da Climate Analytics.
Hare disse que “há muitas chances” de que as emissões da China já tenham atingido o pico em 2023, mas faltam dados para decretar isso com certeza. O país já representa metade dos carros elétricos nas estradas do mundo e, até 2030, projeta-se que 70% das novas vendas de carros na China serão elétricas.
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Com suas maciças adições de novas energias eólica e solar, a China está alinhada com seu objetivo de enfrentar as mudanças climáticas, afirma o documento da IEA. O relatório delineia um futuro em que a adoção de veículos elétricos continua ganhando ímpeto, potencialmente diminuindo até 6 milhões de barris por dia de demanda por petróleo até 2030.
A agência disse que, com base nas tendências e políticas atuais e na disponibilidade de materiais, os veículos elétricos alcançarão 50% das vendas globais de carros em 2030.
Aumento geral da demanda por energia
A expansão da energia limpa, no entanto, está acontecendo paralelamente a um aumento na demanda por energia, incluindo a energia produzida pela queima de carvão, de acordo com a agência sediada em Paris.
“Isso significou que, mesmo quando vimos crescimento recorde nas instalações e adições de energia limpa, as emissões continuaram aumentando”, disse Lauri Myllyvirta, analista-chefe do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpos.
A demanda por eletricidade está crescendo ainda mais rápido do que o esperado, “impulsionada pelo consumo industrial leve, mobilidade elétrica, refrigeração e centros de dados e IA”, disse o relatório. Os contornos da transição de aquecimento, veículos e de alguma indústria para a eletricidade, disse, estão começando a ficar claros.
Globalmente, a IEA entende que a expansão da energia eólica e solar ao lado do aumento da adoção de veículos elétricos garantirá um pico na demanda por carvão, petróleo e gás dentro da década, com as emissões de carbono também alcançando seu ponto mais alto e diminuindo.
À medida que a China rapidamente muda para baterias e energia renovável, as empresas de petróleo descobrem que podem vender mais de seu produto para a Índia. A IEA projeta que a Índia adicionará quase dois milhões de barris por dia à sua demanda por petróleo até 2035, potencialmente oferecendo um salva-vidas aos produtores de petróleo que procuram compensar o declínio do crescimento em outras regiões.
Laveesh Bhandari, presidente do think tank sediado em Nova Delhi, Centro para Progresso Social e Econômico, disse que o crescimento econômico em expansão da Índia significa que ela usará a energia que puder obter.
“Embora a demanda por VE aumentará exponencialmente, o crescimento não poderá cobrir todo o crescimento adicional na demanda por veículos”, disse Bhandari. “Portanto, o uso de veículos movidos a combustíveis fósseis aumentará por algum tempo antes de se estabilizar e cair.”
Com informações da Associated Press.