BRASÍLIA – Os primeiros 15 dias de setembro já foram suficientes para superar todo o volume de queimada registrada na Amazônia no mesmo mês do ano passado. Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, entre 1 e 15 de setembro, foram registrados 21.349 focos de incêndio na floresta amazônica. Durante os 30 dias de setembro de 2019, o número total registrado havia sido de 19.925 focos.
Se observado o avanço dos incêndios durante todo o ano de 2020, chega-se a um total de 65.362 focos de queimadas até o momento. Isso já equivale a 73% do que pegou fogo durante os 12 meses de 2019, quando foram contabilizados 89.176 focos de incêndio na Amazônia, conforme registrados de satélite captados pelo Inpe.
Em área desmatada, os dados captados pelo Inpe apontam que o mês de agosto de 2020 foi o segundo pior dos últimos anos, com 1.358 km quadrados da região desmatados, antes 1.714 km quadrados verificados em agosto de 2019.
Organizações fazem proposta ao governo
Como revelou nesta quarta-feira, 15, o Estadão, uma coalizão formada por 230 organizações e empresas ligadas às áreas do meio ambiente e do agronegócio enviou ao governo federal um conjunto de seis propostas para deter o desmatamento que destrói a Amazônia. O documento, ao qual a reportagem teve acesso exclusivo, foi encaminhado ao presidente Jair Bolsonaro e ao vice-presidente Hamilton Mourão, além dos ministérios da Agricultura, Meio Ambiente, Economia e Ciência e Tecnologia.
Em entrevista ontem no Palácio do Planalto, Mourão afirmou que “alguém” no Inpe que faz “oposição” ao governo do presidente Jair Bolsonaro prioriza a divulgação de dados negativos sobre queimadas. Nesta quarta-feira, 16, ele tinha em sua agenda um encontro com o diretor interino do instituto, Policarpo Damião, prevista para o período da tarde.
Mais cedo,durante aula-debate online promovida pelo Núcleo de Estudo Luso-Brasileiro da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, o vice-presidente afirmou que há uma visão internacional distorcida sobre as queimadas e o desmatamento ilegal na Amazônia. "Não negamos ou escondemos informação sobre a gravidade da situação, mas também não aceitamos narrativas simplistas e distorcidas”, disse Mourão.