GLASGOW - Milhares de pessoas marcham nesta sexta-feira, 5, pelas ruas de Glasgow, na Escócia, contra as mudanças climáticas e por ações efetivas de mudança dos líderes mundiais. A cidade escocesa sedia a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-26) e teve a sua praça central tomada por manifestantes.
Entre os integrantes dos atos, a quantidade de crianças, adolescentes e mães acompanhadas de seus filhos chama a atenção. O protesto teve início em um parque e atravessou a cidade. Ainda nesta sexta-feira, é esperado um discurso da ativista ambiental Greta Thunberg, que se transformou na voz da geração que cobra seus direitos por um futuro limpo.
A mobilização ocorre em uma sexta-feira impulsionada pelo movimento liderado por Greta, o Fridays for Future. Foi a ativista sueca que deu o pontapé a essa mobilização que viria a ganhar milhões de adeptos jovens em todo o mundo.
“Isto não é uma conferência do clima. Este é um festival greenwash do norte global. Uma celebração de duas semanas de negócios como de costume e blá, blá, blá”, escreveu Greta no Twitter antes da mobilização desta sexta-feira.
Sob gritos de “Todo poder para o povo” e até mesmo “Fora Bolsonaro genocida” entoado em uma mistura de português e inglês, manifestantes brasileiros também integram o ato na praça central. Jovens lideranças ambientais do País, entre representantes de outros países, discursaram à tarde, no horário local, para a multidão.
Entre eles, Abel Ferreira, de 21 anos, do Pará. “O futuro de uma geração vem sendo negado. Não há mais para onde escapar. A hora de mudar é agora, não vamos ter direito a outra”, diz.
“Mais uma vez, vemos líderes mundiais dando grandes declarações e fazendo grandes promessas. Necessitamos de cortes drásticos de emissões, indenizações do Norte para o Sul e temos que acabar com a indústria dos combustíveis fósseis”, disse à agência AFP a ativista filipina Mitzi Jonelle Tan.
“Espero que este dia faça a diferença, tenho confiança no futuro”, disse Zara, de 9 anos, que esteve no protesto acompanhada pela mãe.
“Manifestações como esta fazem pressão em gente que tem o poder”, disse a ativista ugandesa Vanessa Nakate à agência AFP. “Milhares de vozes nas ruas neste fim de semana farão com que sejamos ouvidos”, destacou a ativista jovem Elizabeth Wathuti.
Nesta sexta-feira, a COP está tendo uma programação voltada à participação dos jovens. Mesmo antes disso já era possível prestar atenção às vozes que se espalhavam pelas ruas de Glasgow.
Há cinco dias, desde o início da conferência, jovens vindos das mais diferentes partes do mundo mudaram a cara da cidade e deram um ar de efervescência que, por vezes, chega a lembrar a da Rio-92, como mostrou o Estadão. /COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS