Conter desmatamento e tráfico animal pode evitar novas pandemias a baixo custo, diz estudo


Em estudo na revista Science, pesquisadores defendem que a devastação de florestas como a Amazônia pode levar a novas pandemias, mas os custos para conter a devastação ambiental são bem menores que os valores para lidar com a doença

Por Giovana Girardi
Atualização:

Desde que teve início a pandemia de covid-19, doença cuja origem provavelmente está em morcegos da China, especialistas em ecologia têm alertado que o desmatamento de florestas tropicais e o tráfico de animais silvestres podem acabar revelando novos vírus com potencial pandêmico tão grande quanto o do novo coronavírus. Um grupo de pesquisadores calculou, agora, quanto custaria evitar isso. E mostra que é muito mais barato que lidar com a doença em si.

O trabalho, publicado nesta quinta-feira, 23, na revista Science, por cientistas do Brasil, do Quênia, da China e dos Estados Unidos, estima que coibir o tráfico de animais e frear o destruição de florestas tropicais no mundo custaria entre US$ 22 bilhões e US$ 31 bilhões por ano. Eles comparam o valor com US$ 2,6 trilhões já perdidos com a covid-19, além das mais de 600 mil vidas

Os pesquisadores, liderados por Andrew Dobson, da Universidade Princeton, ressaltam a relação de doenças emergentes com a devastação ambiental. Além do Sars-COV-2, vários outros vírus, como o HIV e o ebola, passaram de hospedeiros animais para os seres humanos por causa desse contato próximo com morcegos e outros primatas. 

Alertas do sistema de monitoramento do Inpe devem fechar os 12 meses com mais de 9.170 km², ante 6.844 km² observados entre agosto de 2018 e julho de 2019, alta de 34%. Foto: Gabriela Biló/Estadão - 27/8/2019

“A relação entre desmatamento e pandemias já está bem debatida. Hoje sabe-se que é um meio estabelecido para doenças emergentes, mas o combate ao problema ainda não entrou na agenda de prevenção de eventuais pandemias”, disse ao Estadão Mariana Vale, professora do Departamento de Ecologia da UFRJ e uma das autoras do trabalho. 

“Ao fazermos a conta, porém, vemos que o valor é irrisório se compararmos com os gastos não só desta pandemia, mas também de outras pandemias menores, mas também de origem zoonótica (vinda de animais), como a de HIV/Aids”, complementou.

Os autores recomendam quatro estratégias de prevenção: controle de desmatamento; ações para acabar com o comércio de animais silvestres; vigilância sanitária nas áreas com alto risco de surgimento de doenças emergentes, onde as pessoas têm muito contato com animais, para identificar rapidamente o surgimento de novos vírus; e investimento em biossegurança nas criações animais, sobretudo naquelas conhecidas por terem a chance de passar vírus para os humanos, como porcos e aves.

Pelos cálculos dos pesquisadores, o investimento mais alto teria de ser feito em programas e políticas para conter em até 50% o desmatamento. Para essa medida, eles estimam um custo de US$ 19 bilhões por ano. 

Para os autores, as bordas das florestas tropicais, onde mais de 25% da floresta original foi perdida, tendem a ser focos de transmissões virais entre animais e humanos. Nessas regiões perturbadas, o trânsito de animais em busca de alimento nos assentamentos humanos é maior, em especial de morcegos, que são os prováveis reservatórios dos vírus da covid-19, do ebola e da Sars.

O risco da Amazônia

Mariana lembra que isso é um risco particularmente grande na Amazônia, que vem sofrendo uma alta no processo de destruição nos últimos anos. Ela afirma que lá a diversidade de morcegos é a maior do mundo. Vivem na floresta cerca de 120 espécies de morcegos.

Para a pesquisadora, pode ser considerada uma sorte que a devastação da Amazônia até hoje ainda não tenha resultado no encontro de humanos com um vírus potencialmente pandêmico. “Alguns cientistas acham que a probabilidade é baixa. Eu sou da turma que acha que é alta”, diz. 

Segundo Mariana, existem três fatores que colaboram para o surgimento de uma doença emergente: a quantidade de animais que podem ser possíveis reservatórios, como morcegos e primatas; a quantidade de pessoas e de animais de criação; e a taxa de contato entre pessoas e animais silvestres.

“Na Amazônia a quantidade de morcegos e primatas é das maiores no mundo. A população humana é baixa, mas não insignificante – cerca de 24 milhões, com cidades que têm porte razoável, como Manaus, que tem até ligação aérea direta com os EUA. E o contato com animais silvestres está crescendo com o desmatamento. Isso aumenta a chance de surgimento de uma doença emergente”, explica.

Outros investimentos

Os pesquisadores recomendam ainda um investimento entre US$ 217 milhões e US$ 279 milhões milhões por ano, pelos próximos dez anos, em medidas precoces de detecção e controle de novas doenças. Nesse quesito, eles sugerem a criação de um acervo de genética viral, tanto para ajudar a identificar a fonte de novos patógenos emergentes, quanto para acelerar o desenvolvimento de testes sorológicos para monitorar surtos futuros e de vacinas para preveni-los.

Para acabar com o comércio de animais silvestres na China e educar consumidores e caçadores sobre os riscos potenciais, os pesquisadores estimam um gasto de US$19 milhões por ano. Outros US$ 852 milhões deveriam ser alocados na redução da transmissão de vírus interespécies na criação de animais domésticos para consumo humano.

Desde que teve início a pandemia de covid-19, doença cuja origem provavelmente está em morcegos da China, especialistas em ecologia têm alertado que o desmatamento de florestas tropicais e o tráfico de animais silvestres podem acabar revelando novos vírus com potencial pandêmico tão grande quanto o do novo coronavírus. Um grupo de pesquisadores calculou, agora, quanto custaria evitar isso. E mostra que é muito mais barato que lidar com a doença em si.

O trabalho, publicado nesta quinta-feira, 23, na revista Science, por cientistas do Brasil, do Quênia, da China e dos Estados Unidos, estima que coibir o tráfico de animais e frear o destruição de florestas tropicais no mundo custaria entre US$ 22 bilhões e US$ 31 bilhões por ano. Eles comparam o valor com US$ 2,6 trilhões já perdidos com a covid-19, além das mais de 600 mil vidas

Os pesquisadores, liderados por Andrew Dobson, da Universidade Princeton, ressaltam a relação de doenças emergentes com a devastação ambiental. Além do Sars-COV-2, vários outros vírus, como o HIV e o ebola, passaram de hospedeiros animais para os seres humanos por causa desse contato próximo com morcegos e outros primatas. 

Alertas do sistema de monitoramento do Inpe devem fechar os 12 meses com mais de 9.170 km², ante 6.844 km² observados entre agosto de 2018 e julho de 2019, alta de 34%. Foto: Gabriela Biló/Estadão - 27/8/2019

“A relação entre desmatamento e pandemias já está bem debatida. Hoje sabe-se que é um meio estabelecido para doenças emergentes, mas o combate ao problema ainda não entrou na agenda de prevenção de eventuais pandemias”, disse ao Estadão Mariana Vale, professora do Departamento de Ecologia da UFRJ e uma das autoras do trabalho. 

“Ao fazermos a conta, porém, vemos que o valor é irrisório se compararmos com os gastos não só desta pandemia, mas também de outras pandemias menores, mas também de origem zoonótica (vinda de animais), como a de HIV/Aids”, complementou.

Os autores recomendam quatro estratégias de prevenção: controle de desmatamento; ações para acabar com o comércio de animais silvestres; vigilância sanitária nas áreas com alto risco de surgimento de doenças emergentes, onde as pessoas têm muito contato com animais, para identificar rapidamente o surgimento de novos vírus; e investimento em biossegurança nas criações animais, sobretudo naquelas conhecidas por terem a chance de passar vírus para os humanos, como porcos e aves.

Pelos cálculos dos pesquisadores, o investimento mais alto teria de ser feito em programas e políticas para conter em até 50% o desmatamento. Para essa medida, eles estimam um custo de US$ 19 bilhões por ano. 

Para os autores, as bordas das florestas tropicais, onde mais de 25% da floresta original foi perdida, tendem a ser focos de transmissões virais entre animais e humanos. Nessas regiões perturbadas, o trânsito de animais em busca de alimento nos assentamentos humanos é maior, em especial de morcegos, que são os prováveis reservatórios dos vírus da covid-19, do ebola e da Sars.

O risco da Amazônia

Mariana lembra que isso é um risco particularmente grande na Amazônia, que vem sofrendo uma alta no processo de destruição nos últimos anos. Ela afirma que lá a diversidade de morcegos é a maior do mundo. Vivem na floresta cerca de 120 espécies de morcegos.

Para a pesquisadora, pode ser considerada uma sorte que a devastação da Amazônia até hoje ainda não tenha resultado no encontro de humanos com um vírus potencialmente pandêmico. “Alguns cientistas acham que a probabilidade é baixa. Eu sou da turma que acha que é alta”, diz. 

Segundo Mariana, existem três fatores que colaboram para o surgimento de uma doença emergente: a quantidade de animais que podem ser possíveis reservatórios, como morcegos e primatas; a quantidade de pessoas e de animais de criação; e a taxa de contato entre pessoas e animais silvestres.

“Na Amazônia a quantidade de morcegos e primatas é das maiores no mundo. A população humana é baixa, mas não insignificante – cerca de 24 milhões, com cidades que têm porte razoável, como Manaus, que tem até ligação aérea direta com os EUA. E o contato com animais silvestres está crescendo com o desmatamento. Isso aumenta a chance de surgimento de uma doença emergente”, explica.

Outros investimentos

Os pesquisadores recomendam ainda um investimento entre US$ 217 milhões e US$ 279 milhões milhões por ano, pelos próximos dez anos, em medidas precoces de detecção e controle de novas doenças. Nesse quesito, eles sugerem a criação de um acervo de genética viral, tanto para ajudar a identificar a fonte de novos patógenos emergentes, quanto para acelerar o desenvolvimento de testes sorológicos para monitorar surtos futuros e de vacinas para preveni-los.

Para acabar com o comércio de animais silvestres na China e educar consumidores e caçadores sobre os riscos potenciais, os pesquisadores estimam um gasto de US$19 milhões por ano. Outros US$ 852 milhões deveriam ser alocados na redução da transmissão de vírus interespécies na criação de animais domésticos para consumo humano.

Desde que teve início a pandemia de covid-19, doença cuja origem provavelmente está em morcegos da China, especialistas em ecologia têm alertado que o desmatamento de florestas tropicais e o tráfico de animais silvestres podem acabar revelando novos vírus com potencial pandêmico tão grande quanto o do novo coronavírus. Um grupo de pesquisadores calculou, agora, quanto custaria evitar isso. E mostra que é muito mais barato que lidar com a doença em si.

O trabalho, publicado nesta quinta-feira, 23, na revista Science, por cientistas do Brasil, do Quênia, da China e dos Estados Unidos, estima que coibir o tráfico de animais e frear o destruição de florestas tropicais no mundo custaria entre US$ 22 bilhões e US$ 31 bilhões por ano. Eles comparam o valor com US$ 2,6 trilhões já perdidos com a covid-19, além das mais de 600 mil vidas

Os pesquisadores, liderados por Andrew Dobson, da Universidade Princeton, ressaltam a relação de doenças emergentes com a devastação ambiental. Além do Sars-COV-2, vários outros vírus, como o HIV e o ebola, passaram de hospedeiros animais para os seres humanos por causa desse contato próximo com morcegos e outros primatas. 

Alertas do sistema de monitoramento do Inpe devem fechar os 12 meses com mais de 9.170 km², ante 6.844 km² observados entre agosto de 2018 e julho de 2019, alta de 34%. Foto: Gabriela Biló/Estadão - 27/8/2019

“A relação entre desmatamento e pandemias já está bem debatida. Hoje sabe-se que é um meio estabelecido para doenças emergentes, mas o combate ao problema ainda não entrou na agenda de prevenção de eventuais pandemias”, disse ao Estadão Mariana Vale, professora do Departamento de Ecologia da UFRJ e uma das autoras do trabalho. 

“Ao fazermos a conta, porém, vemos que o valor é irrisório se compararmos com os gastos não só desta pandemia, mas também de outras pandemias menores, mas também de origem zoonótica (vinda de animais), como a de HIV/Aids”, complementou.

Os autores recomendam quatro estratégias de prevenção: controle de desmatamento; ações para acabar com o comércio de animais silvestres; vigilância sanitária nas áreas com alto risco de surgimento de doenças emergentes, onde as pessoas têm muito contato com animais, para identificar rapidamente o surgimento de novos vírus; e investimento em biossegurança nas criações animais, sobretudo naquelas conhecidas por terem a chance de passar vírus para os humanos, como porcos e aves.

Pelos cálculos dos pesquisadores, o investimento mais alto teria de ser feito em programas e políticas para conter em até 50% o desmatamento. Para essa medida, eles estimam um custo de US$ 19 bilhões por ano. 

Para os autores, as bordas das florestas tropicais, onde mais de 25% da floresta original foi perdida, tendem a ser focos de transmissões virais entre animais e humanos. Nessas regiões perturbadas, o trânsito de animais em busca de alimento nos assentamentos humanos é maior, em especial de morcegos, que são os prováveis reservatórios dos vírus da covid-19, do ebola e da Sars.

O risco da Amazônia

Mariana lembra que isso é um risco particularmente grande na Amazônia, que vem sofrendo uma alta no processo de destruição nos últimos anos. Ela afirma que lá a diversidade de morcegos é a maior do mundo. Vivem na floresta cerca de 120 espécies de morcegos.

Para a pesquisadora, pode ser considerada uma sorte que a devastação da Amazônia até hoje ainda não tenha resultado no encontro de humanos com um vírus potencialmente pandêmico. “Alguns cientistas acham que a probabilidade é baixa. Eu sou da turma que acha que é alta”, diz. 

Segundo Mariana, existem três fatores que colaboram para o surgimento de uma doença emergente: a quantidade de animais que podem ser possíveis reservatórios, como morcegos e primatas; a quantidade de pessoas e de animais de criação; e a taxa de contato entre pessoas e animais silvestres.

“Na Amazônia a quantidade de morcegos e primatas é das maiores no mundo. A população humana é baixa, mas não insignificante – cerca de 24 milhões, com cidades que têm porte razoável, como Manaus, que tem até ligação aérea direta com os EUA. E o contato com animais silvestres está crescendo com o desmatamento. Isso aumenta a chance de surgimento de uma doença emergente”, explica.

Outros investimentos

Os pesquisadores recomendam ainda um investimento entre US$ 217 milhões e US$ 279 milhões milhões por ano, pelos próximos dez anos, em medidas precoces de detecção e controle de novas doenças. Nesse quesito, eles sugerem a criação de um acervo de genética viral, tanto para ajudar a identificar a fonte de novos patógenos emergentes, quanto para acelerar o desenvolvimento de testes sorológicos para monitorar surtos futuros e de vacinas para preveni-los.

Para acabar com o comércio de animais silvestres na China e educar consumidores e caçadores sobre os riscos potenciais, os pesquisadores estimam um gasto de US$19 milhões por ano. Outros US$ 852 milhões deveriam ser alocados na redução da transmissão de vírus interespécies na criação de animais domésticos para consumo humano.

Desde que teve início a pandemia de covid-19, doença cuja origem provavelmente está em morcegos da China, especialistas em ecologia têm alertado que o desmatamento de florestas tropicais e o tráfico de animais silvestres podem acabar revelando novos vírus com potencial pandêmico tão grande quanto o do novo coronavírus. Um grupo de pesquisadores calculou, agora, quanto custaria evitar isso. E mostra que é muito mais barato que lidar com a doença em si.

O trabalho, publicado nesta quinta-feira, 23, na revista Science, por cientistas do Brasil, do Quênia, da China e dos Estados Unidos, estima que coibir o tráfico de animais e frear o destruição de florestas tropicais no mundo custaria entre US$ 22 bilhões e US$ 31 bilhões por ano. Eles comparam o valor com US$ 2,6 trilhões já perdidos com a covid-19, além das mais de 600 mil vidas

Os pesquisadores, liderados por Andrew Dobson, da Universidade Princeton, ressaltam a relação de doenças emergentes com a devastação ambiental. Além do Sars-COV-2, vários outros vírus, como o HIV e o ebola, passaram de hospedeiros animais para os seres humanos por causa desse contato próximo com morcegos e outros primatas. 

Alertas do sistema de monitoramento do Inpe devem fechar os 12 meses com mais de 9.170 km², ante 6.844 km² observados entre agosto de 2018 e julho de 2019, alta de 34%. Foto: Gabriela Biló/Estadão - 27/8/2019

“A relação entre desmatamento e pandemias já está bem debatida. Hoje sabe-se que é um meio estabelecido para doenças emergentes, mas o combate ao problema ainda não entrou na agenda de prevenção de eventuais pandemias”, disse ao Estadão Mariana Vale, professora do Departamento de Ecologia da UFRJ e uma das autoras do trabalho. 

“Ao fazermos a conta, porém, vemos que o valor é irrisório se compararmos com os gastos não só desta pandemia, mas também de outras pandemias menores, mas também de origem zoonótica (vinda de animais), como a de HIV/Aids”, complementou.

Os autores recomendam quatro estratégias de prevenção: controle de desmatamento; ações para acabar com o comércio de animais silvestres; vigilância sanitária nas áreas com alto risco de surgimento de doenças emergentes, onde as pessoas têm muito contato com animais, para identificar rapidamente o surgimento de novos vírus; e investimento em biossegurança nas criações animais, sobretudo naquelas conhecidas por terem a chance de passar vírus para os humanos, como porcos e aves.

Pelos cálculos dos pesquisadores, o investimento mais alto teria de ser feito em programas e políticas para conter em até 50% o desmatamento. Para essa medida, eles estimam um custo de US$ 19 bilhões por ano. 

Para os autores, as bordas das florestas tropicais, onde mais de 25% da floresta original foi perdida, tendem a ser focos de transmissões virais entre animais e humanos. Nessas regiões perturbadas, o trânsito de animais em busca de alimento nos assentamentos humanos é maior, em especial de morcegos, que são os prováveis reservatórios dos vírus da covid-19, do ebola e da Sars.

O risco da Amazônia

Mariana lembra que isso é um risco particularmente grande na Amazônia, que vem sofrendo uma alta no processo de destruição nos últimos anos. Ela afirma que lá a diversidade de morcegos é a maior do mundo. Vivem na floresta cerca de 120 espécies de morcegos.

Para a pesquisadora, pode ser considerada uma sorte que a devastação da Amazônia até hoje ainda não tenha resultado no encontro de humanos com um vírus potencialmente pandêmico. “Alguns cientistas acham que a probabilidade é baixa. Eu sou da turma que acha que é alta”, diz. 

Segundo Mariana, existem três fatores que colaboram para o surgimento de uma doença emergente: a quantidade de animais que podem ser possíveis reservatórios, como morcegos e primatas; a quantidade de pessoas e de animais de criação; e a taxa de contato entre pessoas e animais silvestres.

“Na Amazônia a quantidade de morcegos e primatas é das maiores no mundo. A população humana é baixa, mas não insignificante – cerca de 24 milhões, com cidades que têm porte razoável, como Manaus, que tem até ligação aérea direta com os EUA. E o contato com animais silvestres está crescendo com o desmatamento. Isso aumenta a chance de surgimento de uma doença emergente”, explica.

Outros investimentos

Os pesquisadores recomendam ainda um investimento entre US$ 217 milhões e US$ 279 milhões milhões por ano, pelos próximos dez anos, em medidas precoces de detecção e controle de novas doenças. Nesse quesito, eles sugerem a criação de um acervo de genética viral, tanto para ajudar a identificar a fonte de novos patógenos emergentes, quanto para acelerar o desenvolvimento de testes sorológicos para monitorar surtos futuros e de vacinas para preveni-los.

Para acabar com o comércio de animais silvestres na China e educar consumidores e caçadores sobre os riscos potenciais, os pesquisadores estimam um gasto de US$19 milhões por ano. Outros US$ 852 milhões deveriam ser alocados na redução da transmissão de vírus interespécies na criação de animais domésticos para consumo humano.

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