BRASÍLIA - O Ibama informou na noite desta quinta-feira, 23, que a base federal instalada há duas semanas na aldeia Palimiú, na terra indígena Yanomami, em Roraima, foi alvo de um ataque. Criminosos armados furaram o bloqueio montado no rio Uraricoera e atiraram contra agentes do Ibama que haviam abordado uma das embarcações. Os fiscais revidaram. No tiroteio, um dos garimpeiros ficou ferido. Ele foi detido pela Polícia Federal (PF), por atacar servidores públicos e estava internado até a noite desta quinta.
Os criminosos desciam o rio em sete “voadeiras” de 12 metros carregadas de cassiterita. O carregamento de minério roubado da terra indígena foi identificado por drones operados pelo Ibama. Após o ataque, os criminosos fugiram.
A segurança da base de controle, instalada no último dia 7, é realizada por agentes da Força Nacional de Segurança Pública, da Polícia Rodoviária Federal e do Ibama.
O objetivo principal da base é impedir a entrada de barcos com suprimentos e equipamentos para garimpos no território Yanomami. Desde a instalação de uma barreira física com cabos de aço, no último dia 20, nenhum barco carregado seguiu em direção aos garimpos.
“Foi um ataque criminoso programado. Todos aqueles que tentarem furar o bloqueio serão presos. Acabar com o garimpo ilegal é uma determinação do presidente Lula”, disse o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.
O Ibama pediu à PF reforço da segurança na base.
Inquéritos
A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu dois inquéritos civis ligados à proteção de indígenas durante o governo Jair Bolsonaro. A gestão do ex-chefe do Executivo já está na mira de investigações do Ministério Público Federal em Roraima sobre suposta desassistência aos povos originários, em especial os Yanomami. Também é alvo de investigação sobre suposto genocídio, omissão de socorro e crimes ambientais.
As novas apurações foram oficialmente abertas pelo Ministério Público Federal com base em procedimentos preparatórios que já tramitavam na Procuradoria. As portarias de instauração dos inquéritos foram assinadas no último dia 13.
Um deles vai se debruçar sobre possível prática de improbidade administrativa na gestão da Fundação Nacional do índio (Funai). O outro trata de suposta irregularidade no uso, pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, de somente 44% do orçamento previsto para 2020, “impactando programas vinculados às políticas de proteção das populações indígenas e quilombolas”.
O governo Bolsonaro já é alvo de outras investigações envolvendo a proteção de povos indígenas. No final de janeiro, a Procuradoria da República em Roraima abriu um inquérito civil para apurar como “ações e omissões” de agentes públicos contribuíram para a crise humanitária na Terra Indígena Yanomami.
Segundo o Ministério Público Federal, no âmbito de outras investigações em curso, já há “vasto acervo de evidências para a imediata responsabilização” do Estado pela crise que assola a comunidade indígena.