Manaus, capital do Amazonas, registrou na manhã desta quarta-feira, 11, a segunda pior qualidade do ar do mundo. No monitoramento da World Air Pollution, com dados oficiais de 130 países, o ar da cidade foi considerado “perigoso”, com graves danos à saúde da população.
Uma densa nuvem branca de fumaça encobriu Manaus. Moradores da cidade relataram falta de ar, tontura e sensação de queimação nos olhos. As aulas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) chegaram a ser suspensas. A prefeitura e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) dizem que a fumaça vem de incêndios em municípios da região metropolitana.
Por volta das 8h30 da manhã, em uma escala de poluição que considera até 50 (up/m³) um ar com boa qualidade e, a partir de 300, de qualidade perigosa, Manaus chegou a registrar 459. O índice considera o acúmulo de material particulado e gases poluentes como ozônio e monóxido de carbono, dentre outros. O valor apontado em Manaus foi inferior apenas aos 747 up/m³ de Siskiyou (Estados Unidos), mas superou Istambul (Turquia) e Distrito de Sediberg (África do Sul), que pontuaram 403 e 348, respectivamente.
A região amazônica passa por um grave período de seca. O Estado do Amazonas decretou emergência climática no dia 12 de setembro. Já são nove municípios com alto número de queimadas.
A situação é considerada crítica por especialistas e pode se agravar ainda mais até o final do ano “Com a estiagem, se acentuam os problemas relacionados às queimadas, causadas em sua grande maioria por atividades rurais que ainda se utilizam do fogo para abertura e limpeza de áreas para a agricultura e pecuária, e também por atividades criminosas relacionadas a desmatamento e ocupação ilegal de áreas públicas e mesmo queima de lixo e casos isolados de incêndios acidentais”, explica o geógrafo e ambientalista, Carlos César Durigan.
O Ibama informou que a fumaça que atingiu Manaus é de queimadas de municípios situados ao sudeste da capital. Vinte e três brigadistas e especialistas em incêndios florestais chegarão nesta quarta-feira, 12, ao Amazonas para atuar nos sinistros próximos a Manaus.
Segundo o governo do Estado, entre os dias 12 de julho a 8 de outubro, foram 1.976 incêndios combatidos pelo Corpo de Bombeiros. O Estado conta com o apoio de quatro aeronaves cedidas pelo governo federal, Marinha e pelos governos de Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Até o início do mês, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) aplicou multas por queimadas ilegais que somam mais de R$ 17 milhões.
A Prefeitura de Manaus disse em nota que a fumaça na capital é um reflexo dos incêndios que têm ocorrido em municípios da região metropolitana. Somente nesta quarta-feira, Autazes, conforme dados do Inpe, contabilizou 105 focos de incêndio e Careiro Castanho registrou 50. Em território manauara foram três focos de queimadas na zona rural.