O aniversário de cinco anos do Acordo de Paris – compromisso global que quase todos os países do mundo assumiram para conter o aquecimento global – estava previsto para ser o momento em que as nações signatárias apresentariam novas metas, mais ambiciosas, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Com a pandemia, a tradicional conferência do clima (COP) da ONU, que deveria ter ocorrido em Glasgow (Escócia) em novembro, foi adiada para o ano que vem, mas neste sábado, 12, dia do aniversário, será realizada uma cúpula online na qual se espera que ao menos alguns países tragam esses novos compromissos.
A reunião, organizada pelo governo do Reino Unido (que vai presidir a COP 26, em 2021) com as Nações Unidas, abriu uma plataforma para os países apresentarem ações mais ambiciosas, como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) melhoradas, ou metas de alcançar emissões líquidas zero.
NDC é o compromisso que cada país apresentou por ocasião do Acordo de Paris, mas já se sabia naquela época que mesmo se todas as medidas prometidas fossem adotadas elas eram insuficientes para os objetivos estabelecidos. O mundo ainda caminharia para um aquecimento de cerca de 3°C até o fim do século – em vez dos “bem abaixo de 2°C” preconizados em Paris. Por isso o próprio acordo estabeleceu que em 2020 as nações teriam de melhorar suas NDCs.
Na cúpula deste sábado, somente líderes de países que apresentarem algo considerado ambicioso poderão se apresentar. O espaço de fala será voltado apenas para os chefes de governo (como presidentes e primeiros-ministros). O Brasil ficou de fora da lista, mas o governo ainda tenta reverter a situação.
Até agora, o próprio Reino Unido anunciou um plano de reduzir suas emissões em 68% até 2030, com base no que era emitido em 1990, e zerar as emissões líquidas até 2050 (esta meta é compartilhada com a União Europeia). A China também se comprometeu com carbono líquido zero até 2060.
Metas do Brasil
Na terça-feira, 8, o governo brasileiro anunciou que vai se comprometer com emissões líquidas zero de gases de efeito estufa até 2060, como contribuição do País ao esforço mundial para o combate ao aquecimento global. De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a meta pode ser antecipada desde que haja financiamento por parte de outras nações. "Se tivermos o recebimento de recursos para o Brasil na ordem de US$ 10 bilhões por ano a partir de 2021", disse o ministro.
Segundo ele, para o curto prazo, o Brasil vai confirmar a meta de redução de 43% nas emissões até 2030, com base no que era emitido no País em 2005. Este compromisso tinha sido feito pelo governo de Dilma Rousseff em 2015 no âmbito do Acordo de Paris.
Na segunda-feira, ante à indefinição do governo até aquele momento, o Observatório Clima – rede de 56 ONGs voltadas para as mudanças climáticas – propôs que a nova NDC do Brasil deveria trazer uma meta de corte de 81% nas emissões até 2030.
Isso significaria chegar ao fim da próxima década emitindo no máximo 400 milhões de toneladas de gases de efeito estufa, medidas em gás carbônico equivalente (CO2e). A emissão líquida atual do Brasil é de cerca de 1,6 bilhão de toneladas de CO2e.