A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê um aumento da disseminação de doenças virais, como dengue, zika e febre chikungunya, devido ao fenômeno climático El Niño, que começou a se manifestar nas últimas semanas e deve influenciar o clima em várias partes do mundo ao longo deste ano.
“A OMS está se preparando para a muito alta probabilidade de que 2023 e 2024 serão marcados pelo evento El Niño, que pode aumentar a transmissão de dengue e outras chamadas arboviroses, como Zika e chikungunya”, disse nesta quarta-feira, 21, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.
Ele também afirmou que as mudanças climáticas estão favorecendo a reprodução de mosquitos - a incidência de dengue, transmitido pelo Aedes aegypti, já aumentou bastante nas últimas décadas, especialmente nas Américas. Há um surto recente no Peru, em meio ao qual a ministra da Saúde, Rosa Gutiérrez, renunciou, e em várias regiões do país foi declarado estado de emergência.
O El Niño se caracteriza pelo aumento anormal da temperatura da superfície do Oceano Pacífico na região próxima à Linha do Equador. O La Niña é outro fenômeno climático, exatamente oposto a ele: caracteriza-se pelo resfriamento anormal da temperatura desse mesmo oceano, também na região equatorial.
O La Niña se instalou em 2020 e durou três anos, com um breve período de neutralidade em 2021. Terminou em fevereiro passado. Em abril, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alertou para a formação do El Niño, o que foi confirmado recentemente pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).
Durante a vigência desse fenômeno, as águas do oceano Pacífico ficam pelo menos 0,5°C mais quentes do que a média, o que impacta nas condições climáticas em várias regiões do mundo.
Não é possível prever quanto tempo vai perdurar essa situação, mas modelos matemáticos usados por centros de pesquisa climática indicam uma probabilidade acima de 90% de permanência do El Niño durante todo o inverno, com chance de se prolongar até a primavera. O modelo adotado pelo APEC Climate Center, centro de pesquisa sediado na Coréia do Sul, indica que o fenômeno terá intensidade de moderada a forte.
É provável que o fenômeno produza climas extremos até o final deste ano, de ciclones tropicais dirigindo-se às ilhas do Pacífico a fortes chuvas na América do Sul ou secas na Austrália e em parte da Ásia. / COM AGÊNCIAS