O Jardim do Lineu, cartão-postal do Jardim Botânico de São Paulo, está celebrando a chegada de uma nova moradora: um exemplar de vitória-régia (Victoria cruziana Orb.). Os visitantes agora conseguem contemplar a planta aquática conhecida por suas folhas amplas que podem atingir dois metros de diâmetro quando adultas na natureza.
O exemplar, que chegou à capital em dezembro, já estava sendo cultivado no interior paulista, em Piracicaba, e está tendo uma adaptação positiva. “Podemos dizer que está tudo certo, ela está se dando muito bem. Respondeu super bem e já começou a florescer”, disse Nino Amazonas, diretor técnico da coleção de plantas vivas do Jardim Botânico.
É a primeira vez que se tem registro oficial da planta no local, apesar de funcionários antigos relatarem ao menos duas presenças anteriores no passado.
No verão paulista, a planta tem encontrado condições ideais para o desenvolvimento no Jardim Botânico. Engenheira Agrônoma pela Universidade de São Paulo (USP) e cultivadora de plantas aquáticas, Uli Suadicani explica que vitórias-régias necessitam de águas paradas ou calmas, calor, sol direto e espaço para se desenvolver. “É o que podemos observar no Jardim Botânico. Assim, ela está em crescimento, saudável e florescendo”, afirma.
A vitória-régia é uma planta que atinge dimensões gigantes, suas folhas chegam a dois metros de diâmetro e uma única planta pode ter até 40 folhas, ocupando uma área de 15 m².
As flores que agora podem ser vistas pelos visitantes começam a desabrochar no início do verão, abrindo uma de cada vez durante a noite, seguidamente, até o fim do outono. Cada flor abre por apenas dois dias: inicialmente à noite, na cor branca e, após se fechar nas horas quentes do dia, se abre novamente ao final da tarde, desta vez, com tons rosados.
Além das cores, o perfume da flor também chama atenção. A agrônoma explica que a planta é polinizada por besouros Cyclocephala sp., que são atraídos pelo aroma e calor da vitória-régia. “Eles entram nas flores do primeiro dia em busca de néctar e ficam presos nelas, pois se fecham no meio da manhã seguinte. À noite, quando abrem novamente, os besouros carregados de pólen são liberados.”
Entre as características principais também está a presença de espinhos, chamados de acúleos, em partes da planta, como na parte de baixo das folhas.
O diretor técnico do Jardim Botânico destaca que a vitória-régia vem chamando a atenção dos visitantes entre as mais de 12 mil plantas disponíveis no parque. “Está havendo uma repercussão positiva e a intenção do Jardim Botânico é sempre que possível ter uma vitória-régia na coleção de plantas vivas”.
O tempo de vida varia de dois a três anos, mas Nino explica que essa é uma planta que não reage bem a temperaturas baixas. A ausência de ambientes climatizados torna o cultivo, durante o inverno, um desafio. “Aqui as temperaturas caem muito abaixo do que é a média das regiões onde essas plantas ocorrem, então é comum que elas morram. Nesse caso é preciso começar de novo o cultivo “, afirma.
A vitória-régia tem ocorrência natural na América do Sul – Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina. No Brasil, mais do que uma atração botânica, a planta tem influência no folclore do país. Segundo a lenda, ela surgiu da trágica história de Naiá, uma jovem guerreira que se apaixonou pela lua, dando origem à flor aquática.
Serviço
Jardim Botânico
Endereço: Av. Miguel Estefano, 3031 (Água Funda), São Paulo, SP, 04301-902
Ingressos e informações: A partir de R$19,90 (inteira para compra antecipada no site)