COP avança, mas disputa entre China e EUA ameaça 2ª semana


Tensão entre os dois principais emissores de gases do efeito estufa persiste e pode atrapalhar desfecho positivo para a preservação do planeta

Por Emilio Sant'Anna

A busca por protagonismo entre os líderes mundiais e o ineditismo de alguns dos acordos fizeram da primeira semana da COP-26, em Glasgow, no Reino Unido, um início promissor das negociações entre os países. Ainda assim, a tensão entre os dois principais emissores de gases do efeito estufa do mundo, Estados Unidos e China, se mantém, o que pode atrapalhar os resultados do que está por vir: o desfecho da Cúpula do Clima da ONU e um de seus pontos principais, a regulamentação do mercado de crédito de carbono

Paralelamente a isso, o alinhamento do Brasil aos EUA e União Europeia, se não surpreendeu (dada a impossibilidade de manter a mesma postura beligerante adotada desde o início da gestão Jair Bolsonaro) serviu para suavizar a imagem desgastada do País. 

O presidente Biden durante pronunciamento para anunciar metas de redução de metano Foto: EFE/EPA/YONHAP SOUTH KOREA OUT

Resultados mais concretos das negociações começam a aparecer, de fato, na segunda semana. Ou seja, do promissor ao frustrante, a distância pode ser curta. Ainda assim, alguns resultados até agora são significativos. O acordo internacional de metano, com a adesão de 90 países ao compromisso de reduzir as emissões do poluente (o Brasil entre eles), o comprometimento de 46 nações em abandonar o carvão mineral e a promessa de cem governos de colocar fim ao desmatamento (mais uma vez o Brasil entre eles), foram alguns dos principais pontos.

Além desses, outros anúncios importantes ocorreram: o fundo de US$ 130 trilhões em capital privado que se comprometeu com a transição para carbono zero e as primeiras negociações para viabilizar o fundo de US$ 1 bilhão anuais mantido pelos países ricos e voltados para as nações em desenvolvimento, além da promessa de US$ 1,7 bilhão em financiamento climático para povos indígenas. 

Disputa

O acordo do metano começou a desenhar a disputa aberta entre EUA e China. Anunciado na terça-feira, e liderado pelos EUA, mais de cem países assinaram o compromisso que prevê reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, ante os níveis do ano passado. China, Rússia e Índia, ficaram fora da lista.

Embora desapareça mais rápido da atmosfera do que o gás carbônico, o metano tem um potencial de aquecimento cerca de 80 vezes maior. Por isso, reduzir a liberação desse poluente é considerada uma estratégia para acelerar o combate às mudanças climáticas. 

Se o mundo esperava que a saída de cena de Donald Trump amenizasse a relação com a China, no plano concreto, as coisas não são tão fáceis. "O que mudou com Joe Biden é que a possibilidade de chegarem a um acordo é mais possível, mas ambos têm um histórico de relação conflitante e problemas internos também para resolver, como a grande dependência do carvão", diz o professor do departamento de Relações Internacionais da UERJ, Maurício Santoro. 

Aqui pesam não só a relação conflituosa entre os dois maiores emissores de CO2 do planeta, mas também suas enormes dependências de uma matriz energética poluidora. "É possível chegar a um consenso, mas não é fácil, sobretudo pelos problemas econômicos trazidos pela pandemia", afirma. 

Compromisso

A promessa de cem governos de colocar fim ao desmatamento até 2030 foi a primeira ação em Glasgow em que o presidente americano se colocou à frente das negociações, assumindo protagonismo abandonado na era Trump. Esse grupo de nações reúne 85% das florestas do mundo e terá aporte de US$ 19 bilhões de fundos públicos e privados. "Nossas florestas são também o modo como a natureza captura o carbono, tirando gás carbônico (CO2) da atmosfera", disse Biden ao lançar a iniciativa.

Nova era

"Está chegando o momento em que estamos devolvendo o carvão aos livros de história", disse Alok Sharma, presidente da COP-26, no anúncio em que 46 nações disseram que irão abandonar o uso do carvão mineral. 

EUA e a China não aderiram ao acordo, mas se comprometeram a não mais financiar projetos baseados no carvão em outros países. "Do ponto de vista dos principais países que fazem uso do carvão é um compromisso ainda muito baixo", diz Maiara Folly, diretora de programas da Plataforma CIPÓ, uma think thank ambiental que está em Glasgow.

Semana decisiva

Para ela, em geral, apesar dos anúncios positivos, os compromissos assumidos pelos países ainda estão abaixo do esperado. Um reflexo disso pode ser visto na negociação para a viabilização do fundo anual de US$ 1 bilhão para o combate às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento. 

Apesar de os países desenvolvidos terem mostrado vontade de negociar e terem aumentado os valores repassados para esse fundo, nas primeiras negociações o valor não foi atingido. Em contrapartida, as nações mais vulneráveis pediram garantias de que ao menos US$ 5 bilhões estejam disponíveis para os próximos cinco anos.

A busca por protagonismo entre os líderes mundiais e o ineditismo de alguns dos acordos fizeram da primeira semana da COP-26, em Glasgow, no Reino Unido, um início promissor das negociações entre os países. Ainda assim, a tensão entre os dois principais emissores de gases do efeito estufa do mundo, Estados Unidos e China, se mantém, o que pode atrapalhar os resultados do que está por vir: o desfecho da Cúpula do Clima da ONU e um de seus pontos principais, a regulamentação do mercado de crédito de carbono

Paralelamente a isso, o alinhamento do Brasil aos EUA e União Europeia, se não surpreendeu (dada a impossibilidade de manter a mesma postura beligerante adotada desde o início da gestão Jair Bolsonaro) serviu para suavizar a imagem desgastada do País. 

O presidente Biden durante pronunciamento para anunciar metas de redução de metano Foto: EFE/EPA/YONHAP SOUTH KOREA OUT

Resultados mais concretos das negociações começam a aparecer, de fato, na segunda semana. Ou seja, do promissor ao frustrante, a distância pode ser curta. Ainda assim, alguns resultados até agora são significativos. O acordo internacional de metano, com a adesão de 90 países ao compromisso de reduzir as emissões do poluente (o Brasil entre eles), o comprometimento de 46 nações em abandonar o carvão mineral e a promessa de cem governos de colocar fim ao desmatamento (mais uma vez o Brasil entre eles), foram alguns dos principais pontos.

Além desses, outros anúncios importantes ocorreram: o fundo de US$ 130 trilhões em capital privado que se comprometeu com a transição para carbono zero e as primeiras negociações para viabilizar o fundo de US$ 1 bilhão anuais mantido pelos países ricos e voltados para as nações em desenvolvimento, além da promessa de US$ 1,7 bilhão em financiamento climático para povos indígenas. 

Disputa

O acordo do metano começou a desenhar a disputa aberta entre EUA e China. Anunciado na terça-feira, e liderado pelos EUA, mais de cem países assinaram o compromisso que prevê reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, ante os níveis do ano passado. China, Rússia e Índia, ficaram fora da lista.

Embora desapareça mais rápido da atmosfera do que o gás carbônico, o metano tem um potencial de aquecimento cerca de 80 vezes maior. Por isso, reduzir a liberação desse poluente é considerada uma estratégia para acelerar o combate às mudanças climáticas. 

Se o mundo esperava que a saída de cena de Donald Trump amenizasse a relação com a China, no plano concreto, as coisas não são tão fáceis. "O que mudou com Joe Biden é que a possibilidade de chegarem a um acordo é mais possível, mas ambos têm um histórico de relação conflitante e problemas internos também para resolver, como a grande dependência do carvão", diz o professor do departamento de Relações Internacionais da UERJ, Maurício Santoro. 

Aqui pesam não só a relação conflituosa entre os dois maiores emissores de CO2 do planeta, mas também suas enormes dependências de uma matriz energética poluidora. "É possível chegar a um consenso, mas não é fácil, sobretudo pelos problemas econômicos trazidos pela pandemia", afirma. 

Compromisso

A promessa de cem governos de colocar fim ao desmatamento até 2030 foi a primeira ação em Glasgow em que o presidente americano se colocou à frente das negociações, assumindo protagonismo abandonado na era Trump. Esse grupo de nações reúne 85% das florestas do mundo e terá aporte de US$ 19 bilhões de fundos públicos e privados. "Nossas florestas são também o modo como a natureza captura o carbono, tirando gás carbônico (CO2) da atmosfera", disse Biden ao lançar a iniciativa.

Nova era

"Está chegando o momento em que estamos devolvendo o carvão aos livros de história", disse Alok Sharma, presidente da COP-26, no anúncio em que 46 nações disseram que irão abandonar o uso do carvão mineral. 

EUA e a China não aderiram ao acordo, mas se comprometeram a não mais financiar projetos baseados no carvão em outros países. "Do ponto de vista dos principais países que fazem uso do carvão é um compromisso ainda muito baixo", diz Maiara Folly, diretora de programas da Plataforma CIPÓ, uma think thank ambiental que está em Glasgow.

Semana decisiva

Para ela, em geral, apesar dos anúncios positivos, os compromissos assumidos pelos países ainda estão abaixo do esperado. Um reflexo disso pode ser visto na negociação para a viabilização do fundo anual de US$ 1 bilhão para o combate às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento. 

Apesar de os países desenvolvidos terem mostrado vontade de negociar e terem aumentado os valores repassados para esse fundo, nas primeiras negociações o valor não foi atingido. Em contrapartida, as nações mais vulneráveis pediram garantias de que ao menos US$ 5 bilhões estejam disponíveis para os próximos cinco anos.

A busca por protagonismo entre os líderes mundiais e o ineditismo de alguns dos acordos fizeram da primeira semana da COP-26, em Glasgow, no Reino Unido, um início promissor das negociações entre os países. Ainda assim, a tensão entre os dois principais emissores de gases do efeito estufa do mundo, Estados Unidos e China, se mantém, o que pode atrapalhar os resultados do que está por vir: o desfecho da Cúpula do Clima da ONU e um de seus pontos principais, a regulamentação do mercado de crédito de carbono

Paralelamente a isso, o alinhamento do Brasil aos EUA e União Europeia, se não surpreendeu (dada a impossibilidade de manter a mesma postura beligerante adotada desde o início da gestão Jair Bolsonaro) serviu para suavizar a imagem desgastada do País. 

O presidente Biden durante pronunciamento para anunciar metas de redução de metano Foto: EFE/EPA/YONHAP SOUTH KOREA OUT

Resultados mais concretos das negociações começam a aparecer, de fato, na segunda semana. Ou seja, do promissor ao frustrante, a distância pode ser curta. Ainda assim, alguns resultados até agora são significativos. O acordo internacional de metano, com a adesão de 90 países ao compromisso de reduzir as emissões do poluente (o Brasil entre eles), o comprometimento de 46 nações em abandonar o carvão mineral e a promessa de cem governos de colocar fim ao desmatamento (mais uma vez o Brasil entre eles), foram alguns dos principais pontos.

Além desses, outros anúncios importantes ocorreram: o fundo de US$ 130 trilhões em capital privado que se comprometeu com a transição para carbono zero e as primeiras negociações para viabilizar o fundo de US$ 1 bilhão anuais mantido pelos países ricos e voltados para as nações em desenvolvimento, além da promessa de US$ 1,7 bilhão em financiamento climático para povos indígenas. 

Disputa

O acordo do metano começou a desenhar a disputa aberta entre EUA e China. Anunciado na terça-feira, e liderado pelos EUA, mais de cem países assinaram o compromisso que prevê reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, ante os níveis do ano passado. China, Rússia e Índia, ficaram fora da lista.

Embora desapareça mais rápido da atmosfera do que o gás carbônico, o metano tem um potencial de aquecimento cerca de 80 vezes maior. Por isso, reduzir a liberação desse poluente é considerada uma estratégia para acelerar o combate às mudanças climáticas. 

Se o mundo esperava que a saída de cena de Donald Trump amenizasse a relação com a China, no plano concreto, as coisas não são tão fáceis. "O que mudou com Joe Biden é que a possibilidade de chegarem a um acordo é mais possível, mas ambos têm um histórico de relação conflitante e problemas internos também para resolver, como a grande dependência do carvão", diz o professor do departamento de Relações Internacionais da UERJ, Maurício Santoro. 

Aqui pesam não só a relação conflituosa entre os dois maiores emissores de CO2 do planeta, mas também suas enormes dependências de uma matriz energética poluidora. "É possível chegar a um consenso, mas não é fácil, sobretudo pelos problemas econômicos trazidos pela pandemia", afirma. 

Compromisso

A promessa de cem governos de colocar fim ao desmatamento até 2030 foi a primeira ação em Glasgow em que o presidente americano se colocou à frente das negociações, assumindo protagonismo abandonado na era Trump. Esse grupo de nações reúne 85% das florestas do mundo e terá aporte de US$ 19 bilhões de fundos públicos e privados. "Nossas florestas são também o modo como a natureza captura o carbono, tirando gás carbônico (CO2) da atmosfera", disse Biden ao lançar a iniciativa.

Nova era

"Está chegando o momento em que estamos devolvendo o carvão aos livros de história", disse Alok Sharma, presidente da COP-26, no anúncio em que 46 nações disseram que irão abandonar o uso do carvão mineral. 

EUA e a China não aderiram ao acordo, mas se comprometeram a não mais financiar projetos baseados no carvão em outros países. "Do ponto de vista dos principais países que fazem uso do carvão é um compromisso ainda muito baixo", diz Maiara Folly, diretora de programas da Plataforma CIPÓ, uma think thank ambiental que está em Glasgow.

Semana decisiva

Para ela, em geral, apesar dos anúncios positivos, os compromissos assumidos pelos países ainda estão abaixo do esperado. Um reflexo disso pode ser visto na negociação para a viabilização do fundo anual de US$ 1 bilhão para o combate às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento. 

Apesar de os países desenvolvidos terem mostrado vontade de negociar e terem aumentado os valores repassados para esse fundo, nas primeiras negociações o valor não foi atingido. Em contrapartida, as nações mais vulneráveis pediram garantias de que ao menos US$ 5 bilhões estejam disponíveis para os próximos cinco anos.

A busca por protagonismo entre os líderes mundiais e o ineditismo de alguns dos acordos fizeram da primeira semana da COP-26, em Glasgow, no Reino Unido, um início promissor das negociações entre os países. Ainda assim, a tensão entre os dois principais emissores de gases do efeito estufa do mundo, Estados Unidos e China, se mantém, o que pode atrapalhar os resultados do que está por vir: o desfecho da Cúpula do Clima da ONU e um de seus pontos principais, a regulamentação do mercado de crédito de carbono

Paralelamente a isso, o alinhamento do Brasil aos EUA e União Europeia, se não surpreendeu (dada a impossibilidade de manter a mesma postura beligerante adotada desde o início da gestão Jair Bolsonaro) serviu para suavizar a imagem desgastada do País. 

O presidente Biden durante pronunciamento para anunciar metas de redução de metano Foto: EFE/EPA/YONHAP SOUTH KOREA OUT

Resultados mais concretos das negociações começam a aparecer, de fato, na segunda semana. Ou seja, do promissor ao frustrante, a distância pode ser curta. Ainda assim, alguns resultados até agora são significativos. O acordo internacional de metano, com a adesão de 90 países ao compromisso de reduzir as emissões do poluente (o Brasil entre eles), o comprometimento de 46 nações em abandonar o carvão mineral e a promessa de cem governos de colocar fim ao desmatamento (mais uma vez o Brasil entre eles), foram alguns dos principais pontos.

Além desses, outros anúncios importantes ocorreram: o fundo de US$ 130 trilhões em capital privado que se comprometeu com a transição para carbono zero e as primeiras negociações para viabilizar o fundo de US$ 1 bilhão anuais mantido pelos países ricos e voltados para as nações em desenvolvimento, além da promessa de US$ 1,7 bilhão em financiamento climático para povos indígenas. 

Disputa

O acordo do metano começou a desenhar a disputa aberta entre EUA e China. Anunciado na terça-feira, e liderado pelos EUA, mais de cem países assinaram o compromisso que prevê reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, ante os níveis do ano passado. China, Rússia e Índia, ficaram fora da lista.

Embora desapareça mais rápido da atmosfera do que o gás carbônico, o metano tem um potencial de aquecimento cerca de 80 vezes maior. Por isso, reduzir a liberação desse poluente é considerada uma estratégia para acelerar o combate às mudanças climáticas. 

Se o mundo esperava que a saída de cena de Donald Trump amenizasse a relação com a China, no plano concreto, as coisas não são tão fáceis. "O que mudou com Joe Biden é que a possibilidade de chegarem a um acordo é mais possível, mas ambos têm um histórico de relação conflitante e problemas internos também para resolver, como a grande dependência do carvão", diz o professor do departamento de Relações Internacionais da UERJ, Maurício Santoro. 

Aqui pesam não só a relação conflituosa entre os dois maiores emissores de CO2 do planeta, mas também suas enormes dependências de uma matriz energética poluidora. "É possível chegar a um consenso, mas não é fácil, sobretudo pelos problemas econômicos trazidos pela pandemia", afirma. 

Compromisso

A promessa de cem governos de colocar fim ao desmatamento até 2030 foi a primeira ação em Glasgow em que o presidente americano se colocou à frente das negociações, assumindo protagonismo abandonado na era Trump. Esse grupo de nações reúne 85% das florestas do mundo e terá aporte de US$ 19 bilhões de fundos públicos e privados. "Nossas florestas são também o modo como a natureza captura o carbono, tirando gás carbônico (CO2) da atmosfera", disse Biden ao lançar a iniciativa.

Nova era

"Está chegando o momento em que estamos devolvendo o carvão aos livros de história", disse Alok Sharma, presidente da COP-26, no anúncio em que 46 nações disseram que irão abandonar o uso do carvão mineral. 

EUA e a China não aderiram ao acordo, mas se comprometeram a não mais financiar projetos baseados no carvão em outros países. "Do ponto de vista dos principais países que fazem uso do carvão é um compromisso ainda muito baixo", diz Maiara Folly, diretora de programas da Plataforma CIPÓ, uma think thank ambiental que está em Glasgow.

Semana decisiva

Para ela, em geral, apesar dos anúncios positivos, os compromissos assumidos pelos países ainda estão abaixo do esperado. Um reflexo disso pode ser visto na negociação para a viabilização do fundo anual de US$ 1 bilhão para o combate às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento. 

Apesar de os países desenvolvidos terem mostrado vontade de negociar e terem aumentado os valores repassados para esse fundo, nas primeiras negociações o valor não foi atingido. Em contrapartida, as nações mais vulneráveis pediram garantias de que ao menos US$ 5 bilhões estejam disponíveis para os próximos cinco anos.

A busca por protagonismo entre os líderes mundiais e o ineditismo de alguns dos acordos fizeram da primeira semana da COP-26, em Glasgow, no Reino Unido, um início promissor das negociações entre os países. Ainda assim, a tensão entre os dois principais emissores de gases do efeito estufa do mundo, Estados Unidos e China, se mantém, o que pode atrapalhar os resultados do que está por vir: o desfecho da Cúpula do Clima da ONU e um de seus pontos principais, a regulamentação do mercado de crédito de carbono

Paralelamente a isso, o alinhamento do Brasil aos EUA e União Europeia, se não surpreendeu (dada a impossibilidade de manter a mesma postura beligerante adotada desde o início da gestão Jair Bolsonaro) serviu para suavizar a imagem desgastada do País. 

O presidente Biden durante pronunciamento para anunciar metas de redução de metano Foto: EFE/EPA/YONHAP SOUTH KOREA OUT

Resultados mais concretos das negociações começam a aparecer, de fato, na segunda semana. Ou seja, do promissor ao frustrante, a distância pode ser curta. Ainda assim, alguns resultados até agora são significativos. O acordo internacional de metano, com a adesão de 90 países ao compromisso de reduzir as emissões do poluente (o Brasil entre eles), o comprometimento de 46 nações em abandonar o carvão mineral e a promessa de cem governos de colocar fim ao desmatamento (mais uma vez o Brasil entre eles), foram alguns dos principais pontos.

Além desses, outros anúncios importantes ocorreram: o fundo de US$ 130 trilhões em capital privado que se comprometeu com a transição para carbono zero e as primeiras negociações para viabilizar o fundo de US$ 1 bilhão anuais mantido pelos países ricos e voltados para as nações em desenvolvimento, além da promessa de US$ 1,7 bilhão em financiamento climático para povos indígenas. 

Disputa

O acordo do metano começou a desenhar a disputa aberta entre EUA e China. Anunciado na terça-feira, e liderado pelos EUA, mais de cem países assinaram o compromisso que prevê reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, ante os níveis do ano passado. China, Rússia e Índia, ficaram fora da lista.

Embora desapareça mais rápido da atmosfera do que o gás carbônico, o metano tem um potencial de aquecimento cerca de 80 vezes maior. Por isso, reduzir a liberação desse poluente é considerada uma estratégia para acelerar o combate às mudanças climáticas. 

Se o mundo esperava que a saída de cena de Donald Trump amenizasse a relação com a China, no plano concreto, as coisas não são tão fáceis. "O que mudou com Joe Biden é que a possibilidade de chegarem a um acordo é mais possível, mas ambos têm um histórico de relação conflitante e problemas internos também para resolver, como a grande dependência do carvão", diz o professor do departamento de Relações Internacionais da UERJ, Maurício Santoro. 

Aqui pesam não só a relação conflituosa entre os dois maiores emissores de CO2 do planeta, mas também suas enormes dependências de uma matriz energética poluidora. "É possível chegar a um consenso, mas não é fácil, sobretudo pelos problemas econômicos trazidos pela pandemia", afirma. 

Compromisso

A promessa de cem governos de colocar fim ao desmatamento até 2030 foi a primeira ação em Glasgow em que o presidente americano se colocou à frente das negociações, assumindo protagonismo abandonado na era Trump. Esse grupo de nações reúne 85% das florestas do mundo e terá aporte de US$ 19 bilhões de fundos públicos e privados. "Nossas florestas são também o modo como a natureza captura o carbono, tirando gás carbônico (CO2) da atmosfera", disse Biden ao lançar a iniciativa.

Nova era

"Está chegando o momento em que estamos devolvendo o carvão aos livros de história", disse Alok Sharma, presidente da COP-26, no anúncio em que 46 nações disseram que irão abandonar o uso do carvão mineral. 

EUA e a China não aderiram ao acordo, mas se comprometeram a não mais financiar projetos baseados no carvão em outros países. "Do ponto de vista dos principais países que fazem uso do carvão é um compromisso ainda muito baixo", diz Maiara Folly, diretora de programas da Plataforma CIPÓ, uma think thank ambiental que está em Glasgow.

Semana decisiva

Para ela, em geral, apesar dos anúncios positivos, os compromissos assumidos pelos países ainda estão abaixo do esperado. Um reflexo disso pode ser visto na negociação para a viabilização do fundo anual de US$ 1 bilhão para o combate às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento. 

Apesar de os países desenvolvidos terem mostrado vontade de negociar e terem aumentado os valores repassados para esse fundo, nas primeiras negociações o valor não foi atingido. Em contrapartida, as nações mais vulneráveis pediram garantias de que ao menos US$ 5 bilhões estejam disponíveis para os próximos cinco anos.

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