*Atualizado às 6h15 do dia 13/12
PARIS - Com lágrimas nos olhos, e, em alguns momentos, sem conseguir contê-las, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e o embaixador do Brasil nos EUA, Luiz Alberto Figueiredo, que desempenhou um papel estratégico de negociação da 21ª Conferência do Clima da ONU, disseram neste sábado, após a adoção do Acordo de Paris, estarem muito satisfeitos com o documento. Figueiredo vinha liderando essas negociações desde 2008, e Izabella, desde 2011. Exaustos do longo processo, os dois se abraçavam em comemoração. Entre os negociadores, há uma sensação de que o Brasil ajudou a destravar vários pontos, um deles ao propor a alternativa de como descrever o limite de temperatura ("bem abaixo de 2°C, com esforços em direção a 1,5°C"). "Nós estamos muito satisfeitos. É um trabalho que começou em Durban (onde foi aprovada a plataforma de negociações que estabeleceu que em 2015 deveria se chegar ao novo acordo global) e que nos trouxe até aqui. Todo mundo nos cumprimentou pelo esforço, pela colaboração, como um país que sempre se colocou para construir soluções. O Acordo de Paris traz as bases para construirmos um futuro de baixo carbono e também para aumentar a ambição (de redução das emissões)", disse Izabella. Ela ainda brincou que nesse processo de consultas, uma vez que teve de conversar com todos as partes, o Brasil acabou adotando como lema a música dos Tribalistas: "Não sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem", cantarolou com assessores.
Mais cedo, ainda antes de o texto ser aprovado, a ministra disse que o resultado refletia as visões do Brasil. "É tudo o que o Brasil defendeu. Nós chegamos com uma INDC forte, e roubamos a cena", afirmou. Ela destacou ainda a importância que o documento dá para que as emissões de carbono sejam balanceadas pela absorção do gás por sumidouros, como as florestas, a partir da metade do século. Isso levaria a emissões líquidas zero. "Esse papel de sumidouro é o que queremos desempenhar com a meta de reflorestamento e recuperação de pastagens. Com isso viramos um player para a solução." Figueiredo explicou que "o acordo conduz para um mundo de baixas emissões, um mundo em que as energias renováveis prevalecerão". Para o embaixador, o resultado é “muito bom e ambicioso". Ele explica: "O acordo cobre o que precisa cobrir, remete a um trabalho pós-Paris para a regulamentação das coisas. E lança um sinal inequívoco de que o mundo está marchando para uma economia global de baixo carbono." Em seguida, ele complementou. "O acordo vai mais além do que as negociações levariam a esperar. Houve uma evolução clara na posição dos países. Só o fato de ter 188 INDCs... Isso é uma coisa que ninguém esperava. E isso ajudou decididamente a destravar tudo. A presença dos chefes de Estado também ajudou a formar o engajamento em Paris."