Jovens obtêm protagonismo nas discussões ambientais


Além da já esperada presença de Greta Thunberg, a COP-26 contou com histórica delegação que incluiu 80 brasileiros

Por Ocimara Balmant e Alex Gomes

Três em cada quatro jovens de 16 a 25 anos consideram o “futuro climático assustador” e temem que os líderes mundiais não consigam implementar medidas efetivas. O dado é da pesquisa Young People’s Voices on Climate Anxiety, Government Betrayal and Moral Injury: A Global Phenomenon, que entrevistou 10 mil pessoas, de países como EUA, Índia, França, Nigéria e Brasil, em setembro. O levantamento também mostrou que 45% desses jovens se sentem angustiados, sobrecarregados, ansiosos e culpados em relação ao meio ambiente.

São números que explicam e refletem o protagonismo que os jovens estão pleiteando – ainda à força – nas decisões para combater a crise climática. “Nossos líderes não são nossos líderes. É assim que um líder deveria se parecer”, disse Greta Thunberg, apontando para os milhares de jovens que a escutavam em Glasgow.

De etnia paiter suruí, a brasileiraTxai Suruí falou para líderes de 190 países Foto: KIARA WORTH / UNFCCC - COP26

A ativista sueca ficou conhecida mundialmente em 2018. Na época, com 15 anos de idade, Greta sentou-se em frente ao parlamento sueco carregando um cartaz em que se lia “Greve escolar pelo clima”. Ela repetiu o gesto todos os dias por três semanas e compartilhou suas ações no Instagram e no Twitter. O resultado foi um movimento de mobilização que culminou numa greve pelo clima que reuniu quase 1,5 milhão de estudantes, de mais de cem países, em 15 de março de 2019.

“Os jovens de hoje serão os nossos líderes do amanhã. Por isso, temos de tê-los engajados e conscientes com o que está acontecendo com o planeta”, afirmou Tercio Ambrizzi, professor titular do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), durante evento promovido pelo Estadão sobre a COP-26. “Faço parte de um projeto internacional liderado pela Universidade College of London e estamos observando como os jovens analisam as mudanças climáticas. Os primeiros resultados mostram que estão com muito mais consciência e, por isso, mais engajados.”

Em Glasgow, jovens do mundo todo pediram mais participação e representação nas negociações. Uma declaração assinada por 40 mil deles foi entregue à presidência da COP e a outros líderes. “As ações e o escrutínio dos jovens são fundamentais para mantermos a meta de 1,5 graus centígrados viva e criar um futuro sem emissões”, disse Alok Sharma, presidente da Conferência.

Na delegação brasileira havia cerca de 80 jovens, a maior representação juvenil até hoje. E a única brasileira a participar da cerimônia de abertura da COP-26 foi Txai Suruí, uma jovem indígena de 24 anos. Ela dividiu o palco com António Guterres, secretário-geral da ONU, e Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, e discursou para diplomatas de mais de 190 países.

Em seu discurso, Txai citou o assassinato de Ari Uru-Eu-Wau-Wau, seu amigo e guardião indígena morto em 2020 por proteger a natureza, e alertou sobre a urgência de mudanças. “Hoje o clima está esquentando; os animais estão desaparecendo; os rios estão morrendo; nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando. Ela nos diz que não temos mais tempo.”

DEPOIMENTO

Eduarda Zoghbi, Cientista política pela UnB e mestranda em Columbia (EUA)

A busca das novas gerações por mais espaço

“Com 16 anos, eu estava na COP-15, em Copenhague. Não consegui entrar, fiquei do lado de fora. Não existia espaço para a juventude. Em 2016, éramos dez na delegação brasileira de jovens. Neste ano, fomos 80, na delegação jovem mais diversa que já tivemos. Não era um jovem indígena, eram dez. Não era um jovem negro, eram dez. Tivemos mulheres trans, jovens de diferentes regiões do Brasil.

Essa é uma pauta jovem, porque a gente está debatendo o nosso futuro, e também porque os jovens têm maturidade sobre o que querem. Isso me impressiona e me inspira. Vejo a importância da integração do jovem nesses espaços de discussão, como a COP, porque nós já estamos no mercado de trabalho, nessas áreas de clima, já estamos tomando decisões. Vários de nós já trabalhamos gerindo recursos, cuidando de portfólios, em contato com o setor privado de diferentes países.

Acredito muito no nosso potencial de mobilidade em todos os setores, especialmente nas esferas públicas. Vários dos prefeitos e governadores presentes na COP, por exemplo, pediram reuniões com os jovens. Queremos estar na COP não para fazer barulho, como muita gente acha, mas como a geração que vai ser mais impactada com as mudanças climáticas.”

Três em cada quatro jovens de 16 a 25 anos consideram o “futuro climático assustador” e temem que os líderes mundiais não consigam implementar medidas efetivas. O dado é da pesquisa Young People’s Voices on Climate Anxiety, Government Betrayal and Moral Injury: A Global Phenomenon, que entrevistou 10 mil pessoas, de países como EUA, Índia, França, Nigéria e Brasil, em setembro. O levantamento também mostrou que 45% desses jovens se sentem angustiados, sobrecarregados, ansiosos e culpados em relação ao meio ambiente.

São números que explicam e refletem o protagonismo que os jovens estão pleiteando – ainda à força – nas decisões para combater a crise climática. “Nossos líderes não são nossos líderes. É assim que um líder deveria se parecer”, disse Greta Thunberg, apontando para os milhares de jovens que a escutavam em Glasgow.

De etnia paiter suruí, a brasileiraTxai Suruí falou para líderes de 190 países Foto: KIARA WORTH / UNFCCC - COP26

A ativista sueca ficou conhecida mundialmente em 2018. Na época, com 15 anos de idade, Greta sentou-se em frente ao parlamento sueco carregando um cartaz em que se lia “Greve escolar pelo clima”. Ela repetiu o gesto todos os dias por três semanas e compartilhou suas ações no Instagram e no Twitter. O resultado foi um movimento de mobilização que culminou numa greve pelo clima que reuniu quase 1,5 milhão de estudantes, de mais de cem países, em 15 de março de 2019.

“Os jovens de hoje serão os nossos líderes do amanhã. Por isso, temos de tê-los engajados e conscientes com o que está acontecendo com o planeta”, afirmou Tercio Ambrizzi, professor titular do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), durante evento promovido pelo Estadão sobre a COP-26. “Faço parte de um projeto internacional liderado pela Universidade College of London e estamos observando como os jovens analisam as mudanças climáticas. Os primeiros resultados mostram que estão com muito mais consciência e, por isso, mais engajados.”

Em Glasgow, jovens do mundo todo pediram mais participação e representação nas negociações. Uma declaração assinada por 40 mil deles foi entregue à presidência da COP e a outros líderes. “As ações e o escrutínio dos jovens são fundamentais para mantermos a meta de 1,5 graus centígrados viva e criar um futuro sem emissões”, disse Alok Sharma, presidente da Conferência.

Na delegação brasileira havia cerca de 80 jovens, a maior representação juvenil até hoje. E a única brasileira a participar da cerimônia de abertura da COP-26 foi Txai Suruí, uma jovem indígena de 24 anos. Ela dividiu o palco com António Guterres, secretário-geral da ONU, e Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, e discursou para diplomatas de mais de 190 países.

Em seu discurso, Txai citou o assassinato de Ari Uru-Eu-Wau-Wau, seu amigo e guardião indígena morto em 2020 por proteger a natureza, e alertou sobre a urgência de mudanças. “Hoje o clima está esquentando; os animais estão desaparecendo; os rios estão morrendo; nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando. Ela nos diz que não temos mais tempo.”

DEPOIMENTO

Eduarda Zoghbi, Cientista política pela UnB e mestranda em Columbia (EUA)

A busca das novas gerações por mais espaço

“Com 16 anos, eu estava na COP-15, em Copenhague. Não consegui entrar, fiquei do lado de fora. Não existia espaço para a juventude. Em 2016, éramos dez na delegação brasileira de jovens. Neste ano, fomos 80, na delegação jovem mais diversa que já tivemos. Não era um jovem indígena, eram dez. Não era um jovem negro, eram dez. Tivemos mulheres trans, jovens de diferentes regiões do Brasil.

Essa é uma pauta jovem, porque a gente está debatendo o nosso futuro, e também porque os jovens têm maturidade sobre o que querem. Isso me impressiona e me inspira. Vejo a importância da integração do jovem nesses espaços de discussão, como a COP, porque nós já estamos no mercado de trabalho, nessas áreas de clima, já estamos tomando decisões. Vários de nós já trabalhamos gerindo recursos, cuidando de portfólios, em contato com o setor privado de diferentes países.

Acredito muito no nosso potencial de mobilidade em todos os setores, especialmente nas esferas públicas. Vários dos prefeitos e governadores presentes na COP, por exemplo, pediram reuniões com os jovens. Queremos estar na COP não para fazer barulho, como muita gente acha, mas como a geração que vai ser mais impactada com as mudanças climáticas.”

Três em cada quatro jovens de 16 a 25 anos consideram o “futuro climático assustador” e temem que os líderes mundiais não consigam implementar medidas efetivas. O dado é da pesquisa Young People’s Voices on Climate Anxiety, Government Betrayal and Moral Injury: A Global Phenomenon, que entrevistou 10 mil pessoas, de países como EUA, Índia, França, Nigéria e Brasil, em setembro. O levantamento também mostrou que 45% desses jovens se sentem angustiados, sobrecarregados, ansiosos e culpados em relação ao meio ambiente.

São números que explicam e refletem o protagonismo que os jovens estão pleiteando – ainda à força – nas decisões para combater a crise climática. “Nossos líderes não são nossos líderes. É assim que um líder deveria se parecer”, disse Greta Thunberg, apontando para os milhares de jovens que a escutavam em Glasgow.

De etnia paiter suruí, a brasileiraTxai Suruí falou para líderes de 190 países Foto: KIARA WORTH / UNFCCC - COP26

A ativista sueca ficou conhecida mundialmente em 2018. Na época, com 15 anos de idade, Greta sentou-se em frente ao parlamento sueco carregando um cartaz em que se lia “Greve escolar pelo clima”. Ela repetiu o gesto todos os dias por três semanas e compartilhou suas ações no Instagram e no Twitter. O resultado foi um movimento de mobilização que culminou numa greve pelo clima que reuniu quase 1,5 milhão de estudantes, de mais de cem países, em 15 de março de 2019.

“Os jovens de hoje serão os nossos líderes do amanhã. Por isso, temos de tê-los engajados e conscientes com o que está acontecendo com o planeta”, afirmou Tercio Ambrizzi, professor titular do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), durante evento promovido pelo Estadão sobre a COP-26. “Faço parte de um projeto internacional liderado pela Universidade College of London e estamos observando como os jovens analisam as mudanças climáticas. Os primeiros resultados mostram que estão com muito mais consciência e, por isso, mais engajados.”

Em Glasgow, jovens do mundo todo pediram mais participação e representação nas negociações. Uma declaração assinada por 40 mil deles foi entregue à presidência da COP e a outros líderes. “As ações e o escrutínio dos jovens são fundamentais para mantermos a meta de 1,5 graus centígrados viva e criar um futuro sem emissões”, disse Alok Sharma, presidente da Conferência.

Na delegação brasileira havia cerca de 80 jovens, a maior representação juvenil até hoje. E a única brasileira a participar da cerimônia de abertura da COP-26 foi Txai Suruí, uma jovem indígena de 24 anos. Ela dividiu o palco com António Guterres, secretário-geral da ONU, e Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, e discursou para diplomatas de mais de 190 países.

Em seu discurso, Txai citou o assassinato de Ari Uru-Eu-Wau-Wau, seu amigo e guardião indígena morto em 2020 por proteger a natureza, e alertou sobre a urgência de mudanças. “Hoje o clima está esquentando; os animais estão desaparecendo; os rios estão morrendo; nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando. Ela nos diz que não temos mais tempo.”

DEPOIMENTO

Eduarda Zoghbi, Cientista política pela UnB e mestranda em Columbia (EUA)

A busca das novas gerações por mais espaço

“Com 16 anos, eu estava na COP-15, em Copenhague. Não consegui entrar, fiquei do lado de fora. Não existia espaço para a juventude. Em 2016, éramos dez na delegação brasileira de jovens. Neste ano, fomos 80, na delegação jovem mais diversa que já tivemos. Não era um jovem indígena, eram dez. Não era um jovem negro, eram dez. Tivemos mulheres trans, jovens de diferentes regiões do Brasil.

Essa é uma pauta jovem, porque a gente está debatendo o nosso futuro, e também porque os jovens têm maturidade sobre o que querem. Isso me impressiona e me inspira. Vejo a importância da integração do jovem nesses espaços de discussão, como a COP, porque nós já estamos no mercado de trabalho, nessas áreas de clima, já estamos tomando decisões. Vários de nós já trabalhamos gerindo recursos, cuidando de portfólios, em contato com o setor privado de diferentes países.

Acredito muito no nosso potencial de mobilidade em todos os setores, especialmente nas esferas públicas. Vários dos prefeitos e governadores presentes na COP, por exemplo, pediram reuniões com os jovens. Queremos estar na COP não para fazer barulho, como muita gente acha, mas como a geração que vai ser mais impactada com as mudanças climáticas.”

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