Relatório global divulgado pela Convenção-Quadro das Nações Unidas (ONU) sobre Mudança do Clima (UNFCCC) nesta sexta-feira, 8, aponta que os esforços mundiais não têm sido suficientes para conter o avanço das mudanças climáticas. O documento aponta que o ritmo atual de resposta e ações dos países signatários do Acordo de Paris não conseguirá conter o aumento da temperatura global entre 2,4º C e 2,6º C da revolução industrial até o fim deste século, como foi tratado na COP27.
O documento aponta que os esforços devem ser potencializados. Também elenca 17 pontos chave sobre o panorama atual e ações necessárias.
O relatório ressalta, por exemplo, que os países desenvolvidos devem continuar a estabelecer metas de redução de emissão, enquanto as nações em desenvolvimento a buscar ações de mitigação. “Alcançar emissões líquidas zero até meados do século ou por volta dessa data e implementar adaptações transformadoras simultâneas requerem mudanças amplas e rápidas nas práticas existentes”, diz.
O material também salienta que a emissão zero de carbono e de gases do efeito estufa requer transformações em todos os setores e contextos, o que inclui a expansão do uso de energias renováveis e a eliminação gradual da utilização de combustíveis fósseis. Da mesma forma, aponta que reverter o desmatamento e melhorar a agricultura são fundamentais na redução das emissões.
“As emissões globais não estão alinhadas com as trajetórias modeladas de mitigação consistentes com a meta de temperatura do Acordo de Paris, e há uma janela se estreitando rapidamente para aumentar a ambição e implementar os compromissos existentes, a fim de limitar o aquecimento a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais”, destaca.
O documento lista 17 pontos chave no processo de combate às mudanças climáticas, são eles:
- O Acordo de Paris impulsionou uma evolução quase universal na ação climática, estabelecendo metas e enviando sinais ao mundo sobre a urgência de resposta à crise climática, e é necessário muito mais agora em todas as frentes;
- É preciso fortalecer a resposta global à ameaça das mudanças climáticas no contexto do desenvolvimento sustentável e dos esforços para erradicar a pobreza;
- Um foco na inclusão e na equidade pode aumentar a ambição na ação climática e no apoio;
- As emissões globais não estão alinhadas com as trajetórias globais modeladas de mitigação consistentes com a meta de temperatura do Acordo de Paris, e há uma janela rapidamente se estreitando para aumentar a ambição e implementar os compromissos existentes a fim de limitar o aquecimento a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais;
- É necessária uma ambição muito maior na ação e no apoio para implementar medidas nacionais de mitigação e estabelecer metas mais ambiciosas (...), a fim de reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa em 43% até 2030 e, posteriormente, em 60% até 2035, em comparação com os níveis de 2019, e atingir emissões líquidas zero de carbono até 2050 globalmente;
- Alcançar zero emissões líquidas de carbono e gases do efeito estufa requer transformações em todos os setores e contextos, incluindo a expansão das energias renováveis ao mesmo tempo que se elimina gradualmente todos os combustíveis fósseis e se acaba com o desmatamento;
- Transições justas podem apoiar uma mitigação mais robusta e equitativa, com abordagens personalizadas que abordam diferentes contextos;
- A diversificação econômica é uma estratégia fundamental para enfrentar os impactos de medidas de resposta, com diversas opções que podem ser aplicadas em diferentes contextos;
- O aumento das ações de adaptação, bem como maiores esforços para evitar, minimizar e abordar perdas e danos são urgentemente necessários para reduzir e responder a impactos crescentes, especialmente para aqueles que estão menos preparados para a mudança e menos capaz de se recuperar de desastres;
- Coletivamente, há uma ambição crescente nos planos e compromissos para ação e apoio à adaptação, mas a maioria dos esforços observados são fragmentados, específicos de um setor e distribuídos de forma desigual entre regiões;
- Quando a adaptação é informada e impulsionada pelos contextos locais, populações e prioridades, tanto a adequação quanto a eficácia das ações de adaptação e o apoio são melhorados;
- Evitar, minimizar e abordar perdas e danos requer ação urgente em todas as políticas climáticas e de desenvolvimento para gerir os riscos de forma abrangente e fornecer apoio às comunidades impactadas;
- O apoio à adaptação e arranjos de financiamento para evitar, minimizar e abordar perdas e danos precisam ser rapidamente ampliados a partir de fontes expandidas e inovadoras, e os fluxos financeiros precisam ser consistentes com o desenvolvimento resiliente ao clima, para atender às necessidades urgentes e crescentes;
- Uma mobilização intensificada de apoio à ação climática em países em desenvolvimento implica na utilização estratégica do financiamento público internacional, que continua a ser um facilitador;
- Fluxos financeiros (internacionais e domésticos, públicos e privados) consistentes com um caminho rumo a baixas emissões e resiliente ao clima implica em criar oportunidades para desbloquear trilhões de dólares e mudar investimentos para a ação climática em todas as escalas;
- As tecnologias mais limpas existentes precisam ser rapidamente implantadas, juntamente com a inovação acelerada, o desenvolvimento e a transferência de novas tecnologias, para apoiar as necessidades dos países em desenvolvimento;
- A capacitação é fundamental para alcançar um amplo alcance e uma ação climática sustentada, e exige uma ação eficaz, baseada nas necessidades.