Desmate da Amazônia em gestão Bolsonaro equivale à área do Estado do Rio de Janeiro


Em quatro anos do atual governo, saldo de perda da floresta nativa deve ser de 47 mil km², conforme dados e projeções do Inpe. Área supera todo o território do Estado do Rio de Janeiro

Por André Borges
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, deve terminar os quatro anos de gestão com um total de 47 mil km² de desmatamento na Amazônia. O número representa o total da área destruída segundo as estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entre 2019 e 2022 e é 60% maior do que o registrado nos quatro anos anteriores no governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

A área desmatada na gestão Bolsonaro é maior do que todo o Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, com seus 43 mil km². Se esse estrago for comparado com a extensão da cidade de São Paulo, equivale a dizer que, durante o governo do atual presidente, uma área de floresta equivalente à capital paulista foi desmatada a cada 45 dias.

Segundo o Inpe, o volume de desmatamento já consolidado de 2019, 2020 e 2021 soma 34 mil km² de vegetação perdida. Neste ano, segundo os especialistas, uma projeção extremamente conservadora indica, pelo menos, mais 12 mil km² de derrubadas, mas os indicativos são de que esse volume de 2022 deve ficar próximo de 15 mil km².

Volume de desmatamento registrado nos quatro anos da gestão Bolsonaro supera em 60% o volume verificado nos quatro anos anteriores, de 2015 a 2018. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Esses números estão fora da curva histórica. Os dados do Inpe indicam que, nos quatro anos anteriores, de 2015 a 2018, o volume total de desmatamento da Amazônia chegou a 28.583 km².

A reportagem questionou o Ministério do Meio Ambiente (MMA) sobre os dados de desmatamento, mas a pasta declarou que não iria comentar porque a questão deve ser respondida pela pasta da Justiça. Órgãos federais de combate ao desmatamento, como Ibama e o Instituto Chico Mendes (ICMBio), são diretamente vinculados ao Ministério do Meio Ambiente.

A operação Guardiões do Bioma, que combate ilícitos ambientais, é coordenada pelo Ministério da Justiça. A ação – que reúne agentes da Força Nacional, do Ibama e do ICMBio – só foi lançada em julho de 2021, dois anos e meio depois de Bolsonaro chegar ao Palácio do Planalto. Também questionado pela reportagem, o Ministério da Justiça não respondeu.

O consultor jurídico do Instituto Socioambiental (ISA), Mauricio Guetta, afirma que os dados expõem a forma como a gestão Bolsonaro sempre encarou a área ambiental. “Desde o primeiro dia de 2019, o governo incentivou, sistematicamente, a criminalidade ambiental e desmontou todas as políticas e instituições públicas de proteção do meio ambiente. O resultado é o descontrole do desmatamento e de outras atividades ilegais, como o garimpo em terras indígenas, além do descumprimento das metas climáticas”, diz.

Professor de Direito Ambiental, Guetta chama a atenção ainda para os danos externos que estes números produzem para a economia e imagem do Brasil. “Os prejuízos são irreparáveis não apenas nas esferas ambiental e social, mas também na econômica, com perda de investimentos e de credibilidade internacional.”

Para Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, há possibilidade de a “tragédia aumentar ainda mais”, uma vez que Bolsonaro, caso reeleito, não tem sinalizado para uma mudança de políticas de preservação da floresta. A rede é formada por 68 organizações da sociedade civil brasileira que atuam na agenda socioambiental e do clima.

Emissões de carbono dobraram na Amazônia

Estudo realizado por 30 cientistas brasileiros e divulgado na quarta-feira, 5 pelo Observatório do Clima mostra que os recordes de desmatamento e queimadas nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro causaram aumento de 89% nas emissões de gás carbônico em 2019 e de 122% em 2020, na comparação com a média anual registrada entre 2010 e 2018.

O estudo, coordenado pela pesquisadora do Inpe Luciana Gatti, aponta que em 2019 o aumento das emissões foi resultado da alta de 79% no desmatamento e de 14% na área queimada na Amazônia, na comparação com a média dos nove anos que antecederam o atual governo.

No primeiro ano da gestão Bolsonaro, as multas ambientais aplicadas caíram 30%. A queda nas multas pagas foi ainda maior, de 74%. Em 2020, quando as emissões de CO2 mais que dobraram, o desmatamento subiu 74% e a área queimada teve alta de 42%. Já as multas aplicadas despencaram 54%, enquanto as pagas despencaram 89%.

Perspectiva de recorde. As medições do Inpe consolidadas pelo Prodes têm início em agosto de um ano, até julho do ano seguinte. Isso significa, na prática, que há uma tendência de que o desmatamento aumente ainda mais na gestão Bolsonaro, se considerado que os dados deste fim de ano ainda não foram computados.

As indicações preliminares apontam que há uma verdadeira corrida pela extração de madeira e queimadas neste último trimestre do ano, quando se encerra o mandato federal. Números do Inpe apontam que, apenas em setembro, foram registrados 1.120 km² de devastação, contra 984 km² verificados no mesmo mês do ano passado. A alta também se repetiu em agosto, com 1.661 km² derrubados no período, o dobro do contabilizado em agosto de 2021, segundo informações do sistema Deter, do Inpe, que projeta os dados mensalmente.

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, deve terminar os quatro anos de gestão com um total de 47 mil km² de desmatamento na Amazônia. O número representa o total da área destruída segundo as estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entre 2019 e 2022 e é 60% maior do que o registrado nos quatro anos anteriores no governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

A área desmatada na gestão Bolsonaro é maior do que todo o Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, com seus 43 mil km². Se esse estrago for comparado com a extensão da cidade de São Paulo, equivale a dizer que, durante o governo do atual presidente, uma área de floresta equivalente à capital paulista foi desmatada a cada 45 dias.

Segundo o Inpe, o volume de desmatamento já consolidado de 2019, 2020 e 2021 soma 34 mil km² de vegetação perdida. Neste ano, segundo os especialistas, uma projeção extremamente conservadora indica, pelo menos, mais 12 mil km² de derrubadas, mas os indicativos são de que esse volume de 2022 deve ficar próximo de 15 mil km².

Volume de desmatamento registrado nos quatro anos da gestão Bolsonaro supera em 60% o volume verificado nos quatro anos anteriores, de 2015 a 2018. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Esses números estão fora da curva histórica. Os dados do Inpe indicam que, nos quatro anos anteriores, de 2015 a 2018, o volume total de desmatamento da Amazônia chegou a 28.583 km².

A reportagem questionou o Ministério do Meio Ambiente (MMA) sobre os dados de desmatamento, mas a pasta declarou que não iria comentar porque a questão deve ser respondida pela pasta da Justiça. Órgãos federais de combate ao desmatamento, como Ibama e o Instituto Chico Mendes (ICMBio), são diretamente vinculados ao Ministério do Meio Ambiente.

A operação Guardiões do Bioma, que combate ilícitos ambientais, é coordenada pelo Ministério da Justiça. A ação – que reúne agentes da Força Nacional, do Ibama e do ICMBio – só foi lançada em julho de 2021, dois anos e meio depois de Bolsonaro chegar ao Palácio do Planalto. Também questionado pela reportagem, o Ministério da Justiça não respondeu.

O consultor jurídico do Instituto Socioambiental (ISA), Mauricio Guetta, afirma que os dados expõem a forma como a gestão Bolsonaro sempre encarou a área ambiental. “Desde o primeiro dia de 2019, o governo incentivou, sistematicamente, a criminalidade ambiental e desmontou todas as políticas e instituições públicas de proteção do meio ambiente. O resultado é o descontrole do desmatamento e de outras atividades ilegais, como o garimpo em terras indígenas, além do descumprimento das metas climáticas”, diz.

Professor de Direito Ambiental, Guetta chama a atenção ainda para os danos externos que estes números produzem para a economia e imagem do Brasil. “Os prejuízos são irreparáveis não apenas nas esferas ambiental e social, mas também na econômica, com perda de investimentos e de credibilidade internacional.”

Para Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, há possibilidade de a “tragédia aumentar ainda mais”, uma vez que Bolsonaro, caso reeleito, não tem sinalizado para uma mudança de políticas de preservação da floresta. A rede é formada por 68 organizações da sociedade civil brasileira que atuam na agenda socioambiental e do clima.

Emissões de carbono dobraram na Amazônia

Estudo realizado por 30 cientistas brasileiros e divulgado na quarta-feira, 5 pelo Observatório do Clima mostra que os recordes de desmatamento e queimadas nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro causaram aumento de 89% nas emissões de gás carbônico em 2019 e de 122% em 2020, na comparação com a média anual registrada entre 2010 e 2018.

O estudo, coordenado pela pesquisadora do Inpe Luciana Gatti, aponta que em 2019 o aumento das emissões foi resultado da alta de 79% no desmatamento e de 14% na área queimada na Amazônia, na comparação com a média dos nove anos que antecederam o atual governo.

No primeiro ano da gestão Bolsonaro, as multas ambientais aplicadas caíram 30%. A queda nas multas pagas foi ainda maior, de 74%. Em 2020, quando as emissões de CO2 mais que dobraram, o desmatamento subiu 74% e a área queimada teve alta de 42%. Já as multas aplicadas despencaram 54%, enquanto as pagas despencaram 89%.

Perspectiva de recorde. As medições do Inpe consolidadas pelo Prodes têm início em agosto de um ano, até julho do ano seguinte. Isso significa, na prática, que há uma tendência de que o desmatamento aumente ainda mais na gestão Bolsonaro, se considerado que os dados deste fim de ano ainda não foram computados.

As indicações preliminares apontam que há uma verdadeira corrida pela extração de madeira e queimadas neste último trimestre do ano, quando se encerra o mandato federal. Números do Inpe apontam que, apenas em setembro, foram registrados 1.120 km² de devastação, contra 984 km² verificados no mesmo mês do ano passado. A alta também se repetiu em agosto, com 1.661 km² derrubados no período, o dobro do contabilizado em agosto de 2021, segundo informações do sistema Deter, do Inpe, que projeta os dados mensalmente.

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, deve terminar os quatro anos de gestão com um total de 47 mil km² de desmatamento na Amazônia. O número representa o total da área destruída segundo as estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entre 2019 e 2022 e é 60% maior do que o registrado nos quatro anos anteriores no governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

A área desmatada na gestão Bolsonaro é maior do que todo o Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, com seus 43 mil km². Se esse estrago for comparado com a extensão da cidade de São Paulo, equivale a dizer que, durante o governo do atual presidente, uma área de floresta equivalente à capital paulista foi desmatada a cada 45 dias.

Segundo o Inpe, o volume de desmatamento já consolidado de 2019, 2020 e 2021 soma 34 mil km² de vegetação perdida. Neste ano, segundo os especialistas, uma projeção extremamente conservadora indica, pelo menos, mais 12 mil km² de derrubadas, mas os indicativos são de que esse volume de 2022 deve ficar próximo de 15 mil km².

Volume de desmatamento registrado nos quatro anos da gestão Bolsonaro supera em 60% o volume verificado nos quatro anos anteriores, de 2015 a 2018. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Esses números estão fora da curva histórica. Os dados do Inpe indicam que, nos quatro anos anteriores, de 2015 a 2018, o volume total de desmatamento da Amazônia chegou a 28.583 km².

A reportagem questionou o Ministério do Meio Ambiente (MMA) sobre os dados de desmatamento, mas a pasta declarou que não iria comentar porque a questão deve ser respondida pela pasta da Justiça. Órgãos federais de combate ao desmatamento, como Ibama e o Instituto Chico Mendes (ICMBio), são diretamente vinculados ao Ministério do Meio Ambiente.

A operação Guardiões do Bioma, que combate ilícitos ambientais, é coordenada pelo Ministério da Justiça. A ação – que reúne agentes da Força Nacional, do Ibama e do ICMBio – só foi lançada em julho de 2021, dois anos e meio depois de Bolsonaro chegar ao Palácio do Planalto. Também questionado pela reportagem, o Ministério da Justiça não respondeu.

O consultor jurídico do Instituto Socioambiental (ISA), Mauricio Guetta, afirma que os dados expõem a forma como a gestão Bolsonaro sempre encarou a área ambiental. “Desde o primeiro dia de 2019, o governo incentivou, sistematicamente, a criminalidade ambiental e desmontou todas as políticas e instituições públicas de proteção do meio ambiente. O resultado é o descontrole do desmatamento e de outras atividades ilegais, como o garimpo em terras indígenas, além do descumprimento das metas climáticas”, diz.

Professor de Direito Ambiental, Guetta chama a atenção ainda para os danos externos que estes números produzem para a economia e imagem do Brasil. “Os prejuízos são irreparáveis não apenas nas esferas ambiental e social, mas também na econômica, com perda de investimentos e de credibilidade internacional.”

Para Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, há possibilidade de a “tragédia aumentar ainda mais”, uma vez que Bolsonaro, caso reeleito, não tem sinalizado para uma mudança de políticas de preservação da floresta. A rede é formada por 68 organizações da sociedade civil brasileira que atuam na agenda socioambiental e do clima.

Emissões de carbono dobraram na Amazônia

Estudo realizado por 30 cientistas brasileiros e divulgado na quarta-feira, 5 pelo Observatório do Clima mostra que os recordes de desmatamento e queimadas nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro causaram aumento de 89% nas emissões de gás carbônico em 2019 e de 122% em 2020, na comparação com a média anual registrada entre 2010 e 2018.

O estudo, coordenado pela pesquisadora do Inpe Luciana Gatti, aponta que em 2019 o aumento das emissões foi resultado da alta de 79% no desmatamento e de 14% na área queimada na Amazônia, na comparação com a média dos nove anos que antecederam o atual governo.

No primeiro ano da gestão Bolsonaro, as multas ambientais aplicadas caíram 30%. A queda nas multas pagas foi ainda maior, de 74%. Em 2020, quando as emissões de CO2 mais que dobraram, o desmatamento subiu 74% e a área queimada teve alta de 42%. Já as multas aplicadas despencaram 54%, enquanto as pagas despencaram 89%.

Perspectiva de recorde. As medições do Inpe consolidadas pelo Prodes têm início em agosto de um ano, até julho do ano seguinte. Isso significa, na prática, que há uma tendência de que o desmatamento aumente ainda mais na gestão Bolsonaro, se considerado que os dados deste fim de ano ainda não foram computados.

As indicações preliminares apontam que há uma verdadeira corrida pela extração de madeira e queimadas neste último trimestre do ano, quando se encerra o mandato federal. Números do Inpe apontam que, apenas em setembro, foram registrados 1.120 km² de devastação, contra 984 km² verificados no mesmo mês do ano passado. A alta também se repetiu em agosto, com 1.661 km² derrubados no período, o dobro do contabilizado em agosto de 2021, segundo informações do sistema Deter, do Inpe, que projeta os dados mensalmente.

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, deve terminar os quatro anos de gestão com um total de 47 mil km² de desmatamento na Amazônia. O número representa o total da área destruída segundo as estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entre 2019 e 2022 e é 60% maior do que o registrado nos quatro anos anteriores no governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

A área desmatada na gestão Bolsonaro é maior do que todo o Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, com seus 43 mil km². Se esse estrago for comparado com a extensão da cidade de São Paulo, equivale a dizer que, durante o governo do atual presidente, uma área de floresta equivalente à capital paulista foi desmatada a cada 45 dias.

Segundo o Inpe, o volume de desmatamento já consolidado de 2019, 2020 e 2021 soma 34 mil km² de vegetação perdida. Neste ano, segundo os especialistas, uma projeção extremamente conservadora indica, pelo menos, mais 12 mil km² de derrubadas, mas os indicativos são de que esse volume de 2022 deve ficar próximo de 15 mil km².

Volume de desmatamento registrado nos quatro anos da gestão Bolsonaro supera em 60% o volume verificado nos quatro anos anteriores, de 2015 a 2018. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Esses números estão fora da curva histórica. Os dados do Inpe indicam que, nos quatro anos anteriores, de 2015 a 2018, o volume total de desmatamento da Amazônia chegou a 28.583 km².

A reportagem questionou o Ministério do Meio Ambiente (MMA) sobre os dados de desmatamento, mas a pasta declarou que não iria comentar porque a questão deve ser respondida pela pasta da Justiça. Órgãos federais de combate ao desmatamento, como Ibama e o Instituto Chico Mendes (ICMBio), são diretamente vinculados ao Ministério do Meio Ambiente.

A operação Guardiões do Bioma, que combate ilícitos ambientais, é coordenada pelo Ministério da Justiça. A ação – que reúne agentes da Força Nacional, do Ibama e do ICMBio – só foi lançada em julho de 2021, dois anos e meio depois de Bolsonaro chegar ao Palácio do Planalto. Também questionado pela reportagem, o Ministério da Justiça não respondeu.

O consultor jurídico do Instituto Socioambiental (ISA), Mauricio Guetta, afirma que os dados expõem a forma como a gestão Bolsonaro sempre encarou a área ambiental. “Desde o primeiro dia de 2019, o governo incentivou, sistematicamente, a criminalidade ambiental e desmontou todas as políticas e instituições públicas de proteção do meio ambiente. O resultado é o descontrole do desmatamento e de outras atividades ilegais, como o garimpo em terras indígenas, além do descumprimento das metas climáticas”, diz.

Professor de Direito Ambiental, Guetta chama a atenção ainda para os danos externos que estes números produzem para a economia e imagem do Brasil. “Os prejuízos são irreparáveis não apenas nas esferas ambiental e social, mas também na econômica, com perda de investimentos e de credibilidade internacional.”

Para Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, há possibilidade de a “tragédia aumentar ainda mais”, uma vez que Bolsonaro, caso reeleito, não tem sinalizado para uma mudança de políticas de preservação da floresta. A rede é formada por 68 organizações da sociedade civil brasileira que atuam na agenda socioambiental e do clima.

Emissões de carbono dobraram na Amazônia

Estudo realizado por 30 cientistas brasileiros e divulgado na quarta-feira, 5 pelo Observatório do Clima mostra que os recordes de desmatamento e queimadas nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro causaram aumento de 89% nas emissões de gás carbônico em 2019 e de 122% em 2020, na comparação com a média anual registrada entre 2010 e 2018.

O estudo, coordenado pela pesquisadora do Inpe Luciana Gatti, aponta que em 2019 o aumento das emissões foi resultado da alta de 79% no desmatamento e de 14% na área queimada na Amazônia, na comparação com a média dos nove anos que antecederam o atual governo.

No primeiro ano da gestão Bolsonaro, as multas ambientais aplicadas caíram 30%. A queda nas multas pagas foi ainda maior, de 74%. Em 2020, quando as emissões de CO2 mais que dobraram, o desmatamento subiu 74% e a área queimada teve alta de 42%. Já as multas aplicadas despencaram 54%, enquanto as pagas despencaram 89%.

Perspectiva de recorde. As medições do Inpe consolidadas pelo Prodes têm início em agosto de um ano, até julho do ano seguinte. Isso significa, na prática, que há uma tendência de que o desmatamento aumente ainda mais na gestão Bolsonaro, se considerado que os dados deste fim de ano ainda não foram computados.

As indicações preliminares apontam que há uma verdadeira corrida pela extração de madeira e queimadas neste último trimestre do ano, quando se encerra o mandato federal. Números do Inpe apontam que, apenas em setembro, foram registrados 1.120 km² de devastação, contra 984 km² verificados no mesmo mês do ano passado. A alta também se repetiu em agosto, com 1.661 km² derrubados no período, o dobro do contabilizado em agosto de 2021, segundo informações do sistema Deter, do Inpe, que projeta os dados mensalmente.

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, deve terminar os quatro anos de gestão com um total de 47 mil km² de desmatamento na Amazônia. O número representa o total da área destruída segundo as estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entre 2019 e 2022 e é 60% maior do que o registrado nos quatro anos anteriores no governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

A área desmatada na gestão Bolsonaro é maior do que todo o Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, com seus 43 mil km². Se esse estrago for comparado com a extensão da cidade de São Paulo, equivale a dizer que, durante o governo do atual presidente, uma área de floresta equivalente à capital paulista foi desmatada a cada 45 dias.

Segundo o Inpe, o volume de desmatamento já consolidado de 2019, 2020 e 2021 soma 34 mil km² de vegetação perdida. Neste ano, segundo os especialistas, uma projeção extremamente conservadora indica, pelo menos, mais 12 mil km² de derrubadas, mas os indicativos são de que esse volume de 2022 deve ficar próximo de 15 mil km².

Volume de desmatamento registrado nos quatro anos da gestão Bolsonaro supera em 60% o volume verificado nos quatro anos anteriores, de 2015 a 2018. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Esses números estão fora da curva histórica. Os dados do Inpe indicam que, nos quatro anos anteriores, de 2015 a 2018, o volume total de desmatamento da Amazônia chegou a 28.583 km².

A reportagem questionou o Ministério do Meio Ambiente (MMA) sobre os dados de desmatamento, mas a pasta declarou que não iria comentar porque a questão deve ser respondida pela pasta da Justiça. Órgãos federais de combate ao desmatamento, como Ibama e o Instituto Chico Mendes (ICMBio), são diretamente vinculados ao Ministério do Meio Ambiente.

A operação Guardiões do Bioma, que combate ilícitos ambientais, é coordenada pelo Ministério da Justiça. A ação – que reúne agentes da Força Nacional, do Ibama e do ICMBio – só foi lançada em julho de 2021, dois anos e meio depois de Bolsonaro chegar ao Palácio do Planalto. Também questionado pela reportagem, o Ministério da Justiça não respondeu.

O consultor jurídico do Instituto Socioambiental (ISA), Mauricio Guetta, afirma que os dados expõem a forma como a gestão Bolsonaro sempre encarou a área ambiental. “Desde o primeiro dia de 2019, o governo incentivou, sistematicamente, a criminalidade ambiental e desmontou todas as políticas e instituições públicas de proteção do meio ambiente. O resultado é o descontrole do desmatamento e de outras atividades ilegais, como o garimpo em terras indígenas, além do descumprimento das metas climáticas”, diz.

Professor de Direito Ambiental, Guetta chama a atenção ainda para os danos externos que estes números produzem para a economia e imagem do Brasil. “Os prejuízos são irreparáveis não apenas nas esferas ambiental e social, mas também na econômica, com perda de investimentos e de credibilidade internacional.”

Para Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, há possibilidade de a “tragédia aumentar ainda mais”, uma vez que Bolsonaro, caso reeleito, não tem sinalizado para uma mudança de políticas de preservação da floresta. A rede é formada por 68 organizações da sociedade civil brasileira que atuam na agenda socioambiental e do clima.

Emissões de carbono dobraram na Amazônia

Estudo realizado por 30 cientistas brasileiros e divulgado na quarta-feira, 5 pelo Observatório do Clima mostra que os recordes de desmatamento e queimadas nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro causaram aumento de 89% nas emissões de gás carbônico em 2019 e de 122% em 2020, na comparação com a média anual registrada entre 2010 e 2018.

O estudo, coordenado pela pesquisadora do Inpe Luciana Gatti, aponta que em 2019 o aumento das emissões foi resultado da alta de 79% no desmatamento e de 14% na área queimada na Amazônia, na comparação com a média dos nove anos que antecederam o atual governo.

No primeiro ano da gestão Bolsonaro, as multas ambientais aplicadas caíram 30%. A queda nas multas pagas foi ainda maior, de 74%. Em 2020, quando as emissões de CO2 mais que dobraram, o desmatamento subiu 74% e a área queimada teve alta de 42%. Já as multas aplicadas despencaram 54%, enquanto as pagas despencaram 89%.

Perspectiva de recorde. As medições do Inpe consolidadas pelo Prodes têm início em agosto de um ano, até julho do ano seguinte. Isso significa, na prática, que há uma tendência de que o desmatamento aumente ainda mais na gestão Bolsonaro, se considerado que os dados deste fim de ano ainda não foram computados.

As indicações preliminares apontam que há uma verdadeira corrida pela extração de madeira e queimadas neste último trimestre do ano, quando se encerra o mandato federal. Números do Inpe apontam que, apenas em setembro, foram registrados 1.120 km² de devastação, contra 984 km² verificados no mesmo mês do ano passado. A alta também se repetiu em agosto, com 1.661 km² derrubados no período, o dobro do contabilizado em agosto de 2021, segundo informações do sistema Deter, do Inpe, que projeta os dados mensalmente.

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